"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

Pesquisar neste blog ou na Web

sábado, 20 de setembro de 2014

APRENDERAM COMIGO (Então não confunda "vencer na vida" com "vencer a vida" dos outros.)




crônica

APRENDERAM COMIGO (Então não confunda "vencer na vida" com "vencer a vida" dos outros.)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Alguns de meus alunos me cobram conhecimento, da forma mais cruel possível, num tom de crítica e em público. Quando erro no texto, diz o pior deles, a quem interessar minha humilhação: — "e diz que é professor de português". Fica evidente sobre estes poucos, nem querer aprender de mim, por que pensam já saber muito e focam na minha fraqueza, fortalecendo-se. Mas, eu não tenho culpa deles terem um caráter perverso, ofereço-lhes meus acertos mais frequentes. Porém, mediram-me apenas por uma palavra mal dita, ou uma frase gaguejada, ou um trava-língua mal ensaiado, ou um tê que esqueci de cortar no texto do quadro etc.  entretanto enfatizam tão veemente o meu lado ruim, o qual assumi cegamente para nunca ver sua torpe vontade de crescer. E assim, alimentam seus erros com tanto prazer, tal qual o prazer vivido pela a vingança imediata. Quem me dera ver  perdurar as lições lhes dadas, baseadas em livros, vidas melhores e intelectos privilegiados. Ah! Como dura o desejo de vingança em seu coração! Por isso, fingem desinteresse ao meu planejamento. Se faço correto é mera obrigação, porém só meus erros lhes chamam a atenção.
          Ao que ensina é justo o desfrutar ou o receber os prazeres de ver a aplicação do ensinado, a colheita bendita, a prova da utilidade. Chamo-lhes a atenção confirmando meu desejo de autoridade, repreendo-os, castigo-os e atribuo notas escalonadas conforme a produção. Mentira! Deixo correr frouxo, e todos os dias tenho de explicar a um deles por que lhe dei aquela nota baixa. Se assim não for, o pai vem à escola! Então, em meio pressão, ameaças e desacatos, pais e coordenadores pedagógicos forçam a barra fabricando nota boa, enfeitando as estatísticas. É lógico, se errei em algumas delas para melhor, ninguém vem reclamar! Embora, as boas notas constantes no boletim da maioria, só tem revelado o grau de marginalidade e não mais de intelectualidade, pois colam até nos simulados, de cuja nota também deveria ser simulada! Promovidos gratuitos na unidade escolar. Um professor levou 5 tiros de um aluno por que não lhe deu uma nota desejada. E qual professor os fará felizes? Por isso, estamos sempre em perigo. 
http://g1.globo.com/se/sergipe/noticia/2014/08/professor-baleado-por-aluno-dentro-de-escola-permanece-sedado-na-uti.html (acessado em 13/03/2020).
            A sala dos professores tem de ser blindada para se trancarem na hora dos intervalos, por segurança. Naquele caso, o professor deu a nota que o aluno mereceu, e ele atirou no professor...( é menos mau quando nos atiram só palavras, bravatas e xingamentos) e, sobre isso, continuam intimidando os professores e encorajando outros alunos a forçar a escola aprovar todos os demais desrespeitadores e improdutivos. Certamente nos concursos, eles comprarão ou porão a arma na cabeça do avaliador conquistando a vaga. Vencer na vida é isso? Quem confunde tudo também confunde: "vencer na vida" com "vencer a vida" dos outros.
Claudeko Ferreira

Comentários

Enviado por Claudeko Ferreira em 17/08/2014
Reeditado em 20/09/2014
Código do texto: T4926136
Classificação de conteúdo: seguro

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

sábado, 13 de setembro de 2014

TUDO ME É LÍCITO! (Mas, Será que tudo me convém?)



