Era uma tarde de domingo quando me vi imerso em reflexões sobre o mundo ao meu redor. Sentado em meu jardim, observava os pássaros voando livremente pelo céu azul e os lírios balançando suavemente com a brisa. Foi nesse momento que uma ideia inusitada me ocorreu: será que Deus não cuida mais e melhor dessas criaturas do que de nós, seres humanos?
Enquanto contemplava essa questão, não pude deixar de notar o contraste gritante entre a simplicidade da natureza e a complexidade da vida moderna. Os pássaros, em sua sabedoria instintiva, seguem as leis naturais sem questionamentos. Já nós, humanos, nos perdemos em um labirinto de escolhas e contradições. Lembrei-me então das notícias que vi pela manhã: aviões caindo, bombas explodindo em lugares distantes. A ironia não me escapou - enquanto os pássaros voam sem medo, nós criamos máquinas voadoras que às vezes nos traem.
E o que dizer da moda? Os lírios, em sua beleza natural, não precisam de artifícios para se destacar. Nós, por outro lado, nos rendemos aos caprichos da indústria da moda, usando jeans rasgados como símbolo de rebeldia ou modernidade. Pensei na chamada "Geração Z", tão conectada e aparentemente sábia. Será que o acesso à internet os torna realmente mais abençoados que as gerações anteriores? Ou seriam apenas zumbis digitais, seguindo cegamente as tendências ditadas pela mídia?
Meus pensamentos então tomaram um rumo mais sombrio. Refleti sobre como nossa sociedade parece estar desenvolvendo formas cada vez mais peculiares de expressão e até mesmo de adoração. O culto ao corpo, levado ao extremo, chega a glorificar partes anatômicas que antes eram tabu. Lembrei-me de notícias sobre tatuagens em lugares inimagináveis, exposições de arte controversas e até mesmo procedimentos médicos inusitados.
Um exemplo perturbador dessa tendência é o que alguns chamam de "culto ao ânus". O que antes era considerado um tabu, agora é exaltado como uma prática de liberdade. Não há amor sem sexo, dizem, e com isso, as pessoas exploram novas dimensões de prazer. No entanto, o que vemos é o extremo: uma adoração quase religiosa a uma parte do corpo antes ignorada. Tornou-se um órgão sexual de destaque; houve até quem fizesse tatuagens na região. Não podemos esquecer da polêmica exposição "EXPOCU" na França, em 2013, que fotografou o esfíncter anal de diversas formas.
Não pude deixar de pensar nas palavras do apóstolo Paulo aos Romanos, advertindo sobre os perigos de se entregar a paixões consideradas contra a natureza. Será que, em nossa busca por liberdade e autoexpressão, estamos nos afastando demais de nossa essência?
À medida que o sol se punha, percebi que a ciência, em sua busca incessante por conhecimento, parece estar explorando territórios cada vez mais inesperados. Mas será que todo conhecimento nos leva necessariamente à sabedoria? Enquanto as sombras se alongavam no jardim, concluí que talvez a verdadeira bênção não esteja na complexidade da vida moderna, mas na simplicidade que observamos na natureza.
Ao entrar em casa, deixei para trás o jardim, mas não as reflexões que ele me proporcionou. Os pássaros e os lírios, em sua obediência instintiva às leis naturais, parecem viver em uma harmonia que nós, humanos, muitas vezes perdemos de vista. Talvez seja hora de nós, seres tão "evoluídos", aprendermos um pouco mais com a simplicidade e a sabedoria silenciosa da natureza. Afinal, em meio a tantas mudanças e "progressos", não estaríamos nos afastando demasiadamente do que realmente importa?
Duas questões discursivas sobre o texto:
1. O texto contrasta a simplicidade da natureza com a complexidade e os excessos da sociedade moderna. Como a sociologia pode explicar essa busca incessante por novidades e experiências extremas, que muitas vezes levam à perda de valores tradicionais e à alienação?
Esta questão convida os alunos a refletir sobre as causas sociais e culturais que levam a sociedade a buscar constantemente novas formas de expressão e experiências, muitas vezes questionando os limites da moral e da ética.
2. O texto aborda a relação entre a ciência e a espiritualidade, questionando se o conhecimento científico pode nos levar à verdadeira sabedoria. Como a sociologia pode analisar o papel da ciência na sociedade moderna, considerando seus impactos positivos e negativos e sua relação com outras formas de conhecimento, como a religião e a filosofia?
Esta questão estimula os alunos a refletir sobre o papel da ciência na sociedade, questionando se a busca por conhecimento científico pode nos levar a uma compreensão mais profunda da condição humana ou se, ao contrário, pode nos alienar daquilo que nos torna verdadeiramente humanos.