"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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MINHAS PÉROLAS

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

PROFESSOR PANDEMIZADO PELO VÍRUS DA INGRATIDÃO ("Há favores tão grandes que só podem ser pagos com a ingratidão." — Alexandre Dumas)

 


terça-feira, 23 de agosto de 2022

SÓ UM CRIME ATROZ PARA COMBATER OUTRO CRIME ("Sou favorável à pena de morte! Aliás, pena que é só morte!" — Marinho Guzman)

 


SÓ UM CRIME ATROZ PARA COMBATER OUTRO CRIME ("Sou favorável à pena de morte! Aliás, pena que é só morte!" — Marinho Guzman)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O sangue que mancha a história humana sempre me inquietou. O dos justos, quando derramado, condena o mundo à morte; o dos injustos, em contrapartida, condena a si mesmo. Cresci ouvindo a lei do Talião e suas sentenças implacáveis: “olho por olho, dente por dente”. Às vezes, me pergunto se a morte de Jesus foi salvação ou uma pena de morte para muitos, e lembro-me daqueles que, ao se suicidarem, tentam imputar aos outros o peso de assassinos. A verdadeira culpa, talvez, não recaia sobre os carrascos, mas sobre aqueles que, podendo deter a tragédia, preferiram o silêncio que a consente.

Quando a morte é imposta em nome do Estado, vejo que o executor não carrega sequelas; torna-se um algoz oficial. Um único morto é um crime, mas a morte de muitos transforma um homem em herói. É assim que a guerra se justifica, e a pena de morte é até chamada de divina. Dizem que Deus mata bem, enquanto o rei do abismo recolhe a fatura dos esquartejamentos em praça pública. Nessa engrenagem, o mundo parece acreditar que apenas um crime hediondo combate outro, e a impunidade, longe de trazer a paz, é uma celebração do crime. "SÓ HÁ PAZ ENTRE OS HOMENS, SE HOUVER VENCIDOS."

Reconheço a coragem de reunir, num mesmo fôlego, suicídio, pena de morte e guerra. A conclusão, “só há paz entre os homens, se houver vencidos”, me atravessa como uma verdade devastadora. Salto de uma ideia a outra sem aviso, como quem tropeça na pressa de expor as feridas. Não consigo abordar esses temas sem sentir o peso do mundo sobre os ombros. Transformo dilemas milenares em frases curtas e afiadas, como quem escreve com a lâmina do espírito. É uma escrita por vezes dura demais, mas que me parece necessária, pois alguém precisa dizer o que todos fingem não ver.

Ao fim de tudo, resta a lição de Jesus: não reagir ao bel-prazer do opressor. Isso porque a paz, quando existe, é sempre paga pelo perdedor — aquele que se cala, que se acomoda, que escolhe morrer um pouco para que os outros possam viver. Talvez seja essa a mais cruel das verdades: a paz não nasce do consenso, mas do sacrifício de alguém. -/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-

A partir do texto, preparei 5 questões discursivas simples que podem ser usadas em uma aula de Sociologia para o Ensino Médio, explorando as reflexões sobre violência, moralidade e justiça.


1 - O autor do texto faz uma distinção entre o sangue derramado dos "justos" e o dos "injustos". Explique, com suas próprias palavras, o significado dessa distinção e qual seria a consequência de cada uma, de acordo com o texto.

2 - O texto afirma que "um só morto é crime, mas a morte de muitos transforma um homem em herói". Analise essa afirmação à luz da sociologia, discutindo como o Estado e a sociedade podem justificar a violência e a guerra.

3 - O autor menciona que a "verdadeira culpa" talvez recaia sobre "aqueles que, podendo deter a tragédia, preferiram o silêncio que a consente". Como essa ideia se relaciona com o conceito de omissão e responsabilidade social?

4 - A frase "SÓ HÁ PAZ ENTRE OS HOMENS, SE HOUVER VENCIDOS" é citada no texto. Discuta a validade dessa afirmação no contexto das relações de poder, conflito e pacificação na sociedade.