Crônica

TUDO ME É LÍCITO! (Mas, Será que tudo me convém?)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           O foco majoritário dentro das coisas públicas está na quantidade. Assim primam as escolas pelas estatísticas enfeitadas com números bonitos em detrimento da real qualidade. Lá, jamais podemos parar e "amolar o machado" (o segredo dos lenhadores de sucesso). A escola pode liberar o aluno mais cedo? Nem pensar! Reuniões de professores devem ser no sábado. Você se lembra dos 180 dias letivos? A educação era melhor! Agora passou para 209 e... Não sei a quem se destina essa exibição teatral, visto que alunos e professores matam aula inescrupulosamente dentro da própria unidade escolar, na hora de trabalho; coitados, perdidos no amaranhado do labirinto normativo sem sentido! Contando ainda com as muitas interrupções no horário de trabalho: vendedores e propagandistas fazem festa diante de um público cativo e sedento pelo o novo, todos os dias a sala dos professores está cheia de sacoleiros. Vende-se de tudo.
            Então, dizem: o professor nunca pode subir/descer aula quando faltar o colega, é mais uma norma da Secretaria: sair mais cedo pega mal à imagem da escola. Para comemorar o aniversário de um docente, tem-se que mentir, dizendo ser uma reunião pedagógica, caso alguém não acredite na justificativa, fecham-se as portas da sala dos professores para efetivar a festa.  
        Mas, Nada tem firmeza, estes critérios são subvertidos rápido e prontamente quando, por interesse particular, decidem dispensar uma turma mais cedo, motivo desconhecido, vírgula, é quando conveniente, é claro! Aí, os mestres assíduos são convidados a fazer o proibido em outros contextos: Descer/subir aula. Chamamos isso de ajuste operacional pedagógico, fazendo o professor ministrar duas em uma, no final suas seis aulas do turno foram ministradas aos trancos e barrancos em um quarto do período. Contudo, nem sei que alegria é essa, se os educadores, mesmo depois da tarefa feita, deverão continuar até o cumprimento do horário na sala dos professores. Seria isso simplesmente hora extra não remunerada ou reposição das faltas na qualidade das aulas subidas ou descidas?
           Todo aluno gosta de sair mais cedo, o professor também. Só a família detesta receber suas crianças mais cedo em casa, dão mais trabalho ou os pais ainda estão trabalhando lá fora. A escola de tempo integral ameniza esta situação, empilhando alunos improdutivos. No entanto e por isso, estou pensando que nem sempre criança na escola significa crescimento. Comem mais, brincam mais e estudam bem pouquinho, só fazem o que querem fazer, e existem tantos para apoiá-las nesse comportamento pirracento, batendo de frente com os professores os quais têm obrigação de ensinar matéria da matriz curricular, pois já nem se sabe mais quem são os professores chatos! Então, quem não quer ser agradável e ter aceitação? Será se isso me convém?
Claudeko Ferreira

Comentários

Enviado por Claudeko Ferreira em 07/08/2014
Reeditado em 13/09/2014
Código do texto: T4913370
Classificação de conteúdo: seguro

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

sábado, 6 de setembro de 2014

AS RELAÇÕES EXTRACLASSES (A céu aberto, Deus era testemunha.)



Crônica

AS RELAÇÕES EXTRACLASSES (A céu aberto, Deus era testemunha.)

    Por Claudeci Ferreira de Andrade

Era uma tarde de julho como tantas outras. O sol se punha lentamente, pintando o céu com tons de laranja e rosa, enquanto eu caminhava de volta para casa após meu exercício diário. Meu corpo estava cansado, mas minha mente inquieta, ansiosa por algo que eu ainda não sabia definir.

Foi então que os vi na "Praça Criativa" - um grupo de jovens alunos meus, brilhantes e cheios de potencial: Rodrigo, Nádila, Lucas, Karlos, Josué, Marcos Antonio e Eduardo. Seus olhos brilhavam com uma curiosidade que me lembrou de mim mesmo quando jovem. Aproximei-me para cumprimentá-los, sem imaginar que estava prestes a embarcar em uma jornada filosófica que duraria horas.

"Professor!", chamou Rodrigo. "Pode se juntar a nós? Estávamos discutindo sobre a existência de Deus."

