"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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MINHAS PÉROLAS

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

COVID-19 ("O dia em que a terra parou"— Raul Seixas).

 


COVID-19 ("O dia em que a terra parou"— Raul Seixas)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Eu havia dito: quão frágeis são as instituições sociais! Basta um pouco de pânico para que tudo se desmonte. É no desmanche que, paradoxalmente, se abre o caminho para o novo. Louvado seja Deus pela possibilidade do recomeço!


A socialização promovida pelas escolas já não é mais recomendada. Se antes o objetivo era apenas fazer número para garantir verbas “por cabeça”, hoje é doloroso saber das violências praticadas entre os muros da educação. E agora, somou-se a tudo isso a pandemia. ("E o professor não saiu pra lecionar, pois sabia que não tinha mais nada pra ensinar.")

O “kit primeiros socorros” nos carros, antes obrigatório, perdeu sua relevância. O propósito era mais econômico do que preventivo. Ainda assim, os veículos continuam circulando cheios de gente, em aparente “segurança”, mesmo sem extintores ou qualquer item de emergência.

As igrejas, com seus cultos de cura milagrosa — tão lucrativos — também cederam: suspenderam reuniões por causa da covid-19. ("E os fiéis não saíram pra rezar, pois sabiam que o padre também não tava lá.") A quarentena, que poderia ser vivida no seio da família como abrigo e proteção mútua, revelou-se também um campo de tensão: o netinho impedido do colo do avô... para evitar o abuso sexual.

Raul Seixas já alertava, em 1977: "No dia em que todas as pessoas, do planeta inteiro, resolveram que ninguém ia sair de casa." Lamento dizer: a “Sociedade Alternativa”, lançada em 1974, não deu certo. E precisou ser corrigida. Os marcos antigos foram removidos; é tempo de recolocá-los. Se não o fizermos, Deus o fará — e será doloroso.

A partir de agora, um novo modelo de sociedade nascerá, inevitavelmente. Deus sabe tudo, e tudo tem um grande propósito. Não morra antes de testemunhar a ascensão. Ô Deus, eu O amo de todos os meus pulmões!

O rabino Eliahu Hasky afirmou que Deus está acertando as contas com a humanidade — tudo já estava prenunciado nas páginas da Torá.
🔗 Fonte — acessado em 10/08/2022.

Assim como as pragas do Egito humilharam cada um dos seus deuses, o coronavírus veio contra Mamom — símbolo da cobiça e da riqueza material. Eis o cerne da ira divina: "... que não é possível servir simultaneamente a Deus e a Mamom" (Lucas 16:13).

A economia da China tombou após a paralisação de fábricas e o colapso do consumo.
🔗 Fonte — acessado em 10/08/2022.

Essa queda, porém, é mais do que uma crise econômica: é uma manifestação espiritual. Uma advertência à civilização que se ergueu sobre o desejo insaciável de possuir. Frente a isso, a humanidade se vê diante de uma escolha: continuará adorando Mamom, arriscando pragas ainda mais abrangentes, ou buscará outra forma de felicidade — aquela que não se baseia na posse, mas no espírito?

Surge então uma pergunta essencial: se Deus "produz em vós tanto o querer como o realizar, de acordo com sua boa vontade" (Filipenses 2:13), cabe a nós, em nossas decisões cotidianas, participar ativamente desse renascimento. Ou preferiremos a paralisia, esperando que o céu corrija os excessos da terra?

O advento das pandemias pode ser visto como a vingança da natureza.
“O contato próximo com animais selvagens através da caça, comércio ou perda de habitat coloca o mundo em maior risco de surtos de novas doenças, dizem os cientistas.”
🔗 Fonte — acessado em 10/08/2022.

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O texto que acabamos de ler nos provoca a refletir sobre as crises sociais e suas possíveis causas e consequências. Com base nas ideias apresentadas, preparei cinco questões discursivas e diretas para ajudá-los a analisar criticamente o conteúdo.

1 - O autor utiliza a pandemia para demonstrar a fragilidade de diversas instituições sociais, como escolas, igrejas e família. Explique com suas palavras como, segundo o texto, cada uma dessas instituições foi abalada por esse contexto.

2 - A obra de Raul Seixas é mencionada para contextualizar uma ideia de "Sociedade Alternativa". Como o autor do texto avalia essa proposta, e qual a sua conclusão sobre o seu fracasso?

3 - O texto faz uma crítica ao que chama de "deus Mamom". Qual é o significado desse termo e qual a relação que o autor estabelece entre ele e o coronavírus?

4 - O autor traz à tona um conflito entre a ação divina e a responsabilidade humana na reconstrução social. Explique qual é a pergunta essencial que ele levanta sobre o nosso papel nesse processo.

5 - Em uma das conclusões, o texto sugere que as pandemias podem ser uma "vingança da natureza". A partir das informações apresentadas, como o autor justifica essa afirmação?

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terça-feira, 9 de agosto de 2022

MEDO GERA MEDO! ("Coragem é a resistência ao medo, domínio do medo, e não a ausência do medo." — Mark Twain).

 


O ECO DE UM ELOGIO SEM PROCEDÊNCIA. ("A mulher aprende a odiar na medida em que desaprende de encantar." — Friedrich Nietzsche).

 


O ECO DE UM ELOGIO SEM PROCEDÊNCIA. ("A mulher aprende a odiar na medida em que desaprende de encantar." — Friedrich Nietzsche)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Em um cenário social de intenções complexas, arriscar um elogio genuíno tornou-se um ato de coragem — ou de tolice. Fujo até dos cumprimentos mais simples, temendo que qualquer palavra de um homem "velho, feio e pobre" seja, de imediato, interpretada como assédio. A regra parece ser implacável, e a forma de julgamento, tão superficial quanto injusta.

Enquanto isso, o bonitão — jovem, malhado, bancado pelos pais — desfila cantadas grosseiras, muitas vezes retiradas de estrofes de funk vulgar. Diz e faz horrores, e ainda assim é premiado com sorrisos. O mundo parece chamá-lo de "cantada criativa" ou "música aos ouvidos delas." A realidade, com um toque ácido, é ecoada em versos como os de Annynha Rodrigues: "Solteira: sim, recebendo cantada de gente feia: sempre!". E eu, tentando seguir os passos dos bem-sucedidos, apenas consigo entoar minha própria e melancólica canção: "Como pode um peixe vivo viver fora da água fria?", chegando caloroso, esperançoso, e recebendo um balde de água gelada. Sou apenas mais um entre tantos, sem fama nem dinheiro, a sentir na pele o preço de uma "aparência" fora dos padrões.

Ainda assim, nem tudo está perdido. Em meio a essa confusão de intenções e percepções, existe uma nuance que me impede de perder a esperança. Raras, sim, mas existem mulheres prudentes, donas de um senso refinado o suficiente para reconhecer e valorizar uma apreciação sincera. Elas, verdadeiramente empoderadas, parecem ser as únicas capazes de uma leitura mais profunda. Não se impressionam com a cantada superficial, mas buscam a honestidade de um coração e a inteireza de um caráter. Talvez a cautela que adotei não seja uma fuga, mas uma seleção silenciosa, uma espera por uma audiência que me ouça sem o ruído do preconceito. É a busca pela "inteira aparência".

E é nesse ponto que a sabedoria ancestral encontra a minha experiência. "Uma mulher bonita não é aquela de quem se elogiam as pernas ou os braços, mas aquela cuja inteira aparência é de tal beleza que não deixa possibilidades para admirar as partes isoladas." — Sêneca.


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O texto que acabamos de ler nos provoca a uma reflexão muito interessante para a Sociologia. Ele aborda, de forma bastante pessoal, como as nossas características sociais – como a aparência, a idade e a situação financeira – influenciam drasticamente a forma como somos vistos e tratados nas relações interpessoais. O autor levanta um questionamento fundamental: as regras da convivência social são as mesmas para todos? Para a Sociologia, esse é um material riquíssimo para discutirmos conceitos como estereótipos, estratificação social e a construção social da realidade. Ele nos faz pensar sobre como as nossas identidades são moldadas não apenas por quem somos, mas também por como a sociedade nos enxerga. Vamos às questões para a nossa reflexão!


1 - O texto sugere que a forma como um elogio é feito depende mais de quem o recebe do que do elogio em si. Com base na Sociologia, discuta como a aparência, a idade e a riqueza (status social) funcionam como estereótipos que moldam as nossas interações sociais e podem criar regras de conduta diferentes para cada indivíduo.

2 - O autor diferencia o "assédio" que ele teme com a "cantada criativa" do "bonitão". Explique como esses conceitos, que parecem objetivos, podem ser entendidos como construções sociais que dependem de quem os enuncia. O que essa diferença de interpretação revela sobre a influência da hierarquia social nas nossas percepções?

3 - O autor se coloca como um "peixe vivo fora da água fria" e se sente marginalizado por "não ter fama nem dinheiro". A partir do conceito de estratificação social, discuta como a posição social de um indivíduo pode influenciar suas chances de sucesso e a maneira como ele é tratado, mesmo nas relações mais íntimas.

4 - A crônica menciona que o "bonitão" é "premiado com sorrisos" por comportamentos que seriam malvistos em outros. O que esse tipo de situação revela sobre o capital simbólico — a fama, a beleza e o status — e seu papel nas relações sociais? Por que, na Sociologia, esse capital pode ser tão importante quanto o dinheiro?

4 - No final do texto, o autor encontra esperança nas "mulheres prudentes" que buscam a "inteireza de um caráter". Analise como essa busca pode ser vista como uma forma de resistência individual a uma cultura social que, segundo o autor, é superficial e injusta.

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domingo, 7 de agosto de 2022

COISAS SIMPLES APONTAM PARA AS GRANDES. ("Se acha que a competência custa caro, experimente a incompetência." — Miguel Monteiro).