5 - O autor traz, ao final, a "lição de Jesus" sobre não reagir ao opressor. O que essa ideia, no contexto do texto, sugere sobre a natureza da paz e quem, de fato, paga o preço por ela?

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O RARO É CARO! ("Viver de graça é mais barato." — Guimarães Rosa)


 

O RARO É CARO! ("Viver de graça é mais barato." — Guimarães Rosa)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Aprovar alunos sem mérito na escola, que deveria ser uma instituição educadora para a vida, transmite a perigosa ilusão de que a existência é fácil e o sucesso, automático. Esse gesto de generosidade mal calculada, ao nivelar todos por baixo, corrói a vontade de lutar e dilui a dignidade. Afinal, a abundância sem esforço reduz o valor das conquistas — e todos sabemos que “o raro é caro”. Cresci ouvindo que era preciso ralar, suar, tropeçar e levantar para conquistar qualquer coisa. Hoje, porém, a escola parece se contentar em entregar medalhas sem corrida, troféus sem jogo, certificados sem aprendizado.

É nesse ponto que percebo a ironia do nosso tempo: o governo oferece estudo gratuito, mas se ausenta do processo, como se bastasse abrir a porta para que o saber entrasse sozinho. A ausência de cobrança, de rigor e de acompanhamento mina a vontade de aprender, e o espírito competitivo — que, em doses saudáveis, forja caráter — evapora. A dificuldade, antes vista como obstáculo a ser superado, torna-se agora um incômodo que todos evitam.

Lembro-me de quando a educação exigia espera: havia tempo para amadurecer, para errar, para experimentar e, então, aprender. Hoje, tudo se converteu em pressa. De um lado, multiplicam-se programas e modalidades, como o “mais educação”, que, no exagero, sufocam o essencial. De outro, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) e cursos condensados apressam trajetórias, treinando jovens e adultos para uma impaciência crônica, típica de um mundo digital onde tudo se resolve com um clique.

E aqui me vejo diante de um dilema: será que essa pressa não é, na verdade, um convite à superficialidade? Quando transformamos o aprender em um produto instantâneo, corremos o risco de trocar a substância pelo simulacro. A educação, que deveria ser uma escada de degraus firmes, vai se tornando uma escada rolante: basta ficar parado, que ela te leva. Mas o destino, ao final, já não é o mesmo.

No fundo, a escola deixou de ser apenas espaço de ensino para se tornar palco de concessões e facilidades. E eu, como quem ainda carrega no corpo as cicatrizes das dificuldades que me fizeram crescer, só consigo concluir: quando tudo é dado, nada tem valor. A vida, assim como a educação, precisa do peso da luta para que a vitória seja digna. Sem esse esforço, formamos gerações que sabem colecionar diplomas, mas que não aprenderam a carregar o próprio fardo.


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A partir do texto, preparei 5 questões discursivas simples que podem ser usadas em uma aula de Sociologia para o Ensino Médio, explorando as reflexões sobre educação, esforço e sociedade.


1 - De acordo com o texto, qual é a principal crítica feita à prática de aprovar alunos "sem mérito"? Explique como essa atitude, na visão do autor, impacta a formação dos jovens.

2 - O autor afirma que "o raro é caro". Relacione essa ideia com a crítica que ele faz à gratuidade e à facilidade na educação. Como a dificuldade e o esforço podem agregar valor à aprendizagem?

3 - O texto menciona a Educação de Jovens e Adultos (EJA) e cursos condensados como exemplos de "pressa" na educação. Em sua opinião, quais seriam as vantagens e desvantagens dessa aceleração do aprendizado na sociedade atual?

4 - O autor utiliza a metáfora da "escada rolante" para descrever a educação moderna. O que essa imagem sugere sobre a superficialidade do conhecimento e a falta de esforço, segundo o ponto de vista apresentado?

5 - O texto aborda a responsabilidade do governo e da escola no processo educativo. Analisando as ideias do autor, discuta a importância do "peso da luta" e do "esforço" para que a educação e o sucesso na vida sejam "dignos".

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segunda-feira, 22 de agosto de 2022

SOU UM ANJO TRAVESTIDO DE MIM ("O assassino se traveste de anjo só para poder ter asas, mas não sabe para quê elas servem." — Ricardo Vitti")

O Trono da Justiça e a Corrupção do Poder (“se minha identidade odeia sua identidade, se transforma em algo muito perigoso” — Madeleine Albright)

 


O Trono da Justiça e a Corrupção do Poder (“se minha identidade odeia sua identidade, se transforma em algo muito perigoso” — Madeleine Albright)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

"Tira o ímpio da presença do rei, e o seu trono se firmará na justiça" (Provérbios 25:5). Em um cenário político que exige clareza e firmeza, a tentativa de agradar "gregos e troianos" gera apenas aflição. A ambiguidade serve àqueles que, como a "escória que se ajunta em altos lugares", drenam a vida de um governo legítimo. Para o crente, a palavra deve ser "sim, sim ou não, não" (Marcos 5:37), pois o eufemismo é pecado. A verdade é binária: "ou está certo, ou errado". Discursos populistas, criados para agradar a todos, são artifícios de quem não serve a um só senhor, pois, como ensina a Bíblia, "Não podemos agradar a dois senhores" (Mateus 6:24).

No entanto, quando a fé e a política se confundem, a crítica pode se transformar em pregação, e a análise, em liturgia. O excesso de certezas nos cega, confundindo a luz do sol com a chama de uma vela. É preciso cautela para não ceder à tentação do messianismo, onde o poder se torna um altar e a justiça, um dogma. A paixão sem equilíbrio pode ser como um vinho forte: aquece, mas também embriaga. Por vezes, ouvir o outro, dialogar com quem pensa diferente ou buscar o conselho de vozes ponderadas, pode ser mais curativo do que gritar verdades isoladamente.

O pragmatismo de Nelson Rodrigues nos lembra: "Não se apresse em perdoar. A misericórdia também corrompe." Um governo que anseia pela longevidade deve buscar a justiça. De fato, "A longevidade de um governo depende da justiça" (Pv 16:12; 29:14). Moisés, aconselhado por Jetro, sabia da importância de se cercar de homens de valor: "E tu, dentre todo o povo, procura homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza" (Êxodo 18:21). Meu presidente, homens de mau caráter precisam ser evitados ou, se necessário, removidos de sua equipe.


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Como seu professor de sociologia, preparei cinco questões simples e discursivas para ajudar a refletir sobre as ideias presentes no texto. O objetivo é que você analise criticamente a relação entre política, religião e sociedade.

1 - O texto afirma que "quando a fé e a política se confundem, a crítica pode se transformar em pregação, e a análise, em liturgia". Explique, com base em seus conhecimentos de sociologia, o que essa confusão pode representar para a democracia e para o debate público.

2 - A passagem "Discursos populistas, criados para agradar a todos, são artifícios de quem não serve a um só senhor" sugere uma crítica ao populismo. De que maneira a busca por agradar a "gregos e troianos" pode, sociologicamente, ser vista como um fator de enfraquecimento da liderança e da coerência política?

3 - Considerando a frase de Nelson Rodrigues, "A misericórdia também corrompe", e a citação bíblica sobre a remoção do "ímpio da presença do rei", discuta como a justiça e a ética na política são apresentadas no texto.

4 - A expressão "Homens de mau caráter devem ser evitados ou removidos de sua equipe" remete à importância da formação de uma equipe de governo. Qual a relevância do caráter e da integridade, sob uma perspectiva sociológica, na construção de um governo justo e duradouro?

5 - O texto defende que "a verdade é binária: 'ou está certo, ou errado'". Discuta essa visão a partir da ideia de que a complexidade da realidade social raramente se resume a uma escolha entre "certo" ou "errado". Como essa perspectiva pode impactar a resolução de problemas sociais?

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domingo, 21 de agosto de 2022

HIBRIDISMO PANDÊMICO NA ESCOLA ("Um abismo chama outro abismo ao ruído das tuas cascatas; todas as tuas ondas e vagas têm passado sobre mim." — Sl 42:7)

 


HIBRIDISMO PANDÊMICO NA ESCOLA ("Um abismo chama outro abismo ao ruído das tuas cascatas; todas as tuas ondas e vagas têm passado sobre mim." — Sl 42:7)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A única vantagem dos cursos a distância sobre os presenciais, a meu ver, é a possibilidade de administrar o tempo — para o aluno e para o professor. O distanciamento, por sua vez, desestimula a indisciplina dos descompromissados, permitindo que o aluno assista a aulas gravadas e editadas, sem improvisações, no seu tempo disponível. As atividades podem ser feitas quando houver dados da operadora de internet.

“Um abismo chama outro abismo ao ruído das tuas cascatas; todas as tuas ondas e vagas têm passado sobre mim.” — Sl 42:7.

A busca por funcionalidade é comprometida quando as escolas, em sua "sede de controlar", impõem uma rotina inflexível, especialmente durante a pandemia. Quem suporta produtivamente três horas seguidas em aulas síncronas na frente de um computador? Já presenciei uma live de uma hora com alunos do ensino fundamental, e o resultado foi um duplo distanciamento: físico e intelectual.

O hibridismo poderia ser mais do que um remendo provisório, mas uma chance de repensar a lógica escolar. Por um lado, oferece autonomia ao aluno para organizar seu tempo, acessar conteúdos em diferentes ritmos e rever o que não entendeu. Por outro, enfrenta o desafio da superficialidade, da dispersão e da exclusão digital, que acentua as desigualdades.

A crítica à sede de controle é evidente quando escolas insistem em vigiar câmeras e microfones ligados, além de exigir relatórios minuciosos de frequência. Essa atitude revela que ainda confundem disciplina com aprendizado. Esse impulso controlador, em vez de aproximar, ergue barreiras invisíveis que sufocam a liberdade do professor e a criatividade do estudante.

Aulas ao vivo na internet expõem o professor, sujeitando-o aos erros de desempenho e às improvisações que, agora, ficam gravados para o escárnio. As aulas de qualidade, ministradas por bons professores, são gravadas em estúdio e editadas. Pagar um profissional para trabalhar de casa, no entanto, ainda é visto como uma aberração. Afinal, “O escravo não apanha de seu senhor a distância!”


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Tendo em vista o texto que acabamos de ler, que levanta discussões importantes sobre o modelo de educação atual, preparei algumas questões para nos ajudar a aprofundar a nossa análise, aplicando conceitos sociológicos. Lembrem-se de que a ideia é expressar a opinião de vocês de forma clara, utilizando as ideias do texto como base.

1 - O autor do texto critica a "sede de controlar" das escolas. De que forma essa crítica se relaciona com o conceito de disciplina e poder estudado em Sociologia, especialmente se pensarmos nas ideias de pensadores como Michel Foucault?

2 - O texto menciona que a EAD pode acentuar a exclusão digital. Explique como essa exclusão pode aprofundar as desigualdades sociais e como isso afeta a vida dos estudantes.

3 - A frase "O escravo não apanha de seu senhor a distância!" é a última do texto. O que essa metáfora sugere sobre a relação de trabalho entre o professor e a escola no contexto da educação a distância?

4 - O texto aborda o hibridismo como uma possível solução para os problemas da EAD. A partir da sua leitura, quais são os aspectos positivos e negativos desse modelo de ensino, considerando as vantagens e desafios apontados?

5 - Refletindo sobre a sua própria experiência, concorde ou discorde da afirmação do autor de que "aulas ao vivo na internet expõem o professor, sujeitando-o aos erros de desempenho e às improvisações". Justifique sua resposta, utilizando exemplos do texto e da sua realidade.

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A MÁSCARA DO DESESPERO FORJADO. ("Arrancar a máscara, que livramento!" — Victor Hugo)

 


A MÁSCARA DO DESESPERO FORJADO. ("Arrancar a máscara, que livramento!" — Victor Hugo)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Pela praça da matriz em Senador Canedo, entrei, meio indeciso, na fila para o almoço de três reais do restaurante popular. Depois de dez minutos, cheguei ao caixa, mas, com o dinheiro na mão, fui impedido de comprar o marmitex por estar sem máscara. Como assim, ao ar livre?

