"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

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MINHAS PÉROLAS

sexta-feira, 5 de maio de 2017

PROFESSORES A FACADAS ("O futuro dependerá daquilo que fazemos no presente." — Mahatma Gandhi).



Crônica

PROFESSORES À FACADA ("O futuro dependerá daquilo que fazemos no presente." — Mahatma Gandhi).

Por Claudeci Ferreira de Andrade

             Hoje, já findando a quinta-feira, e eu postando essa revoltante notícia que li no DM, que uma professora é assassinada, dentro de sua própria casa, por um ex-aluno, em Inhumas: Cleide Aparecida dos Santos, 60 anos de idade. A golpes de faca. O sujeito de 24 anos disse que decidiu matar a professora porque, anos atrás, ela teria mandado ele várias vezes para a sala da direção. (http://impresso.dm.com.br/edicao/20220825/pagina/2) — acessado dia 25/08/2022. 
            Em quase toda reunião pedagógica na escola, levei facadas, porque as palavras ferem; escuto "piadinhas" do dirigente, dizendo: — Tem professor aqui que dá aulas para "grupinho". Tomo isso mais como acusação e menos como orientação! Sempre dei aulas sim, em salas superlotadas, para quem quer estudar. A diretora condena-me por isso, mas não me diz nada coerente e funcional sobre o que fazer para conter os que estão lá para me atrapalhar. Gastar o tempo da aula, chamando a atenção dos carentes de atenção, não é muito promissor. Se colocar o aluno conversador e irreverente para fora, corro sérios riscos! E não tendo onde vão ficar, a coordenadora o faz assinar uma folha, lá, e ele retornará para aquela aula, ainda mais gabola, "com mais sete demônios": revoltado e xingando as normas da escola, a coordenadora e o professor. Então, continuo falando a todos mesmo sem ser ouvido; porém, convido os poucos que ainda valorizam a minha aula para se sentarem à frente, escutando-me bem. Entretanto, a diretora insiste em me condenar, colocando os bem-comportados nas cadeiras de trás, cedendo os assentos da frente para os indisciplinados. Será se os pais daqueles alunos bons me condenariam? E os pais dos descompromissados, dali, diriam o quê? Estes, eu sei exatamente o que diriam, pois são os mal-educados de casa, como já falei, carentes de atenção, irresponsáveis, que eu os ignoro no fundo da sala de aula, que reclamam, culpam seu professor por suas notas baixas e seus fracassos. Todavia há quem os escute, cúmplices, "direitos humanos". Quem dá esmola ao bêbado para embriagar-se é tão culpado, pela destruição dos bons costumes sociais, como o dito cujo, destruidor de si mesmo. "Ganhar sem trabalhar pode ser bom para o bolso. Mas, é péssimo para o caráter". — Antônio Ermirio de Moraes — lido no DM de 27/08/2022. ...Eu estou profetizando o colapso da escola pública há décadas, mas o sistema educacional continua enganando os alunos e a si próprio que vive bem. O pior é que eles gostam.
           O método usado pela escola para não perder aluno, não é viável à estabilidade da Unidade Escolar, porque dói mais colocá-los para fora, me indispondo com eles, correndo riscos de morte, levar facada, porque a escola que usa iscas (lanche) atrai muitos marginais, desafiadores das normas sociais e da autoridade do professor. Digo marginais, baseando-me no fato de que roubam o tempo a oportunidade, violando o direito dos outros sem nenhum peso de consciência. A escola veste qualquer um com o seu uniforme, angariando volume em suas estatísticas ou pensando em lucro, mas enquanto delinquentes disfarçados de alunos agregam em número, destroem em qualidade. Aí, somos obrigados a ministrar aulas para quem não quer, comprometendo e invalidando qualquer didática do melhor professor que seja. Não há professor bom para aluno ruim.
                      Para sabermos o futuro do sistema educacional público é só acompanhar atentamente o que está acontecendo à igreja e à família: Escárnio e moldura para programas humorísticos de sucesso.
Kllawdessy Ferreira
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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 31/10/2016

