"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

QUANDO FRACO, FORTE ("Uma resposta branda aplaca a ira, palavra ferina atiça a cólera”. (Pv 15:1 BJ)



CRÕNICA


QUANDO FRACO, FORTE ("Uma resposta branda aplaca a ira, palavra ferina atiça a cólera”. (Pv 15:1 BJ)

Por Claudeci Ferreira de Andrade


          Os seus vinte anos de sala de aula não lhe impediram que aprendesse mais uma lição. Numa semana de avaliação, sofreu duas abordagens significativas e outros gracejos corriqueiros sem muita importância. Foi quando o professor Claudeko elaborou uma prova de alto nível, estilo aquelas de vestibular contendo duas páginas, objetivas, e solicitou aos alunos que pagassem a xérox, cobrou vinte e cinco centavos de real, enquanto ele pagou por cada página dez centavos, então lhe sobraria cinco centavos de cada prova para cobrir a Xérox de um ou outro que não pudesse  pagar, contudo, formulou uma ameaça: quem não pagasse os vinte e cinco centavos, copiaria a prova à mão. Na verdade, a ameaça era mais um blefe do professor, ninguém teria tempo para copiar uma prova daquele tamanho e depois respondê-la em duas aulas: só pressão, para não ter que pagar para trabalhar. Quando menos esperava, uma aluna “educada” lhe procurou em particular:

          — Professor se os alunos, que não pagarem a prova, vão copiar, que acho injusto, só vou pagar os vinte centavos.

          — Não, ninguém vai copiar, disse aquilo só por medo de que a maioria não pague e teria que arcar sozinho, o que não acho justo também, uma vez que a escola não tem equipamento – se justifica o professor com voz gentil.
          No segundo ano “D”, para uma experiência em busca de melhor aproveitamento, o sábio professor decidira, com a Turma, que a prova fosse em dupla. E assim se fez.
          Janaína uma aluna do “C” quando ficou sabendo correu ao professor o abordou com aspereza:
          — Olha aqui, o senhor devolveu os vinte e cinco centavos para cada dupla dos alunos do “D”, sendo que cada dupla só utilizou uma prova?
          —Não, não devolvi, porque utilizaram a outra xérox para fazer rascunho, cada um recebeu sua cópia, apenas permiti que se unissem em duplas para diminuir o número de prova que deveria corrigir.
          — Ah, mas o senhor não nos permitiu que fizéssemos em dupla!
          Hoje me pus a pensar no que o professor Claudeko me perguntou após ter me contado sua experiência com aquelas provas:
          — Por que os alunos se importam tanto que me sobrem algumas moedas, mas não se preocupam que eu leve prejuízo? Seria isso o espírito de cidadania, tão pregado pela escola, que já se incorporou neles?
          Entretanto, só agora me senti apto para lhe responder; agora que passei pela mesma prática de vida. E lhe falo, se é que posso ainda lhe ser útil, citando a Bíblia!
          “Porém Eu digo: não resista à violência! Se lhe baterem numa face, apresente a outra também. Se você for levado ao tribunal, e lhe tomarem a camisa, dê também a eles o casaco. Se um soldado exigir que você carregue a mochila dele por um quilômetro, carregue dois. Dê àqueles que lhe pedem, e não fuja daqueles que lhe querem tomar emprestado” ( Mt 5:39-42 BV ). 
          É um bom conselho para nós hoje, não é, Claudeko?
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 29/05/2009
Código do texto: T1621770

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

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A FORCA CIRCUNSTANCIAL ("Ate hoje,só não me matei enforcado, porque nunca aprendi a dar aquele nó!" — Marcelo Bisse Taylor)



Crônica

A FORCA CIRCUNSTANCIAL ("Ate hoje, só não me matei enforcado, porque nunca aprendi a dar aquele nó!" — Marcelo Bisse Taylor)

Claudeci Ferreira de Andrade

            Hoje, no Dia de Finados, dois de novembro, me encontro em um estado de reflexão profunda. Embora ainda esteja vivo, sinto-me como se estivesse visitando os túmulos recém-cavados, inclusive o meu próprio.

