"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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sábado, 22 de fevereiro de 2014

MEU AMARELO TABLET (A)DOTADO ("'Presente de Grego você ganha sempre de um aproveitador, Hoje você ganha e depois você paga por ele!!!" (Marcos Dantas)

           

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Nunca gostei de emprestar nada de ninguém, parece-me que não consigo devolver o que é dos outros intactamente. Por força do destino, as coisas dos outros se sentem roubadas e choram por seus donos, sempre se desmantelam em mãos alheias! Ainda, maior tolice é locar algo que não se está precisando ou só porque alguém acha que você precisa. Agora, ridículo mesmo é a situação de depositário de uma tralha desatualizada que você vai usar para fingir que é tecnologicamente inserido no contexto atual. Refiro-me à alegria dos professores estatutários do estado ao assinar um contrato de uso de um tablet CCE de fabricação 2011, com um sistema operacional Android 4.0, visto que qualquer telemóvel de hoje opera com o Android 8.0 e outros até com Windows phone 10. Já me vejo num tremendo paradoxo, na frente de meus alunos, fazendo a chamada com meu tablet amarelo e brigando com eles para guardarem os seus celulares, porque o regimento os proíbe.
           Dos professores de contrato temporário é requerido o mesmo desempenho e eficiência dos efetivos, mas não lhes foi permitido o empréstimo do equipamento didático, terão que acompanhar a "evolução" com seus próprios recursos. Qual não foi a decepção do professor Bruno, Contratado para algumas aulas que sobraram, então comentou comigo que se sentiu acachapado pelo assédio moral e diminuído entre os colegas de mesmo nível de formação. Mas, querendo ou não, tem que agradar a diretora para manter-se no contrato!
          Bem, depois de ler vários comentários de professores que já receberam o tal benefício do governo ("presente de grego para gerar voto"), nas redes sociais, cansaram-me as insatisfações com aquele equipamento didático, que duvido ser realmente útil para o crescimento da educação púbica. 
           E o diário de classe eletrônico tem que ser viabilizado. Eu queria saber como as coordenadoras pedagógicas controlarão o trabalho dos professores através do novo diário. Será que devo deixar de nomeá-lo de "o Mentirário"? Certamente o vivenciarei não isento das muitas lacunas que a verdade não preenche!!! Não seria o tablet que deveria fazer um cursinho, para aprender driblar os bons princípios e realizar as atividades falseadas da escola sem travar?! Será um grande desafio ensinar essas coisas para ele. [meu tablet: filho (a)dotado]!
           Se pagam bem os professores, eles compram uma boa ferramenta de trabalho. É como disse Aldo Fernandes:  "Professores bem remunerados têm acesso a bens culturais amplos, cinemas, teatros, tecnologias, etc." E o governador foi reeleito!


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sábado, 15 de fevereiro de 2014

O TRANSTORNO DOS ÍNDICES EDUCADOS ("Os mais falsos argumentos podem mostrar um ódio correto. Karl Kraus)


