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sexta-feira, 15 de março de 2024

ANTIFARISEU — Ensaio Teológico IV(20) **Os Olhos da Visão Clara e o Coração Singular: Uma Análise Crítica**

 



Ensaio

ANTIFARISEU — Ensaio Teológico IV(20) **Os Olhos da Visão Clara e o Coração Singular: Uma Análise Crítica**

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A busca pela sabedoria, conforme proposto na Bíblia, é um tema que requer uma análise cuidadosa no contexto contemporâneo. A ideia de direcionar os olhos e o coração exclusivamente para a sabedoria, como sugerido em Provérbios 4:25-27, pode ser desafiadora em uma sociedade diversificada e dinâmica. A fixação excessiva em um único objetivo pode levar à negligência de outras áreas importantes da vida.

O renomado psicólogo Daniel Kahneman argumenta que a visão mental deve levar em consideração a influência de fatores emocionais e racionais, evitando uma abordagem excessivamente simplista. Essa perspectiva ecoa o ensinamento bíblico em Provérbios 14:15: "O simples dá crédito a tudo, mas o prudente atenta para os seus passos."

A necessidade de equilíbrio entre diversos objetivos é reconhecida na visão contemporânea. Por exemplo, a sabedoria financeira não deve ser negligenciada em favor de servir exclusivamente a Deus, como sugerido em Mateus 6:22-24. Uma abordagem moderna enfatiza a importância de gerir bem os recursos financeiros para alcançar estabilidade e, consequentemente, ter mais para contribuir para causas nobres.

Além disso, a metáfora do coração como sede dos afetos pode ser interpretada de maneira mais inclusiva. Em vez de buscar uma única paixão, uma abordagem mais contemporânea sugere que a diversidade de interesses e amores pode enriquecer a experiência humana, como afirmou o filósofo grego Aristóteles: "O homem é um ser social por natureza, e o homem que vive em isolamento é ou um deus ou uma besta."

Portanto, ao analisar a proposta de Salomão à luz de perspectivas mais abrangentes, percebemos que a busca pela sabedoria não precisa implicar na exclusão de outras dimensões importantes da vida. Ao reconhecer a complexidade das escolhas humanas, podemos adotar uma visão mais flexível e equilibrada, mantendo os olhos abertos para as diversas oportunidades que a vida oferece e permitindo que o coração abrace uma gama variada de experiências.

quinta-feira, 14 de março de 2024

ANTIFARISEU — Ensaio Teológico IV(19) “Racionalidade e Progresso: Uma Revisão Crítica da Decadência Moral Percebida”

 


ANTIFARISEU — Ensaio Teológico IV(19) “Racionalidade e Progresso: Uma Revisão Crítica da Decadência Moral Percebida”

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O ensaio a seguir aborda a visão pessimista de alguns fanáticos sobre a decadência moral da raça humana, oferecendo uma perspectiva alternativa baseada na racionalidade e no progresso humano.

Os fanáticos enfatizam a suposta decadência moral da humanidade, apoiando-se em interpretações bíblicas e referências a autores renomados. No entanto, essa visão pode ser contestada através de uma análise crítica e lógica. Como disse o filósofo Immanuel Kant, "O esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado".

A racionalidade humana e a busca pelo conhecimento são elementos fundamentais para entender a sociedade contemporânea. Em vez de recorrer a passagens bíblicas, podemos citar pensadores modernos e dados empíricos. Carl Sagan, um renomado cientista, afirmou: "A ciência é uma maneira de pensar muito mais do que um corpo de conhecimento". Essa perspectiva destaca a importância do pensamento crítico e do método científico.

A ideia de que a humanidade está em declínio pode ser questionada ao considerar os avanços sociais, científicos e tecnológicos. Dados sobre a redução da pobreza, avanços na medicina e aumento da expectativa de vida contrapõem a visão pessimista desses alarmistas.