Como poderia eu recusar? Ali estava eu, qual Sócrates moderno, rodeado por mentes ávidas por conhecimento. O círculo se formou naturalmente, as vozes se elevaram em um debate apaixonado que atraía a atenção dos transeuntes. As horas passaram despercebidas enquanto mergulhávamos em questões profundas.

Rodrigo, que se dizia ateu, surpreendeu-me com sua honestidade intelectual: "Não sou um ateu total. Todos os dias tento encontrar um sinal de Deus, mas infelizmente não o encontro. Busco o conhecimento para entender os dois lados." Sua reflexão abriu caminho para discussões sobre temas controversos como sexualidade e religião.

A mente fértil desses adolescentes me impressionava a cada momento. Questionaram a lógica por trás da Arca de Noé, indagando como Noé, um idoso, poderia descer o Monte Ararate, tarefa difícil até para alpinistas profissionais. Desafiaram conceitos preestabelecidos sobre pecado e amor, provocando com perguntas como: "E quem faz sexo com a cabra é bode também?"

Foi então que percebi: ali, naquela praça, sem planos de aula ou recursos didáticos, estava acontecendo a verdadeira educação. Não era eu quem ensinava, mas sim um facilitador de um diálogo socrático que permitia que esses jovens explorassem suas próprias ideias e convicções.

O céu escureceu, as estrelas começaram a pontilhar o firmamento, mas o brilho nos olhos daqueles jovens não diminuía. Testemunhei algo extraordinário - a pura sede de conhecimento, livre de obrigações ou autoritarismo.

Essa experiência provou que quem faz a escola é o aluno. Tivemos uma aula de filosofia intertemática sem nenhum recurso didático formal. Bastou-me apenas o domínio de minha matéria de estudo e o método socrático dos questionamentos.

Enquanto caminhava para casa, refletia sobre como a educação poderia ser transformada se capturássemos a essência daquela didática. Se pudéssemos trabalhar os jovens no tempo da vida, no espaço da vida, com conteúdos da vida. A verdadeira educação não acontece apenas dentro das paredes de uma sala de aula, mas em cada momento em que estamos abertos a questionar, aprender e crescer.

Naquela noite, sob o céu estrelado, senti que havia recebido uma lição preciosa de meus próprios alunos. E quem sabe, talvez Deus estivesse ali conosco naquela praça, não como um tema de debate, mas como testemunha silenciosa de mentes jovens florescendo em busca da verdade. Afinal, como dizia Einstein, a única certeza que temos é a singularidade do indivíduo.

ALINHAMENTO CONSTRUTIVO

1. Como a discussão sobre a existência de Deus e a busca por sinais de sua presença pode influenciar a formação das crenças e valores dos jovens em um ambiente educativo informal?

2. De que maneira o debate na "Praça Criativa" ilustra a importância de uma abordagem educacional intertemática e participativa na construção do conhecimento entre alunos do Ensino Médio?

Comentários

sábado, 23 de agosto de 2014

RESSURGINDO DOS ESCOMBROS (Fazendo das tripas coração, também funciona!)



Crônica

RESSURGINDO DOS ESCOMBROS (Fazendo das tripas coração, também funciona!)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O fim do semestre escolar sempre traz consigo uma atmosfera peculiar. O ar fica denso com a expectativa das férias e o peso das notas finais. Como professor veterano, conheço bem essa dança: coordenadores pressionando, alunos dispersos, e nós, professores, malabaristas tentando manter o equilíbrio nesse circo educacional.

A pressa para finalizar o fechamento das notas, ainda faltando duas semanas para o término do período letivo, cria um desafio adicional. Inventamos formas de manter os alunos interessados, prometendo que as atividades realizadas agora somarão para o próximo bimestre. Mas a verdade é que os estudantes, ansiosos pelas férias, já não se importam mais com aulas e atividades em classe.