            Lembro-me do Professor Ruquinho, que tinha apenas trinta e nove anos. Numa terça-feira, às 17h, não faz muito tempo, li seu epitáfio. Alguém por ali me explicou como tudo aconteceu: ele pegou um fio elétrico, trabalhou com um alicate e elaborou uma forca na sala da nova casa, onde em breve moraria com sua namorada encantadora. Ruquinho era viciado nela.

             Ruquinho, com seus trinta e nove anos, tinha um futuro promissor. Era jovial, inteligente, atleta, estudante de alto rendimento e amante de esportes. Causava inveja em muitos por sua capacidade de fazer e manter amizades. No entanto, sua melhor amiga atribuiu a causa de seu declínio ao novo namoro, com uma aluna de apenas dezessete anos. Foi aí que ele partiu. Penso que a escola não mata ninguém, mas coage os seus a se matarem. Assim, enterramos mais um mártir da educação.

            Quando conheci minha então ex-esposa, ela com dezessete e eu com trinta e nove anos. A família de Vânia tentou dissuadi-la de todas as maneiras possíveis. O que um professor tem a oferecer como garantia de futuro? Ela amava sua família e não queria magoá-los. Mesmo assim, decidiu se casar comigo, ou como dizem os humoristas “enforcar-se”. E eu a incentivei a ser professora, também, semelhantemente ao Adão que comeu o fruto proibido, forçado por uma circunstância, sabendo das consequências, vali-me da “forca” também, assim, numa espécie de Romeu e Julieta; fomos por amor. No meu caso, o processo de “enforcamento” durou seis anos, tempo suficiente para dizer que uma diferença de vinte e dois anos na idade causou uma distância, no tempo e no espaço, que o grito por socorro não atingiu o coração de ninguém, ou melhor, chegou muito atrasado. Penso que o problema maior era porque trabalhávamos na mesma escola. Na "Jerusalém que mata seus profetas".

              Agora, sou uma prova incontestável de que existe vida após a morte, porque estou vivo, mas não no céu; só no inferno. À noite, parece-me um cemitério, logo pela manhã um purgatório e à tarde outro inferno. Não consigo esquecer dos meus três turnos de trabalho. Enforcamento denotativo e/ou conotativo depende do ponto de vista de quem sente na pele a desvalorização. A escolha entre a vida e a morte é posta diante de nós de modo tão real como o foi para Jailton Joaquim Graciliano, Paulo Henrique Lesbão, e tantos outros, e nós escolhemos a morte! Senão ela nos escolherá?

Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 28/05/2009
Código do texto: T1619366

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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

CLIENTE "PÃO DURO" (A única diferença entre a prostituta e a mulher casada é que a aspirante cobra mais caro do que a profissional.)

















Crônica

CLIENTE "PÃO DURO" (A única diferença entre a prostituta e a mulher casada é que a aspirante cobra mais caro do que a profissional.)


Por Claudeci Ferreira de Andrade



          Saiu cedo o licitador de segunda, naquele último dia de agosto, para sua primeira aventura extraconjugal. Debaixo de um sol forte de primavera, por um momento de desespero. Também se fosse debaixo de chuva não importaria, estava de carro! Rodava sozinho, na solidão das ruas cheias de pessoas com objetivos ímpares. Logo ele que precisava estar trabalhando naquela hora, estava justamente “trabalhando” para negociar o que se adequava exatamente ao seu padrão de vida, e vida mundana. Desestressar-se ou estressar-se, não se sabe bem quais eram suas justificativas. Era um, dois e até cinco telefonemas para uma mesma pessoa, depois objetivava outra. Descarregando a bateria do seu celular, “fez das tripas coração” para continuar na perseguição; aqui e acolá, parava para usar um “orelhão”. Estava mesmo tão obstinado que se esquecera da hora do almoço, conferindo ruas, casas e números. Já era meio dia e não percebera o ronco do estômago, mas ainda valia a pena esperar por outra moça qualquer, já que aquela última não se dispôs a acompanhá-lo pelo dinheiro que tinha. Conversa vai, conversa vem, agora estavam numa sala ideal para alimentar seus desejos quando, da porta, à esquerda, surgiu a tal Samara; pareceu-lhe não ser a maravilha que pintara verbalmente, mas arranjou subterfúgios para se consolar.