         
Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Para a pré-modulação do ano vindouro, tiraram-me das aulas de Língua Portuguesa nos terceiros anos do Ensino Médio matutino! Nesse momento de reajuste, disse-me a diretora sobre a Secretaria de Educação ter decretado critérios rígidos contra os professores relapsos: faltosos, sem boas recomendações de coordenadores e de alunos (Nada adianta não ser faltoso se sou relapso e sem recomendações!). Agora, apenas me conforto na certeza que ela jamais me conhece verdadeiramente em sala de aula! Qual não foi a surpresa de todos do colégio ao receber os índices, do aproveitamento do alunado em Língua Portuguesa, do ano letivo findo. Foi o melhor já alcançado, pelo colégio, desde sua fundação!  
           Meu signo diz que tenho um valor inestimável e mereço todos os aplausos. E devo deixar as pessoas fazerem isso no momento certo e sem exigir delas reconhecimento quando eu quiser. E me diz mais: antes de receber elogios e atenções é importante meus merecimentos, mediante minhas considerações. Então, quero confessar, limpando sua consciência: foi certo o que fizeram comigo! As notas do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) deverão subir sim, garantido nosso emprego à vista de todos, fazendo nosso humilde e penoso trabalho! Nossa sorte é esta: a nova professora de Português, minha possível substituta nem aceitou as aulas, suspeitou não fazer melhor, então continuei, colhendo as honrarias pela boa plantação ao longo do ano sem a conspiração perceber. Inculpáveis são os alunos; eles nunca trazem os livros ganhados à sala; não participam atenciosamente nas aulas; devolvem a folha de redação das provas diagnósticas do governo em branco, coitados! De jeito nenhum foram motivados para levarem a sério os seus estudos. Com certeza, a culpa dos baixos índices é mesmo do professor!!! Aliás, toda culpa é do professor mesmo quando também acerta!
           A Jerusalém abençoada que matava seus profetas ficou sem nenhum!  Será por que os cursos de licenciaturas estão vazios? {https://webnoticias.fic.ufg.br/n/80933-salas-vazias-o-drama-dos-cursos-de-licenciatura} (acessado em 28/05/2019).
           Segundo uma pesquisa quantitativa com mil entrevistados por país analisado, o Brasil só fica atrás de Israel na pior valorização do professor. No Brasil, menos 20% dos entrevistados responderam que encorajariam seus filhos a serem professores. Já na Coreia do Sul, a porcentagem é superior a 40%. {http://g1.globo.com/educacao/noticia/2013/10/brasil-e-um-dos-paises-que-menos-respeita-professor-diz-estudo.html}, (acessado em 28/05/2019).            Portanto, vou levar comigo, para o resto de minha vida, a culpa do fracasso da educação pública nas escolas aonde passei, medida por essas provas vindas da Secretaria do Estado de Educação, que os professores da própria unidade escolar aplicam e as corrigem, porém chamam-nas ainda de externas. E condenado juntamente com muitos outros ultrapassados e culpados igualmente, mas, também levarei a certeza da desvalorização dos poucos compromissados!!!!
          Às vezes, ser amigo de todo mundo, pode evitar esse tipo de frustração técnica,  pois ninguém mais pratica os antigos critérios de distribuição das aulas para a modulação do novo ano letivo: era primeiramente por efetividade; depois, formação na área e; se empatassem, a prioridade ficava com quem tinha maior tempo de casa. Porém, não sei por que estou lembrando isso se também quero o progresso do sistema educacional, ainda que o meu querer ultrapassado trilhe por veredas velhas! Vivemos em tempos novos, e por agora é proibido praticar o passado funcionalizável. Na pecuária é assim mesmo, melhor ração aos produtivos, mas também não há quem seja produtivo sem uma boa ração!


O TRANSTORNO DOS ÍNDICES EDUCADOS  https://www.recantodasletras.com.br/cronicas/4560946

sábado, 8 de fevereiro de 2014

PROFESSOR(,) BOM PIA! ("Recuperação é uma masturbação pedagógica." — Reginaldo Ferron)