Por fim, em vez de focar na dualidade entre "os eleitos" e os demais, devemos promover uma visão mais inclusiva e pluralista, reconhecendo a diversidade de perspectivas e experiências que enriquecem a sociedade. Como disse o apóstolo Paulo em Gálatas 3:28, "Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus".

quarta-feira, 13 de março de 2024

ANTIFARISEU — Ensaio Teológico IV(18) "Uma Análise Crítica da Cegueira Espiritual”

 


ANTIFARISEU — Ensaio Teológico IV(18) "Uma Análise Crítica da Cegueira Espiritual”

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Ao analisar as crenças fornecidas pelas igrejas, é possível identificar uma perspectiva que atribui a Deus a responsabilidade por cegar os homens que rejeitam a verdade. Como Paulo escreveu em 2 Coríntios 4:4, "O deus desta era cegou o entendimento dos descrentes, para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo". No entanto, uma abordagem mais crítica e analítica revela aspectos problemáticos nessa visão.

Ao invés de aceitar passivamente a afirmação de que Deus cega os corações dos descrentes, é válido questionar essa concepção. Como o filósofo Sócrates afirmou, "Uma vida sem questionamentos não vale a pena ser vivida". Em vez de recorrer a referências bíblicas tradicionais, como no caso do Faraó, que supostamente teve seu coração endurecido pelo Senhor, é possível apresentar uma perspectiva mais contemporânea.

Por exemplo, podemos considerar a influência de fatores sociais, psicológicos e culturais na formação das crenças das pessoas. A compreensão da fé e da busca pela verdade pode ser analisada à luz de elementos mais abrangentes do conhecimento humano, como a psicologia e a sociologia. Dessa forma, a ideia de que Deus cega as mentes pode ser reinterpretada como um reflexo das dinâmicas sociais e psicológicas complexas que moldam as convicções individuais.

Além disso, em vez de se concentrar na dicotomia entre justos e ímpios, é produtivo explorar a diversidade de perspectivas dentro do espectro humano. A metáfora do farol que brilha apenas para os justos pode ser desconstruída para reconhecer que a busca pela verdade não é exclusividade de um grupo seleto. Pode-se argumentar que a luz da compreensão está disponível para todos, independentemente de sua posição moral percebida.

Ao refletir sobre o papel da educação e do intelecto na compreensão da verdade, é possível destacar que a busca pelo conhecimento não é incompatível com a fé. Em vez de desencorajar o intelecto, a abordagem crítica valoriza a harmonia entre a busca pela verdade e a compreensão racional.

Em resumo, ao reconsiderar a ideia de que Deus cega os descrentes, podemos adotar uma abordagem mais contemporânea, que leve em consideração fatores sociais, psicológicos e culturais. Essa análise crítica proporciona uma compreensão mais ampla da dinâmica da busca pela verdade, reconhecendo a diversidade de perspectivas e a importância do intelecto na jornada do conhecimento.

terça-feira, 12 de março de 2024

ANTIFARISEU — Ensaio Teológico IV(17) "A complexidade da moralidade"

 


ANTIFARISEU — Ensaio Teológico IV(17) "A complexidade da moralidade"

Por Claudeci Ferreira de Andrade

No complexo universo da moralidade, a visão simplista de que algumas pessoas se alimentam da maldade, como se fosse sua dieta, pode ser questionada. A Bíblia nos diz: "Porque do coração procedem maus pensamentos, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias" (Mateus 15:19). No entanto, em uma sociedade contemporânea, é essencial adotar uma compreensão mais empática da natureza humana.

A filosofia nos ensina a considerar as influências sociais, econômicas e psicológicas no comportamento humano. Como Albert Einstein disse: "Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana; e não estou seguro sobre o universo" . Em vez de rotular indivíduos como malévolos, devemos considerar essas influências.

A metáfora bíblica que compara a maldade ao ato de comer pão pode ser reinterpretada para destacar a influência do ambiente e das experiências de vida na formação do caráter humano. Como disse o filósofo Abhijit Naskar: "Não há religião melhor que o amor, nenhuma cor melhor que a cor da felicidade e nenhuma linguagem melhor que a linguagem da compaixão".