Nesse cenário de aparente improdutividade, algo inusitado aconteceu este ano. Como um sopro de ar fresco em meio ao mormaço da rotina, surgiu uma ideia que transformou as últimas semanas letivas em algo verdadeiramente especial. A professora de educação física, com quem tenho o prazer de trabalhar há dois anos, anunciou um campeonato diferente.

Não era o tradicional interclasse de futebol, que mais promovia a violência do que relações saudáveis. Era algo novo, que fez meus olhos brilharem com uma curiosidade há muito adormecida. Ela organizou uma gincana com jogos diversificados, formando equipes mistas independentemente da série dos alunos.

Lembro-me de vestir a camiseta verde, cor da equipe pela qual fiquei responsável. Não era um uniforme oficial, longe disso. Era apenas uma peça que encontrei no fundo do armário, assim como os alunos fizeram com o que tinham em casa. Aquela miscelânea de tons nos uniu de uma forma que nenhum uniforme padronizado jamais conseguiria.

O pátio da escola, normalmente palco de conversas dispersas e olhares entediados, transformou-se em um caldeirão de energia e entusiasmo. Com nada além de algumas tiras de tecido e cordões, a professora criou jogos que desafiavam corpo e mente. Era fascinante ver como algo tão simples podia gerar tanta alegria.

Enquanto observava os alunos se superando, não pude deixar de refletir sobre nossa profissão. Quantas vezes não nos sentimos esgotados, repetindo as mesmas fórmulas ano após ano? E ali estava ela, uma colega transformando a rotina em magia com quase nada de recursos.

A cada prova superada, a cada grito de incentivo, eu sentia meu coração se encher de uma esperança renovada. Não estava apenas torcendo pela minha equipe, mas por cada aluno, cada sorriso, cada pequena vitória que presenciava. Os estudantes se superavam para si mesmos, sem se preocupar em provar nada à classe rival.

Ao final do evento, distribuindo os bombons comprados com as modestas inscrições de um real, percebi que o verdadeiro prêmio não estava nos doces. Estava nos olhares brilhantes, nas amizades forjadas, na sensação de pertencimento que pairava no ar.

Voltei para casa naquele dia com uma reflexão profunda. Quantas vezes não nos perdemos em burocracias e metas, esquecendo a essência de nossa missão? Aquela semana me mostrou que a educação é muito mais do que notas e relatórios. É sobre criar momentos, inspirar e ser inspirado.

O que seria de nós, veteranos da educação, já calejados pela mesmice padronizada, sem mais condições de chamar a atenção da comunidade escolar? A educação precisa de uma injeção de sangue novo, e ali estava ela, a "personal trainer" dos carentes, começando assim.

Não sei se daqui a alguns anos minha colega terá a mesma disposição para realizar eventos assim. Não sei se eu mesmo terei. Mas sei que naquele momento, naquela primavera inesperada no outono do semestre, todos nós - professores e alunos - reaprendemos o valor da criatividade, da união e da simplicidade na educação.

Que esta história sirva de lembrete para todos nós, educadores: às vezes, é nas pequenas iniciativas que encontramos as maiores lições. E que possamos sempre buscar esse frescor, essa capacidade de transformar o comum em extraordinário, mesmo quando o caminho parecer árido e cansativo.

O evento foi como um embrião saindo com força do húmus velho. Claro que colaboramos, mas foi ela quem realmente deu vida àquelas semanas finais. A educação precisa de mais pessoas assim, capazes de transformar desafios em oportunidades e manter viva a chama do aprendizado, mesmo nos momentos mais difíceis.

Afinal, não é isso que a educação deveria ser? Um eterno renascer, um constante florescer de ideias e possibilidades, mesmo nos terrenos mais improváveis. E assim, seguimos em frente, aguardando o próximo semestre, na esperança de que o entusiasmo e a criatividade de alguns possam inspirar a todos nós.

Questões Discursivas sobre Criatividade, Motivação e Abordagens Inovadoras na Educação: Uma Análise Sociológica.