Crônica

PROFESSOR(,) BOM PIA! ("Recuperação é uma masturbação pedagógica." — Reginaldo Ferron)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          Atrás de médias altas e boas estatísticas, o sistema criou o tal (PIA) — Período de Intensificação da Aprendizagem! Só lamento pelo fato dele ter nascido morto. Bons eram os tempos idos, quando não se precisava ilusionismo, para disfarçar que ainda se tinha fôlego! Seria bem melhor nomear esta tentativa de: Período de Intensificação do Ensino Retroativo, isto é, uma revisão do que não foi dado e chamaríamos de PIER, podendo ler-se também coerentemente como — Estrutura construída sobre o mar para atracação de embarcações! A última cartada da unidade escolar para ressuscitar os ânimos em direção aos objetivos comuns.
           Tendo em conta as sugestões oferecidas pela secretaria de estado da educação, ficou difícil para a coordenação do colégio viabilizar os critérios de efetivação desse tal PIA, também tendo em conta a heterogeneidade circunstancial da irracionalidade. Ainda mais, quando se expos, em reunião de professores, esse fiasco pedagógico, tentando, em nome da democracia, responsabilizar todo mundo. Horas e horas de debate, no Trabalho Coletivo Escolar (TCE), simplesmente para se perder no meio do caminho, onde começam as mil e uma arenosas bifurcações. Na verdade, ninguém sabia lidar com essa tapeação toda sem ferir os bons princípios: Acrescentava-se a nota do PIA no resultado preliminar do quarto bimestre? Substituía-se a nota do terceiro bimestre? Ou enxertavam-na à nota do semestre? (Como se o professor tivesse poderes para ressuscitar defunto). Qual seria o ponto de corte para intimar o aluno a participar do PIA? O que seria desenvolvido pelos professores durante este período? E já é de se esperar que termine sempre do mesmo jeito, como as outras recuperações! Então "se o sonido da trombeta for incerto os soldados não se levantarão para a guerra".
           Cada unidade escolar tomou um rumo diferente, uma forma diferente de gerir o PIA. E o aluno já reprovado por nota, teria nova chance de obter seu status restaurado e, no final, até portar uma nota melhor que os bons dispensados do PIA!!!
           Tudo isso demanda mais trabalho dos professores para facilitar a vida dos que brincam de estudar o ano todo e que consomem infrutiferamente o dinheiro do governo, investido neles. Enfim, todo movimento desta última pedagogia é no sentido de forçar o professor passar o aluno. Porém, tudo resulta em: mais planos de aula, mais relatórios, mais isso e aquilo, para resultar também em mais números para os índices do governo. Até porque, eu duvido que seja mais crescimento intelectual para o alunado dependente e domesticado da educação pública. E no caso aqui, "aulões" com todo mundo misturado! Que conteúdos serão ministrados nesse curto período de tempo: REMÉDIOS GENÉRICOS? Por fim, é mais simples do que se pensa, o professor que aprovou todos os seus alunos nunca precisou de PIA(r). O PIA acabou, mas deixou seus moldes.
Claudeko Ferreira
Enviado por Claudeko Ferreira em 24/10/2013
Reeditado em 08/02/2014
Código do texto: T4540186
Classificação de conteúdo: seguro

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sábado, 1 de fevereiro de 2014

NESTE CASO, DESCE-SE AULA ("Quem não tem uma mente criativa não é digno de gambiarra." — Adriano S. Rodrigues)



Crônica

NESTE CASO, DESCE-SE AULA ("Quem não tem uma mente criativa não é digno de gambiarra." — Adriano S. Rodrigues)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          Os alunos normalmente ficam torcendo para que falte um dos professores, e se faltarem uns três é melhor ainda para eles, assim começam a perturbar a coordenadora, pedindo para subir aula. Em um desses momentos corriqueiros, tiveram que ouvir da coordenadora que o professor de Língua Portuguesa não dar conta nem de uma sala, quanto mais vai conseguir dar aula nas duas, ao mesmo tempo! Só não descobri ainda qual foi o intuito deles em me contarem esse infortúnio laboral. Porém, para mim foi ótimo, senão não estava meditando nesta crônica sobre minha incompetência disciplinadora.
           Eu já adotei o que repetidamente falam de mim, assim eles veem o que querem ver, as vozes que clamam devem ser atendidas para que os ecos continuem falando aos seus emissores, num desgaste conscientizador, enchendo o coração de cada um com o prazer do ébrio, talvez! Já pensaram se eu fosse um bom professor nesses aspectos que demanda a atual conjuntura, ou seja, como pede o caos?! Então, eu não poderia escrever, criticando este "moderno" sistema educacional, pois estaria satisfeito, mas escrevo para denunciar a quem quer que seja ou não de direito, eu quero é, de qualquer forma límpida, dizer o que acontece comigo. Vocês querem assim? Assim seja! Contudo, ser diferente não significa necessariamente está errado, lembrando que o novo é sempre um espanto, porém, espanto este que é a razão do despontar filosófico, então, logo virá o desejo da comprovação científica.
           Lidar com a liberdade é sempre complicado, assim como o é para Deus. Ensinar para quem quer aprender é o maior exercício do respeito, mas tentar forçar quem não quer para agradar os "idiotas úteis" é doar-se inutilmente ao atrofiamento. Aqui, um pensamento do filósofo Platão é bem apropriado: "O cansaço físico mesmo que suportado forçosamente, não prejudica o corpo, enquanto o conhecimento imposto à força não pode permanecer na alma por muito tempo."
Claudeko Ferreira
Enviado por Claudeko Ferreira em 11/10/2013
Reeditado em 01/02/2014
Código do texto: T4521493
Classificação de conteúdo: seguro

