"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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MINHAS PÉROLAS

domingo, 18 de setembro de 2022

TIPO E ANTÍTIPO EDUCACIONAL ("A representação é uma ilusão". — Vladimir Safatle)

 


TIPO E ANTÍTIPO EDUCACIONAL ("A representação é uma ilusão". — Vladimir Safatle)

No velho normal, quando os alunos roubavam o giz da caixinha do professor, era para brincar de lecionar em casa. Havia nisso uma ingenuidade quase comovente: imitar o mestre, desenhar no ar rabiscos de explicações inventadas, repetir frases ouvidas em sala e até repreender colegas invisíveis. O giz quebrado em duas partes virava símbolo de autoridade, uma varinha mágica da imaginação infantil que oferecia aos meninos e meninas um gosto antecipado do ofício de ensinar. Essa cena, aparentemente banal, guardava uma doçura nostálgica — e hoje, à distância, torna-se dolorosa, porque expõe o quanto se perdeu no tempo.

Hoje, no entanto, roubam para jogar uns nos outros. Com o pincel de quadro branco, a irreverência ganhou crueldade: o professor não pode descuidar um instante, sob risco de encontrar no quadro palavrões ou indiretas zombeteiras. Gastar a tinta do pincel, aliás, é tomado como uma metonímia maldita: é desgastá-lo inutilmente, como se o próprio professor fosse a vítima desse consumo vingativo. O giz daquele tempo, quando arremessado, ainda trazia uma sombra de representação do mestre; agora, o gesto é apenas rejeição nua e crua. Na escola do novo normal, seguem brincando — mas, desta vez, com a própria carreira do professor.

E é justamente dessa comparação que nasce a ferida mais funda: antes, a imitação carregava uma centelha de respeito inconsciente, ainda que disfarçada em jogo; agora, converte-se em desdém. A travessura que sugeria desejo de aprender transformou-se em agressão simbólica, como se o professor fosse apenas mais um alvo descartável. A mudança não é apenas de comportamento, mas de sentido: onde havia possibilidade de sonho, restou apenas a caricatura amarga de uma autoridade desacreditada.

Mesmo aqueles que, em casa, encenavam o papel de professor jamais desejaram sê-lo de verdade. Os animais brincam de caçar porque querem ser bons caçadores; entre eles o faz-de-conta é treino, preparação para a vida. Já os meus alunos, ao brincarem com minha profissão, não buscavam futuro algum — apenas riam do presente. E talvez aí esteja a verdadeira desnaturação: não no riso em si, mas na incapacidade de convertê-lo em ensaio de vida.


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Como seu professor de Sociologia, achei a análise desse texto excelente para a nossa disciplina. Ele nos permite refletir sobre as profundas transformações sociais que impactam até mesmo o ambiente escolar. A partir da leitura, elaborei cinco questões discursivas e simples para que vocês possam aplicar conceitos sociológicos e aprofundar a discussão.


1 - O texto aborda a diferença entre o "velho normal" e o "novo normal". Em uma perspectiva sociológica, como podemos interpretar a mudança de comportamento dos alunos em relação ao professor e à profissão? Cite um conceito que ajude a explicar essa transformação.

2 - O autor utiliza a metonímia da tinta do pincel para representar o desgaste do professor. Discuta, com base no texto, como objetos e ações simples podem adquirir um significado simbólico na sociedade, refletindo valores e conflitos de um determinado período.

3 - A brincadeira dos alunos com o giz, no "velho normal", era vista como uma imitação "quase comovente". Que tipo de relação social e de poder era sugerida por essa atitude, em contraste com a rejeição explícita do "novo normal"?

4 - O texto afirma que os animais brincam com um objetivo (treino para a vida), enquanto os alunos brincam sem um propósito. Relacione essa ideia com a socialização e com a perda de valores na sociedade contemporânea, discutindo a importância do "faz-de-conta" no desenvolvimento social.

5 Considerando o papel do professor como agente de socialização, quais seriam as possíveis causas sociológicas para a "desnaturação" ou desvalorização de sua figura, conforme sugerido pelo autor?

