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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Desabafo de um Mosquito Consciente




CRÔNICA FÁBULA

Desabafo de um Mosquito Consciente ( O outro lado da Dengue )

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Por Claudeci Ferreira de Andrade


          Você quer saber quem sou eu, colarinho branco? Pois é, moro em sua residência, faço parte de sua família, mas mesmo assim, você me trata como um qualquer.

          Sou eu que altero sua rotina, e quando bate palmas, com certeza, está tentando me matar. Sou eu quem lhe causa aquela coceirinha gostosa de dá arrepios, logo após ter trocado o paletó pela pela camiseta, motivando-lhe a uma massagem nos pés, nas pernas e nos braços, após um longo dia de trabalho, para melhorar sua circulação.
          Sou eu quem chora quando você manda borrifar veneno nas ruas da cidade, contaminando a natureza, sem falar que o carro “fumacê” é deveras barulhento. Por isso, estou com um zumbido contínuo nos ouvidos e agora meu zZzzZz está desafinado. Acho até que vou precisar de terapia para superar esse trauma.
          O que realmente pretendo é deixá-lo triste e preocupado, assim como estou! Fui contaminado e lhe asseguro que não vou morrer sozinho, vítima de uma contaminação cujo maior culpado é você: mandante do crime.
          Gostaria de lhe dizer também que quando Deus me criou, era Seu desejo que eu fosse saudável. Por isso quero, como todos os outros seres, o meu direito de pelos menos ter uma alimentação saudável! E o Senhor me ordenou que sugasse as seivas das plantas, mas você destruiu indiscriminadamente minha fonte de alimento. Agora é justo que o faça de arvore, afinal, não estou enxergando muito bem, pois o veneno pelo qual pagou muito dinheiro, contaminando inclusive sua própria alimentação, embaçou minha visão e, assim, me contaminei chupado sangue ruim. Não é “Sanguebom”? Você é Também culpado de propaganda enganosa!
          Sabe, saúde não vem como troféu de guerra (com armas a Laser) nem é alguma coisa que se possa ganhar no jogo ou na aposta, mas é resultado de obediência às leis naturais de saúde. Eu preferia ser alimento de sapo que objeto de corrupção. É uma grande pena, pois a única coisa que eu queria, de verdade, era continuar levando minha vida respeitada de um mosquito que se preza, sem ter de me preocupar com doenças; apenas “ziziando” por aí, sugando uma seiva aqui, outra acolá, numa perfeita harmonia com a natureza e com você, ser humano, que se julga o dono do mundo. Sem "desgraça" de dengue.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 25/05/2009
Código do texto: T1614204

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