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sábado, 25 de janeiro de 2014

SEQUESTRO MORAL ("Precisamos aprender a falar sem aquela conotação de resistência. A beleza da fala está no patrocínio do entendimento." — Juahrez Alves)

Crônica

SEQUESTRO MORAL ("Precisamos aprender a falar sem aquela conotação de resistência. A beleza da fala está no patrocínio do entendimento." — Juahrez Alves)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          Por esta época (último bimestre escolar do ano letivo), amiúdam-se as campanhas para formatura dos terceiros e nonos anos. Formados em quê? (pergunte-se de passagem). Que um político esbanjador de dinheiro público, tendo muito a ganhar com isso, seja o patrocinador ou ainda, os pais paguem por esse lazer dos seus filhos. Estou cansado de contribuir para festas da escola: ora é o retorno de alguém ao trabalho, ora aniversário de todo mundo, ora o "chá de berço" de alunas e funcionárias,  ora a despedida; e isso é o ano todo! E ainda comemorações do dia disso ou dia daquilo. Agora o simbólico padrinho de turma ser pressionado mais uma vez até o sumo de sua moral e dignidade é uma aberração. Pagar para trabalhar nunca me agradou, apesar de já ter feito isso algumas vezes, por que não pude fugir mesmo (pressão demasiada).
           Alunos correndo atrás de seus professores, pedindo dinheiro ou lhe vendendo alguma futilidade não é mais deprimente que seria, se fosse implorando por nota? Devo admitir, pois nesse último caso, o professor pode negociar com o aluno um trabalho escolar no intuito de fazê-lo merecer a sua nota sem configurar corrupção, desenvolvendo assim sua intelectualidade. Mas, pedir dinheiro, é descarado demais. Suborná-los para ter uma boa relação, se nunca der, eles bagunçam mais ainda vingando-se do professor "pão duro" e olha que jamais faltará incentivos do mal, dos "aneticonizadores". Ajudar com dinheiro o aluno menor de idade sem a interferência de seus pais é pré-dispô-lo à marginalidade. Dinheiro fácil nunca fez bem a ninguém!

           O trabalho, por mais simples que seja, dignifica o laborioso e, longe de ser um castigo, é uma benção, serve para desenvolver o ser humano tridimensionalmente (mente, corpo e espírito). Ah! Mas, ao "de menor" é proibido trabalhar, tinha me esquecido disso!!!!

           Neste mês de outubro, comemoram-se o dia da criança e o dia do professor logo em seguida! Se temos de patrocinar a festa das crianças, e não o fizermos jamais terá a festa dos professores. Se não acontecer uma, de forma alguma acontecerá a outra respectivamente. E ai do professor se se atrever dizer piadinhas cobrando o reconhecimento gratuito, leva uma resposta das quais ouvir de uma aluna, daquelas que se acham a melhor por ser crente: — professor que não colabora nem merece festa. Justiça à flor da pele!!!

            Patrocinar lazer de aluno não é papel de professor que se preza. É como disse Eliete: "Estudar é um trabalho que dá trabalho". E eu a parafraseio, dizendo sobre o ensinar sendo um trabalho trabalhoso. Todavia, sinto-me igualmente a um sequestrado por muitas vozes, recusando-me a pagar o resgate, porém todas se atentam contra minha sobrevivência.
Claudeko Ferreira
Enviado por Claudeko Ferreira em 02/10/2013
Reeditado em 25/01/2014
Código do texto: T4508127
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sábado, 18 de janeiro de 2014

HONRA SEM MÉRITO (Quem pretende apenas a glória não a merece – Mario Quintana)


