

AMOR RELIGIOSO ("Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar." — Carl Sagan)
Sempre me intrigou o entusiasmo com que certos pregadores oferecem o paraíso, como se portassem as próprias chaves do reino celestial. A promessa de um lugar sem dor e sofrimento soa, no mínimo, paradoxal quando confrontada com a realidade da vida daqueles que a propagam. Seria impensável, afinal, imaginar um grande evangelista alheio às alegrias edênicas, não é? Contudo, a verdadeira ironia está na amargura que recai sobre os que depositam fé cega nessas promessas. Quando a ilusão se desfaz, o choque com a realidade transforma-se em um abismo de desilusão — um inferno muito mais tangível que o céu prometido. Paradoxalmente, encontro algum consolo nessa constatação: a certeza de que meu destino, seja ele qual for, não se cruzará com o daqueles que me assombraram com seus sermões.
Lembro-me com clareza do período em que as maldições lançadas contra mim me afastaram da igreja. A pressão era sufocante, a ponto de me fazer duvidar das próprias convicções. Um simples ato — a sonegação do dízimo — foi suficiente para desencadear uma enxurrada de pragas verbais, que evocavam imagens de um “gafanhoto devorador” pronto para consumir minha lavoura, meus bens e minha paz. Por um breve momento, o medo me dominou. Mas, com o tempo, percebi que a vida, mesmo longe de ser um mar de rosas, seguia adiante. Persisti. E só o fato de ter sobrevivido o suficiente para testemunhar o fim de muitos dos que me amaldiçoaram já me parece uma vitória.
Se a igreja não detém o poder de curar, tampouco tem o dom de infligir sofrimento por meio de pragas. Caso contrário, os próprios líderes religiosos já teriam sucumbido em suas disputas mesquinhas por poder, fiéis e reconhecimento.
Minha jornada tem sido árdua, especialmente no cenário implacável do sistema educacional em que atuo. Alguns poderiam atribuir minhas dificuldades ao cumprimento das maldições proferidas pelos fanáticos, mas acredito que elas têm mais a ver com as perseguições de colegas de trabalho, alunos e seus pais. Essas dificuldades, longe de qualquer intervenção divina, refletem a dureza do ambiente em que vivo.
Recentemente, ao demonstrar interesse por uma colega de trabalho, tornei-me alvo de fofocas e intrigas orquestradas por outras funcionárias fervorosas em seus dogmas. Tentaram afastá-la de mim, espalhando boatos e difamações. Seria essa a manifestação do “bicho devorador de minha lavoura”, como anunciavam aqueles fervorosos discordantes? Prefiro crer no provérbio português: “o que é do homem o bicho não come.” Se não há força divina controlando meu destino, tampouco há espaço para que artimanhas humanas o destruam.
Hoje, compreendo que os verdadeiros “bichos devoradores” não são forças invisíveis ou sobrenaturais, mas sim aqueles que, em nome de uma fé cega, perseguem e maltratam os que ousam divergir. Oxalá a natureza, com sua sabedoria implacável, cuide de restaurar o equilíbrio, até mesmo entre os líderes que se alimentam dessa intolerância. Afinal, sou parte da natureza, e nela encontro força para resistir.
Essa experiência me ensinou que a fé, quando usada como arma de opressão, transforma-se em algo destrutivo, capaz de ferir profundamente. No entanto, a vida, em sua simplicidade resiliente, sempre nos conduz a verdades mais autênticas. E é nelas que encontro sentido: na experiência vivida, na resistência diante do adverso e na busca constante por um caminho genuíno, livre de dogmas e ameaças.
Como um bom professor de sociologia do Ensino Médio, preparei 5 questões discursivas no formato de pergunta simples sobre os temas principais do texto:
1. Qual a principal crítica do narrador em relação à forma como alguns pregadores oferecem o paraíso?
2. De que maneira a experiência de sonegar o dízimo e as reações que se seguiram impactaram a relação do narrador com a igreja?
