"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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terça-feira, 4 de outubro de 2016

ABAIXO AS HORAS EXTRAS FORÇADAS (Isso não entrou na reforma do Ensino Médio. )

       
 
Crônica

ABAIXO AS HORAS EXTRAS FORÇADAS (Isso não entrou na reforma do Ensino Médio. )

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Nesta minha profissão, entra semana e sai semana, e a rotina me consome depressa, ainda ouso chamá-la missão, sacerdócio ou educação. E meus chefes, que me cobram serviço, coerentes ou não com o objetivo geral, chamam-me de colega! Já estive melhor em outras reflexões, porém nesta, estou cansado demais para pensar, andando à caranguejo, olhando para trás e achando tudo normal. Inclusive explico por que esta semana foi mais cansativa. Imagina ir dormir às três da madrugada, em dois dias úteis, digitando notas de aluno como uma obrigação do trabalho na escola, não bastava ser uma nota bimestral, mas teria de registrar as quatros colunas para o aplicativo fazer a média aritmética. Experiência insana, se o uso da produção não é urgente, ainda não chegou o quarto bimestre. Mas, minha colega que é coordenadora de muitos anos cobra-me o fechamento em uma data rígida sob ameaça de me relatar ao diretor, e a cobrança é sem escrúpulo à vista de todos: "você ainda não lançou as notas!" E os outros colegas ficam felizes por não ser assim com eles: foram pontuais, anteciparam suas insônias. Porém, podia ser com qualquer um, se estivessem em meu lugar, que preciso trabalhar em duas escolas.
           Preencher diário de classe com várias colunas de nota para justificar um bom trabalho, é trabalho não criativo, diga-se de passagem atrofia-nos! Por isso me chamam de preguiçoso! Não priorizo, ainda porque o final do ano está longe. Mesmo assim, estou sem nenhuma condição de estabelecer conversa que fortaleça algum dos laços respeitáveis, podendo apenas aumentar as diferenças, este é meu aperfeiçoamento: retração que se parece com resiliência. Ouvir o outro neste momento não será um aprendizado, estou incapaz de compreender as expectativas do contexto, tomado por raiva. Assim, se faz um homem na linha de montagem.
           A outra parte é boa: o preparo das aulas. Eu aprendo muito, refresco minha memória e treino minhas habilidades. Apenas reclamo de ter aulas bem preparadas e mal conduzidas, pois dependo do público alvo, não selecionado por mim. E eu também não fui selecionado por ele.  Isso não entrou na reforma do Ensino Médio. O que diria Arthur Schopenhauer sobre receptividade dos doutores lecionando em salas de aulas do Ensino Fundamental e Médio do atual sistema educacional? Baseando-me em sua frase: "Uma pessoa de raros dons intelectuais, obrigada a fazer um trabalho apenas útil, é como um jarro valioso, com as mais lindas pinturas, usado como pote de cozinha." Eu diria que falta motivação para a boa formação continuada.
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 01/10/2016
Reeditado em 04/10/2016
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sábado, 10 de setembro de 2016

A ESCOLA MAQUIAVÉLICA ( "Usar a inversão de valores para conseguir o que se quer sempre será uma estratégia maquiavélica e ardilosa." — Edson Caserna



Crônica

A ESCOLA MAQUIAVÉLICA ( "Usar a inversão de valores para conseguir o que se quer, sempre será uma estratégia maquiavélica e ardilosa." — Edson Caserna)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