Reeditado em 05/05/2017

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domingo, 30 de abril de 2017

SEM SUPERAÇÃO ("Aposentadoria: um dia você chega lá. Ou por bem ou por mal." — Rutra Larama)

SEM SUPERAÇÃO ("Aposentadoria: um dia você chega lá. Ou por bem ou por mal." — Rutra Larama)

Eu já nas vésperas da aposentadoria, ainda não aprendi o suficiente sobre burocracia. Já tentei algumas vezes, mas sempre me é apresentado um empecilho (idade, tempo de serviço, documentos ...). Parece-me que estou à mercê do escrutinador bipolar.

O incoerente mesmo são as pessoas me perguntarem por que eu não me aposentei ainda; ora, mas estas não querem realmente me ver aposentado. Os embaraços são tantos que, às vezes, penso que é melhor morrer trabalhando, com os "carniceiros" cobrando qualidade de um solo que eles queimaram, do que a tarefa demasiadamente dispendiosa, de correr atrás de documentos, do que é óbvio, para o idoso que já deu o que tinha de dar. Pois:

"Ando devagar, porque já tive pressa

E levo esse sorriso, porque já chorei demais,

Cada um de nós compõe a sua história,

Cada ser em si carrega o dom de ser capaz,

de ser feliz." — (Almir Sater).

sexta-feira, 21 de abril de 2017

TODO HOMEM JÁ FOI MULHER ("Ser um homem feminino/Não fere o meu lado masculino/Se Deus é menina e menino/Sou Masculino e Feminino..."- Pepeu Gomes.)

   
     

Crônica

TODO HOMEM JÁ FOI MULHER ("Ser um homem feminino/Não fere o meu lado masculino/Se Deus é menina e menino/Sou Masculino e Feminino..."- Pepeu Gomes.)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

            Quem tem o coração carregado de sofrimento e dor? Quem vive se metendo em brigas e confusões? Quem está sempre machucado? Quem está sempre com os olhos inchados? Não são só os bêbados, mas também os embriagados de paixão carnal, dançando na chuva se machucam! Cambaleantes no meio das trevas, em busca dos vaga-lumes de bunda colorida e lampejos demorados, também se machucam. Quando se bate em um bêbado desses, é deprimente e pior, quando se apanha de um deles! O mais confuso dos homens bate em homossexuais e apanha de mulher. Eu sempre quis ser um homem forte, e agora que me encontro encorajado, o amadurecimento vem me ensinando a ter mais e mais força espiritual. Nesse momento, descobri através de Friedrich Nietzsche que: "É necessário ter o caos cá dentro para gerar uma estrela." Por isso, digo como o apóstolo Paulo: "...quando estou fraco, então sou forte..." (2Cor 12:10 BV). Nessa situação, uma voz assexuada me disse: "Você não tem mais idade para brincar de esconde-esconde, mas eu vou lhe 'pegar'", como assim? Em tal caso, infelizmente tenho que me defender com as palavras de Augusto Branco: "Receio estar vivendo num tempo em que para amar uma alma feminina terei de namorar um homem e que para demonstrar masculinidade terei de agir como mulher... Pepeu Gomes que o diga: "Ser um homem feminino/Não fere o meu lado masculino/Se Deus é menina e menino/Sou Masculino e Feminino..."
             Bem ... Não basta que o mundo vá de cabeça para baixo, e termine no avesso: Se os homens estão liberando seu lado feminino, as mulheres hoje em dia bebem quase o mesmo que o homem! Não se pode ignorar que a luta evangélica está sendo em vão. Pelo menos, eu possa, no final, cantar o refrão com o Chico César de sua canção: Mulher Eu Sei — "Eu sei como pisar/No coração de uma mulher/Já fui mulher eu sei/Já fui mulher eu sei..." Na gestação todo mundo foi sua própria mãe.        
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 20/10/2016
Reeditado em 21/04/2017
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sexta-feira, 14 de abril de 2017