3. Como o narrador interpreta as dificuldades que enfrenta em seu trabalho no sistema educacional?
4. Qual a relação entre as fofocas e intrigas que o narrador sofreu e a metáfora do "bicho devorador de sua lavoura"?
5. Qual a principal conclusão do narrador sobre a fé e como essa conclusão se relaciona com sua experiência pessoal?
Sempre me intrigou o entusiasmo com que certos pregadores oferecem o paraíso, como se portassem as próprias chaves do reino celestial. A promessa de um lugar sem dor e sofrimento soa, no mínimo, paradoxal quando confrontada com a realidade da vida daqueles que a propagam. Seria impensável, afinal, imaginar um grande evangelista alheio às alegrias edênicas, não é? Contudo, a verdadeira ironia está na amargura que recai sobre os que depositam fé cega nessas promessas. Quando a ilusão se desfaz, o choque com a realidade transforma-se em um abismo de desilusão — um inferno muito mais tangível que o céu prometido. Paradoxalmente, encontro algum consolo nessa constatação: a certeza de que meu destino, seja ele qual for, não se cruzará com o daqueles que me assombraram com seus sermões.
Lembro-me com clareza do período em que as maldições lançadas contra mim me afastaram da igreja. A pressão era sufocante, a ponto de me fazer duvidar das próprias convicções. Um simples ato — a sonegação do dízimo — foi suficiente para desencadear uma enxurrada de pragas verbais, que evocavam imagens de um “gafanhoto devorador” pronto para consumir minha lavoura, meus bens e minha paz. Por um breve momento, o medo me dominou. Mas, com o tempo, percebi que a vida, mesmo longe de ser um mar de rosas, seguia adiante. Persisti. E só o fato de ter sobrevivido o suficiente para testemunhar o fim de muitos dos que me amaldiçoaram já me parece uma vitória.
Se a igreja não detém o poder de curar, tampouco tem o dom de infligir sofrimento por meio de pragas. Caso contrário, os próprios líderes religiosos já teriam sucumbido em suas disputas mesquinhas por poder, fiéis e reconhecimento.
Minha jornada tem sido árdua, especialmente no cenário implacável do sistema educacional em que atuo. Alguns poderiam atribuir minhas dificuldades ao cumprimento das maldições proferidas pelos fanáticos, mas acredito que elas têm mais a ver com as perseguições de colegas de trabalho, alunos e seus pais. Essas dificuldades, longe de qualquer intervenção divina, refletem a dureza do ambiente em que vivo.
Recentemente, ao demonstrar interesse por uma colega de trabalho, tornei-me alvo de fofocas e intrigas orquestradas por outras funcionárias fervorosas em seus dogmas. Tentaram afastá-la de mim, espalhando boatos e difamações. Seria essa a manifestação do “bicho devorador de minha lavoura”, como anunciavam aqueles fervorosos discordantes? Prefiro crer no provérbio português: “o que é do homem o bicho não come.” Se não há força divina controlando meu destino, tampouco há espaço para que artimanhas humanas o destruam.
Hoje, compreendo que os verdadeiros “bichos devoradores” não são forças invisíveis ou sobrenaturais, mas sim aqueles que, em nome de uma fé cega, perseguem e maltratam os que ousam divergir. Oxalá a natureza, com sua sabedoria implacável, cuide de restaurar o equilíbrio, até mesmo entre os líderes que se alimentam dessa intolerância. Afinal, sou parte da natureza, e nela encontro força para resistir.
Essa experiência me ensinou que a fé, quando usada como arma de opressão, transforma-se em algo destrutivo, capaz de ferir profundamente. No entanto, a vida, em sua simplicidade resiliente, sempre nos conduz a verdades mais autênticas. E é nelas que encontro sentido: na experiência vivida, na resistência diante do adverso e na busca constante por um caminho genuíno, livre de dogmas e ameaças.
Como um bom professor de sociologia do Ensino Médio, preparei 5 questões discursivas no formato de pergunta simples sobre os temas principais do texto:
1. Qual a principal crítica do narrador em relação à forma como alguns pregadores oferecem o paraíso?
2. De que maneira a experiência de sonegar o dízimo e as reações que se seguiram impactaram a relação do narrador com a igreja?
3. Como o narrador interpreta as dificuldades que enfrenta em seu trabalho no sistema educacional?
4. Qual a relação entre as fofocas e intrigas que o narrador sofreu e a metáfora do "bicho devorador de sua lavoura"?
5. Qual a principal conclusão do narrador sobre a fé e como essa conclusão se relaciona com sua experiência pessoal?
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