         O que pretende o sistema educacional com a sua frouxidão de prática e de propósitos, maquiando com tópicos da democracia:  "Por fora, bela viola; por dentro, pão bolorento " — Pitty. E adotam a cartilha de Maquiavel (Educador de príncipe - "Os fins justificam os meios" é uma famosa frase significando que qualquer iniciativa é válida, quando o objetivo é conquistar algo importante.). Percebo, na atual conjuntura, o porquê da inversão de valores: o aluno é colocado como o centro de tudo no sistema educacional, enquanto deveria ser os saberes. "[...] Cuidado com aquele para o qual você dá poder, pois a criatura pode voltar-se contra o criador e arruiná-lo" (Ercília Macedo-Eckel. Maquiavel, polêmico e atual:DM, OP 10/09/2016, pág. 17). 
           É exatamente isso que está acontecendo: o fim está equivocado, e mais gravemente, acontece na escola pública a supervalorização dos gráficos altos. Estão ensinando que os fins justificam os meios, a exemplo de não se importarem com a falta de qualidade, visando só a quantidade. Classes cheias de alunos "empoderados" sem o nível prerrequisito para a tal série. Produza o que produzir; o que der, deu! O problema está em focar no fim espúrio. Se as normas fossem empregadas, o medo do castigo faria com que boas ações fossem imediatamente estabelecidas. Quem dera fosse, os meios justificando os fins. As ações bem direcionadas por si só seriam a inspiração motivadora, os índices seriam alcançados automaticamente. A qualidade seria a preocupação primeira em cada passo dado no rumo certo. Gustave Flaubert disse: "O sucesso é uma consequência e não um objetivo".
          Falsos moralistas, aproveitadores do sistema, unicamente cuidando de afiar suas denúncias, porque sabem que dentro da folga democrática são ouvidos e levados a sério, embora o denuncismo ou "delação privilegiada" é um tipo de educação para a traição, mais ainda não deixou de ser geradora de revolta e motiva as pessoas a uma confusão e desatino, em relação ao fim nobre. É como disse Diógenes: "Entre os animais ferozes, o de mais perigosa mordedura é o delator; entre os animais domésticos, o adulador". A escola insiste em ensinar que cidadão é aquele que percebe criticamente sua realidade e denuncia as supostas mazelas. O líder democrático gosta de denúncias? Maquiavel diria que a crueldade do líder é necessária, a prática da justiça seria a única forma de piedade. Dentro da mesma escola estamos em guerra, pela luta de classe e pelo emprego. E em "tempo de guerra a crueldade torna-se indispensável". Não se trata adversários de guerra a pão-de-ló. Porém, a escola dá o melhor cardápio em lanche como se esse fosse o alvo principal! Não estou falando da violência crua e sem sentido que ocorre na escola entre alunos/professores, mas falo sim da batalha intelectual e ideológica para ocupar as vagas superiores e privilegiadas.
           Como um governo expande seu território? Josué, Calebe e o povo de Israel conquistaram a Canaã prometida com piedade e amor? Não. O que eles fizeram não produziu vínculos duradouros. Uma coisa é parecer cruel e outra coisa é ser de fato cruel. É preciso se cuidarem o gestor e os coordenadores, pois não devem nem se mostrar pessoalmente cruéis. Se faz necessário que toda crueldade política deve ser justificada, por causa das eleições para o próximo mandato. Porém devem ser firmes no compromisso com a verdade e honestidade. Já me disseram que aluno não é amigo de professor e o professor não deve ser amigo de aluno, mas deve reinar entre eles apenas uma amizade fundamentada totalmente no bom interesse recíproco. E finalmente, os meios justificarão os fins e não o contrário. "O príncipe que chega de viagem estaria mais seguro se 'fosse mais temido do que amado'"? (http://impresso.dm.com.br/edicao/20160910/pagina/17)
          Então, que crueldade milagrosa é essa? É manter a palavra dada segundo a justiça; fazer cumprir o regimento interno; agir no interesse de uma causa nobre; manter a postura. As estatísticas maquiadas não são causa nobre! Tudo deve está imediatamente na direção do alvo supremo da escola: passar o conhecimento útil, e não passar o aluno de série à revelia.       
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 09/09/2016
Reeditado em 10/09/2016
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domingo, 21 de agosto de 2016

IMPOSIÇÃO SEM CLASSIFICAÇÃO ("Estabilidade de servidores na administração pública é desigualdade social."—Georgeana Alves)



Crônica

IMPOSIÇÃO SEM CLASSIFICAÇÃO ("Estabilidade de servidores na administração pública é desigualdade social."—Georgeana Alves)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

