"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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quarta-feira, 14 de junho de 2023

FUGIR NÃO É COVARDIA É, SIM, SABEDORIA ("Ninguém pode fugir ao amor e à morte." — Públio Siro)

 


FUGIR NÃO É COVARDIA É, SIM, SABEDORIA ("Ninguém pode fugir ao amor e à morte." — Públio Siro)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Era um dia como tantos outros no sistema educacional, uma rotina aparentemente tranquila, até que me deparei com desafios intensos. Alunas problemáticas, como um bando tempestuoso de rebeldes, ergueram suas vozes contra o meu método de ensino. Fui acusado injustamente de roubo de notas, como se o meu comprometimento fosse uma ameaça ao suposto sucesso deles. A falta de respeito dos alunos impregnou o ambiente e complicou ainda mais a missão de educá-los. Ninguém consegue ensinar alguma coisa para quem não confia em seu professor. Sentindo-me acuado, busquei freneticamente uma saída, uma redenção para escapar dessa perseguição: Orei, confiante nas palavras do salmista:  “Eu [Deus] o livrarei, porque a mim se apegou. Eu o protegerei, pois conhece o meu nome. Ele me invocará, e eu responderei. Na angústia estarei com ele. Eu o livrarei e glorificarei” (Salmo 91:14-15). Onde estavam as ursas do profeta Eliseu, prontas para trazer justiça e alívio?

Enquanto tentava compreender essa batalha contra os moinhos de vento, a reflexão sobre uma pandemia psicossomática me invadiu. Uma catástrofe que poupou apenas aqueles que sabiam vibrar com amor ao próximo. Curiosamente, sinto uma atração sombria por essa força avassaladora, mesmo que isso signifique a minha própria destruição.
É intrigante, mas a falha dos nossos detratores em nos prejudicar pode despertar uma sensação de triunfo. Suas acusações vazias revelam a fragilidade daqueles que não conseguem resolver suas próprias batalhas internas e externas. E assim, eu acredito que buscar justiça pessoal não é uma atitude injusta para quem sofreu a injustiça inicial. Somente aquele que vivencia o dano em sua plenitude compreende a necessidade de equilibrar as forças.
Escrevo esta crônica como uma arma para buscar a justiça que me foi negada, usando palavras como flechas para atingir o cerne do problema. Afinal, numa jornada de adversidades, não podemos permitir que as circunstâncias e acusações infundadas nos definam. Somos seres além das injustiças que nos são impostas. Somos capazes de transcender e reescrever a nossa própria história. Receba!

terça-feira, 13 de junho de 2023

SER INTELIGENTE É SER DESCONFIADO ("Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, em relação ao universo, ainda não tenho certeza absoluta." — Albert Einstein)

 


SER INTELIGENTE É SER DESCONFIADO ("Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, em relação ao universo, ainda não tenho certeza absoluta." — Albert Einstein)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

É mais um dia de aula nessa sala movimentada, repleta de alunos com suas personalidades únicas. Entre eles, há uma aluna que se destaca pela falta de interesse e comportamento inadequado. Sentada na mesinha do fundo, balança os pés sobre a cadeira, conversando e buscando chamar atenção.

No meio de todo o burburinho, a aluna decide me questionar sobre o horário de término da aula. É evidente que ela quer deixar claro que não se importa com isso e anseia por ir embora rapidamente. Mas por que perturbar a aula desse jeito?

Respondo de maneira firme que a aula acabará quando a sirene tocar. Como era esperado, a reação da aluna não é das melhores. Ela se ofende, assim como outros jovens mimados desta época, e me chama de mal educado.

Defendo-me, explicando que é preferível tratá-la com indiferença e ser rotulado como mal educado do que me esforçar para ser gentil e educado, apenas para ser injustamente acusado de algo tão grave como pedofilia. Parece que, entre professor e aluno, sempre sobram problemas para o professor.

Os alunos sentem-se desrespeitados quando os professores os repreendem por comportamentos inadequados, como sentar nas mesas e colocar os pés nas cadeiras. Ou quando pedem silêncio, mas preferem falar alto e causar bagunça. Nem mesmo posso mencionar que a letra deles é feia e ilegível.