A CRIANÇA INTERIOR TAMBÉM ENVELHECEU ("O que é um adulto? Uma criança de idade." — (Simone de Beauvoir)


         

Crônica

A CRIANÇA INTERIOR TAMBÉM ENVELHECEU ("O que é um adulto? Uma criança de idade." — (Simone de Beauvoir)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Hoje, Dia das Crianças, vou buscar a minha bem  profundo no interior do meu ser; é um dia de sensibilidade e encanto, podemos até mesmo receber alguma experiência de fé pela comunhão cósmica. Porém, não gosto dessas aparições; lutei muito para abandonar as características de criança, não gosto delas: Desistem facilmente; total Inteligência emocional, cem por cento emotivas; Choram diante das decepções, atitude negativa; Muito medo; Curiosas demais; Dependentes; Amorais; Egoístas; Ingratas... Agora me alimento de coisas sólidas liquefeitas. Quem dera fosse mais um Dia dos Idosos! Sobre minha pele grossa está traçado o mapa das vitórias alcançadas, porém eu teria muitas coisas novas para lhe dizer, porque ser criança é fácil para todos, ser jovem é fácil para muitos, mas, idoso é fácil somente para os escolhidos: É uma missão ajudada. Comemore a sua ilusão por carregar a interpretação do senso comum, repetindo, e repetindo que quem não se tornar como uma criança não entrará no reino dos céus (Mt 18:2-10). Eu parafraseio o versículo dizendo que quem não se tornar um idoso não pode entrar no reino dos céus; pois quem morre cedo pecou gravemente, não merecia a vida, quem não merece a vida não merece o céu. Afirmo veemente que viver muitos anos já considero o desfrutar das bençãos do céu.
           Quero aproveitar muito bem cada momento deste resto de vida com os amigos de infância. Embora alguns sejam fantasmas apenas, sei que neste dia o convívio com as lembranças deles será muito agradável e será ótimo fazer durar pouco este encontro relâmpago! Porque já não importa mais os festejos, pois a vida e os sabores já estão desbotados! Detesto também bar e feiras, são lugares tumultuados. E também não sou de briga. Até porque, eu já aprendi a lidar com as imperfeições e fraquezas dos outros. 
           O mundo anda muito violento! Afinal, sou sempre muito sensível ao que minhas companhias acham, pensam e falam. Com riscos de, sem querer, acabar fazendo o que não quero e também nem o que acredito, apenas para agradar outras pessoas. Tudo isso me custará caro, mas se a oportunidade não valer a pena comigo, que vão todos ao seu próprio interior e se se visite, pois é muito importante! "De vez em quando você tem que fazer uma pausa e visitar a si mesmo." (Audrey Giorgi).

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Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 30/10/2016
Reeditado em 14/04/2017
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Classificação de conteúdo: seguro

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sábado, 8 de abril de 2017

Quando o Sol Retoma o Trono: BOLSONARO por Trás do Fim do Horário de Verão. ("Que adiantou o horário de verão? Verão o tamanho do aumento da conta da luz..."— DMarry)



Crônica


Quando o Sol Retoma o Trono: BOLSONARO por Trás do Fim do Horário de Verão.
("Que adiantou o horário de verão? Verão o tamanho do aumento da conta da luz..."— DMarry)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Nas primeiras horas desta segunda-feira — ao menos no calendário oficial — meu corpo insiste em dizer que ainda é domingo. Não se trata de preguiça: é descompasso. Uma fratura íntima entre o relógio e o sangue. A sensação é a de ter sido lançado, sem aviso, num território estrangeiro: reconheço as ruas, mas não pertenço a elas. Há um estranhamento profundo, quase existencial, que não se resolve com café forte nem com força de vontade. Resta esperar que a poeira baixe, esse burburinho dos avessos, enquanto vibra em mim uma alegria clandestina, quase culpada — a última alegria que não quer reconhecer seu lugar: ontem, acordei tarde. Um pequeno triunfo contra a engrenagem.