                        Aquele ano, fiquei fora do tal "Olimpíada de Língua Portuguesa: Escrevendo o Futuro", porque estava lecionando só gramática. O lado bom disso é que não tive o trabalho extra de ler aquele "mundaréu" de redações de aluno. A Secretaria de Educação Municipal tornou a inscrição obrigatória para todas as escolas de ensino fundamental, ela mesma  assumiu as orientações. Cá, na escola em que trabalho, outro lecionava as aulas de redação. Quando eu ensinara redação, fazia parecer um trabalho fácil, pois gosto e sei fazê-lo bem. Assim despertou a cobiça do outro, que no grito ganhou esse componente curricular (usurpara de mim). Achei injusto e sem um propósito nobre, pois quando peço para meu aluno escrever, eu dou-lhe o exemplo. E vejo como é ridículo um professor que nunca publicou nada e não sabe produzir uma crônica é professor de redação. Mas, nossos gestores não se preocupam com qualidade, apenas querem resolver seus problemas administrativos. Foi aí que cometi um grave erro contra mim mesmo: deixei-me levar pelas preferências dos outros nem briguei. Cobiçaram minha tranquilidade e venceram-me politicamente.
           Agora, analisando o contexto geral, na fase final da tal Olimpíada de Língua Portuguesa, 2016, descubro os muitos critérios e afazeres que compunham o novo desenho do concurso, então só me pus a assistir aos colegas, tentando resolver seus milhões de dúvidas junto aos responsáveis. Como se a eles não bastasse, ainda têm de ler os infindáveis tutoriais da empresa, somando-lhes a fina responsabilidade de classificar as redações de aluno de péssima caligrafia; para pouco resultado, diga-se de passagem; visto que, também, as chances de premiação são mínimas pela a abrangência de contingente.
           Por isso, quero ressaltar ainda que eu não acreditava que teria algum professor de redação disposto a se inscrever nas edições subsequentes da Olimpíada de Língua Portuguesa: Escrevendo o Futuro", mas até hoje existe esse concurso. Pois, nunca foi problema por não terem  nenhuma premiação, até agora, com certeza jamais largarão as aulas de redação por desânimo, deve está rendendo dinheiro para alguns. Já que perguntar não ofende, como será a Olimpíada de Língua Portuguesa pós pandemia?  "A ameaça do mais forte faz-me sempre passar para o lado do mais fraco." — François Chateaubriand)
             Contudo, estou pronto para aplaudir em pé futuros  finalistas no nosso município (se houver algum), sem nenhum rancor:  "Ao vencedor, as batatas".
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 19/08/2016
Reeditado em 20/08/2016
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SEQUELA DO "DISTANCIAMENTO" (“A nossa oração e o nosso clamor devem ser sempre do tamanho do choro do mundo”. — Pr. Cpl. Moacir J Laurentino)


Crônica

SEQUELAS DO "DISTANCIAMENTO" (“A nossa oração e o nosso clamor devem ser sempre do tamanho do choro do mundo”. — Pr. Cpl. Moacir J Laurentino)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Hoje, neste domingão, estou vazio, um tanto reservado e reflexivo; mas sinto um despertar de meu lado afetuoso, o qual me conduz no abrir meu coração para uma pessoa de confiança. Preciso desabafar para alguém que saiba se colocar no lugar do outro! Ando muito na defensiva com relação a meus sentimentos, achando que ninguém os merece. Será que se eu for sincero atrairei sua compreensão? O meu desejo é apenas de estar junto, participando da vida da cidade, caminhando com quem possamos aproveitar as experiências para nosso enriquecimento mútuo. Conversar, aprender juntos, consolidar o que nos poderia unir. Mas, estou só... infelizmente; Isto é real, perdido no caminho e tentando voltar! 
            Que filho ou filha alguma atenderia essa necessidade, senão uma mãe? "Se o clamor de uma alma indo para o inferno não nos faz repensar no que estamos fazendo do evangelho, é inútil a nossa crença que estamos salvos. (Adriana Bacelar Lima. Nunca fui pai para não deixar de ser filho dependente, as decepções de filho são menos doloridas, pois são aliviadas com a certeza do apoio familiar. Quero colo de uma "mãe de leite"! Dizem os entendidos que criança criada com leite de mulheres diferentes é mais inteligente. Como eu queria sê-lo para reclamar menos. O tolo é assim: quando é ofendido, logo todos ficam sabendo.
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 14/08/2016
Reeditado em 14/08/2016
Código do texto: T5728230
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OS TOLOS OFENDIDOS, VINGANÇA EXAGERADA (“Para os puros, todas as coisas são puras...” Tt 1:15.)