Crônica

HONRA SEM MÉRITO (Quem pretende apenas a glória não a merece – Mario Quintana)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Final de bimestre, é hora de fechar as notas dos alunos. Uma única preocupação ronda por ali: Os professores se justificam, implorando para a coordenadora endossar algumas notas abaixo da média. E por raras permissões, não antes dela se justificar aos alunos, como se a autoridade viesse de baixo: — "Eu já avisei turma, muitos aqui vão ficar com nota vermelha, a culpa é de vocês mesmos, depois não reclamem" — De certa forma, ela tem razão, é sempre bom evitar as denúncias.
           O que há de ruim nisso? Parece-me que temos de pedir permissão ao aluno incompetente para reprová-lo. No conselho de classe, ali, estão eles representados pelos menos ruim da turma, afiados a condenar e encurralar os professores rebeldes aos seus desejos. São por vezes, ainda, os representantes, os porta-vozes ora da coordenadora, ora dos alunos segundo a conveniência; os defensores de causa alguma. Quando eles determinam maneiras pedagógicas frouxas com as quais gostariam de ser tratados, estão usando a lógica do sistema. Mas, a coordenação, por sua vez, está apta a continuar ordenando os professores: — Recuperem as notas dos seus alunos cabalmente. Fica claro a todos nós sobre o conferir nota boa aos alunos, isso nos poupa muito do sofrimento no conselho de classe, isentando-nos de culpa. 
           Eles são gratos a seus presenteadores e nos reservarão alguns tímidos elogios, depois quando não precisar mais de nossa "ajuda"; enquanto isso, não nos faltam os escárnios. Eu profetizo que em breve, muitos pais inteligentes descobrirão a incompetência do filho e defasagem em sua formação acadêmica, então pedirão à escola para não promovê-lo assim... Aí será o fim desse sistema! O presidente Bolsonaro já descobriu os "idiotas úteis", ou melhor, os "ingênuos úteis". 
           No último conselho que participei, apelava veemente a coordenadora aos professores, usando palavras fortes e até ameaças, objetivando dar outra chance à aluna faltosa, aplicando trabalhos extras, pois ela agora iria "deslanchar". Essa palavra, de acordo nosso contexto, é muito parecida com "desleixar",  tendo sonoridade semelhante e significado consequente. Se não fosse, talvez significasse: "vomitar o lanche" – disse um engraçadinho, de humor imprestável, do meio dos professores, para descontrair.
           Contendo as risadas: — "Você pagará por esse golpe baixo" — retrucou a coordenadora.
           Eu gosto de fechar a boca de meus maus alunos, dando-lhes notas boas, foi lição do meu professor de inglês na faculdade, não fui um mau aluno, mas não me importava com a língua estrangeira. Hoje sei que funciona como vingança, sofro a dor da incompetência, estudei a vida toda o inglês, nunca reprovei, porém não sei falar e/ou escrever uma palavra sequer do tal idioma.
           Assim explicamos, o porquê de se ver muitas notas boas nos boletins dos alunos atuais, e eles não conseguem tirar notas boas nas provas diagnósticas do governo. Então, reformulo a profecia: logo chegará o tempo da colheita, no qual os alunos bem "notados" apedrejarão seus professores mãos-abertas, cobrando o prejuízo que lhes causaram. Tudo em nome da boa e justa convivência! E vejo que as escolas já estão sofrendo, todos os dias é noticiado arrombamento, furto, incêndio e vandalismo em geral como prova da vingança. 
Claudeko Ferreira
Enviado por Claudeko Ferreira em 29/09/2013
Reeditado em 18/01/2014
Código do texto: T4504043
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sábado, 11 de janeiro de 2014

ASSALTO DE PRESTÍGIO ("O prestígio sem mérito obtém considerações sem estima." — Sébastien-Roch Chamfort)


