PROFESSOR PANDEMIZADO PELO VÍRUS DA INGRATIDÃO ("Há favores tão grandes que só podem ser pagos com a ingratidão." — Alexandre Dumas)
Por Claudeci Ferreira de Andrade
Após me recuperar da COVID-19, notei que alguns alunos e ex-alunos, ao me verem em uma caminhada, disseram: "‘...essa desgraça devia ter morrido.’" Outros me cobraram, questionando: "‘você vai pagar as velas que acendi recomendando a sua alma ao céu?’" Diante dessas reações, percebo que, por mais ofensivas que sejam, são preferíveis à violência física (uma facada).
Esses incidentes me levaram a refletir sobre a estranha contradição de nossa época: somos professores que ensinam a importância da dignidade e da humanidade, mas que, na vida real, recebem desprezo e brutalidade. É como se a sala de aula fosse um palco onde encenamos a nobreza do conhecimento, para, em seguida, sermos vaiados e tratados como personagens dispensáveis. Nesses momentos, percebo que a própria sobrevivência já é um ato de resistência.
Se a profissão docente é tão essencial, por que os cursos de licenciatura estão cada vez mais vazios? Talvez porque a visão de que o professor é um "profissional fracassado", como sugere o ex-presidente FHC, ainda ressoe. Há quem diga que somente os alunos medíocres do Ensino Médio escolhem o magistério. Por isso, felizmente, ainda há um bom contigente nos cursos de licenciatura.
Humilhado e arrastado por metodologias “inovadoras” que não parecem funcionar, o professor vê sua reputação de desmerecido crescer, especialmente com a ascensão do ensino digital. Além disso, somos silenciados por "focinheiras" impostas para o nosso "próprio bem", resultando em uma comunicação ineficaz onde o "professor fala, aluno não escuta e vice-versa". Ainda assim, a vida continua e, como na teoria da seleção natural, os mais fortes sobrevivem. O professor se adapta, usando o que tem à mão — como a máscara de pano para as aulas híbridas —, pois a vida já é, por si só, uma prova de resistência.
-/--/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/
Preparei algumas questões de sociologia baseadas no texto. Elas foram pensadas para estimular a reflexão sobre o papel do professor e a relação entre escola e sociedade. Responda às questões a seguir com base na sua interpretação do texto.
1 - O autor relata comentários ofensivos de alunos e ex-alunos. Com base nisso, como o texto sugere que a relação entre professor e aluno, na atualidade, pode ser contraditória e desafiadora?
2 - O texto menciona que a sobrevivência na profissão docente é um "ato de resistência". Explique, com base nos argumentos do autor, o que ele quer dizer com essa afirmação.
3 - De acordo com o texto, qual é a principal contradição enfrentada pelos professores em seu cotidiano, comparando o que eles ensinam (dignidade e humanidade) com o que recebem em troca?
4 - O autor associa a falta de interesse nos cursos de licenciatura à visão de que a docência é uma profissão para "fracassados". De que maneira essa percepção social pode impactar o futuro da educação?
5 - O texto critica as metodologias "inovadoras" e o ensino digital, que, segundo o autor, contribuem para o "desmerecimento" do professor. Analise como o ambiente de trabalho e as novas ferramentas tecnológicas podem criar desafios para a comunicação e a valorização do docente.
Após me recuperar da COVID-19, notei que alguns alunos e ex-alunos, ao me verem em uma caminhada, disseram: "‘...essa desgraça devia ter morrido.’" Outros me cobraram, questionando: "‘você vai pagar as velas que acendi recomendando a sua alma ao céu?’" Diante dessas reações, percebo que, por mais ofensivas que sejam, são preferíveis à violência física (uma facada).
Esses incidentes me levaram a refletir sobre a estranha contradição de nossa época: somos professores que ensinam a importância da dignidade e da humanidade, mas que, na vida real, recebem desprezo e brutalidade. É como se a sala de aula fosse um palco onde encenamos a nobreza do conhecimento, para, em seguida, sermos vaiados e tratados como personagens dispensáveis. Nesses momentos, percebo que a própria sobrevivência já é um ato de resistência.
Se a profissão docente é tão essencial, por que os cursos de licenciatura estão cada vez mais vazios? Talvez porque a visão de que o professor é um "profissional fracassado", como sugere o ex-presidente FHC, ainda ressoe. Há quem diga que somente os alunos medíocres do Ensino Médio escolhem o magistério. Por isso, felizmente, ainda há um bom contigente nos cursos de licenciatura.
Humilhado e arrastado por metodologias “inovadoras” que não parecem funcionar, o professor vê sua reputação de desmerecido crescer, especialmente com a ascensão do ensino digital. Além disso, somos silenciados por "focinheiras" impostas para o nosso "próprio bem", resultando em uma comunicação ineficaz onde o "professor fala, aluno não escuta e vice-versa". Ainda assim, a vida continua e, como na teoria da seleção natural, os mais fortes sobrevivem. O professor se adapta, usando o que tem à mão — como a máscara de pano para as aulas híbridas —, pois a vida já é, por si só, uma prova de resistência.
-/--/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/
Preparei algumas questões de sociologia baseadas no texto. Elas foram pensadas para estimular a reflexão sobre o papel do professor e a relação entre escola e sociedade. Responda às questões a seguir com base na sua interpretação do texto.
1 - O autor relata comentários ofensivos de alunos e ex-alunos. Com base nisso, como o texto sugere que a relação entre professor e aluno, na atualidade, pode ser contraditória e desafiadora?
2 - O texto menciona que a sobrevivência na profissão docente é um "ato de resistência". Explique, com base nos argumentos do autor, o que ele quer dizer com essa afirmação.
3 - De acordo com o texto, qual é a principal contradição enfrentada pelos professores em seu cotidiano, comparando o que eles ensinam (dignidade e humanidade) com o que recebem em troca?
4 - O autor associa a falta de interesse nos cursos de licenciatura à visão de que a docência é uma profissão para "fracassados". De que maneira essa percepção social pode impactar o futuro da educação?
5 - O texto critica as metodologias "inovadoras" e o ensino digital, que, segundo o autor, contribuem para o "desmerecimento" do professor. Analise como o ambiente de trabalho e as novas ferramentas tecnológicas podem criar desafios para a comunicação e a valorização do docente.