"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

Pesquisar neste blog ou na Web

MINHAS PÉROLAS

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Estamos Protegendo a Quem, Proibido o Uso do Celular na Escola? ("A mudança que você quer ver no mundo, seja a mudança." - Mahatma Gandhi)

 

Estamos Protegendo a Quem, Proibido o Uso do Celular na Escola? ("A mudança que você quer ver no mundo, seja a mudança." - Mahatma Gandhi)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

É algo que me incomoda profundamente: a ideia de que, em pleno século XXI, estamos discutindo o direito de um aluno se defender contra abusos dentro de uma sala de aula. Imagine isso: um adulto, com poder sobre dezenas de jovens, dizendo que tudo o que acontece entre essas quatro paredes deve ser escondido, como se a educação fosse um segredo a ser guardado a todo custo. Como se a dignidade e os direitos dos estudantes fossem menos importantes do que a imagem da escola ou a autoridade de um professor. Isso, para mim, é um absurdo inaceitável.

Estamos no início de mais um ano letivo, com novos desafios e promessas. Para muitos pais e responsáveis, este é o momento de garantir que seus filhos, no processo de educação, se sintam protegidos e respeitados. Porém, a realidade, por vezes, nos surpreende com a crueldade de certas ações. Recentemente, vi notícias sobre escolas que, com base em uma lei sancionada, têm confiscado os celulares dos alunos, alegando que a medida visa proteger a saúde mental e o foco nas aulas. O que há de mais contraditório nesse ato? Ao tentar garantir um ambiente “sem distrações”, estão, na verdade, infringindo um direito básico dos jovens: a liberdade de se protegerem contra situações de abuso ou injustiça.

E não, isso não é uma hipótese distante. Casos de professores que desrespeitam a dignidade dos alunos, fazem piadas de mau gosto ou até os assediam não são raros. Quem de nós nunca ouviu uma história, uma denúncia, ou uma suspeita sobre o comportamento de alguém em posição de autoridade? A sala de aula não pode ser um espaço onde o abuso seja silenciado, onde o aluno se sinta impotente, sem voz. A verdade é que a violência, em suas mais variadas formas, tem se infiltrado na educação e, muitas vezes, ela não é visível aos olhos desatentos.

Quem já ouviu falar do caso da professora de Blumenau? E quem já soube dos escândalos envolvendo diretores e professores em outras escolas? A realidade é que essas histórias não são exceções, mas sim sintomas de um sistema que tenta se proteger através do sigilo, da opacidade, da negação da responsabilidade. O que acontece quando o aluno se vê diante de um comportamento abusivo, mas não pode se defender, não pode fazer nada porque seu celular foi confiscado e ele não tem meios de provar o que está acontecendo?

A Lei 15.100, que alguns insistem em manipular, não diz que os celulares devem ser proibidos. Ao contrário, ela afirma que, em casos de ameaça, o uso do celular é legítimo. E mais, a Constituição e o Estatuto da Criança e do Adolescente são claros ao garantir que, em situações de violação de direitos, a criança ou adolescente tem o direito de registrar a violência e denunciar. Como pais e educadores, precisamos compreender que o celular pode ser a única ferramenta de defesa desses jovens em momentos de emergência.

E o que fazer diante disso tudo? Não podemos ignorar que a lei não é uma prisão, mas uma proteção. Ao invés de encararmos a educação como um campo de disciplina cega, devemos enxergá-la como um lugar de desenvolvimento e respeito mútuo. Eu falo como educador, mas também como alguém que já viu e ouviu muitas coisas no corredor da escola, que conhece a dor de ver um aluno sendo humilhado ou desrespeitado.

Não podemos mais permitir que a nossa busca por um ambiente de aprendizado seguro seja confundida com uma desculpa para silenciar as vítimas. Não podemos permitir que a nossa cegueira institucional continue a encobrir os abusos que acontecem dentro de nossas escolas. A verdadeira proteção não é aquela que tenta esconder a realidade, mas sim a que assegura que os direitos de cada um sejam respeitados e defendidos.

Sei que essa reflexão não é fácil, mas ela é necessária. Porque, no fim das contas, as escolas não podem ser lugares de segredo ou de medo. Elas precisam ser espaços de liberdade, de confiança, onde a verdade possa ser dita sem receio de retaliações. A vida é dura, mas se não a enfrentarmos com coragem, quem o fará? Que cada um de nós, pais, educadores e alunos, sejamos vigilantes e combativos, para garantir que o futuro de nossas crianças e adolescentes seja um futuro de justiça, e não de silenciamento.