Essa experiência toda me faz refletir sobre a difícil posição do professor e a importância de estabelecer limites e regras na sala de aula. Lidar com alunos que não valorizam o ambiente de aprendizado e desrespeitam os professores é um desafio constante. No entanto, mesmo diante das dificuldades, é crucial manter a postura e buscar ensinar, mesmo com todos os obstáculos. Afinal, não há outra opção para o professor senão sustentar sua família.

segunda-feira, 12 de junho de 2023

O "NOVO-NORMAL" DA EDUCAÇÃO ("Nunca desista do controle. Viva sua vida sob suas próprias regras." — Breaking Bad)

 


O "NOVO-NORMAL" DA EDUCAÇÃO ("Nunca desista do controle. Viva sua vida sob suas próprias regras." — Breaking Bad)

Por Claudeci Ferreira de Andrade


Em meio ao retorno das aulas presenciais, deparo-me com uma realidade distinta. Não podemos simplesmente resgatar o passado, é preciso abraçar o presente transformado, o "novo-normal".

A educação, assim como todos nós, se reinventou. Nossas janelas para o conhecimento agora são telas, desafios inéditos surgiram. As aulas online trouxeram praticidade, mas também nos distanciaram.

Contudo, não podemos deixar que a conexão humana se perca. A empatia, a compreensão e a dedicação mútua são fundamentais. Precisamos ir além das câmeras desligadas e dos microfones silenciados, buscando maneiras de nos aproximar e criar uma atmosfera de aprendizado que supere a distância.

Ao refletir sobre essa experiência, compreendo que a educação vai além das circunstâncias. Ela está enraizada em nosso desejo de aprender, de crescer e de nos conectarmos. Mesmo diante dos desafios, é nosso comprometimento e dedicação que farão a diferença.

Assim, encaremos o "novo-normal" com coragem e determinação. Valorizemos cada momento de aprendizado, seja ele presencial ou virtual. Nutramos a chama do conhecimento, pois é através dele que encontramos transformação.

Apesar das adversidades, a educação permanece como a luz que nos guia, moldando o futuro. Lembremo-nos de que, independentemente do "normal" em que nos encontremos, a jornada do aprendizado é constante e nos abre portas para infinitas possibilidades.

domingo, 11 de junho de 2023

QUAL O SENTIDO DA ESCOLA PÓS-PANDEMIA? ("Uma coisa já sabíamos, e a pandemia confirmou, as pessoas que mais falam geralmente são as que menos sabem." — Reviane Bernardo)

 


QUAL O SENTIDO DA ESCOLA PÓS-PANDEMIA? ("Uma coisa já sabíamos, e a pandemia confirmou, as pessoas que mais falam geralmente são as que menos sabem." — Reviane Bernardo)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Na sala de aula, as dinâmicas de poder se invertem, onde os outrora humilhados encontram prazer em humilhar seus mestres. O respeito transformou-se em ironia, e a relação professor-aluno desmorona em desgaste.

Recordo-me dos tempos em que as palavras "sim senhor" ecoavam pelos corredores, quando o aprendizado era um caminho de admiração mútua. Agora, somos tratados como "queridões", e o elogio é distorcido em cantadas indesejadas. O medo de elogiar um aluno e ser mal-interpretado consome minhas palavras e sufoca a liberdade de expressão.

A incerteza paira sobre nós, professores, e sobre os jovens que anseiam por um futuro vazio e sem sentido. Como posso traçar um plano perfeito de aula, se a própria essência da educação parece desmoronar diante de nossos olhos? O desencanto toma conta de todos, e a escola se torna uma prisão de almas desesperançadas.

Mas, em meio a esse turbilhão de desafios, não posso deixar que a chama da esperança se apague. Ainda há alunos sedentos por conhecimento, ansiosos por uma mudança. Neles encontro forças para enfrentar os obstáculos, sabendo que cada batalha travada é uma semente plantada em busca de uma transformação.

Assim como eu, outros professores enfrentam as agruras dessa jornada, mas não nos deixamos ser vencidos, mesmo que a modernidade tente sufocar nossos questionamentos. É preciso lembrar que a educação transcende os muros das escolas. Que tipo de profissionais e cidadãos estamos devolvendo para a sociedade? Quem dera fôssemos os guardiões do saber, responsáveis por moldar mentes e corações. Porém, é o mundo que molda a escola.