Hoje, porém, a realidade cobra seu preço. A luz do dia me encontra já no trabalho; à tarde, ainda há claridade suficiente para uma caminhada ao ar livre, mas quando percebo, são 19h. O tempo escorreu. Perdi-me nele. Sou então obrigado a invocar organização, bom senso, prioridades — essas palavras disciplinadoras que prometem ordem, mas raramente entregam sentido. Busco um uso qualitativo do tempo, dizem os manuais, enquanto carrego a sensação persistente de atraso, como se a vida estivesse sempre um passo à frente, marcando o ritmo com um relógio que não foi feito para corpos humanos.

E tudo isso para quê? Para a farsa da economia de energia. Sacrifica-se o corpo em nome de uma eficiência abstrata, enquanto a luz elétrica falta quase toda semana, interrompida por reparos intermináveis na rede pública. Repito, com exatidão desconcertante, o que disse Norma Aparecida Silveira Moraes: “Odeio horário de verão, as manhãs voam, a gente não consegue fazer nada. Tudo muda, muitas vezes, fico perdida até com o horário da alimentação. Não consigo mais almoçar como deveria, e nem jantar, como pouco e vou passando com frutas ou café com leite.” Eis o cotidiano politizado: o almoço desregulado, o jantar improvisado, a fome domesticada. O que os políticos parecem não saber — ou fingem não saber — é que estão indo na contramão até do velho “pão e circo”: retiram o pão, bagunçam o corpo e ainda exigem gratidão.

Alguém, por acaso, pensa na saúde e no bem-estar do cidadão contribuinte? As imagens são conhecidas: sonolência, irritabilidade, mau humor, sobretudo nas manhãs roubadas. Os hormônios obedecem ao ritmo do dia, ao brilho do sol, à escuridão da noite. Mas algo mudou de soberano. Não mais os astros nos regem, mas unicamente o relógio. O tempo calculado usurpa o lugar do tempo vivido. Como diria a filosofia, trocamos a temporalidade autêntica — enraizada na experiência — por uma contabilidade de minutos que ignora o existir.

O sonolento não raciocina bem. E talvez resida aí o truque mais perverso: corpos cansados produzem consciências dóceis. Lesados dorminhocos são mais fáceis de governar. Por isso, ironicamente, agradeço ao governo Bolsonaro por ter feito a manhã do mesmo tamanho da tarde. Ao abolir o horário de verão, devolveu-se ao sol seu trono. O astro-rei reassumiu o comando do dia inteiro. Não foi apenas uma decisão administrativa; foi um gesto simbólico. Entre o artifício do relógio e a autoridade da natureza, escolheu-se, ainda que por acaso, o lado certo da história. Organizou-se o caos — não para domesticá-lo, mas para que ele, finalmente, detonasse com precisão.


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Como seu professor de Sociologia, o texto é um excelente ponto de partida para discutir como o tempo social e o tempo biológico entram em conflito na sociedade moderna. Ele usa a experiência pessoal do Horário de Verão para criticar a disciplina do trabalho, a eficiência abstrata e a relação entre corpos cansados e docilidade política. Preparei cinco questões discursivas simples para analisarmos a cronopolítica, a disciplina do tempo e a crítica ao tempo "calculado".


1. Descompasso e Estranhamento Existencial

O autor inicia o texto descrevendo um "descompasso" entre o relógio e o corpo, uma "fratura íntima" que gera um "estranhamento profundo, quase existencial" ao enfrentar a segunda-feira. Com base na Sociologia da Vida Cotidiana, analise o significado desse "estranhamento". De que forma a imposição do tempo social rígido e disciplinado (o relógio) entra em conflito com o tempo biológico e vivido (o sangue), gerando uma sensação de não pertencimento ao próprio cotidiano?