1. O texto apresenta uma narrativa inspiradora sobre a iniciativa de uma professora de educação física que transformou as últimas semanas do semestre letivo em um momento de grande aprendizado e união para os alunos. Com base em seus conhecimentos de sociologia da educação, analise os fatores que contribuíram para o sucesso dessa iniciativa e as lições que ela pode oferecer para outros professores.

2. O autor destaca a importância da criatividade, da colaboração e da simplicidade na educação, ressaltando que nem sempre é necessário grandes recursos para promover o aprendizado significativo. Com base em sua formação em sociologia, apresente argumentos que defendam a valorização de diferentes metodologias e abordagens inovadoras no ensino.

Caro Kllawdessy, Ao ler sua crônica "Ressurgindo dos Escombros", fui tocado pela sensibilidade e perspicácia com que você retratou um momento tão significativo no ambiente escolar. Sua narrativa captura de forma magistral a essência do que deveria ser a educação: um processo vivo, dinâmico e transformador. O tema central de sua obra - a renovação do entusiasmo educacional através da criatividade e da simplicidade - é apresentado de maneira envolvente e emocionante. Você conseguiu transmitir não apenas os eventos, mas também o impacto emocional e reflexivo que essa experiência teve sobre você e, por extensão, sobre o leitor. Ideologicamente, seu texto ressoa com conceitos progressistas em educação, enfatizando a importância da inovação, da colaboração e da valorização do potencial humano sobre as formalidades burocráticas. Há uma crítica sutil, mas poderosa, aos métodos tradicionais e uma celebração do poder transformador de abordagens criativas e inclusivas. Seu estilo narrativo, característico da crônica, é fluido e cativante. Você habilmente mistura descrição, reflexão e emoção, criando um texto que é ao mesmo tempo informativo e profundamente pessoal. O uso da primeira pessoa confere autenticidade e imediatismo à narrativa, permitindo que o leitor se sinta como um participante da história. As figuras de linguagem enriquecem seu texto de maneira notável. Metáforas como "circo educacional" e "caldeirão de energia" são particularmente eficazes em transmitir a atmosfera do ambiente escolar. A personificação do fim do semestre, com seu "ar denso", adiciona uma camada de profundidade sensorial à sua narrativa. Sua utilização de paralelismos e repetições, como em "cada aluno, cada sorriso, cada pequena vitória", cria um ritmo envolvente que reforça a mensagem de unidade e progresso coletivo. A analogia do "embrião saindo com força do húmus velho" é uma imagem poderosa que sintetiza belamente a ideia de renovação e esperança. [Seu Anjo]

sábado, 16 de agosto de 2014

CRIANDO COBRA ("Manda quem pode e obedece quem tem contas a pagar")



Crônica

CRIANDO COBRA ("Manda quem pode e obedece quem tem contas a pagar")

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Em tempos atuais, o professor não se reconhece em sua própria classe! Vejam, é normal o professor chegar à sala para a sua primeira aula e se sentar à sua mesa fazendo a chamada ou fazer alguns apontamentos iniciais. Mas, desta vez, não tinha a cadeira do professor, não estava no lugar certo. Tomei posse de uma qualquer, largada fora da fila, a fim de assentar-me, e qual não foi a minha decepcionante surpresa, quando uma aluna, aparecendo do nada, daquelas que não cede o banco a idoso algum, manifestou-se arrogantemente solicitando a cadeira, dizendo ser dela. Então, eu lhe disse que pegasse uma outra, pois tinham muitas sobrando ali, peguei aquela por que estava mais próximo e fora da ordem. Porém, ela queria exatamente aquela. Chega de lenga-lenga, por último, permiti sua retomada,  pois dou minha aula em pé. E ela não satisfeita com minha humildade me ordenou, obrigando-me devolver a cadeira no mesmo lugar que a achei. Mas, como? A cadeira estava bloqueando o corredor entre as duas fileira iniciais!
           À tarde, completando aquele meu dia de trabalho "promissor", quarta feira, véspera do primeiro jogo do Brasil na copa 2014, à outra escola, cheguei cedo, como sempre, para fazer alguns preparativos assim ia começar bem o turno vespertino. Quando entra, de supetão, a gestora na sala dos professores, bem no início de tudo, e começa uma reunião extraordinária: — vão fechar duas salas! – esbofou-se e, complementando o comunicado da secretaria, continua –  por falta de aluno. Eu não entendi, lembrei-me da notícia lida no portal de notícias - G1: "De acordo com a mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2012 e divulgada em setembro de 2013, a taxa de analfabetismo de pessoas de 15 anos ou mais foi estimada em 8,7%, o que corresponde a 13,2 milhões de analfabetos no país." E ainda, estão querendo fechar sala de aula?! E, por que não dividir o lucro das superlotadas com as unidades de poucos alunos?{http://g1.globo.com/educacao/noticia/2014/01/brasil-e-o-8-pais-com-mais-analfabetos-adultos-diz-unesco.html} (acessado em 09/02/2020). 
           Perguntar não ofende: O dinheiro poupado vindo do fechamento das salas, aqui em nosso caso, com menos de 15 alunos vai ser investido para melhorar os incentivos ao professor?