A Autoridade nas Redes e nas Ruas: Uma Análise da Justiça Punitiva ("A justiça sem força é impotente; a força sem justiça é tirânica." — Blaise Pascal)

 


sábado, 6 de agosto de 2022

UM TOLO SÓ DIZ TOLICE ("O sábio fala porque tem alguma coisa a dizer; o tolo porque tem que dizer alguma coisa". Platão)


 

UM TOLO SÓ DIZ TOLICE ("O sábio fala porque tem alguma coisa a dizer; o tolo porque tem que dizer alguma coisa". Platão)

Por Claudeci Ferreira de Andrade 


Hoje, mais uma vez, irritei-me contra Deus a ponto de Lhe dizer tolices: "Senhor, por que permitiste isto na minha vida?"

Naquela ocasião, sentia-me como Jó — o sofredor — cercado por meus “amigos”, mais preocupados em interpretar minha dor do que em acolhê-la. Eram homens aparentemente bem-sucedidos: um mecânico autônomo, um serralheiro próspero e outro que se proclamava profeta, íntimo de Deus. Reunidos, discutiam minha enfermidade com ares de julgamento, como se pudessem decifrar os desígnios divinos.

Ouvi-os em silêncio, suportando o peso da culpa que suas palavras insinuavam. Suas interpretações — ora dogmáticas, ora moralistas — fracassavam nas contradições que se atropelavam. Tentavam justificar minhas dores com certezas ocas, e eu, diante delas, me via mergulhado em perguntas para as quais nem eu tinha resposta.

Foi então que comecei a confirmar o que, no íntimo, já intuía: o juízo de Deus é justo, e o erro — seja qual for — não permanece impune para sempre. Mas, ali, percebia que eu não era o único sobre quem recaía o peso da expiação. Havia também o “bode para Azazel”, símbolo do mistério insondável que transcende nossa compreensão.

Sem uma resposta definitiva, oscilava entre três possibilidades: estaria sendo castigado pelos meus pecados, colhendo as consequências naturais de minha própria tolice? Estaria sendo testado, para que minha fé amadurecesse? Ou seria aquilo tudo uma forma de Deus manifestar Sua glória em minha vida?

Qualquer que fosse a razão, uma convicção se impunha: religião se discute, sim.

E talvez esse tenha sido o maior fruto daquela conversa: o impulso involuntário para um autoexame profundo, uma espécie de colheita espiritual feita no terreno pedregoso da dor. Aquele tempo não foi perdido — serviu para abrir, ou pelo menos não fechar, os sentidos que percebem os ensinamentos de Deus. Se aquilo tudo era, de fato, obra divina, que fosse então necessária e suficiente para me conduzir à humildade e ao regozijo diante de qualquer uma dessas possibilidades.

Mas como aceitar tudo isso, se minha conclusão final foi que Deus não precisa da fé de ninguém para realizar Sua obra a favor de quem Ele quiser? Afinal, estou bem — e, paradoxalmente, é justamente por isso que duvido de tudo.

E é precisamente nessa dúvida que descubro uma liberdade inesperada: se Deus age independentemente da minha crença, então minha responsabilidade no mundo não repousa no medo do castigo nem na esperança da recompensa, mas na dignidade intrínseca de cada ato humano.

Não preciso amar o próximo para merecer salvação — amo porque o amor, por si só, é uma resposta justa à existência. Não devo buscar a justiça para agradar ao divino — mas porque a injustiça desumaniza tanto o oprimido quanto o opressor.

Essa conclusão me liberta do utilitarismo espiritual e me conduz a uma ética mais essencial: agir bem não por cálculo transcendente, mas por discernimento consciente. Talvez seja isso a verdadeira maturidade da alma — perceber que a bondade não precisa de plateia celestial para ser autêntica. 

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QUESTÕES DISCURSIVAS - SOCIOLOGIA

Tema: Religião, Sociedade e Construção de Valores Morais

QUESTÃO 1

O texto apresenta três personagens que tentam explicar o sofrimento do narrador: um mecânico, um serralheiro e um "profeta". Considerando o que estudamos sobre estratificação social, explique como a posição social e profissional de cada um influencia a forma como eles interpretam e julgam a situação do protagonista.

QUESTÃO 2

O autor questiona se deve "amar o próximo para merecer salvação" ou se deve amar "porque o amor, por si só, é uma resposta justa à existência". Baseando-se nos conceitos de solidariedade social, compare essas duas motivações e explique qual delas contribui mais para a coesão social em uma comunidade.

QUESTÃO 3

O texto menciona que "religião se discute, sim" e critica interpretações dogmáticas. Na sua opinião, como o debate aberto sobre questões religiosas pode contribuir para uma sociedade mais democrática e tolerante? Dê exemplos de situações onde o diálogo religioso é importante para a convivência social.

QUESTÃO 4

O narrador critica o "utilitarismo espiritual" - a ideia de fazer o bem apenas esperando recompensas divinas. Relacione essa crítica com o que aprendemos sobre comportamento social: como você acha que uma moral baseada apenas em "prêmios e castigos" afeta as relações entre as pessoas na sociedade?

QUESTÃO 5

O autor conclui que a "bondade não precisa de plateia celestial para ser autêntica". Considerando os conceitos de normas sociais e controle social, explique como uma sociedade pode manter valores éticos e morais mesmo quando as pessoas têm diferentes crenças religiosas ou não têm religião alguma.