O que nos cabe agora é agir.


Questões Discursivas Detalhadas sobre o Texto:


1. A Problemática do Abuso e a Cultura do Sigilo

O texto aborda a problemática do abuso em salas de aula, destacando a cultura do sigilo que protege os agressores e silencia as vítimas. Discuta como essa cultura se manifesta no contexto escolar, explorando os seguintes pontos:

A relação de poder entre professor e aluno: Como a hierarquia e a autoridade do professor podem ser utilizadas para cometer abusos?

O papel do sigilo: De que forma a alegação de "proteger a imagem da escola" ou a "autoridade do professor" contribui para a perpetuação dos abusos?

A dificuldade de denunciar: Quais são os obstáculos que os alunos enfrentam ao tentar denunciar casos de abuso?

A importância da conscientização: Como a escola, os pais e a sociedade podem trabalhar juntos para desconstruir a cultura do sigilo e garantir que as vítimas se sintam seguras para denunciar?

2. A Proibição do Celular como Instrumento de Controle

O texto critica a proibição do uso de celulares em sala de aula, argumentando que a medida, sob o pretexto de "proteger a saúde mental e o foco nas aulas", acaba por impedir que os alunos se defendam de situações de abuso. Discuta essa questão, explorando os seguintes aspectos:

A contradição da medida: Como a proibição do celular, que se propõe a proteger os alunos, pode, na verdade, colocá-los em risco?

O celular como ferramenta de defesa: De que forma o celular pode ser utilizado para registrar e denunciar casos de abuso?

A importância da liberdade de expressão: Como a proibição do celular fere o direito à liberdade de expressão dos alunos?

Alternativas para um ambiente escolar saudável: Que medidas podem ser tomadas para garantir um ambiente de aprendizado seguro e livre de distrações, sem que os alunos sejam privados de seu direito à defesa?

3. A Manipulação da Lei 15.100 e a Defesa dos Direitos dos Alunos

O texto menciona a Lei 15.100, que dispõe sobre o uso de aparelhos eletrônicos em sala de aula, e como ela tem sido utilizada para justificar a proibição do celular. Discuta a interpretação da lei apresentada no texto, explorando os seguintes pontos:

O que diz a Lei 15.100: Qual o teor da lei e como ela se aplica ao uso de celulares em sala de aula?

A manipulação da lei: De que forma a lei tem sido interpretada para restringir o direito dos alunos à defesa?

A Constituição e o ECA: Como a Constituição e o Estatuto da Criança e do Adolescente garantem o direito dos alunos de registrar e denunciar casos de abuso?

A importância da informação: Como pais e alunos podem se informar sobre seus direitos e lutar contra a manipulação da lei?

4. O Papel da Escola na Formação de Cidadãos Conscientes

O texto critica a postura de algumas escolas que, em vez de promoverem um ambiente de respeito e liberdade, parecem mais preocupadas em proteger sua imagem e a autoridade de seus professores. Discuta o papel da escola na formação de cidadãos conscientes, explorando os seguintes aspectos:

A escola como espaço de diálogo: Como a escola pode promover um ambiente de diálogo aberto e construtivo, onde alunos, pais e professores possam expressar suas opiniões e defender seus direitos?

A importância da ética e da cidadania: De que forma a escola pode ensinar valores como ética, cidadania e respeito aos direitos humanos?

O combate à cultura do silêncio: Como a escola pode combater a cultura do silêncio e incentivar os alunos a denunciarem casos de abuso e injustiça?

A construção de uma escola democrática: Que medidas podem ser tomadas para transformar a escola em um espaço mais democrático, onde todos os membros da comunidade escolar tenham voz e participação?

5. A Coragem de Denunciar e a Luta por uma Escola Justa

O texto termina com um chamado à ação, incentivando pais, educadores e alunos a serem "vigilantes e combativos" na luta por uma escola justa e segura. Discuta a importância da coragem para denunciar casos de abuso e injustiça, explorando os seguintes pontos:

O medo da retaliação: Como o medo de represálias pode impedir que as vítimas denunciem seus agressores?

A importância do apoio: Como o apoio de pais, amigos e da comunidade escolar pode encorajar as vítimas a denunciarem?

O papel da denúncia: De que forma a denúncia pode contribuir para a punição dos agressores e para a prevenção de novos casos de abuso?

A construção de uma cultura de respeito: Como a coragem de denunciar pode ajudar a construir uma cultura de respeito e tolerância nas escolas?

Nenhum comentário: