"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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sábado, 10 de dezembro de 2011

MULHERES SEM DONO(A mulher lutou por direitos iguais e ganhou o direito de ter mais deveres — Iaponira Barros)



CRÔNICA

MULHERES SEM DONO (A mulher lutou por direitos iguais e ganhou o direito de ter mais deveres — Iaponira Barros)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Nunca mexi com mulher alguma na rua, com medo de seu dono, mas há quem o faça e goste, de ambos os lados, mesmo que correndo vários riscos de ser achado como leviano. Hoje, no século XXI, em que se dizem libertas; mulheres compram seus donos. Porque lhes parecem originalmente que uma mulher, que não pertence a ninguém, não tem valor. Poderia ser diferente se não apenas precisassem de "sombra e água fresca". Isso sempre foi assim socialmente, dentro do universo feminino entre libertas e libertinas, ainda há aquelas que fingem ter um patrão poderoso, ser casadas com um homem bonito e famoso, até se dizem filhas do seu fulano de tal para mostrar seriedade, outras ainda falsificam a idade para parecer "de menor" e serem propriedades da lei. Assim, quase todas, em maior ou menor grau, exercem sua incoerência, forte ou suavemente sob um manto aceitável, isto é, sob uma proteção.
           Outro dia, com muito jeito, eu flertei uma mulher no nosso ambiente de trabalho, e ela me disse:
           — "Me respeite, pois sou casada e bem casada. E por dez anos!"
           Ela chamou minha atenção para o seu duradouro enlace matrimonial, logo forçou o meu respeito ao seu marido por tabela, pois queria fortemente que eu não a fizesse pensar na possibilidade de perder o seu vantajoso dono e lhe despir o manto. Uma sugestão para a autonomia, fora do modelo tradicional, far-lhe-ia parecer dona de si mesma, não seria ético e nem cultural, podendo não saber gerir seu feminismo machista; cortou-me de vez, pela raiz, para ter a certeza que não seria importunada novamente. Eu no lugar dela me sentiria privilegiado, diga-se de passagem, conhecendo minhas boas intenções! Elas deixam de ser deusas, para serem ídolos apenas. São assim! Não fui desrespeitoso, uma vez que fui até romântico com um buquê na frente, floreado de palavras comedidas. 
           Eu sou livre para me dirigir respeitosamente a qualquer mulher que me agradar, cabendo a ela, civilizada, dizer o seu "não" eufemisticamente, será o suficiente, minha sensibilidade captará. Para o idiota que continuar insistindo; escravo da paixão, corra dele, não é dono nem de si mesmo. Chame a polícia. Não faça justiça com as próprias mãos, ou melhor, com a própria boca, não é politicamente correto xingar, se é isso que lhe preocupa! Meu machismo é assim: resiste a sua superioridade e se suaviza à igualdade dos gêneros. Meu machismo é estúpido porque não entende quando elas põem o peito nu em redes sociais, mas se um cara divulgar a nudez de uma delas é um crime, ele vai para a prisão e paga fiança, mas mudou o fato de que eu vi peito na campanha feminista! "Eu concordaria de bom grado em dizer que as mulheres são superiores a nós... se isso fizesse com que desistissem de igualar-nos. (Sacha Guitry)
           Por essa e tantas outras circunstâncias, toda mulher tem sempre o dono que merece. Agora, recuso-me ser dono de quem quer que seja, abstenho-me desse sentimento de posse, reivindico apenas a liberdade de possuir as mulheres como o ar que respiro, pois elas, por último, pertencem a Deus. Ou porque, talvez, seja mesmo como diz Tati Bernardi: "Toda mulher é um pouco de bi. Se não for bissexual ou bipolar, é biscate." E para as pseudo-feministas qualquer elogio é uma cantada. E se as chamar para sair é assédio sexual, e se for gentil apenas, está querendo "ficar". O resto é machismo! Tudo lhes ofende!
Claudeko
Enviado por Claudeko em 05/11/2011
Reeditado em 08/12/2011
Código do texto: T3318523

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sábado, 3 de dezembro de 2011

O ESCÁRNIO DOS TOLOS ( Herança dos sábios)


Crônica

O ESCÁRNIO DOS TOLOS ( Herança dos sábios)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