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sábado, 17 de setembro de 2022

FANÁTICO É INCOERENTE ("A incoerência faz parte da vida daqueles que não entendem as palavras de Deus." — Pr. Gabriel Amorim)

 


FANÁTICO É INCOERENTE ("A incoerência faz parte da vida daqueles que não entendem as palavras de Deus." — Pr. Gabriel Amorim)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O Deus vendido pelos charlatões igrejeiros não quer que façamos algo errado, mas concede o que o pastor julga aceitável. Quando insistimos muito em algo “não tão errado”, recebemos a chamada “misericórdia”. É como a mãe que pressente o perigo e não quer deixar o filho ir ao rio, mas acaba cedendo após sua insistência. Quando ele se afoga, ela se vê eternamente culpada pela tragédia, como se sua omissão fosse um “pecado deliberado”: não soube dizer não na hora certa.

Afinal, quem pode julgar a Deus? Ele também não sabe dizer não? Os fanáticos, cegos em sua incoerência, continuam repetindo que Deus permite aquilo que Ele mesmo não deseja.

Eis a parábola que desnuda a perversidade da culpabilização: a mãe condenada a carregar sozinha a dor da tragédia, como se um instante de fraqueza apagasse todo o amor de uma vida inteira. O mesmo raciocínio distorcido é usado para culpar os fiéis, fazendo-os acreditar que qualquer deslize é sinal de maldição, como se Deus fosse um juiz vacilante e punitivo. A crueldade desse mecanismo não se limita à teologia: instala no íntimo a angústia de nunca acertar, de viver eternamente em dívida. Talvez o maior pecado seja justamente este: transformar a fé em tortura e a consciência em cárcere.

Esse cárcere religioso se estende à vida social, onde o medo de pensar, discordar e dialogar aprisiona a liberdade. A mesma intolerância que silencia fiéis também cala cidadãos, convertendo o debate em guerra. Não é por acaso que muitos repetem, como dogma, que política, religião e futebol não se discutem. Com esse tipo de gente, nada se discute — tudo vira briga, pois não sabem respeitar nem a si mesmos, muito menos aos outros.

Do outro lado, existem os civilizados, capazes de discutir qualquer tema e aceitar que os pensamentos divergem. O desafio é cultivar esse espaço de diálogo. Não se trata de unanimidade, mas da arte de escutar, discordar e, ainda assim, preservar a dignidade da conversa. A verdadeira civilidade não nasce do silêncio imposto, mas da coragem de enfrentar ideias contrárias sem transformar diversidade em adversidade. Como já disse Jadson Ferreira: "Não deixe a diversidade se transformar em adversidade."


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O texto que acabamos de ler nos provoca a uma reflexão profunda sobre o papel da religião e o comportamento humano em sociedade. O autor usa exemplos fortes e comparações diretas para questionar como a fé, o diálogo e a intolerância se relacionam em nosso dia a dia. Para continuarmos nossa discussão de forma construtiva, preparei cinco questões que nos ajudarão a analisar as ideias do texto sob uma perspectiva sociológica. Pensem com calma e baseiem suas respostas em seus conhecimentos e nas reflexões propostas pelo autor.

1 - O texto aborda a ideia de que a fé, quando manipulada, pode gerar um sentimento de culpa e angústia. Com base em seus estudos de Sociologia, como você explica o papel das instituições religiosas na criação e manutenção de normas sociais, e de que forma a "culpabilização" pode ser uma ferramenta de controle social?

2 - A parábola da mãe e do filho que se afoga é usada para ilustrar a perversidade de um raciocínio que culpa o indivíduo por tragédias. De que maneira essa lógica se manifesta em outras áreas da nossa sociedade, além da religião? Cite um exemplo e explique a relação.

3 - O texto afirma que a intolerância religiosa está ligada à intolerância em outras áreas. Por que, segundo o autor, o medo de discordar sobre religião é o mesmo que leva as pessoas a evitarem discutir política e futebol?

4 - O autor faz uma distinção entre pessoas que "não discutem" esses temas e as "civilizadas" que os discutem. Com suas próprias palavras, defina o que o texto entende por diálogo civilizado e qual a sua importância para o convívio em sociedade.