A voz dos educadores já não ecoa mais com otimismo, e os jovens estão sem inspiração, incapazes de quebrar as correntes que os aprisionam. A educação já não é mais um farol de esperança, um refúgio para os sonhadores e uma ferramenta de libertação.

Que a busca pelo sentido da educação não se perca, pois é através dela que encontraremos a luz capaz de guiar nossos passos nesse caminho tortuoso. E assim, quem sabe, possamos reavivar o verdadeiro propósito da educação e resgatar a esperança que se perdeu.

A JORNADA PARA O PRECIPÍCIO ("A vida é sobre aceitar os desafios ao longo do caminho, escolhendo seguir em frente e aproveitando a viagem." — Roy T. Bennett)

 


A JORNADA PARA O PRECIPÍCIO ("A vida é sobre aceitar os desafios ao longo do caminho, escolhendo seguir em frente e aproveitando a viagem." — Roy T. Bennett)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

No meio do caos da rotina escolar, sou arrastado pelas ondas de pressão que as mães impiedosas desencadeiam. Elas se aproximam da coordenadora e da diretora, exigindo que seus filhos ajam sem limites, como se as rédeas da disciplina tivessem sido soltas. Eu me vejo imerso nessa batalha, um confronto diário que testa minha paciência e habilidade para conciliar os interesses de todos. O peso recai sobre meus ombros, e eu, como professor, me vejo obrigado a assinar relatórios para proteger a escola de mim mesmo, como se eu fosse uma ameaça aos próprios alunos que busco orientar.

A cada incidente, um registro é feito, manchando minha reputação e ocupando seu lugar nas pastas empoeiradas da burocracia escolar. E percebo, com desalento, que a denúncia de alunos indisciplinados à coordenação pedagógica não traz consigo a esperança de solução, mas sim o fortalecimento do ciclo vicioso. Pais desprovidos de educação não se preocupam em educar seus filhos, mas encontram nos professores um alvo fácil para suas denúncias incessantes. E assim, a escola, tão essencial na formação de indivíduos, se torna uma figura controversa, uma "prostituta" social que se aproveita da situação atual para sobreviver.

Ao refletir sobre essa experiência angustiante, vejo claramente a instituição de ensino transformada em um palco de desafios e desgastes. Os professores se veem enredados em um labirinto de demandas conflitantes, entre os anseios dos pais e as restrições impostas pela própria escola. O propósito genuíno da educação, aquele que deveria nortear nossos passos, é subjugado e esquecido, substituído por um jogo de interesses e uma disputa por poder e segurança no emprego. A função de um professor, outrora vocacionada, se resume a segurar os alunos na sala, enquanto o verdadeiro aprendizado escapa por entre nossos dedos.

No entanto, não podemos permitir que a educação seja prostituída por interesses pessoais e negligências. Devemos resgatar a dignidade desse pilar fundamental da sociedade, reafirmando nosso compromisso com a formação de cidadãos responsáveis, críticos e solidários. É necessário superar as adversidades, unir esforços e reconstruir o caminho para uma educação verdadeiramente transformadora.

A PROFECIA CUMPRIDA E O IMPACTO DA PANDEMIA NA ESCOLA ("Se o que está profetizado em Apocalipse realmente acontecerá, não sei; mas o que sei, é que o terreno se encontra propício para a besta." — Duplo K)

 


A PROFECIA CUMPRIDA E O IMPACTO DA PANDEMIA NA ESCOLA ("Se o que está profetizado em Apocalipse realmente acontecerá, não sei; mas o que sei, é que o terreno se encontra propício para a besta." — Duplo K)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Era uma manhã ensolarada, típica de um dia comum naquela escola. A sineta ecoou pelos corredores, anunciando o início da segunda aula. Caminhava pelos corredores como um observador curioso, atentando-me aos detalhes e particularidades daquele ambiente educacional no qual trabalhava.

Ao chegar na sala de aula que assumiria, deparei-me com uma cena intrigante. A professora que deixaria a sala estava cumprindo à risca a proibição da escola, que vetava o uso de celulares pelos alunos. Parecia que a escola era administrada por professores que também se privavam das tecnologias modernas. Uma ironia curiosa, que agora se mostrava irônica demais diante da nova realidade que enfrentávamos.

