AO PROFESSOR, MERECIDA HOMENAGEM (Obrigado Professora de educação física, Dey)
Reeditado em 17/11/2015
Código do texto: T5415731
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RIDICULARIZAR PARA APERFEIÇOAR: NINGUÉM PODE IMPEDIR QUE EU CONTE O QUE CONTECEU COMIGO, APENAS TENHA CUIDADO PARA NÃO TROPEÇAR NAS COVAS profundas DE MINHAS "PISADAS". O QUE SERIA ASSÉDIO MORAL? É a exposição dos trabalhadores a situações humilhantes e constrangedoras, de um ou mais chefes desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho. “Eu sou um castigo de Deus. E se você não cometeu grandes pecados, Deus não teria enviado um castigo como eu.” ―Gengis Khan
Sempre apreciei a estampa xadrez em minhas roupas. Há algo nela que me traz alegria. Mas agora, parece que preciso me vestir de palhaço para encarar as ironias do meu ambiente de trabalho. Apesar de ter sido uma criança que temia palhaços, hoje entendo a importância deles em trazer alegria para muitos, mesmo quando estão tristes. Por isso, quero trocar meu jaleco branco, camuflador de pó de giz, pela indumentária colorida de quem vive em um circo, assumindo assim a honra de ser um bom palhaço. Critico minha disposição em me adaptar ao comportamento enganoso que hoje alunos, pais, colegas e o governo exigem da escola e do professor.
Lembro-me das palavras de Cao Albuquerque, o figurinista responsável pelas roupas do elenco do amado seriado “A Grande Família”, da Rede Globo. Ele disse: "Eu pensei que ele tinha que ser anos 1970, porque ele é o cafajeste, enganador, tem uma coisa clown (palhaço, em inglês) e farsesca. (...) O Pedro Cardoso, que interpreta o Agostinho, diz que o figurino ficou próprio de um clown. Ele acha muito legal do ponto de vista de que o figurino ajuda a ninguém ficar com raiva do personagem, mesmo que o Agostinho cometa as maiores barbaridades". Seria tudo que preciso...!
No entanto, o professor é um profissional com uma nobre função: preparar os indivíduos para conviverem, servirem à sociedade e, quando necessário, transformá-la. Tarefas nada fáceis. Então, por que o professor é tão desacreditado por essa mesma sociedade que ele ajuda a formar? O professor é um instigador de ideais, mas ele também precisa sentir prazer com o que faz, ou então, estará sendo forçado a ser hipócrita, falando coisas em que não acredita, transmitindo emoções que não sente. E isso mata a educação. Ou talvez, que se mate a educação antes que eu me mate!
O lado bom de me fantasiar de palhaço não é apenas meu protesto contra os desencantos da escola, mas também contar com um poderoso recurso didático para socializar conteúdos da matriz curricular do Novo Ensino Médio. Alguns colegas já usam a fantasia de palhaço para facilitar suas aulas. O que vale, acima de tudo, é a sobrevivência. "Chegará um dia em que no lugar dos pastores alimentando as ovelhas haverá palhaços entretendo os bodes" - C. H. Spurgeon.
Os alunos precisam mesmo é de professor ou de palhaço? Que tal um pouco dos dois! Que graça tem um profissional agradar o cliente e continuar sendo o mesmo profissional? Vai desgastar! E, por incrível que pareça, o que eles querem verdadeiramente é um palhaço! "Para a aluna Evely Fernanda Damaceno, de 11 anos, a aula fica muito mais interessante e engraçada. “Acho muito legal todas as aulas do professor Júlio. Meu recado para ele é que continue assim”, finaliza a estudante.
Se no primário se acostumou com palhaçada, não se contentará com menos no Ensino Médio e na vida toda. Aqueles que zombam de mim, chamando-me de Agostinho, vestem-se de "pega-marreco": modelito do Chaves, faltando só o suspensório. Então, ninguém é sua calça! E, às vezes, estamos no circo errado! "É diferente, diferente eu também sou, um pouco d'água mata sede , e um calmante passa a dor..."
ALINHAMENTO CONSTRUTIVO
1. Alegria, Palhaços e Adaptação:
O texto inicia com a valorização da estampa xadrez e sua relação com a alegria. Como o autor conecta essa alegria com a figura do palhaço?
Por que o autor decide trocar seu jaleco branco por uma indumentária de palhaço? Quais as ironias que ele encontra no seu ambiente de trabalho?
Você acredita que a adaptação do professor a um comportamento "palhaço" é necessária para lidar com as expectativas dos alunos, pais, colegas e governo? Por quê?