5 - A frase final, "Não deixe a diversidade se transformar em adversidade", resume a mensagem principal do texto. Em que sentido a diversidade de ideias, opiniões e crenças pode ser vista como uma ameaça para alguns grupos, e por que o autor defende que essa visão é um obstáculo para a verdadeira civilidade?

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quinta-feira, 15 de setembro de 2022

O CERTO É ERRADO E O ERRADO É CERTO ("Ainda que as manteigas derretam e os leites azedem, faremos bom proveito da gordura e das sobremesas." — augusto andrade)

 


O CERTO É ERRADO E O ERRADO É CERTO ("Ainda que as manteigas derretam e os leites azedem, faremos bom proveito da gordura e das sobremesas." — augusto andrade)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A educação formal oferece iscas em lugar de ensinamentos para a vida, pois sua matriz curricular é abstrata demais para adolescentes em busca de sentido. Nesse cenário, todos nós nos encaixamos na descrição de Richard Bach: "Aprender é descobrir aquilo que você já sabe. Fazer é demonstrar que você o sabe. Ensinar é lembrar aos outros que eles sabem tanto quanto você."

Mas a coerência do professor, paradoxalmente, pode trair sua própria intenção: verdades acabam soando como mentiras ao disputar espaço com mentiras que parecem verdades. Essa instabilidade nos torna injustos até na forma de nos revoltarmos contra o erro.

É nesse paradoxo que se abre o abismo. O mestre, ao tentar libertar, pode acabar aprisionando. A coerência, que deveria ser guia, transforma-se em espelho quebrado — cada estilhaço refletindo uma verdade distorcida. Romper o ciclo exige mais do que denunciar manipuladores externos: é preciso a coragem de encarar o reflexo interior, arrancando as máscaras que sustentam nossa conivência. Libertar-se não é caminho reto nem confortável, mas passo necessário para compreender a aparição do “monstro” como revelação, e não como metáfora distante.

Então ele surge: o monstro de nossos sonhos, gestado nas fissuras de nossas ilusões. Alimenta-se da justiça sufocada, do medo negado e da esperança azeda. Sua tarefa não é apenas derrubar manipuladores, mas desnudar a farsa da nossa cumplicidade.

E não, ele não precisa nos arrancar do "banquete de fezes". Basta obrigar-nos a reconhecer que as sobremesas, embora exalem “DELICIOSO CHOCOLATE”, pertencem ao grotesco. A verdadeira questão não é como escapar dos manipuladores, mas como romper com o cárcere de nós mesmos — porque, em alguma medida, também os somos.


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O texto que acabamos de ler nos provoca a pensar sobre o papel da educação, a complexidade das relações sociais e, principalmente, sobre a nossa responsabilidade nesse processo. Ele usa metáforas fortes para questionar o que entendemos por verdade, liberdade e manipulação. Para que possamos aprofundar a discussão, preparei cinco questões baseadas nas ideias principais do texto. Lembrem-se de que não há respostas certas ou erradas, mas sim a busca por uma reflexão crítica e bem fundamentada.


1 - O autor questiona a educação formal, dizendo que ela oferece "iscas em lugar de ensinamentos para a vida". Com base na sua experiência e nos seus conhecimentos de Sociologia, como você interpreta essa crítica?

2 - A citação de Richard Bach sugere que a aprendizagem está mais ligada à redescoberta do que à aquisição de conhecimento novo. Na sua opinião, de que forma essa ideia se relaciona com a crítica do texto à "matriz curricular abstrata"?

3 - O texto afirma que a coerência do professor pode se tornar um paradoxo, fazendo com que as verdades se misturem com as mentiras. De que maneira a relação de poder entre professor e aluno pode influenciar essa dinâmica?

4 - A metáfora do "monstro de nossos sonhos" representa a necessidade de uma revelação interna. Analise como o "monstro" atua para desmascarar a nossa própria cumplicidade e por que isso é crucial para a nossa libertação.

5 - O texto finaliza com a reflexão de que a questão não é apenas escapar dos manipuladores, mas reconhecer que também "os somos". Explique essa ideia e discuta um exemplo do seu cotidiano em que você percebe essa cumplicidade.