Em vez de preconizar a exclusão total de indivíduos considerados "ímpios", devemos promover a compreensão e o diálogo. A orientação para "ficar longe dessas pessoas" reflete uma postura intolerante e limitada. Em uma sociedade diversificada, é essencial buscar o entendimento mútuo e buscar soluções que promovam a coexistência pacífica.

Em última análise, a abordagem crítica e analítica nos permite desafiar concepções ultrapassadas e buscar um entendimento mais profundo da natureza humana. O progresso social e moral exige uma abordagem mais complexa e compassiva, afastando-nos de visões simplistas e rígidas sobre o bem e o mal. Como disse Anatole France: "É da natureza humana pensar sabiamente e agir de forma tola".

domingo, 10 de março de 2024

ANTIFARISEU — Ensaio Teológico IV(16) "A influência dos relacionamentos e a necessidade de uma abordagem mais empática e compreensiva"

 


ANTIFARISEU — Ensaio Teológico IV(16) "A influência dos relacionamentos e a necessidade de uma abordagem mais empática e compreensiva"

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A Bíblia adverte sobre a influência negativa de amigos maus, destacando a oposição entre os justos e os ímpios (1 Coríntios 15:33). No entanto, uma perspectiva mais atualizada e lógica pode ser adotada para abordar essa questão. Como disse o filósofo grego Aristóteles, "o homem é um animal social", indicando a importância das relações interpessoais.

Classificar amigos como bons ou maus pode ser redutivo. Em vez de afirmar categoricamente a oposição entre justos e ímpios, é mais produtivo reconhecer a diversidade humana e a possibilidade de crescimento e mudança. Como mencionado em Romanos 3:23, todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus, indicando que as pessoas podem cometer erros, mas isso não as define permanentemente como ímpias.

Substituindo a ênfase na dicotomia entre luz e trevas, podemos adotar uma abordagem mais empática e compreensiva, reconhecendo que todos têm suas lutas e desafios (Gálatas 6:2). Em vez de condenar, podemos buscar entender e apoiar, promovendo um ambiente de crescimento e aprendizado mútuo.

Em conclusão, é essencial adotar uma abordagem mais nuanceada e empática ao avaliar relacionamentos e influências, reconhecendo a complexidade da natureza humana e evitando generalizações simplistas. Como o filósofo francês Voltaire disse: "Apreciar todas as nuances é o sinal de um espírito verdadeiramente livre".

sábado, 9 de março de 2024

**Crônica de uma Escola Desarmada** ("Uma escola sem armas é um convite para pessoas ruins" — Donald Trump)

 


**Crônica de uma Escola Desarmada** ("Uma escola sem armas é um convite para pessoas ruins" — Donald Trump)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Era um dia comum na escola, um lugar que deveria ser um santuário de aprendizado, mas que se tornou um campo de batalha. Eu, um simples professor, me vi no meio de um conflito que nunca imaginei presenciar.

A coordenadora entrou na sala dos professores, pisando duro, arrastando atrás de si um aluno resmungão. Ela o sentou e anunciou, com uma voz firme e decidida: — "Você está suspenso das aulas por dois dias. Preciso falar com sua mãe."

Sem perder tempo, o aluno sacou seu celular e ligou para a mãe, ordenando que ela viesse à escola imediatamente. Ele então aproximou o seu telefone da coordenadora, mas com uma condição: — "Fale aqui, mas não toque no meu celular."

A coordenadora, agora em desvantagem, tentava explicar à mãe dele, através do telefone, sobre o comportamento inaceitável do filho. Em um dado momento, ele a interrompeu, desmentindo o relatório da professora denunciante e a xingou de mentirosa, doida, entre outros insultos. A coordenadora, sem outra opção, aumentou a suspensão para quatro dias.

Eu, um mero espectador, permaneci ali, atento a tudo. Em caso de justiça, eu seria uma testemunha. A situação estava tensa, mas de certa forma, interessante. Eu estava curioso para ver a chegada da mãe e o desenrolar dos acontecimentos.