Crônica

ASSALTO DE PRESTÍGIO ("O prestígio sem mérito obtém considerações sem estima." — Sébastien-Roch Chamfort)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Como os alunos são criativos no preparar de uma apresentação em classe!!! Valendo-me disso, anunciei-lhes, no primeiro dia de aula, depois das férias, que tinham quarenta dias para todos mostrarem os seus trabalhos do terceiro bimestre, pois era o tempo que eu precisava para fechar as notas de Língua Portuguesa e entregá-las à secretaria do colégio. Este desfecho não foi um dos piores, já sofri coisa pior; vou contar-lhes: O tempo passou, e o prazo se encerrou, sem que muitos fizessem seu trabalho! Restava-lhes agora formular um ótimo argumento para forçar o professor estender a data. É incrível como os alunos de hoje deixam sempre tudo para o último dia! Eles não conseguindo mais, insatisfeitos, uns foram falar com a coordenadora e era impressionante como voltavam felizes para me mostrar que eu estava derrotado, sem palavras. A coordenadora garantiu a apresentação deles para a segunda-feira, três dias a mais sem minha permissão! Como assim? Nem falou comigo! Ela quis elevar seu prestígio sem nem mesmo pensar no mal que estava me causando: pisando na minha moral. Porém, esse comportamento de autoridade defasada é comum nesse meio educacional. 
            Na mesma ocasião, um pouco antes, os colegas do mesmo nível de funcionalidade que o meu, enciumados, não suportaram me ver feliz por estar movimentando a unidade escolar, então foram eficientemente motivadores desse quadro, quase pressionando a coordenadora a zelar pela sua reputação, fazenda-a retomar as rédeas, e que ela exigisse de mim não permitir os meus alunos apresentarem fora do horário, isto é, saírem de suas aulas para formarem os grupos de apresentação em minha aula (Não tenho culpa se eles valorizaram mais uma avaliação participativa do que a aula comum deles). Agora farão o quê? Como me apagarão, se daqui por diante, vou dar só prova escrita, individual e sem consulta, para me encaixar na tal semana de prova que eles gostam tanto? Mas, por que ninguém vem me pedir autorização para deixar meus alunos se ausentarem de minhas aulas e irem ao passeio promovido pela professora de matemática? Quando percebo, minha classe de sexta-feira está com pouquíssimos alunos, foram a um passeio. Passeios dão prestígios a quem? E a professora de Educação Física passa o bimestre todo tirando alundo de minhas aulas para jogar, forçando-me a aplicar prova depois dos outros, só nota boa, pois já pescaram as respostas. 
               Quando um funcionário de cargo superior, em busca de mais prestígio, contradiz as ordens de um inferior para se mostrar a terceiros é concorrência desleal.  Pior ainda, é a coordenadora pedagógica exigir que os professores executem o combinado e depois se comportar como político que compra voto, suplantando e dificultando a autoridade do professor que é quebrada, com concessões no cronograma para mostrar ao aluno que ela pode mais.
           Entretanto, por que eu quero sair da rotina e inovar minhas aulas? O prestígio me interessa também! Agora compreendo que o melhor da escola está na acirrada luta por prestígio. Os alunos nos põem para brigar, porque também se favorecem no vácuo da sanidade que se foi no "vale-tudo" em busca da tal confirmação. Eu preciso me autoafirmar; a coordenadora também. No entanto precisamos mais, e ainda mais... Quem é menos competente, tem consciência disso! Uns quando não podem conquistar com lealdade, furtam o tal valor social, "puxando o tapete", é isso: desbancar um na presença dos outros para se rirem dele.
Claudeko Ferreira
Enviado por Claudeko Ferreira em 12/09/2013
Reeditado em 11/01/2014
Código do texto: T4479242
Classificação de conteúdo: seguro

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sábado, 4 de janeiro de 2014

"VAI COMENDO RAIMUNDO" (e “o salário óhhh”!)


Crônica

"VAI COMENDO RAIMUNDO" (e “o salário óhhh”!)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Em meio à rotina escolar, um aluno me chama de pai. Todos os dias, sem falta, ele insiste em me pedir a bênção. Seus pais verdadeiros não se incomodam, nem eu. Afinal, a escola é o seu segundo lar, e eu, por consequência, me torno seu segundo pai. O professor de matemática, por sua vez, torna-se um de seus tios. Não porque compartilhamos o mesmo sangue, mas porque ele também é professor dele. Em alguns momentos, sinto-me honrado, e acredito que o aluno também.

A professora de geografia, por outro lado, não é a favorita dele. No entanto, outros alunos a consideram a mais bela de todas as trabalhadoras ali: pequena e delicada, mas feroz quando necessário. Ela se faz grande diante de sua classe. Certamente, ela não tem inimigos ali, mas os acidentes têm sido uma constante, destacando a dureza da profissão. Uma vez, um aluno acidentalmente atingiu seu rosto, causando-lhe um olho inchado. Em outra ocasião, durante as brincadeiras do recreio, uma borracha foi lançada com tanta força que atingiu sua perna direita, fazendo-a encerrar sua tarde letiva naquele momento.