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quarta-feira, 14 de setembro de 2022

ÁGUA PRIVATIZADA ("A falta do saber e a falta de informações são os princípios da manipulação" — Diôgo Pantoja)

 


terça-feira, 13 de setembro de 2022

ALUNO NÃO É DISCÍPULO, PROFESSOR NÃO É MESTRE ("Miserável coisa é pensar ser mestre, quem nunca soube ser discípulo." — F. de Rosas)

 


ALUNO NÃO É DISCÍPULO, PROFESSOR NÃO É MESTRE ("Miserável coisa é pensar ser mestre, quem nunca soube ser discípulo." — F. de Rosas)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

"Mestre que não é amado pelos seus discípulos é um mau mestre." Ao me deparar com essa frase de Paolo Mantegazza, um sentimento de desespero tomou conta de mim. Será que a culpa pelo descaso que sofro nas escolas, e pela falta de respeito que percebo em minhas aulas, é inteiramente minha? A lembrança de um episódio com uma aluna do primeiro ano do Ensino Médio ressurgiu com força.

Eu a repreendi por me entregar um caderno com as atividades copiadas da colega, valendo nota. Questionada sobre como tinha todas as atividades, sendo que passava a aula inteira conversando, ela respondeu com uma franqueza brutal: "Não me interesso em suas aulas, porque não concordo com nada que você fala." Naquele instante, a frase "quem fala o que quer escuta o que não quer" ecoou em minha mente. Percebi que eu poderia ter me calado para dormir em paz naquela noite, mas a verdade havia sido dita, e o impacto foi avassalador.

Após um período de agonia e inquietação, encontrei algum conforto ao reconsiderar os papéis: eu tenho alunos, não discípulos. Essa nova perspectiva trouxe um alívio imediato, pois percebi que meus conceitos estavam equivocados. Aluno não é discípulo, e professor não é mestre. Com essa distinção, o peso da frase de Mantegazza se dissipou.

No entanto, o alívio não durou. Se meu papel não é o de guiar seguidores, mas o de abrir caminhos para caminhantes livres, novas contradições surgem. Paulo Freire dizia que "ninguém ensina ninguém, as pessoas aprendem". Mas o que fazer quando a resistência dos alunos não é um sinal de aprendizado libertador, e sim de uma tentativa de domesticar o professor? O sucesso parece estar reservado a quem diz o que os alunos querem ouvir, e não o que eles precisam ouvir.

Afinal, por que ainda existem a escola e a educação formal? Em meio a esse conflito, as palavras de Mantegazza e Confúcio se misturam. O amor e a proximidade não são títulos, mas sim resultado de um encontro real, algo que a escola parece não mais favorecer. Segundo Confúcio, "Por natureza, os homens são próximos; a educação é que os afasta."

Essa mudança de perspectiva não suaviza a dor, mas me impõe um novo desafio. Como posso ser um educador sem ser domesticado ou domesticador? A resposta talvez esteja em aceitar que, como professor, meu papel é o de um guia que mostra caminhos, sem ter a obrigação de ser seguido. É preciso encontrar a serenidade para lidar com a dor de não ser um mestre amado, e focar em ser um educador que inspira a jornada de seus alunos.


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Como um professor de sociologia do Ensino Médio, preparei cinco questões discursivas e simples para explorar as ideias do texto que compartilhei. O objetivo é que estas perguntas estimulem a reflexão e a discussão sobre os desafios da educação contemporânea e as diferentes perspectivas sobre o papel do professor e do aluno.


1 - Com base na frase de Paolo Mantegazza, "Mestre que não é amado pelos seus discípulos é um mau mestre," discuta a diferença entre ser um "mestre" e ser um "professor" no contexto da educação atual.

2 - De que maneira a experiência do autor com a aluna do Ensino Médio ilustra a contradição entre as ideias de Paulo Freire sobre o aprendizado libertador e a realidade escolar descrita no texto?