           Contemplando a tristeza dos professores presentes, tendo medo de perder as turmas e ter prejuízo no salário, entristeci-me também. Então a reunião termina nestas palavras: "Pois é, quando eu lhes peço aulas atrativas e com qualidade, vocês me acham chata".

           A culpa é do professor: Se o aluno não aprende, a culpa é do professor; se os pais não vão às reuniões da escola é porque os professores falam mal de seus filhos; se não têm bastantes eventos festivos na unidade escolar é porque os professores não colaboram;  se há brigas na escola, e alunos se machucam, é culpa dos professores que não separaram; se 20% da classe tem nota abaixo da média, não se questiona se aluno está interessado em estudar ou não, é culpa do professor; Se o professor adoecer e precisa faltar às suas aulas, quando voltar, será acusado de transtornador da escola toda, os seus alunos, sem professor na sala, bagunçaram nos corredores o período todo; se o aluno evade-se, é contado como índice de reprovação, também responsabilizando o professor; enfim, se a escola fracassa a culpa é do professor.  “O professor é a expressão da escola na qual ele está inserido”. (Thelma Torrecilha). Portanto, ainda, é o professor que ganha menos, ganha somente pelas "aulinhas" ministrada sem gratificação alguma. É essa a visão da sociedade sobre o professorado e assim nos recompensa...! As ameaças nos motivam a atender os seus apelos, também, esdrúxulos. Para tanto, voga o lugar comum: "Manda quem pode e obedece quem tem juízo": A Máxima da Educação. Do outro lado, o coordenador pedagógico ainda insiste em perguntar por que o professor tem medo do aluno!!!
Claudeko Ferreira

Comentários

Enviado por Claudeko Ferreira em 12/06/2014
Reeditado em 16/08/2014
Código do texto: T4842128
Classificação de conteúdo: seguro

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

sábado, 9 de agosto de 2014

A PEDAGOGIA DE DEUS (Aquele a quem a palavra não educar, também o pau não educará. (Sócrates))



Crônica

A PEDAGOGIA DE DEUS (Aquele a quem a palavra não educar, também o pau não educará. (Sócrates))