Nesse instante, desejei secretamente por algo inimaginável. Uma reviravolta completa em nossas vidas, algo que mudasse radicalmente a forma como vivíamos e nos relacionávamos com a tecnologia. E então, como que em resposta a esse desejo audacioso, veio a pandemia, com seu distanciamento social e ensino remoto.

A oportunidade que surgiu com o ensino remoto foi inegável. Os professores, que antes confiscavam os celulares dos alunos, agora tinham a chance de aprender a lidar com plataformas virtuais, videoconferências e compartilhamento de arquivos. Uma reviravolta inesperada que colocava todos em pé de igualdade tecnológica.

Enquanto as aulas presenciais aguardavam seu retorno, a esperança se enraizava em meu coração. A certeza de que aqueles professores jamais continuariam confiscando os celulares dos alunos, agora mais compreensivos e conscientes da importância desses dispositivos como ferramentas educacionais. E os alunos, por sua vez, não mais danificariam os equipamentos pedagógicos da escola, pois o professor, não mais um analfabeto digital, os instruiria corretamente sobre como ligar a TV.

Padrões e prioridades pareciam se inverter quando a realidade se tornava complexa. Foi então que, como um sopro de lucidez, ouvi a voz ecoar em minha mente: "E salve a COVID-19 que 'penetra somente em corpos incompatíveis com a vibração do amor ao próximo'". A profecia de Melissa Tobias se cumpria diante de meus olhos, fazendo-me refletir sobre a importância de cultivar o amor e a compaixão em tempos de crise.

Aquela experiência na escola, com todas as suas contradições e desafios, mostrou-me que, no final das contas, o que realmente importa é a forma como nos relacionamos uns com os outros. A tecnologia, os padrões de beleza, as escolhas individuais podem ser importantes, mas são os sentimentos e o amor ao próximo que dão verdadeiro significado à nossa existência.

No final, a profecia se cumpriu, não por um capricho do destino, mas como um lembrete de que somos seres interligados, que dependemos uns dos outros para enfrentar os desafios da vida. A tecnologia pode ser uma ferramenta valiosa.

sábado, 10 de junho de 2023

NO LIMBO ("Aquilo que não é consequência de uma escolha não pode ser considerado nem mérito nem fracasso" — Milan Kudera)

 


NO LIMBO ("Aquilo que não é consequência de uma escolha não pode ser considerado nem mérito nem fracasso" — Milan Kudera)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Era uma noite sombria, mal peguei no sono já estava envolta em mistérios e inquietações. Encontrei-me perdido em meio a visões turbulentas, navegando pelas profundezas da minha própria existência. O livre-arbítrio, uma dádiva divina, ressoava em minha mente como um eco incessante, despertando questionamentos profundos. Afinal, se possuía o poder de construir meu próprio futuro, como um Deus em minha própria realidade, por que então parecia que Lúcifer triunfava repetidamente sobre minhas questões?

Nessa terra, outrora repleta de promessas e possibilidades, minha dignidade parecia desvanecer-se como uma chama ao vento. Pois, ao contemplar aqueles que eram agraciados com a entrada no céu, percebia que não era por mérito próprio que alcançavam essa glória. Eram os méritos de Jesus que os conduziam às alturas celestiais. Diante disso, rejeitei a ideia de trilhar esse caminho e decidi permanecer na terra, em um estado de indigência moral, carregando a consciência de que não era digno dessa graça.

Contudo, o inferno também não me atraía, pois adentraria seus abismos pela força dos meus próprios méritos. Seria uma justiça amarga, é verdade, mas também reconfortante, sabendo que eu teria merecido aquela punição eterna. Foi então que me vi em um impasse existencial. Viver pela graça e através da graça seria abusar dos méritos alheios? Ou talvez, fosse melhor acreditar no livre-arbítrio e construir meu próprio paraíso, até mesmo convidando Satanás para partilhar do meu lar, privando-o de sua própria dignidade. Não seria pelos meus méritos, nem pela ausência deles, mas sim o fim seria o nada que precede a própria existência.

E assim, mergulhado nesse mar de questionamentos, acordei. Agora, desperto sei que a busca frenética por títulos divinos e poderes inalcançáveis é um labirinto sem saída. O verdadeiro sentido da vida não reside na tentativa vã de se equiparar a Deus (livre-arbítrio), mas sim na jornada interior em busca da nossa própria essência.