Por vezes, me pergunto quem é o santo padroeiro dos professores. Deve ser um santo tão desequilibrado e descuidado quanto eu, padrinho da turma do nono ano "B". Eles se vingam de si mesmos por tabela: um suicídio ideológico. Penalizam seus professores como se fosse um esporte, fazendo-nos sofrer em suas "abençoadas" garras. Até os momentos bons são frutos do cansaço daqueles que nunca nos dão trégua. Estamos tão desacostumados de boas e sadias relações, que até elogios da parte deles, vemos como tentativas de nos enganar! Então, no trabalho, andamos e falamos como quem pisa em ovos; é impossível não quebrá-los.

Eles, os intermediadores do conhecimento, querem aprender através de métodos que eles mesmos escolheram! E assim vai: "vai comendo Raimundo", como dizia o personagem do finado Chico Anysio, na Escolinha do professor Raimundo. E o salário, óhhh! E "vai comendo..." só no sentido figurado, pois o lanche da escola é só para os alunos; os professores, se tocarem, são considerados transgressores. Nesse particular, os alunos não precisam de exemplo e continuarão jogando arroz nos colegas.

No final das contas, somos todos parte de uma grande família disfuncional, aprendendo e ensinando uns aos outros, tropeçando e levantando, rindo e chorando. E, apesar de tudo, não trocaria essa experiência por nada. Pois, no final do dia, somos todos professores e alunos, aprendendo as lições mais importantes da vida: resiliência, empatia e, acima de tudo, amor.

sábado, 28 de dezembro de 2013

TESTE PARA DETECTAR INIMIGOS("Se meus inimigos pararem de dizer mentiras a meu respeito, eu paro de dizer verdades a respeito deles." — Adlai Stevenson)


Crônica

TESTE PARA DETECTAR INIMIGOS("Se meus inimigos pararem de dizer mentiras a meu respeito, eu paro de dizer verdades a respeito deles." — Adlai Stevenson)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

             Nossos inimigos acompanham nossos amigos, eles, oportunistas, se valem da aproximação dos que confiamos, e assim, nos acompanham indiretamente. Acenemos a quem amamos, e todos virão! Uns para nos apreciar e os outros para nos condenar. Por isso, digo: amigos dos meus inimigos são meus inimigos também. Napoleão Bonaparte disse: "Nunca interrompas o teu inimigo enquanto estiver a cometer um erro". Eis aí, o porquê, não denuncio ninguém, já disse o Luiz Augusto Pampinha: "Denúncia anônima pode ser vingança, traição ou coisa de bandido". Então, deixo a natureza e o destino administrarem as suas consequências, sendo a aplicação de meu desejo também sobre quem me ofende, por isso sei quais são meus inimigos: aqueles sofredores mais do que eu e me contaminam com seus sofrimentos.
          Também sei quem são meus inimigos porque sentem inveja de mim, quando estou feliz, e não podendo ser eu, imitam-me; às vezes me bajulam, e até tentam me manipular, dizendo coisas que nem sou, depois sorri para mim como se nada tivesse acontecendo! Exploram minhas fraquezas, atribuem ao meu profissionalismo todas suas deficiências e exigem minha perfeição.
           Meus inimigos jogam outros contra mim e por vezes se calam diante de meus apelos corporativistas. Quando me canso, obedeço o dito popular: "não podendo com o inimigo una-se a ele". É dessa forma: Meus inimigos se unem a mim contra nossos inimigos comuns. Só assim me dão trégua. — “O ótimo é inimigo do bom” (Adágio popular). Se temos alguém para odiarmos em comum, então somos irmãos! Porém, eles estão unido no silêncio para ler meus textos e  me leem mais, procurando falhas a fim de me condenar, não achando gancho, fingem nunca ler minha crônicas, se valendo do orgulho como superioridade.
Claudeko Ferreira
Enviado por Claudeko Ferreira em 15/08/2013
Reeditado em 28/12/2013
Código do texto: T4435950
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