Saí sem fazer questão, decepcionado, mas até um pouco feliz, já que a moça me "ajudou" a manter meu regime zeloso. Era a primeira vez que, por pura curiosidade, eu queria provar a comida de lá. Minha gratidão foi tanta que nem me ative a observar se a atendente, para ser coerente com sua exigência, usava ou não o tal instrumento repressor. A atitude dela, de todo modo, me foi suficiente para construir alguns conceitos particulares, pois eu já estava tomado por sentimentos negativos. Já pensaram se eu dependesse unicamente desse restaurante para viver?

A ironia da situação só se intensificou no dia seguinte. Almocei em um restaurante "chic" em Goiânia, onde o aviso na porta dizia que "só podia entrar mascarado". Entramos usando o acessório, mas depois, para comer, "todos deixamos de ser incoerentes, tiramos as máscaras para comer e sentimos o cheiro da alimentação". A lição foi clara: "as máscaras sempre caem no final." Enquanto mastigava, observei as crianças da mesa vizinha. Elas olhavam o "gado" colorido entrando e saindo sem medo, pois o boi da cara preta já havia voltado mansinho e elas estavam acostumadas.

É nesse ponto que a ambiguidade da máscara se mostra mais cruel: não é apenas um pano no rosto, mas o símbolo de um tempo em que a coerência se perdeu. A máscara protege e oprime, higieniza e silencia; é ao mesmo tempo sinal de zelo e sinal da besta. A comida insossa, engolida sem prazer, ganha o mesmo sabor artificial da atmosfera mascarada que nos envolve. O gesto de vestir e despir esse artefato parece encenar uma liturgia do absurdo, em que a fé não está em Deus, mas na regra sem sentido. Assim, compreendi que ninguém escapa desse mercado simbólico: "SÓ COMPRA OU VENDE MASCARADOS para o seu próprio bem!"

Na saída, pus novamente a máscara segundo as normas, mas o assaltado fui eu. O outro mascarado do lado de dentro do balcão me cobrou muito caro pelo almoço, para não perder o estigma. No Brasil, políticos analfabetos funcionais descidem pela saúde.


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Para nossa aula de Sociologia de hoje, vamos analisar o texto que acabamos de ler. Ele nos faz refletir sobre várias questões do nosso cotidiano e da sociedade. Pensem nas seguintes perguntas e preparem-se para a nossa discussão.


1- O autor fala sobre a incoerência da exigência da máscara no restaurante popular e a hipocrisia do uso dela no restaurante “chic”. Relacione essa crítica com o conceito sociológico de "anomia", que se refere à ausência ou à contradição das normas sociais.

2 - A partir da observação do autor sobre as crianças que "olham o 'gado' colorido", explique como a socialização pode levar à aceitação de comportamentos e regras que, em outras circunstâncias, seriam vistos como absurdos.

3 - No texto, a máscara é descrita como um símbolo que "protege e oprime, higieniza e silencia". Analise a máscara como um símbolo social e discuta a relação entre sua função de proteção e a possível perda de individualidade ou liberdade que ela representa.

4 - A frase "SÓ COMPRA OU VENDE MASCARADOS para o seu próprio bem!" sugere uma crítica ao sistema de consumo e às relações sociais. Explique como a máscara, nesse contexto, pode ser vista como um elemento que padroniza as pessoas e as reduz a meros consumidores ou vendedores, em um "mercado simbólico".

5 - O autor finaliza o texto afirmando que "políticos analfabetos funcionais descidem pela saúde". Discuta como a sua experiência pessoal se conecta a uma crítica mais ampla às estruturas de poder e à falta de preparo de alguns líderes para tomar decisões que afetam a vida de toda a sociedade.