2. Tempo Qualitativo e a Disciplina da Produtividade

O narrador busca um "uso qualitativo do tempo", mas se sente em "atraso persistente" ao invocar "organização, bom senso, prioridades" — palavras que "prometem ordem, mas raramente entregam sentido". Discuta a Disciplina do Tempo e da Produtividade na sociedade contemporânea. De que maneira as exigências por "uso qualitativo" e "organização" se tornam ferramentas de disciplina que visam à eficiência abstrata (do capital) e não ao sentido da experiência humana, gerando no indivíduo uma sensação crônica de falha ou atraso?

3. O Horário de Verão como Política do Corpo

O texto critica o Horário de Verão por sacrificar o corpo em nome de uma "eficiência abstrata", citando a desregulação dos horários de alimentação e o "cotidiano politizado" . Analise o Horário de Verão sob a ótica da Cronopolítica (política do tempo). De que forma a decisão administrativa de alterar o relógio afeta diretamente os ritmos biológicos (hormônios, sono, alimentação), transformando o corpo do cidadão em um recurso a ser "sacrificado" em nome de um cálculo econômico de "economia de energia"?

4. Tempo Calculado versus Temporalidade Autêntica

O autor diferencia o "tempo calculado" — que nos rege — do "tempo vivido" ou "temporalidade autêntica" — enraizada na experiência e regida pela natureza (Sol). Explique, sociologicamente, essa troca. Como a sociedade moderna substituiu a "autoridade da natureza" (o ritmo biológico e solar) pela "autoridade do relógio" (o tempo abstrato e industrial)? Por que essa contabilidade de minutos, ao "ignorar o existir", torna o tempo uma ferramenta de controle social e não de autoconstrução?

5. Corpos Cansados e Consciências Dóceis

O texto sugere que "corpos cansados produzem consciências dóceis" e que "lesados dorminhocos são mais fáceis de governar", enxergando aí um "truque mais perverso" da manipulação política. Discuta a relação entre Exaustão Crônica e Docilidade Política. De que modo a desregulação intencional (ou negligente) do tempo e do bem-estar do cidadão (sonolência, mau humor) pode impactar sua capacidade de raciocínio crítico e de ação política, favorecendo a passividade e facilitando o exercício do poder governamental?

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sexta-feira, 31 de março de 2017

ACABE LOGO COM ISSO, JÉSSICA! ("O amor platônico é um castigo que a mente deve sofrer pela inocência do coração." — Leonard Cebin)


Crônica


ACABE LOGO COM ISSO, JÉSSICA! ("O amor platônico é um castigo que a mente deve sofrer pela inocência do coração." — Leonard Cebin)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A noite de domingo começou como qualquer outra, tranquila, com a serenidade típica do crepúsculo. No entanto, assim que as primeiras gotas de chuva começaram a cair, uma brisa úmida trouxe à minha mente a imagem de Jéssica, a musa que habita os recantos mais profundos dos meus pensamentos. "Por que não se aquieta por lá?" me perguntei, como se ela pudesse ouvir minha voz ecoando na escuridão. O que estaria fazendo em meus sonhos? Ao meu redor, tudo parecia terminar em um nada ensurdecedor, um vazio que enchia minha cabeça de reflexões. Assim, as palavras de Florbela Espanca surgiram, envolvendo-me em sua melancolia: "Gosto da noite imensa, triste, preta, como esta estranha borboleta que eu sinto sempre a voltejar em mim..."

Com a escuridão, surgem também os desafios internos. Percebo que não estou preparado para enfrentar os fantasmas que habitam meu ser. Um olhar amigo seria tudo que eu desejava, alguém que visse as virtudes ocultas em mim. No entanto, Jéssica é como um espeço distante, generosa apenas em sonhos. Sua presença é um bálsamo e, ao mesmo tempo, uma ferida que nunca cicatriza. Se me isolo, sou forçado a ouvir meus próprios pensamentos, que muitas vezes sussurram em tom de desespero. Ser menos reativo poderia ser uma estratégia, talvez assim não a assuste, mas a presença de alguém sempre me faz melhor, mesmo que seja apenas um eco de suas lembranças.