            Sexta feira, em uma aula de filosofia, eu afirmava que o dinheiro compra amor, carinho, sexo e, por último, a felicidade. Aí um aluno invejoso, "para me tirar", disse: “só pode, para achar alguém que "fique" com você, tem que ser por dinheiro mesmo”. Então lhe respondi com uma pergunta: Pois é, e que razão uma mulher teria para "ficar" consigo? Se você não tem dinheiro, nem beleza, nem saúde e nem inteligência! Só se ela for pior que você! A que se dispuser em ficar com você de graça não vale o dízimo das que são profissionais. Porque na pobreza mora o descuido, na juventude a falta de experiência, na doença os maus traços. Não sei o que se passou dentro dele, mas sei muito bem a dor do meu coração e a minha renúncia pelo desclassificação. Se Deus perdoa, mesmo no prejuízo, peço a Ele meu perdão pela minha grosseria, ninguém ama gente grosseira, porém compra-se quem goste desse tipo.
            Eu não ignoro meus alunos, Deus também não, e observo tudo o que eles me dizem. Eu sempre me pergunto: O que eles pensam quando ouvem meu nome? Pensam em mansidão, piedade, diligência e fidelidade? Meu nome é doce para seus ouvidos e pensamentos? Como eles falam sobre mim para os outros? Sou frequentemente elogiado quando não estou presente? Será que eles gostam de estar na minha companhia? Será que eles querem me honrar com carinho, presentes e serviço? Ou meu nome é um pensamento amargo? Pensam em rudeza, egoísmo, teimosia, orgulho, mau humor ou indiscrição? Eles estão tentando me evitar? Quando os outros falam sobre mim, eles têm que pedir desculpas pelo meu comportamento? Eles não me incluem em suas listas de convites ou tarefas porque eu os incomodo mais do que eles gostam? Se isso acontece de fato, eu culpo o sistema educacional que não prioriza relacionamentos saudáveis. Em tempos quando a educação era respeitada, os professores eram rígidos e até cruéis, no entanto aluno algum ousava zombar de seus professores, Mais anteriormente, Deus não deixou nem os garotos da história Bíblia "curtirem" do profeta Eliseu (A média de uma sala de aula é 42 alunos - morreram 42 em II Reis 2. 23-25 com o comportamento de aluno moderno). Mas, agora podem. Há os que me chamam de velho gagá, zombam de meu magistério, da minha aula, da minha autoridade. Deixam me acuado em meio ao tumulto da sala de aula com as algazarras dos que não querem estudar. Deus jamais os deixará impune! Ou Ele terá de recusar muitas vezes minha oração!? Enquanto isso...
            Se amar é ensinar, O amor não me ama, esfrega-me na lama, aproveito para manter a fama de asqueroso, matando a minha sede na poça da rua. Quem me dera ser seu para que sinta nojo de mim, com a razão do urubu-de-cabeça-vermelha. Quero desvirtuar seu perfume com um fedor difuso de uma boca que dormiu aberta de tanto cansado: a minha que lhe beija. E se ainda, assim, não me ver verdadeiro, pelo menos me respeite, honrado-me com a herança dos sábios: o escárnio dos tolos.
           Onde quero estar? No paraíso, é claro! Ou em um lugar que não tenha regras escolares, mas que tenha apenas exceções supervisionadas, motivadas pela sede do equilíbrio. Aí sim, as pessoas podem amar e se deixar ser amadas sem reserva ou medo de acusação. Lá o porco que hoje nos persegue corre pouco, será gordo demais para isso! E com uma banana tirada do pé, repõe-se cabalmente o prato de petiscos derramado por acidente.
           No mundo onde vivo, qualquer traça come minha roupa nova, comprada com as secreções vitais – suor, lagrimas, sangue – do meu calejado corpo, que nem me pertence mais, é do Diabo, de tanta maldição dos que anseiam ver em mim os "sublimes" traços da beleza midiática e não os encontram. Qual é minha culpa? E qual é sua culpa por ter que me olhar mesmo torcido que seja? Eu sinto por existir, porém existo, logo penso, embora na contramão! Fazer o quê! Mas, penso. E você pensa...?
           É como disse Mahatma Gandhi: "De olho por olho e dente por dente o mundo acabará cego e sem dentes." E por minha conta, acrescento que de tanto "amar", o mundo acabará também sem coração!
Agora não dou mais conselho, presto assessoria!
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 01/04/2017
Código do texto: T5958062
Classificação de conteúdo: seguro

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sábado, 26 de novembro de 2011

USANDO O CONHECIMENTO DE SI MESMO ( "Conhece a ti mesmo e conhecerás os deuses")


CRÔNICA

USANDO O CONHECIMENTO DE SI MESMO ( "Conhece a ti mesmo e conhecerás os deuses")