OS TOLOS OFENDIDOS, VINGANÇA EXAGERADA (“Para os puros, todas as coisas são puras...” Tt 1:15.)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Enquanto o sol se despede do dia, o entardecer de minha existência, vejo-me em uma batalha pessoal. Mais uma luta, uma ferida aberta, um trauma que talvez tenha sido causado pela minha própria negligência ao meu nome e caráter, não sube me protejer. Como Shakespeare sabiamente disse, “Quem me rouba a honra priva-me daquilo que não o enriquece e faz-me verdadeiramente pobre.” Sinto uma perda, uma perda atribuída às ações levianas de outros que não gostam de mim. Não mereço esse julgamento injusto. Estou trabalhando honradamente, mantendo o foco, buscando o caminho da felicidade, ajudando meu próximo. Mas, para um final feliz, meu anjo da guarda me disse que só preciso deixar a energia fluir no meu ritmo, abrindo caminho, não abra mão de ser professor.

A intenção daquela aluna não tinha o mínimo propósito de melhorar sua família ou fortalecer seu casamento. Ela levou seu marido ao diretor e ali expôs sua maneira irrefletida de agir, sem a intenção de melhorar também a escola e seus estudos. Ela denegriu a imagem de um professor de muitos anos de serviço prestado àquela unidade escolar, um professor de boa índole e utilidade comprovada. Ela subestimou a capacidade de leitura de mundo, compreensão e interpretação do meu diretor, escrevendo a ele aquela denúncia. Ela não pensou que eu poderia divulgar minha versão original. Ela só pensou em dar um motivo para me expulsarem da escola, queria prejudicar meu profissionalismo, pois apenas imaginou que eu poderia perder o emprego do qual sustento minha família como castigo pelo que fiz, não com a intenção imputada por eles. Afinal, a coordenadora pedagógica adora fazer relatórios negativos sobre professores para se projetar na função que ocupa por favores políticos, então atende a coveniência para agradar da comunidade! E os alunos maldosos sabem disso: é o caminho mais curto para as denúncias chegarem ao diretor.
Depois de tudo, eu ainda seria professor dela, em péssimas circunstâncias de ensino e aprendizagem. Se ela considerava minha atitude tão criminosa, por que não foi à polícia, onde há investigadores competentes, em vez de fazer “justiça” com as “próprias mãos”? E em que escola eles aprenderam isso, pois são rápidos em denunciar picuinhas, sem nem conversarem comigo (Sem dar chance de defesa à vítima)?
Bem sei que um erro não conserta o outro, porém quero me justificar. Num momento vago da aula, comecei a ler as mãos de alguns. Infelizmente, ela se aproximou e me deu a mão para eu falar seu futuro. Segurei sua mão e falei coisas triviais, nada comprometedor, era apenas uma brincadeira à vista de todos. Gosto de agir assim com meus alunos para facilitar a relação professor/aluno, gerando confiança e lucro na aprendizagem (já que eram adultos da EJA). Mas, ela não entendeu e, incentivada pelo namorado ciumento, maldosamente foi juntando ódio e premeditando os fatos com a finalidade de me acusar de assédio sexual. Como sou um péssimo profeta, não sabia que iria ter revelações do seu futuro tão pressionado assim. No final, não aprendi nada com suas ameaças e denúncias. Só me fizeram, mais uma vez, consciente das possibilidades de fracasso de minha profissão e, por tabela do sistema educacional, porque esse não é um caso isolado. Vou morrer sem saber em que parte eu a ofendi! “Para os puros, todas as coisas são puras…” Tt 1:15.
Nunca pensei que houvesse necessidade de divulgar esse texto, um retrato da minha tolice, considerando que aprendi com a Bíblia que “Quando o tolo é ofendido, logo todos ficam sabendo, mas quem é prudente faz de conta que não foi insultado.” (Prov. 12:16). Mas, o fiz porque, agora acho, que ele vai ser útil para alguém também iludido pelo sistema. Essas formas de vingança de aluno e seus donos estão cada vez mais frequentes não só na escola, mas também em qualquer outro trabalho. “Louco não é o homem que perdeu a razão. Louco é o homem que perdeu tudo menos a razão.” (G. K. Chesterton).

sábado, 13 de agosto de 2016

"QUEM SÃO ELES?, QUEM ELES PENSAM QUE SÃO?" ("Quando todo mundo quer saber é porque ninguém tem nada com isso." — Millôr Fernandes)



