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sábado, 1 de junho de 2013

MINHA MAIOR LIÇÃO ("Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar."- Esopo)


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MINHA MAIOR LIÇÃO ("Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar."- Esopo)

          Sobre já ter experienciado e provado tudo no professorado, ainda me faltava a maior lição de convivência escolar! Dessa vez, eu lia a lista dos alunos em recuperação, nunca mais que 10% daqueles do 8º ano "A". Uns se condoeram pelos os outros e se uniram ao massacre. Assim, eu nem soube como classificar quem era mais grosseiro, eram apenas adolescentes, eu sabia, mas com despudor de adulto. "Uma monstruosa aberração faz com que os homens acreditem que a linguagem nasceu para facilitar as suas relações mútuas." (Michel Leiris). Xingaram-me, desacataram-me, usando toda forma de desrespeito oral. Porém, do meio dos escombros, surgiu uma luz, dizendo-me: você cometeu o pecado da tagarelice: Um garoto, separado dos acéfalos, tinha mais uma lição de vida para mim. Então, ele se aproximou sutilmente, trazendo-me um pedaço de papel em sua mão: — "veja o que escrevi, professor, isso é de minha autoria! E leu: — "Os sábios respondem aos tolos é com o silêncio e não com tolices". Reli com cuidado e atenção, e aquelas palavras emudeceram-me imediatamente, jamais vieram de um aluno, mas de um “anjo amigo”. Pois, dei-me conta do fato de eu está fazendo o papel de um deles, tentando gritar da mesma altura. Logo eu, estudante da Bíblia, sabedor do provérbio 26: 4,5: "Quem leva a sério os tolos é tão tolo quanto eles". Tendo agora de engoli a seco. Tentei estrebuchar, retrucando àquela mente amiga, tentando de alguma forma me mostrar forte: — Os sábios de jeito nenhum podem ficar em silêncio, senão quem irá ensinar os tolos? Todavia, estava sem alento!
          Então, prossegui encaminhando os trabalhos de recuperação ali. Naquela mesma aula, já no final, quando eu disse que precisava faltar às aulas da sexta-feira, pois precisava de cuidados médicos; ouvi o brado de dois ou três, de boca toda, clamando com os olhos e os braços voltados para cima: "Graças a Deus!" Por isso, não creio no Deus dos evangélicos fanáticos, porque eles usam seu nome em vão impunemente. O que o Deus verdadeiro fará por mim!? Pelo menos, já enviou um anjo real, ajudando-me a voltar ao nível de professor. Como eu posso acreditar no Deus daqueles rebeldes sem escrúpulo, se este tipo de crente me odeia tanto?
          No dia seguinte, duas mães de alunas, dessa mesma sala, amigas entre si, procuraram-me, acusando de desrespeito às suas filhas, dizendo palavras feias, na verdade elas queriam me intimidar, fechando as portas da reprovação delas. Ora, eu respeito muito meus alunos, jamais xinguei aluno algum — defendi-me somente. Entretanto, depois, tudo foi desvendado, uma delas tinha espalhado fofoca, dizendo: — "se alguém quiser 'passar de ano' é só trazer a mãe à escola e elaborar umas ameaças; dará certo". E eu também acho isso funcional, fiquei de cara a cara com a gestora e as mães em questão, e minha conquista foi assinar um relatório de advertência contra mim. Por isso, estou me esforçando para nunca mais ter de passar por tais situações constrangedoras novamente. Isso significa facilitar a vida do aluno, ou seja, de nenhuma maneira incomodá-lo, desferindo-lhe ameaça de reprovação. E eles riem de mim. "Quem  ri por último, ri melhor". Esse ditado está atrasado, já que não viverei o suficiente para vê-los chorar. Agora só rio para não chorar. Oxalá eu pudesse chorar sem eles rirem de mim.
Claudeko Ferreira
Enviado por Claudeko Ferreira em 03/12/2012
Reeditado em 01/06/2013
Código do texto: T4018209
Classificação de conteúdo: seguro

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