          Por Claudeci Ferreira de Andrade

            Hoje, ouvi esse papo de que estão inspecionando nossa vida através do jogo "Pokemon Go", isso me parece o discurso fanático de quem usa as redes sociais indevidamente, espalhando que o "pokemon go" é a besta do apocalipse. E os tais bestas somos nós, quando passamos horas e horas a fio, selecionando coisas boas no palheiro virtual. Todos nós que utilizamos as redes sociais o fazemos por querer ser conhecido mesmo e da maneira mais rápida e abrangente POSSÍVEL. Por que eu haveria de temer que saibam quem eu sou, talvez quando descobrirem, dirão-me, pois me acho uma pessoa boa e exemplar para todos! "Não te preocupes com os que não te conhecem, mas esforça-te por seres digno de ser conhecido." (Confúcio) Apesar de não jogar o "Pokémon Go" não tenho nada a esconder de ninguém...ESTUDE A MINHA VIDA PARA MELHORAR A SUA! Esse é meu lema! 
          Quando se tem consciência do passado diminui nossa vulnerabilidade frente às intempéries da vida. Que SERVENTIA TÊM O CONHECIMENTO E A SABEDORIA, SENÃO PARA SE CONHECER MAIS E MAIS? Dizem sobre o conhecimento trazer felicidade por revelar onde se pisa, mas acho que traz, sim, tristeza por ser esta a mãe da busca por uma saída. É difícil ter um olhar microscópico e tentar caminhar sobre seres vivos. Como não matar e não ser suscetível a morte na mesma proporção?
           Os micro-organismos restantes, vivos por debaixo de nossos pés, têm muito a nos ensinar de tudo, mas como aprender deles se não os vemos, exceto se tivéssemos a ajuda de um microscópio, talvez. E também precisamos de olhares aguçados ao ver os macrosseres a partir de nós, inclusos. Sem dizer: fomos feitos um pouco menores que os Anjos! Porém, com a complexidade dos deuses! De um extremo a outro, dentro desta extensão ideológica, perambulo em busca de mim mesmo e só acho a dor do conhecimento e da responsabilidade: O bom desta conquista é que perdi o medo de morrer. Pois entendi a morte, como, ou senão pelo menos, a vida olhada da frente para trás: o revés do percurso. Quem vive morre e quem morre revive nas lembranças, cada um em seu círculo. Pensando nisso, cabe aqui a fala de Paul Valéry: "O problema do nosso tempo é que o futuro não é o que costumava ser". Também comenta a escritora Silvia Regina Costa Lima: "nossa visão deveria sempre ser larga e atenta para contribuirmos com o desenvolvimento ainda que soframos com isso e até se desenvolva um certo ceticismo e mesmo uma ironia fina... um modo de ver a vida meio solitário e desconfiado. É o preço a pagar! Omissão ou ingenuidade?
 
Claudeko
Enviado por Claudeko em 01/11/2011
Reeditado em 23/11/2011
Código do texto: T3310488


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sábado, 19 de novembro de 2011

QUEM DENUNCIA, O CORAÇÃO OU A CARA? ( Se eu estivesse no seu lugar seria igual a você)

QUEM DENUNCIA, O CORAÇÃO OU A CARA? ( Se eu estivesse no seu lugar seria igual a você)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Era mais um início de ano letivo, e eu, professor há mais tempo do que gostaria de admitir, observava com atenção os novos rostos que preenchiam a sala de aula. Ao longo dos anos, desenvolvi uma habilidade quase sobrenatural de decifrar personalidades apenas olhando para as fisionomias dos meus alunos. Chame de intuição ou experiência, mas raramente me enganava.

Naquela manhã, enquanto os estudantes se acomodavam, não pude deixar de notar como os semelhantes se atraíam. Era como um balé silencioso, uma coreografia invisível que agrupava os bons alunos de um lado, os bagunceiros de outro. Seus nomes, suas roupas, seus gestos - tudo parecia se harmonizar em pequenos clusters de personalidades afins.

Lembrei-me do ditado popular "Quem vê cara, não vê coração". Sempre discordei silenciosamente. Para mim, a boca fala do que o coração está cheio, e os olhos são verdadeiramente as janelas da alma. A fisionomia das pessoas é uma janela para seus sentimentos, como se a expressão facial pudesse revelar o que se passa no coração.

Foi então que Juliana, uma aluna nova, entrou na sala quase no fim do segundo bimestre. Observei com fascínio enquanto ela hesitava, seus olhos varrendo a sala como um radar, até encontrar o grupo que, instintivamente, eu sabia que a acolheria. Era como magnetismo - os iguais se protegem, pensei. "Mostra-me com quem andas que direi quem tu és", murmurei, vendo minha teoria se confirmar mais uma vez.