Crônica


"QUEM SÃO ELES?, QUEM ELES PENSAM QUE SÃO?" ("Quando todo mundo quer saber é porque ninguém tem nada com isso." — Millôr Fernandes)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Era a primeira reunião pedagógica do mês de agosto, deste ano. O que deveria ser o primeiro dia de aulas do segundo semestre, foi o tal momento pedagógico. Não foi diferente ali, do que comumente acontece; ouvi e tive que aceitar determinações e outras coisas de tirar lágrimas dos olhos de crocodilo. Aprovaram inclusive o que em outras reuniões já tinham condenado, é o vai e vem da inutilidade, como pedaços de fezes boiando n'água. Meu voto está sempre na minoria. Não vale nada!
           Não compreendo alguns colegas de trabalho, professores maduros até. Nas reuniões pedagógicas, não são muito dados a ideias inovadoras; graças a Deus, ainda há aqueles poucos que se propõem a uma pequena ousadia. Na verdade, eu não sei o que quis dizer a colega quando reclamou de um professor desta unidade que  afrouxa demais as normas com os alunos para ganhar a simpatia deles: tornar-se o "bonzinho" é querer aparecer. E ela chegou ao absurdo de exigir que os colegas não sejam bonzinhos, pois desconfiava que ela mesma poderia se passar por má, visto ser a única "rígida" da escola, a seu modo: supostamente "Ideal"?
            Eu sempre acreditei que a diversidade cultural  faz o conhecimento legítimo. Por isso, senti-me muito agredido com esse desejo de uniformização no trato com o aluno, pois os procedimentos didatísticos unificados como rega geral, propostos nos manuais de Paulo Freire, tolhe a criatividade de professores e alunos. Esse tipo é capaz de afirmar que só ele procede corretamente. Será se ela está sugerindo que todos da unidade escolar trabalhem do seu jeito para não ter distinção? Ou melhor, será se ela quer anular o direito de escolha do aluno de gostar desse ou daquele professor? Mas, eu continuo pensando que se todos pensassem igual, ninguém pensaria grande. Assim como disse Carlos Drummond de Andrade: "Ninguém é igual a ninguém. Todo o ser humano é um estranho ímpar." Estaria ela, pensando no crescimento da escola em que trabalha ou só está pensando em si mesma, não querendo ser rejeitada sozinha? Como os "bonzinhos" em busca de aceitação, ainda que por vias diferentes. 
           O maior medo do professor inseguro é que os seus alunos venham a gostar mais dos outros do que dele. Para seu conforto digo, ninguém consegue desagradar a todo mundo, bem como não se consegue agradar todo mundo. O professor de quem os alunos gostam mais é o de educação física. Será se todos os demais enciumados deverão dar "bolas" aos alunos para se equipararem? O Horácio já disse: "O invejoso emagrece com a gordura dos outros".
           Se tratam assim os colegas, como tratam os seus alunos? Assim, nos conselhos pedagógicos que deveriam apurar as melhores ideias para as mudanças da educação, cultivam-se ainda esses atrofios. A educação não cresce porque deixou muitos para trás, e aqueles retardatários ainda lutam com o apoio dos fracos a fim de continuar na zona de conforto. Um conselho de classe ou uma reunião pedagógica é boa, quando trata de coisas que preservam a zona de conforto para a maioria. Uma andorinha só não faz verão, por isso tudo continua igual!
"Andorinha lá fora está dizendo:
— Passei o dia à toa, à toa.
Andorinha, andorinha, minha canção é mais triste:
— Passei a vida à toa, à toa."
(Manuel Bandeira)

Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 09/08/2016
Reeditado em 13/08/2016
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sexta-feira, 8 de julho de 2016

SENTINDO-ME AGRADECIDO (“Dad gracias en todo, porque esta es la voluntad de Dios para con vosotros en Cristo Jesús.” 1 Tesalonicenses 5:18).



Crônica

SENTINDO-ME AGRADECIDO (“Dad gracias en todo, porque esta es la voluntad de Dios para con vosotros en Cristo Jesús.”-1 Tesalonicenses 5:18).