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O QUE SE ENSINA, APRENDE-SE! ("Quem ensina aprende ao ensinar. E quem aprende ensina ao aprender". — Paulo Freire Pedagogia da Autonomia.)

 


O QUE SE ENSINA, APRENDE-SE! ("Quem ensina aprende ao ensinar. E quem aprende ensina ao aprender". — Paulo Freire Pedagogia da Autonomia.)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

No "velho normal", ser professor era vocação. Hoje, o ofício parece ter se tornado a última opção, acessível a qualquer um que tenha concluído um curso superior. Como afirma Flavines Rebolo Lapo, "se o professor não consegue outra atividade rentável, que garanta a sua sobrevivência e a de sua família, ele dificilmente deixará definitivamente o trabalho, por mais insatisfeito que possa estar". Assim, a sala de aula se torna refúgio para o advogado que não passou na OAB, o médico que não pode ver sangue, o engenheiro civil reprovado pelo mestre de obras, e tantos outros.

Essa realidade revela um ciclo de frustrações profissionais que deságua na escola, transformando-a em um depósito de carreiras mal resolvidas. O problema não está apenas em quem chega, mas na forma como o sistema os acolhe sem critério, nivelando a docência por baixo. Com isso, a autoridade do professor é corroída, não pelo esforço de ensinar, mas pela falta de reconhecimento de sua legitimidade. Nesse contexto, a pedagogia de Paulo Freire — que buscava a libertação — contrasta com um ensino acorrentado por improvisos e paliativos, incapaz de garantir a dignidade do mestre ou o compromisso do aprendiz.

Essa "lambança" sistêmica ensinou aos alunos que comportar-se ou fazer as atividades é um favor. Certo dia, uma aluna me pediu R$ 10,00 para assistir à aula em silêncio. Ela certamente pensou que meu sofrimento por vê-los bagunçar teria um preço, ou talvez tenha sido condicionada a pensar assim, de tanto receber presentes sem merecimento. A atitude se repetiu: outro aluno propôs que, se eu lhe pagasse o lanche, ele ficaria quieto. Essas propostas revelaram que, de tanto implorarem por atenção e bom comportamento, os alunos aprenderam a usar a própria conduta como moeda de troca, retaliando o sistema ao atrapalhar aulas e depredar o patrimônio público.

Afinal, quem precisa de uma boa aula? O professor, para garantir seu "ganha-pão" e manter o emprego, ou o aluno? Paulo Freire já ressuscitou, e eu não o vi?


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Com base no texto que discute temas tão relevantes para a Sociologia da Educação, preparei cinco questões discursivas e simples para aprofundarmos a reflexão.


1 - O texto afirma que o professorado tem se tornado um "depósito de restos de carreiras mal resolvidas". Discuta como a desvalorização da profissão docente e a falta de critérios de seleção podem afetar a autoridade e a legitimidade do professor em sala de aula.

2 - A crônica relata uma situação em que alunos pedem dinheiro ou favores para se comportarem. Analise esse comportamento a partir da Sociologia, abordando como a educação pode ser vista como uma mercadoria ou uma moeda de troca pelos estudantes.

3 - O autor menciona que a pedagogia de Paulo Freire visava "libertar", enquanto a situação atual do ensino estaria "acorrentada por improvisos e paliativos". Explique como os conceitos de "libertação" e "opressão", na visão freiriana, se relacionam com as dinâmicas de poder e com a falta de dignidade no ambiente escolar, conforme descrito no texto.

4 - O texto sugere que a "lambança" do sistema ensinou aos alunos que se comportar é um "favor prestado ao professor". Discorra sobre como essa lógica pode impactar a socialização dos estudantes, modificando suas noções de dever, responsabilidade e respeito pelas regras sociais.

5 - A frase final, "Quem precisa de uma boa aula? (...) é o professor (...) ou o aluno?", levanta um questionamento sobre o papel de cada um no processo de ensino-aprendizagem. Reflita sobre essa pergunta, considerando os diferentes capitais (social, cultural e econômico) envolvidos na educação e como eles podem influenciar o engajamento de professores e alunos.

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