          — Elas são assim mesmo, dizem ser uma coisa por telefone e na verdade é outra – pensou ele em voz alta.

          Mesmo assim, arriscou-se, quem sabe esta seria diferente! Finalmente, esquivou-se diante da mercenária que por cima lhe tratou friamente e sem muita disposição.

          — Bem! Meu preço é cinquenta reais a hora, é pegar ou largar.

          — hum, é caro!

          Achou o preço alto para quem não queria nada especial, apenas sair do “arroz com feijão”. Mas ainda lhe restava um fio de esperança e contava com a sorte, saiu dali com as forças recobradas para continuar a caçada.

          Através do telefone público mais próximo, tentou a última investida; desta vez, tudo parecia “cair do céu”, o preço estava em conta, bem abaixo do da praça, ele conferiu mais uma vez por telefone e a descrição agradou-lhe muito. Não via a hora do grande momento. Foram muitos mistérios que lhe envolveram, até porque o endereço do tal local foi dado por etapas. Ela o conduziu como se faz para vacinar um bezerro faminto, bastando arrastar um balde com leite ante seu focinho que ele entra em qualquer armadilha. Porém, tudo isto, de certa forma, causava-lhe um misto de ansiedade e medo.
           — Deve ser este portãozinho cinza de folha inteira – murmurou ele com o coração disparado.
           Num impulso, precipitou-se portãozinho adentro e, com meia dúzia de passos, bateu à primeira porta, também à esquerda, exatamente como fora orientado; por um instante ouviu murmúrios, e sentiu cheiros que o levavam a uma sensação de te(n)são, então, em um ranger musical, abriu-se a porta, finalmente chegou aquele momento que para ele seria resultado da imolação da sua própria vida, só ali poderia avaliar o quanto deveria valorizá-lo. Quando, ao contraste da luz, percebeu a silhueta volumosa, desilusória e nada voluptuosa que se desenhava na camisola transparente, então foi aí que perdeu o véu do feitiço caiu, e ele caiu em si, voltou-lhe a razão, mesmo assim, para defender sua virilidade, deixou-se levar por seus instintos e pensamentos escondidos na profundidade da sua alma amante de “garanhão”. Deixou-se levar sem reclamar. Então, percebendo-o meio desajeitado, a “falsa magra” perguntou-lhe:
          — Algum problema, meu bem?
          — Não, não, nenhum problema! – disfarçou.
          — Então vamos, vamos que não tenho todo o tempo do mundo, meu tempo é dinheiro.
          Sem dizer mais nada, se sentou naquela cama assustadora para cumprir rapidamente o contrato de aluguel. De fato, foi rápido, ele saiu desvairado ordenado pela voz da sua consciência, perdido como um “cão em dia de mudança”.
          Passados uns dias, ainda "gozava" da lembrança atormentadora com vivas sequelas. Em conversa com seus amigos, falava da tragédia e da “beleza” nua e crua da parceira de outrora que lhe deu vinte minutos de “prazer” e uma eternidade de dor: o herpes inflamado, todas as vezes que a imunidade do seu corpo cai, ele aparece!
Claudeko

Publicado no Recanto das Letras em 26/05/2009

Código do texto: T1616185

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Encaminhamento de percepção

1-Como você explica a grande movimentação de homens e mulheres casados no mercado da prostituição veiculada aos classificados de Jornal?
2-O preço de R$ 50,00 por uma hora de programa, é caro ou barato? Explique considerando os pontos positivos e negativos.
3-O que equivale a expressão “ sair do arroz com feijão”? Qual é o preço da atitude e o que levou a isso?
4-O que você entende por profissional do sexo? Comente sobre a dignidade dessa profissão.
5-Qual a melhor forma de se prevenir contra as DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis)?
6-Quais foram as causas de maior sofrimento do licitador de segunda?
7-Faça uma ilustração para a crônica que acabou de ler.