Por Claudeci Ferreira de Andrade


           Hoje é outro dia certamente, porém ontem foi assim: diversão, contato com amigos, e pessoas próximas coloriram meu dia. Novidades boas e informações quentes chegaram através do ambiente. Boas notícias trouxeram também esperanças e mais fé. Usei minhas habilidades naturais para responder à altura. Aprendizado em alta! Após o frisson do dia 7 de julho, meu aniversário, vi o quanto as pessoas - chave de minha vida - deitaram e rolaram nas expressões fortes, sentimentais e as mais diversas possíveis. Os amigos da internet falavam como se elas fossem verdadeiras, mas muitas delas são apenas frutos virtuais! Ainda bem que atrás do computador, pelos menos, são corajosas e espontâneas, deviam ser mais responsáveis no uso das palavras, pois se mentiram para mim, produziram em mim uma felicidade sem necessidade, daquelas que não fazem bem. Nunca saberei o que eles sentem sinceramente por mim. O melhor é que ainda estou feliz de verdade, fez-me muito bem! Foram mais de duzentas felicitações de parabéns no Facebook. Respondi a todas com a melhor apresentação que pude. E ainda hoje, obrigado! “Dad gracias en todo, porque esta es la voluntad de Dios para con vosotros en Cristo Jesús.”- (1 Tesalonicenses 5:18).
           Todavia quero destacar aqui, duas pessoas tóxicas que me chamaram de arrogante. Aferi por isso o seguinte significado: Etimologicamente, o termo “arrogante” se originou a partir do latim "adrogare", que significa “para exigir”, ou seja, utilizado para definir a personalidade de alguém que se achava no direito de exigir um reconhecimento do mundo que, na realidade, não merece. Então, se estou lhes considerando tóxicas, seriam merecedores também do veneno que destilo? Estou apenas exigindo que cada um se mereça por eu estar grávido de seus exemplos. Por que não podemos ser vice-versa honrosamente? Como posso merecer ser importante para vocês?! Já que a etimologia da palavra importante é o que foi importado para dentro.
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 08/07/2016
Reeditado em 08/07/2016
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sábado, 2 de julho de 2016

DOMÍNIO DE CLASSE X DOMÍNIO DE CONTEÚDO ("Tome um rumo diferente do de costume, e quase sempre estará certo." Jean-Jacques Rousseau)



Texto

DOMÍNIO DE CLASSE X DOMÍNIO DE CONTEÚDO ("Tome um rumo diferente do de costume, e quase sempre estará certo." Jean-Jacques Rousseau)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Naquela tarde de segunda-feira, "Sol a pino", quando entrei na sala dos professores. O ar estava carregado de expectativas para a semana letiva que se iniciava. Enquanto folheava distraidamente meu planejamento, ouvi cochichos vindos do canto esquerdo da sala. "Ele não tem domínio de classe", sussurrou uma voz que reconheci como a da coordenadora pedagógica.

Aquelas palavras me atingiram como um soco no estômago. Eu, que sempre me orgulhara de minha vocação, agora me via rotulado como inadequado, diferente, quase um pária entre meus pares. O peso daquele julgamento me acompanhou pelos corredores barulhentos até minha primeira aula daquela tarde.

O termo "domínio" tem sido frequentemente usado para definir a capacidade de manter a ordem em sala. No entanto, essa palavra, quando analisada sob a luz da pedagogia, revela-se inadequada. Ela coisifica os alunos, reduzindo-os a meros objetos de controle. Quando penso no "domínio" que muitos administradores escolares valorizam, não posso deixar de refletir sobre a sua conexão com a imposição e a dominação.

Ao entrar na sala do 6º ano, fui recebido por um mar de rostos inquietos e vozes exaltadas. Respirei fundo, lembrando-me das palavras de Platão: "Não eduques as crianças nas várias disciplinas recorrendo à força, mas como se fosse um jogo". Com esse pensamento em mente, decidi tentar uma abordagem diferente.

"Hoje", anunciei com um sorriso, "vamos fazer uma viagem no tempo". Os olhares curiosos se voltaram para mim. Por um momento, o caos deu lugar à atenção. Comecei a narrar a história da Grécia Antiga, pintando imagens de filósofos em togas brancas e jovens discutindo ideias sob oliveiras centenárias.

À medida que a aula avançava, percebi que alguns alunos começavam a se envolver, fazendo perguntas e compartilhando suas próprias ideias. Outros, no entanto, permaneciam distantes, presos em seus próprios mundos de conversas paralelas e mensagens de celular. Esta realidade reflete um sistema educacional que muitas vezes valoriza mais o controle do que a criatividade.