2. Crítica e Engano:
O autor critica a necessidade de se adaptar a um comportamento "enganoso" no ambiente escolar. Qual a sua opinião sobre essa crítica?
De que forma a figura do Agostinho, da série "A Grande Família", representa essa ideia de "clown" e "farsesco"?
É possível conciliar a função crítica do professor com a necessidade de manter um ambiente positivo e engajador na sala de aula?
3. Função do Professor e Desacreditação:
O texto destaca a nobre função do professor em preparar indivíduos para a sociedade. Como o autor relaciona essa função com o descrédito que a profissão enfrenta?
Quais fatores contribuem para o descrédito do professor na sociedade?
É possível resgatar o valor da profissão docente e reverter essa percepção negativa?
4. Hipocrisia e Prazer no Trabalho:
O autor questiona a necessidade de o professor ser hipócrita para agradar os alunos, pais e governo. Você concorda com essa visão? Por quê?
Como conciliar o prazer no trabalho com a necessidade de lidar com as expectativas e demandas da profissão docente?
É possível ser um professor autêntico e engajado sem abrir mão do prazer em ensinar?
5. Palhaço como Recurso Didático:
O autor apresenta a ideia de usar a fantasia de palhaço como recurso didático. Quais as vantagens e desvantagens dessa abordagem?
Como utilizar a figura do palhaço para tornar as aulas mais interativas e engajadoras sem perder o foco no aprendizado?
Qual o papel do humor na educação e como ele pode ser utilizado de forma eficaz pelo professor?
Reflexão Adicional:
O texto apresenta uma visão crítica da profissão docente, mas também busca soluções criativas para os desafios enfrentados pelos professores. O que você considera mais importante: a crítica ou a busca por soluções?
Qual o papel do professor na formação de cidadãos críticos e engajados na sociedade?
Como podemos fortalecer a valorização da profissão docente e garantir melhores condições de trabalho para os professores?
Era uma tarde de segunda-feira quando me sentei na sala dos professores, exausto após uma aula caótica. Olhando para o café frio esquecido pela manhã, decidi desabafar no papel as frustrações acumuladas ao longo dos anos:
"Hoje, descobri uma nova tática dos alunos" — comecei a escrever — "Como advogados espertos, eles exploram as brechas a seu favor, tumultuam a porta da sala na esperança de que a coordenadora me repreenda. Foi o que um aluno do oitavo ano, com um sorriso malicioso, jogou na minha cara."
Respirei fundo, lembrando-me dos meus ideais iniciais, agora tão distantes. "Frustrado, tento justificar meu trabalho focando nos poucos que ainda querem aprender. Mas e os outros? Os que buscam apenas atenção ou estão ali por obrigação? Sou professor de Língua Portuguesa, não psicólogo, embora, às vezes, sinto-me como se precisasse ser ambos."
As memórias se misturavam. "É um constante 'psiu' para cá, um 'oba-oba' para lá. No sétimo ano, vejo papéis voando e alunos passeando como se estivessem num parque. Eles testam meus limites, abusam da minha paciência. Peço bom comportamento a cada minuto, mas parece em vão."
Refleti sobre o "domínio de classe" tão valorizado. "Será que dominar é dizer sempre 'não'? Ou há poder em saber quando dizer 'sim'? Busco um equilíbrio, mas me sinto como um palhaço, falando para cadeiras ocupadas por mentes ausentes. Não posso corrigi-los em público sem enfrentar sua ira coletiva. Uma vez, quase fui agredido por comentar sobre uma caligrafia ilegível."
Pensei nas palavras de Edmund Burke: "Todos os opressores atribuem a frustração dos seus desejos à falta de rigor suficiente." Seria eu o opressor ou o oprimido? "Quem assume o controle dos outros paga o preço com sua própria escravidão," escrevi, "mas quem liberta os outros paga o preço com sua liberdade. Qual atitude é mais cara?"
Refleti sobre os alunos do ensino fundamental. "Eles almoçam correndo, chegam às 13h e saem no final da tarde sem saber explicar o que aconteceu nas aulas do dia. Bagunçam e competem para mostrar que sabem mais, jogando a culpa no professor. Não entendem que nunca se ensina adversários, mas parceiros. Ensinar é um ato de amor, aprender só é possível com respeito."
As palavras de Alice Walker ecoaram: "Não pode ser seu amigo quem exige seu silêncio." Acrescentei: "Não é meu amigo quem abafa minha voz ou me obriga a calar." Paradoxalmente, dou boas notas aos adversários, iludindo-os de bons, tornando-os heróis sem caráter, como Macunaíma.
A instituição exige altos índices de aprovação, como uma missão impossível. Todo mundo finge estar a favor da escola, mas até quando ela resistirá? As bênçãos e desgraças vêm do mesmo lugar, como diz em Lamentações 3:38.