Desabafo de um Mosquito Consciente




CRÔNICA FÁBULA

Desabafo de um Mosquito Consciente ( O outro lado da Dengue )

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Por Claudeci Ferreira de Andrade


          Você quer saber quem sou eu, colarinho branco? Pois é, moro em sua residência, faço parte de sua família, mas mesmo assim, você me trata como um qualquer.

          Sou eu que altero sua rotina, e quando bate palmas, com certeza, está tentando me matar. Sou eu quem lhe causa aquela coceirinha gostosa de dá arrepios, logo após ter trocado o paletó pela pela camiseta, motivando-lhe a uma massagem nos pés, nas pernas e nos braços, após um longo dia de trabalho, para melhorar sua circulação.
          Sou eu quem chora quando você manda borrifar veneno nas ruas da cidade, contaminando a natureza, sem falar que o carro “fumacê” é deveras barulhento. Por isso, estou com um zumbido contínuo nos ouvidos e agora meu zZzzZz está desafinado. Acho até que vou precisar de terapia para superar esse trauma.
          O que realmente pretendo é deixá-lo triste e preocupado, assim como estou! Fui contaminado e lhe asseguro que não vou morrer sozinho, vítima de uma contaminação cujo maior culpado é você: mandante do crime.
          Gostaria de lhe dizer também que quando Deus me criou, era Seu desejo que eu fosse saudável. Por isso quero, como todos os outros seres, o meu direito de pelos menos ter uma alimentação saudável! E o Senhor me ordenou que sugasse as seivas das plantas, mas você destruiu indiscriminadamente minha fonte de alimento. Agora é justo que o faça de arvore, afinal, não estou enxergando muito bem, pois o veneno pelo qual pagou muito dinheiro, contaminando inclusive sua própria alimentação, embaçou minha visão e, assim, me contaminei chupado sangue ruim. Não é “Sanguebom”? Você é Também culpado de propaganda enganosa!
          Sabe, saúde não vem como troféu de guerra (com armas a Laser) nem é alguma coisa que se possa ganhar no jogo ou na aposta, mas é resultado de obediência às leis naturais de saúde. Eu preferia ser alimento de sapo que objeto de corrupção. É uma grande pena, pois a única coisa que eu queria, de verdade, era continuar levando minha vida respeitada de um mosquito que se preza, sem ter de me preocupar com doenças; apenas “ziziando” por aí, sugando uma seiva aqui, outra acolá, numa perfeita harmonia com a natureza e com você, ser humano, que se julga o dono do mundo. Sem "desgraça" de dengue.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 25/05/2009
Código do texto: T1614204

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A (RE)VOLTA DO DISCENTE ("É preciso que os pobres sejam tão pobres que não lhes reste senão se revoltarem." — Paul Morand)



CRÔNICA

A (RE)VOLTA DO DISCENTE ("É preciso que os pobres sejam tão pobres que não lhes reste senão se revoltarem." — Paul Morand)

