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MINHAS PÉROLAS

terça-feira, 23 de agosto de 2022

SÓ UM CRIME ATROZ PARA COMBATER OUTRO CRIME ("Sou favorável à pena de morte! Aliás, pena que é só morte!" — Marinho Guzman)

 


SÓ UM CRIME ATROZ PARA COMBATER OUTRO CRIME ("Sou favorável à pena de morte! Aliás, pena que é só morte!" — Marinho Guzman)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O sangue que mancha a história humana sempre me inquietou. O dos justos, quando derramado, condena o mundo à morte; o dos injustos, em contrapartida, condena a si mesmo. Cresci ouvindo a lei do Talião e suas sentenças implacáveis: “olho por olho, dente por dente”. Às vezes, me pergunto se a morte de Jesus foi salvação ou uma pena de morte para muitos, e lembro-me daqueles que, ao se suicidarem, tentam imputar aos outros o peso de assassinos. A verdadeira culpa, talvez, não recaia sobre os carrascos, mas sobre aqueles que, podendo deter a tragédia, preferiram o silêncio que a consente.

Quando a morte é imposta em nome do Estado, vejo que o executor não carrega sequelas; torna-se um algoz oficial. Um único morto é um crime, mas a morte de muitos transforma um homem em herói. É assim que a guerra se justifica, e a pena de morte é até chamada de divina. Dizem que Deus mata bem, enquanto o rei do abismo recolhe a fatura dos esquartejamentos em praça pública. Nessa engrenagem, o mundo parece acreditar que apenas um crime hediondo combate outro, e a impunidade, longe de trazer a paz, é uma celebração do crime. "SÓ HÁ PAZ ENTRE OS HOMENS, SE HOUVER VENCIDOS."

Reconheço a coragem de reunir, num mesmo fôlego, suicídio, pena de morte e guerra. A conclusão, “só há paz entre os homens, se houver vencidos”, me atravessa como uma verdade devastadora. Salto de uma ideia a outra sem aviso, como quem tropeça na pressa de expor as feridas. Não consigo abordar esses temas sem sentir o peso do mundo sobre os ombros. Transformo dilemas milenares em frases curtas e afiadas, como quem escreve com a lâmina do espírito. É uma escrita por vezes dura demais, mas que me parece necessária, pois alguém precisa dizer o que todos fingem não ver.

Ao fim de tudo, resta a lição de Jesus: não reagir ao bel-prazer do opressor. Isso porque a paz, quando existe, é sempre paga pelo perdedor — aquele que se cala, que se acomoda, que escolhe morrer um pouco para que os outros possam viver. Talvez seja essa a mais cruel das verdades: a paz não nasce do consenso, mas do sacrifício de alguém. -/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-

A partir do texto, preparei 5 questões discursivas simples que podem ser usadas em uma aula de Sociologia para o Ensino Médio, explorando as reflexões sobre violência, moralidade e justiça.


1 - O autor do texto faz uma distinção entre o sangue derramado dos "justos" e o dos "injustos". Explique, com suas próprias palavras, o significado dessa distinção e qual seria a consequência de cada uma, de acordo com o texto.

2 - O texto afirma que "um só morto é crime, mas a morte de muitos transforma um homem em herói". Analise essa afirmação à luz da sociologia, discutindo como o Estado e a sociedade podem justificar a violência e a guerra.

3 - O autor menciona que a "verdadeira culpa" talvez recaia sobre "aqueles que, podendo deter a tragédia, preferiram o silêncio que a consente". Como essa ideia se relaciona com o conceito de omissão e responsabilidade social?

4 - A frase "SÓ HÁ PAZ ENTRE OS HOMENS, SE HOUVER VENCIDOS" é citada no texto. Discuta a validade dessa afirmação no contexto das relações de poder, conflito e pacificação na sociedade.

5 - O autor traz, ao final, a "lição de Jesus" sobre não reagir ao opressor. O que essa ideia, no contexto do texto, sugere sobre a natureza da paz e quem, de fato, paga o preço por ela?

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