Juliana era exatamente como imaginei: falava alto, furava filas, brigava para repetir o lanche. Sua personalidade era um eco das colegas com quem escolheu se sentar. Refleti sobre como o nome "Juliana" poderia carregar um pouco da história e dos "pecados" de Júlio, e como nomes iguais podem trazer traços de caráter semelhantes.

Semanas depois, tive um encontro desagradável com a mãe de Juliana. A menina havia faltado em um dia de prova, e eu, seguindo as regras, neguei-lhe uma segunda chance. A mãe invadiu minha sala, os olhos faiscando de raiva, ameaçando-me fisicamente. Naquele momento, vi refletido nela todo o comportamento de Juliana. Era como olhar para um espelho do futuro da menina.

Enquanto a situação era acalmada, refleti sobre como nossas experiências nos moldam. Os gêmeos que crescem juntos desenvolvem argumentos semelhantes. Casais longamente unidos acabam por compartilhar gostos e maneirismos. O meio parece ser um molde determinista, moldando comportamentos e reações.

Ao final daquele dia tumultuado, sentei-me em minha mesa vazia, o silêncio da escola ecoando nos corredores. Pensei em como o analfabetismo emocional sustenta tantos conflitos, tanto na escola quanto fora dela. Ironicamente, o sistema educacional muitas vezes não tem interesse real em erradicar esse analfabetismo, talvez porque seja mais fácil manter as coisas como estão.

Como educadores, temos a responsabilidade não apenas de ensinar conteúdos, mas de ajudar nossos alunos a lerem além das palavras - a interpretarem o mundo e as pessoas ao seu redor. Talvez, se pudéssemos ensinar empatia junto com matemática, compreensão junto com história, poderíamos mudar não apenas o futuro de Juliana, mas de toda uma geração.

Peguei meu diário de classe e comecei a fazer anotações. No fim das contas, para quem souber ler, um risco é palavra. A linguagem corporal é muitas vezes a mais fiel tradução dos sentimentos. E eu estava determinado a ensinar meus alunos a lerem não apenas livros, mas também o livro mais complexo de todos: o ser humano.

Refletindo sobre essas experiências, vejo que a convivência humana é cheia de nuances e coincidências. Entender essas dinâmicas nos ajuda a navegar melhor pelo cotidiano, mesmo que as respostas nem sempre sejam óbvias. E assim, seguimos tentando decifrar o enigma das relações humanas, com a esperança de que, algum dia, possamos compreender melhor a nós mesmos e aos outros.

Duas questões discursivas sobre o texto:

1. O texto sugere que a personalidade de um indivíduo pode ser influenciada por diversos fatores. Quais são esses fatores e como eles interagem para moldar a identidade de uma pessoa?

Esta questão aborda a complexidade da formação da identidade, convidando os alunos a refletirem sobre as influências sociais, culturais e individuais que moldam quem somos.

2. O professor demonstra uma crença na capacidade de "ler" as pessoas através de suas aparências e comportamentos. Até que ponto essa prática é válida e quais são os seus limites? Discuta as implicações sociais e éticas dessa abordagem.

Esta questão provoca uma reflexão sobre os estereótipos e preconceitos, incentivando os alunos a questionar a validade de julgamentos baseados em primeiras impressões e a importância da empatia e da compreensão individual.

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sábado, 12 de novembro de 2011

Piranha é reimoso ( Minicrônica - 30 palavras)


MINICRÔNICA

Piranha é reimoso ( Minicrônica - 30 palavras)

         Não sei com quantas letras se escreve amor, nem com quantos paus se faz uma canoa, nem pretendo ser exímio pescador, a inocência d'água me protege das "piranhas". Elas são reimosas.
Claudeko
Enviado por Claudeko em 29/10/2011
Reeditado em 12/11/2011
Código do texto: T3304896

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sábado, 5 de novembro de 2011

O ECO SILENCIOSO DA CRISE EDUCACIONAL ("O pior resultado da falência do sistema educacional é, além de gerar ignorantes, produzir neles o orgulho de sê-lo." — Murilo Amati)


Crônica

O ECO SILENCIOSO DA CRISE EDUCACIONAL ("O pior resultado da falência do sistema educacional é, além de gerar ignorantes, produzir neles o orgulho de sê-lo." — Murilo Amati)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O sino da escola ecoa pelos corredores vazios, marcando o fim de mais um dia letivo. Sentado à minha mesa, contemplo o quadro-negro repleto de equações matemáticas incompreendidas, enquanto o silêncio ensurdecedor se instala como um grito há muito sufocado. Este momento de quietude torna-se uma metáfora poderosa para a crise educacional que enfrentamos.