Cerca de dez minutos depois, a mãe chegou. A situação se agravou, agora eram dois contra um. O aluno e a mãe, unidos, desafiavam a autoridade da coordenadora. Eu, um mero cronista, me vi incapaz de descrever as sensações e motivações de tanto desrespeito em tão pouco tempo.

No final do embate, a coordenadora estendeu o atestado de suspensão para a mãe assinar. O aluno gritou: — "Não assina, mãe!" Eles trocaram mais algumas palavras de humilhação e saíram, prometendo que não ficaria assim...

Aquele rapaz era um dos meus piores alunos do ano passado e se dizia crente. Aliás, ele foi mandado de volta à sala de aula. Não deu nada, como eles costumam dizer. E eu estava ali, naquela escola, no meio de tudo isso, pensei em voz alta: Quem está realmente seguro em um lugar onde as regras são mudadas pela conveniêcia (para os professores não apanharem dos alunos)? E cada dia que passa sentimos a necessidade de uma arma de fogo para defesa pessoal!

Depois, ainda na sala do pós-guerra, as funcionárias da limpeza começaram a limpá-la. A coordenadora, visivelmente abatida e envergonhada, me mostrou as mãos pálidas e trêmulas. Ela disse: — "Isso é para você ver o que a gente passa aqui. Os professores têm que nos ajudar, fazendo relatório!" Naquele momento, me senti culpado e massacrado novamente: — "Quantos relatórios são necessários?"

A escola não precisava ser assim. O que fez a sociedade perder a fé no ensino público? Por que ninguém tem mais o respeito devido às "autoridades" da escola? O referido aluno voltou à sala de aula e continuará com o mesmo comportamento! A coordenadora e os professores, cientes do ocorrido, terão medo de tomar qualquer medida disciplinar contra ele, evitando tamanho desgaste físico, mental e moral de todos os dias, ou pior...

Esta é a realidade de muitas escolas hoje em dia. Uma realidade que precisa mudar. A educação é a base de nossa sociedade, e se não cuidarmos dela, estaremos comprometendo nosso futuro. É hora de agir, de mudar, de fazer a diferença. Porque no final, somos todos responsáveis pela educação de nossas crianças. E isso começa com o respeito.

sexta-feira, 8 de março de 2024

ANTIFARISEU — Ensaio Teológico IV(15) "Amizades Mundanas e a Autenticidade"

 


ANTIFARISEU — Ensaio Teológico IV(15) "Amizades Mundanas e a Autenticidade"

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A religião cristã, de fato, preconiza uma postura cautelosa em relação às amizades, como é evidenciado em 1 Coríntios 15:33: "Não se enganem: 'As más companhias corrompem os bons costumes'". No entanto, a contemporaneidade nos convida a uma reflexão mais ampla sobre essa questão.

A ideia de contaminação por amizades mundanas, embora presente na Bíblia, pode ser questionada à luz da filosofia de Immanuel Kant, que defende a autonomia moral do indivíduo. Segundo Kant, somos capazes de discernir e escolher o bem, independentemente das influências externas.

Em vez de evitar completamente as influências mundanas, podemos buscar um equilíbrio, como sugerido por Aristóteles em sua doutrina do "Justo Meio". A tolerância e o diálogo, valores fundamentais em uma sociedade diversificada, podem nos permitir conviver com diferentes crenças e origens sem comprometer nossos princípios.

A metáfora da porta estreita, mencionada em Mateus 7:13-14, pode ser reinterpretada como um convite à autenticidade e à busca por relacionamentos verdadeiros. Como disse Søren Kierkegaard, filósofo e teólogo, "O mais importante na vida é ser autêntico".

Portanto, embora a Bíblia e a tradição cristã enfatizem a cautela em relação às amizades mundanas, é possível adotar uma postura mais equilibrada e aberta, valorizando a diversidade e a autenticidade em nossos relacionamentos. Como Paulo escreveu em 1 Tessalonicenses 5:21: "Examinem tudo. Retenham o bem".