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MINHAS PÉROLAS

sábado, 17 de setembro de 2022

FANÁTICO É INCOERENTE ("A incoerência faz parte da vida daqueles que não entendem as palavras de Deus." — Pr. Gabriel Amorim)

 


FANÁTICO É INCOERENTE ("A incoerência faz parte da vida daqueles que não entendem as palavras de Deus." — Pr. Gabriel Amorim)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O Deus vendido pelos charlatões igrejeiros não quer que façamos algo errado, mas concede o que o pastor julga aceitável. Quando insistimos muito em algo “não tão errado”, recebemos a chamada “misericórdia”. É como a mãe que pressente o perigo e não quer deixar o filho ir ao rio, mas acaba cedendo após sua insistência. Quando ele se afoga, ela se vê eternamente culpada pela tragédia, como se sua omissão fosse um “pecado deliberado”: não soube dizer não na hora certa.

Afinal, quem pode julgar a Deus? Ele também não sabe dizer não? Os fanáticos, cegos em sua incoerência, continuam repetindo que Deus permite aquilo que Ele mesmo não deseja.

Eis a parábola que desnuda a perversidade da culpabilização: a mãe condenada a carregar sozinha a dor da tragédia, como se um instante de fraqueza apagasse todo o amor de uma vida inteira. O mesmo raciocínio distorcido é usado para culpar os fiéis, fazendo-os acreditar que qualquer deslize é sinal de maldição, como se Deus fosse um juiz vacilante e punitivo. A crueldade desse mecanismo não se limita à teologia: instala no íntimo a angústia de nunca acertar, de viver eternamente em dívida. Talvez o maior pecado seja justamente este: transformar a fé em tortura e a consciência em cárcere.

Esse cárcere religioso se estende à vida social, onde o medo de pensar, discordar e dialogar aprisiona a liberdade. A mesma intolerância que silencia fiéis também cala cidadãos, convertendo o debate em guerra. Não é por acaso que muitos repetem, como dogma, que política, religião e futebol não se discutem. Com esse tipo de gente, nada se discute — tudo vira briga, pois não sabem respeitar nem a si mesmos, muito menos aos outros.

Do outro lado, existem os civilizados, capazes de discutir qualquer tema e aceitar que os pensamentos divergem. O desafio é cultivar esse espaço de diálogo. Não se trata de unanimidade, mas da arte de escutar, discordar e, ainda assim, preservar a dignidade da conversa. A verdadeira civilidade não nasce do silêncio imposto, mas da coragem de enfrentar ideias contrárias sem transformar diversidade em adversidade. Como já disse Jadson Ferreira: "Não deixe a diversidade se transformar em adversidade."


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O texto que acabamos de ler nos provoca a uma reflexão profunda sobre o papel da religião e o comportamento humano em sociedade. O autor usa exemplos fortes e comparações diretas para questionar como a fé, o diálogo e a intolerância se relacionam em nosso dia a dia. Para continuarmos nossa discussão de forma construtiva, preparei cinco questões que nos ajudarão a analisar as ideias do texto sob uma perspectiva sociológica. Pensem com calma e baseiem suas respostas em seus conhecimentos e nas reflexões propostas pelo autor.

1 - O texto aborda a ideia de que a fé, quando manipulada, pode gerar um sentimento de culpa e angústia. Com base em seus estudos de Sociologia, como você explica o papel das instituições religiosas na criação e manutenção de normas sociais, e de que forma a "culpabilização" pode ser uma ferramenta de controle social?

2 - A parábola da mãe e do filho que se afoga é usada para ilustrar a perversidade de um raciocínio que culpa o indivíduo por tragédias. De que maneira essa lógica se manifesta em outras áreas da nossa sociedade, além da religião? Cite um exemplo e explique a relação.

3 - O texto afirma que a intolerância religiosa está ligada à intolerância em outras áreas. Por que, segundo o autor, o medo de discordar sobre religião é o mesmo que leva as pessoas a evitarem discutir política e futebol?

4 - O autor faz uma distinção entre pessoas que "não discutem" esses temas e as "civilizadas" que os discutem. Com suas próprias palavras, defina o que o texto entende por diálogo civilizado e qual a sua importância para o convívio em sociedade.

5 - A frase final, "Não deixe a diversidade se transformar em adversidade", resume a mensagem principal do texto. Em que sentido a diversidade de ideias, opiniões e crenças pode ser vista como uma ameaça para alguns grupos, e por que o autor defende que essa visão é um obstáculo para a verdadeira civilidade?

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