Olhei para as páginas preenchidas, uma mistura de desabafo e reflexão. Apesar de tudo, ainda acredito na transformação pelo conhecimento. Fechei o caderno, prometendo continuar buscando maneiras de alcançar meus alunos, de fazer a diferença, mesmo que para apenas um deles.
Levantei-me, recolhendo minhas coisas. Amanhã será outro dia, outra chance. A luta continua, na esperança de que as sementes plantadas hoje floresçam em um futuro melhor. Afinal, como diria Macunaíma, "Ai, que preguiça!" Mas não posso me dar ao luxo de desistir. Seguimos navegando pelas brechas, tentando, com esforço e paciência, fazer a diferença em um sistema cheio de falhas.
Questões Discursivas:
1. O texto apresenta um desabafo de um professor de Língua Portuguesa sobre os desafios e frustrações do dia a dia na sala de aula. A partir da narrativa do professor, explore as principais dificuldades enfrentadas pelos docentes no contexto educacional atual. Quais são os principais fatores que contribuem para a indisciplina e a desmotivação dos alunos? De que forma a cultura escolar, a valorização excessiva por notas e a falta de apoio da família e da sociedade podem influenciar o trabalho do professor?
2. O professor reflete sobre o papel do professor e a busca por um "domínio de classe". A partir dessa perspectiva, discuta os diferentes métodos de ensino e gestão de sala de aula. É possível conciliar disciplina com respeito e autonomia dos alunos? Como o professor pode criar um ambiente de aprendizagem positivo e engajador,
E o problema foi se avolumando,
vi uma grande barreira quando o diretor e sua secretária local expuseram a
tamanha dificuldade em mudar o horário das aulas, senti-me disforme e "encaixável".
Por um instante, juro que pensei sair correndo dali e voltar à secretaria para
abandonar aquelas aulas, terminar o ano na carga mínima. Por último, depois de
sentirem meu constrangimento, sugeriram que eu pegasse carga completa ali, evitando
mexer no horário deles. O que não evitaria a confecção de novo horário das
aulas na outra escola sem mim por lá. Confusão alegada, o gestor estava preocupado
só com o umbigo dele. Queria de imediato meus dias disponíveis como se
dependesse somente disto para destravar aquele impasse. A essa altura, eu
nem estava mais raciocinando direito, ensurdecido pelos "iixiiii" da
auxiliar de secretaria que escutava a conversa. Ela nunca me simpatizou, jamais
seria agora, ainda é mãe de um ex-aluno meu, franzindo a testa, pediu-me de imediato
e taxativamente a cópia de todos os meus documentos para formar uma pasta
colecionando meus dados ali. Eu não estava lhe pedindo uma modulação ali, era uma
ordem da Secretaria para completar a minha modulação da outra escola. Em meio a
suspeita de inadequação ou praxe, senti-me testado. Pensei em me defender,
porém, como?
Passadas duas semanas, finalmente
ficou pronto o horário de aula, parecia-me ter algo errado, exigi minhas oito aulas autorizadas na ordem de
serviço da secretaria, mas imediatamente me fizeram assinar um documento no
qual me fazia ciente de que eram só, exatamente, oito aulas. Também achei
estranho! Lógico, perdi uma aula de planejamento. Deixa para lá. Decidi pela maneira mais
difícil, vou aceitar o desafio e permanecerei até não puder mais. Talvez terei
dolorosos assuntos, pelo resto do ano, para compor minhas crônicas da vida
escolar, como lucro. Pois, não recebi pagamento algum por aquelas aulas, no
início do quarto bimestre fui convocado pela secretária de minha escola de
modulação para assinar um ciente de carga mínima (15 aulas, o documento está na
secretaria de educação municipal, significou que aquelas aulas nunca entraram
na folha).
Aí, não adiantou ter lido
Frederick Herzberg: "A verdadeira motivação vem de realização,
desenvolvimento pessoal, satisfação no trabalho e reconhecimento." Todavia
o "trator de esteira" aqui não sabe o que é isso. Também aprendi, onde está o outro extremo, com
Frank Lloyd Wright: "Um profissional é aquele que faz o seu melhor
trabalho quando menos vontade tem de o fazer". Como sempre fiz,
enfrentarei os problemas, fazendo o que tem de ser feito. Mesmo o pensamento do
Bruno Toddy advertindo-me: "Pessoas agem pelos seus próprios esforços,
como um "Trator de indignações", e acabam deixando de lado a
confirmação e vontade de Deus!" Que Deus me perdoe, mas o que me roubaram
outros instrumentos de diabo o defraudarão seus despojos.
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