CONFRATERNIZAÇÃO versus FUNERAL ("Civilização é, antes de mais nada, vontade de convivência." — José Ortega y Gasset)
Por Claudeci Ferreira de Andrade
Por volta do mês de Dezembro, precisamente no final do quarto bimestre escolar, fazem-nos uma festa de despedida. Então, não gosto dessas confraternizações de professores. Como sempre, sou um tanto intransigente com as pessoas que fazem parte de meus relacionamentos trabalhistas. Na verdade, eu não gosto mesmo é do que elas gostam: comer carne (são vulneráveis à picanha), beber cerveja, ouvir música de corno alta e das "vaquinhas", isto é, ter que levar carne para o churrasco, jamais! Não é atitude de diplomado. Conviver com as pessoas de forma ideal é uma arte que poucos sabem desempenhar, e eu também preciso aprender... Não é minha intenção exigir carinho e compreensão das pessoas que me cercam, elas me servem do jeito que são. E peço apenas que me respeite do jeito que sou. Na verdade, faço o possível para melhor socialização sem demonstrar cara feia.
Apesar de tudo, olhando outros aspectos sociológicos, já participei de muitos momentos festivos na escola, deveria estar treinado; porém, ainda não me parece um momento ideal para estar ali com meus colegas de trabalho, fora da responsabilidade de aula; contudo, contando histórias do passado, e choramingando as durezas da vida escolar, terminamos com a consciência pesada por ter falada demais. Há esse risco! "Sempre me interessei pelas pessoas, mas nunca gostei delas." (W. Somerset Maugham). Eu apenas as respeito.
Como quem tem razão, ainda é de se considerar o que diz Ecl. 7:2: "Mais vale ir a uma casa em luto do que ir a uma casa em festa, porquanto este é o fim de todo ser humano; e deste modo, os vivos terão uma grande oportunidade para refletir." Por isso, recuso-me a emoções desequilibradas; porém, não há como evitá-las nesses ambientes, afinal é festa! E desequilibrado é o indivíduo que pensa que pode mais do que realmente pode. Pois, recebendo elogios, sinto-me empoderado demais. Duro é conciliar os impulsos da razão com os instintos. Maldito é o meu anjo farrista que me guia em busca do desregramento interior. Então, Salomão ainda tem razão, é melhor um funeral, contanto que não seja o de mim mesmo!
Kllawdessy Ferreira
Enviado por Kllawdessy Ferreira em 03/11/2016
Reeditado em 03/12/2017
Código do texto: T5812212
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