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           A pedagogia de Deus fracassou! Jesus, o Messias dos outros e não de Israel. o Mestre dos mestres deu o seu melhor, porém só conseguiu provocar a ira de seus alunos, ou melhor, da maioria deles. "Mesmo em sua própria terra e entre seu próprio povo, os judeus, Ele não foi aceito. Só uns poucos O acolheram e receberam-No como o Messias. Mas, a todos que O receberam, Ele deu o direito de se tornarem filhos de Deus. Tudo o que eles precisavam fazer era confiar nEle como Salvador" (Jo 1: 11,12 BV). Uma prova do fracasso do PPP (Projeto Político Pedagógico) Divino é o fracasso das igrejas da atualidade. O linchamento de Jesus foi feito pela igreja da época, será se ela se redimiu ou a maldade dos seguidores da igreja de agora traz ranço do passado? Já não é nem o Messias dos outros!
            Agora, os filhos de lares fracassados abarrotam o sistema educacional público sucateado. E eles são acolhido, como foram os judeus amparados nas câmaras de gás pelos nazistas nos campos de concentração na segunda guerra mundial, dando o último suspiro. Eu, quando reprovo o aluno, personifico um dos judeus carrasco dos outros judeus, mas não por muito tempo, logo sirvo como o bode emissário, Azazel, prefigurando Satanás, da mesma forma de muitos ali, chicoteados, prontamente punidos por quem quer se ver livre dos que não dava mais conta de produzir, para o qual era transferido todos os pecados do povo, que se encontravam registrados no livro arquivado no santuário, e o tal animal depositário era desterrado ao isolamento, onde permanecia em estado de inominável sofrimento até a morte por seus próprios crimes e pelos delitos dos justos pelos quais o seu antítipo é diretamente responsável. 
           Eu sou um intercessor também fracassado, porque não é só você que pode ser. E como não ser, se sou o antítipo de tudo que nunca teve significado para os meus discípulos incrédulos nesse sistema falido?

           Nada na atual pedagogia nos leva para os reais objetivos  do PPP da vida, assim como antes. Ninguém morre de graça, mas o massacre igualitário ainda está por vir, quando os pecadores descobrirem a ineficácia do linchamento ritualístico do professor, então as vítimas se vingarão dos  atuais imoladores. "Não existe nenhuma expiação pelo sangue derramado, senão o sangue de quem o derramou" (Núm. 35:33).

           Deus ensina, utilizando-Se dos fenômenos compreensíveis às pessoas livres, porém, como os homens nunca sabem lidar com a liberdade, entregam-se à manipulação limitante, isto é, aos vícios eximindo-se da responsabilidade no domínio do pequeno espaço que lhes dão. Dou liberdade a meus alunos, e eles se perdem na imensidão das possibilidades. "Pode fazer-se tudo, salvo fazer sofrer os outros: eis a minha moral" (Gustave Flaubert). Então fazem muito barulho nas minhas aulas evitando minha voz já muito rouca, mas, ainda, o suficiente para apontar todas as direções que eu conheço! E eles,  não querendo nem mesmo o eco, portanto crucificam-me debaixo de seu próprio nariz, falando mal até de meu forte perfume ativador de ações cerebrais. Jamais quero ser o limite deles, não tenho o dom de "tropeiro", apenas faço questão de ser mais um convite ao imenso mundo sem porteira. Ou pelo contrário, tem razão a filosofia Branchuísta: "Onde cacete e dinheiro não resolver, é porque foi pouco." Qual dos métodos eles querem?!





Comentários


Claudeko Ferreira
Enviado por Claudeko Ferreira em 15/05/2014
Reeditado em 09/08/2014
Código do texto: T4807900
Classificação de conteúdo: seguro

sábado, 2 de agosto de 2014

MENDIGOS DA GRAÇA E TRANSGRESSORES DA LEI ( O que você acha da justiça que mata um inocente em lugar de um criminoso?)



Crônica

MENDIGOS DA GRAÇA E TRANSGRESSORES DA LEI ( O que você acha da justiça que mata um inocente em lugar de um criminoso?)