Por Claudeci Ferreira de Andrade


          Não se assuste se eu disser, pois você já sabe, têm muitos professores leais a seu ofício e capazes, de ambos os sexos, os quais honram o ensino nas escolas públicas, não, só não entendo porque os seus filhos não estudam lá! Mas, têm aqueles que não são tão leais às suas escolas. Refiro-me aqueles ativistas que gastam demasiado tempo na defesa de causas duvidosas, xingam o presidente. São educadores radicais que advogam o uso de maconha, da libertinagem sexual e da revolução ideológica esquerdista.
            Sabemos que o professor tem um auditório cativo e, durante várias horas por semana, está em posição de derramar ódio e dúvida ou podiam fazer melhor ensinar os jovens a serem pró-eficientes nos assuntos acadêmicos e respeitosos.
            Nas classes, grande número de jovens de nossa geração tem sido também alimentado num regime de infidelidade, desobediência e indisciplina. Muitos têm sido forçados a beber das fontes do satanismo, ouvir desses professores que não somente não são laicos, mas permitem movimentos discriminatórios, sob o disfarce de adquirir cultura mais ampla, ou ainda, para se proteger. Moços e moças têm sido saturados com "religiões" e outras ficções, subitamente, evolucionistas, ateísticas, que lhes têm roubado a fé pura no Deus verdadeiro. O que não sei explicar é porque uma boa parte dos meus alunos indisciplinados e desrespeitadores são evangélicos! Ah, já sei, talvez exista uma diferença entre ser evangélico e pertencer à sociedade invisível dos fiéis do Cristo real.
            Especulações filosóficas e pesquisas científicas, em que Deus não é reconhecido, estão tornando céticos a milhares. Mas, nas escolas de hoje, "laicas", são cuidadosamente ensinadas e amplamente expostas as conclusões a que os pedagogos e psicopedagogos têm chegado em resultado de suas investigações experienciais e inovadoras rumo às futilidades; por outro lado, é francamente dada a impressão de que, se esses estão na moda, não se pode contestar.
            Esta é a espécie de instituição educacional moderna "evoluída", nos moldes da nova pedagogia? Queremos que nossos alunos fiquem sujeitos  e cada vez mais indisciplinados? É justo que os professores, mesmo aqueles que nada fizeram para merecer, sofram tamanha indisciplina nas suas aulas? 
            A tempestade indisciplinar que atualmente sofremos por parte de nossos alunos é um reflexo do que foi ensinado ou mal ensinado a seus pais no afã da revolução pedagógica, nada mais é do que uma reação natural e justa contra quem por muito tempo vem plantando vento. O alvo deles é o professor enquanto categoria e a escola por tabela.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 24/05/2009
Código do texto: T1611736

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"Isso Dá Nada Não" ("Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio. Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca." Oswaldo Montenegro)




CRÔNICA

"Isso Dá Nada Não" ("Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio. Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca."  Oswaldo Montenegro)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          Marie é uma daquelas alunas extrovertidas que não tira o aparelho celular da mão mesmo na hora da aula. Ameacei a conduzi-la à coordenação se não parasse de distribuir vídeos indecentes entre os colegas, usuários desses aparelhos modernos com Bluetooth. E ela me falou:
          — Isso dá nada não, fessor!
          Acontecimentos dessa natureza dentro da sala de aula, que em geral nem aparecem hoje na primeira página dos jornais, é comum. Algumas décadas atrás, resultavam em suspensão imediata para o aluno infrator! Professores, coordenadores, diretor e outras autoridades dentro da escola movimentavam suas forças quando a moral era molestada ou os seus princípios desacreditados.  Certos atos insultuosos eram praticados sempre com risco de grande castigo. Mas, isto foi outrora. Hoje é assim: dá nada!
          Em tempos recentes, tem havido violação da integridade física de professores: estes têm sido surrados, maltratados com palavras grossas e de baixo calão. Funcionários gerais da escola têm sido acusados falsamente por coisas absurdas que nunca fizeram, desaparecem objetos de valor da sala dos professores, os mesmos são acusados de assédio sexual quando se esforçaram, apenas, para ser generosos em um elogio a certas alunas, porém os vídeos pornôs nas telinhas dos celulares que correm de mão em mão não significam nada e nem sempre isto tem resultado negativo, pelo menos, resultasse em suspensão, ou em outra medida disciplinar qualquer, mas o que acontece é não resultar em nada mesmo. Suspeita-se até que certas medidas de castigo acontecem na base de um acordo de cavalheiros entre as partes: ofensor e ofendido para espantar a mídia.
          "Um aluno de 16 anos, revoltado por não ter tido liberdade de atender o celular em sala de aula, agrediu a professora com chutes e socos. O fato ocorreu na noite de terça-feira, na Escola Estadual Maria Ilydia Resende de Andrade, no bairro Furtado de Menezes, em Juiz de Fora, Zona da Mata. Caroline (Professora) foi encaminhada a um hospital da cidade, onde foi medicada e liberada. O estudante passou a noite na delegacia, acompanhado da mãe, e pela manhã foi apresentado à Vara da Infância e Juventude, sendo liberado em seguida." (
https://www.otempo.com.br/super-noticia-old/agredida-em-sala-de-aula-1.66221) acessado em 11/05/2019.
          Alguém poderá me dizer: – é que “a sociedade está mais amadurecida”. Dirão outros: – Estas respostas podem ter sua carga de realismo sobre o problema, mas a maioria dos estudantes da rede pública que examinam mesmo o conteúdo do Estatuto da Criança e do Adolescente tem por evidente que há uma modernização mantendo em xeque as forças do castigo educativo.  Podemos chamar isso de paz na escola?
É mais certo dizer que estamos no limiar da catástrofe na educação. Cumprem-se as predições de todas as vozes educadoras de épocas passadas.  Uma história estranha e momentosa está sendo registrada nas páginas da educação atual.  — acontecimentos que, declararam-se, precederiam em pouco, o fim do mundo. Agora, neste momento, tudo no mundo se encontra em estado incerto. Já dia Chico Xavier com sua data limita. Os adolescentes estão fanfarrões e fazem pouco caso da decência de da ordem. Então anseio muito que as predições estejam certas, e a você digo até o fim!
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 23/05/2009
Código do texto: T1609813