A escolha da docência, outrora movida pela vocação, agora carrega o peso de uma profissão desvalorizada. Os baixos salários são justificados pela abundância de profissionais, como se "qualquer um servisse" para educar as futuras gerações. Esta hipérbole cruel dilui o valor de nossa formação e dedicação, transformando a nobre missão de ensinar em uma luta diária contra a desvalorização.

As palavras de Edvan Antunes ressoam: "Quanto mais ignorante é a pessoa, mais alta é a sua voz". Ironicamente, o silêncio atual é a voz mais alta, gritando as mazelas de um sistema educacional à deriva. As estatísticas frias revelam uma realidade alarmante: 60% dos ingressantes em pedagogia têm notas abaixo da média no ENEM, números que escondem histórias de dedicação, mas também de um sistema que parece não valorizar a excelência.

A sala dos professores torna-se um microcosmo desta realidade distorcida. Um advogado reprovado na OAB leciona História, enquanto um pedagogo luta para dar sentido às aulas de Filosofia. Somos peças mal encaixadas em um quebra-cabeça educacional que clama por reforma.

A burocracia sufoca a criatividade, transformando a paixão pelo ensino em uma corrida contra o tempo para cumprir metas vazias. Diários de classe e planos de aula intermináveis consomem o tempo que deveria ser dedicado à preparação de aulas inspiradoras e ao atendimento individualizado dos alunos.

O debate sobre o Ensino Religioso na reunião pedagógica exemplifica os desafios enfrentados. A laicidade do Estado se choca com a diversidade de crenças em sala de aula, criando um campo minado de sensibilidades e expectativas. Questiona-se a relevância de certas disciplinas no currículo, ponderando se servem mais como complemento de carga horária do que como ferramentas essenciais para a formação integral dos estudantes.

As palavras de Fernando Henrique Cardoso sobre os "fracassados" que caem na educação provocam indignação. Não somos fracassados, mas resilientes, persistentes e apaixonados por um ideal que parece cada vez mais distante. A desativação de 40 subsecretarias da educação em Goiás simboliza mais vozes silenciadas, mais gritos abafados de um sistema educacional à deriva.

Contudo, em meio a este cenário desafiador, encontramos nossa motivação renovada. Cada aula bem ministrada, cada aluno inspirado, cada pequena vitória em sala de aula é uma nota em uma sinfonia de mudança. Nossa mensagem, embora silenciosa, é profunda e persistente. Estamos formando as vozes do amanhã, cultivando o respeito mútuo e o valor do conhecimento.

A criação de uma "Ordem dos Professores do Brasil", similar à OAB, poderia ser um passo importante para garantir que apenas profissionais qualificados possam ensinar, elevando o padrão da educação nacional. É crucial valorizar os educadores, assegurando que os mais capacitados ocupem essas posições vitais para o futuro da sociedade.

Ao final de cada dia, com a caneta em mãos e o coração cheio de esperança teimosa, continuamos a planejar, sonhar e ensinar. Porque, no fim das contas, não é o volume da voz que importa, mas a profundidade da mensagem. E nossa mensagem, a mensagem da educação, é a mais profunda de todas. Cada gesto conta na construção de um futuro melhor, onde o respeito e o conhecimento sejam valorizados como as dádivas preciosas que são.

Questões Discursivas:

Questão 1:

O texto aborda a crise da educação, destacando a desvalorização da profissão docente. A partir da leitura, como a desvalorização do professor impacta na qualidade do ensino e na formação dos estudantes?

Esta questão convida os alunos a refletirem sobre a relação entre a valorização do professor e a qualidade da educação, explorando temas como motivação profissional, condições de trabalho e o impacto na aprendizagem dos estudantes.

Questão 2:

O autor questiona a relevância de determinadas disciplinas no currículo escolar. Considerando as diferentes perspectivas apresentadas no texto, como a sociedade pode definir quais conhecimentos são essenciais para a formação integral dos estudantes?

Esta questão incentiva os alunos a pensarem criticamente sobre a função da escola e a construção do currículo escolar, explorando temas como a relação entre conhecimento e vida prática, a importância da interdisciplinaridade e a necessidade de adaptar a educação às demandas da sociedade.

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