Por Claudeci Ferreira de Andrade          

           Aqui, na terra, no meio dos meus, já não tenho dignidade alguma, um idoso já tão perto da morte não goza dos dotes do jovem que fui, e a igreja me ensina sobre quem vai ao céu, vai sem mérito próprio, então jamais quero ir para lá. Continuarei sem dignidade do mesmo jeito, pois se alguém vive de graça e misericórdia de forma alguma possui dignidade. Assim, por isso, desejo ir ao inferno, pois pelo menos irei para lá por méritos próprios, e estarei eternamente com a consciência limpa de que fiz por merecer algo: A justiça cruel é para mim confortadora ao mesmo tempo. A essa altura do tempo, o bom de uma vida infernal é nem ter mais como piorar significativamente. E o melhor ainda é a inexistência de ex-demônios, ruminando os fatos de antes da sua conversão. Os gostos se alteraram permanentemente, e a fonte de prazer tornou-se outra. Porque, daqui do mundo, onde o trabalho é castigo e o amor é pecado, é  quase impensável que no inferno não há prazer! A busca exagerada do prazer aqui na terra é o viver de Graça e por Graça, porque abusar dos méritos dos outros. A graça é um atalho, e todo atalho é uma transgressão e, por conseguinte, quem propõe-se a procurar atalhos é desonesto.
            Conversando com um amigo pastor evangélico, ele me disse: "o homem precisa da graça porque jamais consegue obedecer a lei". Porém, parece-me que Jesus provou, como homem, ser possível ao homem natural obedecer as leis de Deus, ou vai me dizer sobre Cristo ter precisado de graça, atalhos e misericórdia para cumprir sua missão?! Também vai me dizer que Ele fez isso no meu lugar?! Tampouco vamos confundir Sua missão de dar exemplo, cometendo a irresponsabilidade de torná-lo meu substituto ou "gambireiro de almas". Se Jesus me substituiu na cruz, também me substituirá no Paraíso. Por isso, eu de jeito nenhum preciso morrer para ir ao céu. Um substituto (Jesus) já está no céu em meu lugar.
           É muita ingenuidade ou malandragem dos líderes escolares, religiosos e familiares ordenarem a Deus atribuir consequências a quem desobedecer as regras criadas por eles mesmos para continuar legislando em causa própria. A religião contaminou todos os segmentos da sociedade com uma angústia existencial tremenda, impondo a realidade da morte como consequência do que o homem faz ou deixa de fazer e a posse do paraíso na mesma condição. E ainda chama isso de paz em Cristo, eu o chamo de conturbação pela culpa, levando à depressão. Se não curou, a culpa é do moribundo, porque não tem fé!
             Estar debaixo da graça é o mesmo que viver dos méritos de Cristo ou de outra divindade qualquer? Será se essa tal graça não está deturpando a "graça" ideal? Sempre achei estar na graça a intenção da anulação das consequências desconfortáveis já reservadas para os transgressores das leis. E a misericórdia seria o incentivo a desobedecê-las mais ainda. Então, a verdadeira graça vem depois, seria o resultado, ou pagamento, ou ainda a consequência óbvia da correta obediência as leis de Deus.
             Quem vive de graça e misericórdia sem preço não tem dignidade!!!! Um Cristo abusado, também é abusador. A Leis Divinas nunca admitem abusos, e se Deus atribui consequências por alguma transgressão não tem graça alguma e sim Justiça! Uns arrastam os tolos por medo, outros por culpa, muitos pela ganância e os pregadores da graça, por gratidão. A igreja fecha todas as portas e ainda diz que o cristão é livre! Somos livres sim, mas quando obedecemos as leis de Deus. Graça sem o mérito é morta, assim como a fé sem as obras é morta também! 
           Há justiça quando se mata um inocente em lugar de um criminoso? Jorge de Lima nos ajuda a responder: "Violência... Cultuamos um deus carniceiro que se compraz com sangue, açoitamos, sangramos, imolamos o filho de Deus e o crucificamos. Bebemos seu sangue e comemos sua carne validando a antropofagia dos agraciados." http://www.dm.com.br/texto/176100
             Que graça é esta, custando a vida dos outros para me dar bem? Essa é a graça conquistada pelos linchadores de plantão? Os que fazem sua justiça com as próprias mãos? Certamente!!! 
Claudeko Ferreira
Enviado por Claudeko Ferreira em 21/04/2014
Reeditado em 02/08/2014
Código do texto: T4777514
Classificação de conteúdo: seguro
Comentários

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.