Ao final da aula, fiquei refletindo sobre o significado de "domínio". Não era sobre controle ou submissão, concluí. Era sobre despertar a curiosidade, cultivar o desejo de aprender. Como Clarice Lispector disse, "A palavra é meu domínio sobre o mundo". E ali estava minha missão: não dominar alunos, mas ajudá-los a dominar o conhecimento.

A pressão sobre os educadores é imensa. Reprovar alunos como forma de punição, ou mesmo tentar controlar comportamentos através de notas, é visto não como uma estratégia pedagógica, mas como um ataque ao sucesso da escola. Quando as salas de aula são superlotadas e a indisciplina predomina, a transmissão de conhecimento se torna um desafio quase impossível.

Nos dias que se seguiram, enfrentei os desafios com uma nova perspectiva. Cada aula era uma oportunidade de criar conexões, de transformar a matéria em algo vivo e pulsante. Nem sempre era fácil. Havia dias em que o cansaço e a frustração ameaçavam me dominar.

A realidade do ensino nas escolas públicas é muitas vezes um retrato de desilusão. O "lanche gostoso" da escola muitas vezes serve apenas para preencher estômagos vazios, enquanto as mentes dos alunos são deixadas de lado. O maior reflexo desse fracasso está na presença de alunos analfabetos no sexto ano, um sinal evidente de que algo está profundamente errado.

Mas então, numa tarde de quinta-feira, aconteceu algo que mudou tudo. João, um aluno que sempre parecera desinteressado, me procurou após a aula. "Professor", ele disse, os olhos brilhando, "nunca pensei que história pudesse ser tão legal". Naquele momento, entendi que meu verdadeiro domínio não estava no silêncio forçado ou na obediência cega, mas no poder de inspirar.

Ao final daquele ano letivo, olhei para minha turma e vi não apenas alunos, mas jovens pensadores, questionadores, sonhadores. Talvez eu nunca fosse o professor com o "domínio de classe" que a coordenação desejava. Mas havia conquistado algo muito mais valioso: o respeito e o interesse genuíno dos meus alunos.

A filosofia de Platão, que defende um ensino que respeite a liberdade e a disposição natural dos alunos, parece ter se perdido no turbilhão da burocracia escolar. No entanto, minha experiência mostrou que é possível recuperá-la, mesmo em meio às adversidades do sistema educacional atual.

E assim, querido leitor, deixo com você esta reflexão: o verdadeiro domínio na educação não está em silenciar vozes, mas em amplificá-las. Não está em controlar corpos, mas em libertar mentes. Está em acender a chama da curiosidade e deixá-la queimar livremente, iluminando caminhos que vão muito além das paredes da sala de aula. A escola deve ser um lugar onde o aprendizado é valorizado e a criatividade é incentivada. E, assim como o cachorro que volta ao que vomitou, a educação não deve se revolver na lama da conformidade, mas sim alçar voo, como os pássaros guiados pelo vento da sabedoria.

Com base no texto apresentado, elabore respostas completas e detalhadas para as seguintes questões:

O texto critica a concepção tradicional de "domínio de classe". Qual a principal crítica apresentada pelo autor e quais as alternativas propostas por ele?

Como as citações de Platão e Clarice Lispector contribuem para a construção da argumentação do autor sobre a educação?

De que forma a experiência pessoal do autor em sala de aula ilustra os desafios e as possibilidades da educação contemporânea?

O texto estabelece uma relação entre o conceito de "domínio" e o sistema educacional como um todo. Quais as implicações dessa relação para a qualidade do ensino?

Qual a importância da criatividade e da autonomia dos alunos no processo de ensino-aprendizagem, segundo o autor?

Estas questões abordam os seguintes aspectos do texto:

Crítica à concepção tradicional de educação: A primeira questão explora a crítica central do texto à ideia de "domínio" como sinônimo de controle e submissão.

Uso de referências teóricas: A segunda questão analisa como as citações de filósofos e escritores servem para fundamentar a argumentação do autor.

Experiência pessoal: A terceira questão explora a importância da experiência pessoal do autor como base para suas reflexões sobre a educação.

Sistema educacional: A quarta questão amplia a discussão para o sistema educacional como um todo, analisando as implicações da concepção de "domínio" para a qualidade do ensino.

Criatividade e autonomia: A quinta questão destaca a importância da criatividade e da autonomia dos alunos como elementos fundamentais para uma educação de qualidade.

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