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QUEM DITA AS REGRAS NA ESCOLA? ("O respeito pelos pais só resiste enquanto os pais respeitem o interesse dos filhos." — Raul Brandão)



















CRÔNICA

QUEM DITA AS REGRAS NA ESCOLA? ("O respeito pelos pais só resiste enquanto os pais respeitem o interesse dos filhos." — Raul Brandão)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Conta-se a história de um casal de velhos que economizaram a vida toda a fim de poder comprar um automóvel. Finalmente o carro foi comprado, e eles começaram a realizar um sonho: viajar pela Costa Nordestina Brasileira. Não haviam ido muito longe quando começaram a ter uma série de contratempos. O cavalheiro frequentemente parava e examinava sua carta de motorista. Sua esposa perguntou-lhe por que verificava tanto sua licença para guiar.

— Por segurança – disse ele – segundo este documento, eu sou competente para guiar um carro.

Assim, é na jornada da sala de aula. De vez em quanto, precisamos assegurar-nos de que estamos trabalhando como o aluno quer que trabalhemos. Nenhum de nós é competente para conduzir uma sala de aula sem o auxílio do aluno. Pois contratempos podem ocorrer em qualquer ocasião. Na história acima, o cavalheiro necessitava mais do que simplesmente uma licença para guiar. Ele precisava de um curso de treinamento que o transformasse em competente e confiante motorista. Nós necessitamos mais do que saber a disciplina de trabalho, precisamos conhecer o “cliente” e obedecê-lo. E a única maneira de conhecê-lo é estudá-lo. E a melhor maneira de estudá-lo é sob a guia do seu comportamento. É necessário muita observação e avaliação. E alguém já disse que avaliação sem observação é hipocrisia; observação sem avaliação é presunção. A final estamos na escola em função deles. 

          Os Coordenadores pedagógicos estão sempre procurando viajantes solitários nas salas de aula, sem os rumos do projeto político pedagógico da escola. E eles dispõem de muitas armadilhas para capturá-nos. Os pais sabem disso! Esta é a razão por que reclamam tanto da escola, da direção e dos professores. Eles querem rigidez dos educadores enquanto a vertente de normas está investida, ou melhor, os filhos ditam as regras em casa, bem como na escola. Podemos até ter a disposição de espírito que nos mova a viver um competente professorado, mas a carne é fraca. A disposição de fazer a vontade do aluno afasta de nós as farpas dos coordenadores e pais. A fraqueza da carne a que me refiro, é aquilo que pode provocar nossa queda. Nenhum de nós é por graduação completo. Para sermos bons precisamos estar definidamente, ou alinhados, ou unidos com os alunos. Seus transgênicos desejos de aprender conduzem esta união. Para conservar esta união, precisamos de contínuo observar e avaliar. O aluno é credencial de competência do professor e o elemento chave das boas estatísticas. E a culpa é do professor, se algo der errado.

Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 22/05/2009
Código do texto: T1608364

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