3 - O texto questiona a razão da existência da escola e da educação formal na sociedade de hoje. Utilize a frase de Confúcio, "Por natureza, os homens são próximos; a educação é que os afasta," para argumentar a favor ou contra a importância da educação formal.

4 - O autor menciona que "o sucesso parece estar reservado a quem diz o que os alunos querem ouvir, e não o que eles precisam ouvir." Analise essa afirmação, citando exemplos de como essa dinâmica pode afetar o processo de ensino e aprendizado.

5 - Refletindo sobre a dor do autor e o desafio de ser "um educador sem ser domesticado ou domesticador," proponha uma ou duas práticas que, em sua opinião, poderiam ajudar os professores a se conectar melhor com os alunos e a inspirá-los na jornada de aprendizado.

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segunda-feira, 12 de setembro de 2022

O Dilema do Padrasto: Entre a Desconfiança e a Busca por Felicidade ("Não se iluda meu bem, nunca irá existir um padrasto bom, e nem madrasta". — Sther Cerulli)

 


O Dilema do Padrasto: Entre a Desconfiança e a Busca por Felicidade ("Não se iluda meu bem, nunca irá existir um padrasto bom, e nem madrasta". — Sther Cerulli)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Vida de padrasto é uma desgraça: — "você não é meu pai"! Como pode ser feliz com uma mulher que já é mãe dos filhos de outro? Se é carinhoso com os enteados, é suspeito de abusador; se é distante, é frio e não os ama. De toda forma, é passível de denúncia. Se a mãe faz vista grossa, está chantageando-o e/ou subornando com a filha menor de idade para ficar com ele. Qual das três categorias é mais digna da felicidade familiar? Enfim, não existe almoço de graça! Só permanece quem acha que está lucrando.

E, no entanto, há nessa vida de padrasto uma dualidade que não se resolve tão facilmente: entre a desconfiança que o cerca e os raros momentos de afeto genuíno que resistem ao peso do olhar acusador. O paradoxo é cruel: pedem que seja carinhoso sem jamais parecer suspeito, e que mantenha distância sem se tornar indiferente. Mas talvez a saída não seja desistir da busca pela felicidade, e sim encontrar um espaço de autenticidade, onde o padrasto não se define pelo julgamento externo, mas pela coragem de agir em favor do bem-estar da família que escolheu. É nesse ponto de frágil equilíbrio que ele pode, quem sabe, tocar uma forma discreta, mas real, de felicidade.

Não são raras as notícias de abusos por padrastos. Já chega a ser considerado comum a vigilância constante do comportamento deles para prevenir acidentes de percurso. Feliz os que não sabem os riscos que estão correndo, e continuam ficando em casa com as crianças para a esposa ir trabalhar. Já pensaram se ela acha um "chifre" por lá?


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O texto que acabamos de ler nos faz refletir sobre os complexos papéis sociais na família contemporânea. Vamos usar as ideias do autor para a nossa aula de Sociologia. Preparei 5 questões para vocês. Lembrem-se de usar suas próprias palavras e o que aprendemos em aula para responder.


1 - O texto descreve o padrasto em uma situação de "desgraça" e desconfiança. De acordo com o que estudamos sobre estruturas familiares, por que a figura do padrasto é frequentemente vista com suspeita na sociedade?

2 - O autor afirma que o padrasto está em um paradoxo: se ele é carinhoso, é suspeito; se é distante, é frio. Como a sociedade constrói essa "armadilha" de comportamento?

3 - O texto sugere que, para encontrar a felicidade, o padrasto deve buscar a autenticidade em vez de se preocupar com o julgamento externo. Em sua opinião, o que significa agir com autenticidade em um papel social tão carregado de expectativas e preconceitos?

4 - A frase "não existe almoço de graça! Só permanece quem acha que está lucrando" pode ser vista como uma crítica às relações baseadas em interesse. Relacione essa ideia com a forma como o autor descreve a dinâmica entre o padrasto e a mãe no texto.

5 - O texto termina com uma reflexão irônica sobre a felicidade daqueles que "não sabem os riscos" de ser padrasto. O que o autor quer dizer com isso? Como o medo e a vigilância social afetam as relações familiares hoje?

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