Convido cada um de vocês, leitores, a viver, não há escolhas. Em um mundo cheio de incertezas, encontrem coragem para serem autênticos, para abraçarem sua singularidade e caminharem em direção à predestinada plenitude . Pois, no fim das contas, a verdadeira dignidade não é encontrada nos méritos que acumulamos ou nos títulos que ostentamos, mas sim na honestidade consigo mesmo.

Assim, continuamos escravos das ambições vazias e da busca incessante por poder. Pois, já encontramos a grandeza na simplicidade de sermos quem somos, trilhando nosso próprio caminho a nós oferecido pela a integridade e o amor dos deuses. Que possamos aprender a valorizar a jornada, sabendo que o fim, afinal, é apenas o eco do vazio que antecede a nossa existência. CiFA

sexta-feira, 9 de junho de 2023

O LABIRINTO DAS AULAS ONLINE ("Talvez ver o lado bom das coisas, consista apenas em sempre ver que poderia ter um lado pior." — Érica M.)

 


O LABIRINTO DAS AULAS ONLINE ("Talvez ver o lado bom das coisas, consista apenas em sempre ver que poderia ter um lado pior." — Érica M.)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Desde que as aulas migraram para o ambiente virtual, confesso que me rendi aos encantos dessa nova modalidade de ensino. A praticidade, a eficácia e a tranquilidade proporcionadas pelas tecnologias e mídias conquistaram meu coração. Aprendi a dominar os aplicativos mais populares e até adquiri um notebook de qualidade. Como é gratificante não ter que lidar com alunos indisciplinados na sala de aula e não presenciar a cena deles devorando lanches no espaço de estudo.

No entanto, nem tudo são flores na escola pública. Aqui, as coordenadoras parecem ter um excesso de tempo ocioso e inventaram uma infinidade de planilhas e relatórios para nos manter ocupados. Não que essas estatísticas sejam realmente úteis para melhorar a educação. Na verdade, elas apenas camuflavam as deficiências e justificavam a existência de funções dispensáveis.

Para piorar, fui submetido a fazer tarefas adaptadas para alunos com deficiência. Curiosamente, havia três "especialistas" contratadas pela escola para cuidar desses alunos em minhas turmas. Eu, que sou professor regente, sem formação específica nessa área, me vi obrigado e humilhado em desempenhar essa função extra; digo humilhado, porque levava bronca todos os dia, por não conseguir cumprir a dupla função. Na verdade, sou eu quem precisa de inclusão, pois não fui preparado para lidar com todas essas demandas. Seria ideal ter uma sala especial dedicada aos alunos com necessidades especiais, onde pudessem receber a atenção necessária.

E agora, confesso algo totalmente oposto ao que disse anteriormente. Não suporto mais as aulas online. Tudo demais enjoa. Não aguento mais responder a aplicativos, preencher planilhas, fazer relatórios e refazer atividades adaptadas para inclusão. Sou constantemente criticado por aqueles que jogam suas responsabilidades em minhas costas, e eu as deixo cair. Porém, já não tenho forças para lutar contra essa situação. Não consigo cumprir bem as obrigações alheias. A justiça não faz distinção de critérios. Eu clamo por aulas presenciais! Há muitas pessoas no sistema educacional, recebendo salários generosos, explorando a incompetência alheia. "As pessoas não são o que elas pensam", como bem disse no livro "Poder Além da Vida". Elas são o que são.

Refletindo sobre essa experiência tumultuada, percebo que a vida é repleta de labirintos e contradições. O que parecia um caminho promissor e confortável revelou-se um emaranhado de desafios e frustrações. As aulas online, que a princípio pareciam um refúgio, transformaram-se em um fardo insuportável. Nesse emaranhado, descobri a importância de lutar pelos meus direitos e não permitir que as responsabilidades alheias se tornem minha carga.

Portanto, é chegada a hora de buscar mudanças, de exigir o retorno às aulas presenciais. Não podemos permitir que a ineficiência e a negligência se perpetuem em detrimento de um sistema educacional justo e eficiente. Somos mais do que meros cumpridores de tarefas.