Com o amanhecer de uma nova segunda-feira, encontro-me em férias, com tempo em excesso e pensamentos que divagam sobre meu amor platônico por Jéssica, a figura mitológica que povoa meus sonhos. Eu a tenho em minha mente, e, se puder, aconselho que você também crie uma Jéssica em seus próprios devaneios. Essa construção mental nos protege das investidas de rivais, permitindo-nos manter a esperança viva, porque essa é a última a morrer. É um exercício curioso: organizar as memórias dessa viagem fantasiosa, repleta de obstáculos que só existem em nossa imaginação.

No entanto, sei que resistir a essas dificuldades é fundamental. Prefiro a morte a esquecer Jéssica! Mas, por outro lado, não posso deixar que minhas emoções se tornem o leme do meu barco. Estou ciente da minha subjetividade, mas a dor de saber que o que sinto é verdadeiro é um fardo que carrego com pesar. As opiniões alheias, que me rotulam de doido, não me atingem; o que importa é que minha sinceridade ressoe nas palavras que escrevo.

Jéssica, minha amada platônica, aceite meu estado físico. Mesmo quando minto, as palavras que saem de meus lábios não podem ocultar a verdade do meu coração. Essa figura impossível transforma minhas noites em um turbilhão de ressentimentos e frustrações, e me sinto prisioneiro de uma síndrome pós-traumática causada por uma vida que parece sonegar tudo que é bom. Os saudáveis sempre dizem que, quando se trata de amor, não se manda no coração. Mas prefiro acreditar que "a boca fala do que o coração está cheio".

Então, questiono-me: de que material é feito o seu coração, Jéssica? Se o orgulho a domina e você planeja causar dor a alguém, é hora de refletir e arrepender-se. Afinal, o amor, em sua essência mais pura, não é um jogo de poder, mas uma dança delicada de almas que se encontram em meio ao caos da vida. Assim, convido você a enxergar além das aparências, a entender que o amor não é apenas uma questão de pele, mas de essência, de corações que se entrelaçam na imensidão da noite.

Questões para Discussão:

A idealização de Jéssica é uma fuga da realidade ou uma forma de lidar com a solidão?

Essa questão leva os alunos a refletirem sobre a construção de ideais e a importância de lidar com as expectativas em relação aos relacionamentos.

Qual o papel da linguagem na construção da identidade do narrador?

A pergunta incentiva a reflexão sobre a relação entre linguagem e pensamento, e como as palavras podem moldar nossa percepção de nós mesmos e do mundo.

A dor do amor não correspondido é um tema universal. Como diferentes pessoas lidam com essa experiência?

Essa questão permite explorar as diversas formas de lidar com a rejeição e o sofrimento amoroso, e como a cultura e a individualidade influenciam essas experiências.

O narrador questiona a autenticidade de seus sentimentos. Até que ponto é possível separar a realidade da fantasia em um relacionamento amoroso?

A pergunta convida a uma reflexão sobre a natureza do amor e a importância de distinguir entre sentimentos genuínos e projeções.

Qual o papel da sociedade na construção de ideais românticos? Como os meios de comunicação e a cultura popular influenciam nossas expectativas sobre o amor?

Essa questão permite explorar a influência da cultura e dos meios de comunicação na construção de ideais românticos e como esses ideais podem afetar nossas relações interpessoais.

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sexta-feira, 24 de março de 2017

INSIGHT ("A forma como tratamos os outros não diz nada sobre os outros, mas diz muito sobre nós mesmos." —Silvanaldo Bezerra)


Crônica

INSIGHT ("A forma como tratamos os outros não diz nada sobre os outros, mas diz muito sobre nós mesmos." —Silvanaldo Bezerra)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Já dizia o grande cantor, Raul Seixas: "Hoje é domingo/Missa e praia/Céu de anil..." Mas, eu com a segunda feira no rosto, e a cabeça cheia de demanda, não posso dizer o mesmo. Não tem aula, mas tenho que ir para aquela reunião de "planejamento na escola". Ali se "lava roupa suja", e o sabão é justamente uma combinação de criatividade e poder! Todos escutam calmamente o desaforado: "o tem gente aqui..." É minha insana observação, e quando foi diferente? 
           À noitinha, volto para casa, aqui me envolvo em outra dinâmica: a doméstica, pensando e alimentando o desejo de fazer as coisas de forma diferente, para fazer possíveis alterações que contribuam para uma vida melhor, todavia os traumas não me deixam. Já estou preocupado que chegue logo o próximo fim de semana para eu ficar em casa cozinhando qualquer coisa em fogo baixo, quem sabe eu queira escrever uma crônica expressando a extensão dessa angustia. Porém, ainda não me apareceu nenhum anjo, talvez até sexta feira, eu possa ter algum "insight" para escrever o tal texto maravilhoso o qual me refiro.
           Então, para finalizar bem este domingo, pedi uma pizza acompanhada de refrigerante. E assim estaria dizendo para mim mesmo que se morrer esta semana, morro satisfeito com a barriga cheia de pecado: muito açúcar e Coca-Cola. Sem observar os limites do orçamento, gastei R$ 100,00 de uma tacada só! Talvez isso me sirva de certeza e segurança que estou usufruindo do meu trabalho. Preciso me livrar deste peso pesado na consciência! 
           Mas, a minha reclamação é ampla e no momento eu não queria pagar para todos ou por tudo, tira-me dessa vaquinha magra das profecias. Já convivo muito bem com a exclusão social por causa da estética. 
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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 29/10/2016
Reeditado em 24/03/2017
Código do texto: T5806592
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sábado, 18 de março de 2017

REINVENÇÃO DE MIM ("Reinvente-se, o mundo não vai parar por que você caiu!" — Victor S. Godoi)


Crônica

REINVENÇÃO DE MIM ("Reinvente-se, o mundo não vai parar por que você caiu!" — Victor S. Godoi)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

            O hoje está parecendo uma sexta-feira, mas é apenas um feriado, que para mim também "sextou"! Estes dias passam rapidamente, em meio a tantos afazeres, não vemos o dia ao longo do tempo. É, e a rotina nem tem força para testar os nossos relacionamentos familiares. Sim, e o que garante a permanência desse anseio, pela ociosidade pressuposta, é a constante reinvenção de si mesmo. Então, estou pronto para voar, como se eu fosse dominado pelo tempo; todavia, posso, só depois da metamorfose bem sucedida! Logo, já que em todos os dias deve nascer um novo amor, uma nova esperança, uma nova crença e um novo aprendizado, aproveito esta abundância e versatilidade para reescrever a minha velha história, mesclando coisas atuais. Porém, não é difícil, eu posso ser dois ou mais: o das lembranças e o das esperanças. O tempo vai passando, e misturando criatividade e sabedoria, certamente deixará vestígios, pois os vestígios são resquícios do passado considerado, reinventando-se, não completamente.
           Felicidade, eu estou esperando por você! Mas, quem se importaria com um professor "mordido de cobra", que se mutile evitando deixar que o veneno circule ou que morra! Se quando um morre, nasce outro em seu lugar funcional, aliás com muita facilidade. A lei de Deus é perfeita por sua confecção, mas humanamente imperfeita em sua funcionalidade, porque rege pessoas imperfeitas. Por isso, nasci assim, meio bobo!
           E em busca da perfeição, estudei muitos anos, hoje só leio, diga-se de passagem. Todavia, o que eu pensava de meus professores me fez a diferença, eles não foram maiores por que eu os respeitei, mas eu sou um pouco maior por que os obedeci.
           Deus, também, é a perfeição do egoísmo, porque não existe outro Deus para partilhar. E em Sua onipresença e expansibilidade não há espaço fora de Si para que olhe, senão para dentro de Si mesmo. Assim sendo, o egoísmo é o que de bom sobrou de Deus em mim: Valorização exagerada da exclusividade. Este é meu problema: abrir mão do meu eu. Por isso, tenho dificuldade para me reinventar. 
             

Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 28/10/2016

Reeditado em 18/03/2017

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