"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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sábado, 10 de agosto de 2019

EUFEMISMO: BURRO! ("Se eu fosse burro, não sofria tanto." — Raul Seixas)



Crônica

EUFEMISMO: BURRO! ("Se eu fosse burro, não sofria tanto." — Raul Seixas)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Em uma aula de Língua Portuguesa, recebi uma lista dos alunos com a ordem expressa da secretaria para fazer a chamada da turma. Onde eu estava ensinando as regrinhas de acentuação gráfica. Era um segundo ano do Ensino Médio, mas com nível de oitavo ano primário. Ao perceber que os nomes ali na lista estavam sem acento gráfico, então decidi fazer daquele momento mais uma oportunidade para lhes mostrar a importância da acentuação tônica e gráfica para a modalidade padrão da Língua Portuguesa. Portanto, bastou-me chamar dois ou três, incluindo "Pamela", assim sem acento, com a pronúncia de paroxítona, ela me corrigiu não muito educadamente, pois é quase sempre assim que se mostram superiores ao professor. Chamei mais outro, quando um daqueles sedentos por atenção esculhambou-me e o fez da forma mais cruel possível, o incompetente intercessor de todo mundo, disse:
            — "Ainda diz que é professor de português, não sabe nem dizer o nome certo dos alunos!"
           Foi quando, eu o chamei de "Burro"! Foi o eufemismo mais bem usado que um professor de Português já empregou. Ele foi arrogante e prepotente, pois eu não tinha nem chamado o nome dele ainda, intrometido; foi ignorante por desconhecer o conteúdo e a boa intenção da aula; foi atrevido por falar sem escrúpulo com o professor; desrespeitoso ao tentar provar que ele estava certo, porém sem o mínimo de razão. Todavia, o mais grosseiro que presenciei naquela aula foi os comparsas dele, minutos depois, quase me forçando a colocar um acento circunflexo na palavra "Pera", e ele gargalhando escandalosamente, sentiu-se apoiado! Nisso, apenas me perguntei,  Como o professor poderá lhes ensinar alguma coisa, se eles não confiam em seu professor? Certamente, estão ali para mostrar que sabem ou que são bons. Por isso, cheios de si não há espaço para virtude alguma.
           Não falta quem diga aos alunos que eles também são deuses, especialmente os evangélicos! Cheios de conhecimentos prévios, segundo Paulo Freire, então que o professor se eduque com eles de igual para igual. Antigamente o professor era o mediador do conhecimento, agora é o aluno o mediador de tudo! Com isso, desculpo-me com a certeza que o professor não é o sabe-tudo, mas mesmo assim, devia merecer a consideração de quem é estudante de verdade, que descobrindo um erro do professor, porém o corrijam humildemente como querem ser corrigidos, com uma pergunta inteligente, forçando o professor a entender qual é sua obrigação.
           Que disposição eu terei para ajudar a quem não me tem em alta estima?        
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 05/02/2018
Reeditado em 10/08/2019
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sábado, 3 de agosto de 2019

A PROFISSÃO DO FUTURO ("O Brasil é um país onde arrogância torna-se crime e delação virtude." — Nelson Barh)



Crônica

A PROFISSÃO DO FUTURO ("O Brasil é um país onde arrogância torna-se crime e delação virtude." — Nelson Barh)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Eu estava em cima de meu telhado colhendo alguns cajus, pois o cajueiro deitava suas galhas carregadas por cima da casa. Quando me surpreendo com a minha vizinha filmando-me com o celular lá do quintal dela, que não fica longe. Bem intencionada ela não estava... E muitos, em todos os lugares estão dando uma de paparazzi, para tirar vantagem de qualquer um. Refiro-me aos denunciantes de plantão, forjando provas para defender seus intentos. Falam nas mídias das delações premiadas, mas não se conhece nenhum "dedo-duro" que ganhou prestígio por sê-lo. Pelo contrário, faz-lho a si mesmo de graça, mau caráter travestido de anjinho. Até os noticiários são suspeitos e não merecem a credibilidade pelo sensacionalismo e mercenarismo por revelar os feitos negativos dos outros. E com instintos "uruburescos", curiosos deliciam-se com o sabor da podridão do mundo, depois regurgitando no próximo, feito à moda da casa.
            O denunciante anônimo é criminoso também, pela coparticipação ideológica no crime, ainda que indiretamente e passivamente. É como quem assiste a um filme pirata, beneficiando-se das emoções roubadas, assumindo a postura de consumidor e motivando a produção ilegal, chega até a se identificar com os personagens, e patrocinando o espetáculo com sua apreciação. É como os noticiários de tragédias lucram com a desgraça dos outros! Sem a audiência e assistência ávida não persistiam os programas deseducativo nos veículos de comunicação, a pirataria e os fofoqueiros dos Demônios.
           O denunciante é irresponsável, porque é ligeiro para mostrar sua versão do que viu e ouviu, sem antes saber se é a verdade comum a ambos. Geralmente não se responsabiliza pelo que interpreta, prefere o anonimato pensando em causar prejuízo somente no outro. E se alguém lhe fizer uma pergunta, como responderá sem reformular uma falsa  história inicial? Assim, sem firmeza procedem os que têm pés apressados para fazer intrigas, contar o que não viu, lidando só com o alvoroço!
            O denunciante é covarde, a maioria dele faz questão de permanecer anônima. Não tem coragem e nem competência para resolver coisas mínimas que lhe pertence e prefere jogar nos outros, cobrando-lhes responsabilidade. O incoerente nesse caso, é que existem muitas empresas que só funcionam se houver denunciantes, e, infelizmente estas são revestidas do poder para punir. Como um covarde contribuirá para a ordem e progresso social, sendo extensão do olhar cedo de entidades do "0800"?  Ele está cheio de medo de ser punido como "x-9". E se a questão não é dele por que haveria de pegar um cachorro que vai passando na rua pela orelha?
            É assim que eu entendo o pensamento de Martin Luther King: "O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons." Os falsos "bons" formulam denúncias anônimas e enchem o mundo de "fake news". Certamente, o tolo quando é ofendido, logo todos ficam sabendo por vias honestas e desonestas. Outro tipo de "bons" silencia-se, para oferecer suas palavras certas na hora certa e falam com sabedoria, desbancando e desempregando as mentiras.  "O homem alterou tanto a sua personalidade que hoje, "delação premiada" tem mais valor que um fio de barba" (Josemar Bosi).
            Então reforço, na trama da vida, os fracos fogem, os covardes denunciam, os fortes resolvem, os injustos julgam e os escritores percebem. "Algumas pessoas nunca dizem uma mentira - se souberem que a verdade pode magoar mais." (Mark Twain).
           Quando começarem a pagar por produção a profissão de dedo-duro, terão que legalizar a prostituição também, e o alimentar-se de dízimo porque são profissões similares, no que tange a questão do alugar-se em detrimento ao caráter, e aos princípios religiosos.
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 28/12/2017
Reeditado em 03/08/2019
Código do texto: T6210258 
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domingo, 14 de julho de 2019

SUPERSTIÇÃO ("Evitar superstições é outra superstição." — Francis Bacon)



Crônica

SUPERSTIÇÃO ("Evitar superstições é outra superstição." — Francis Bacon)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Sexta-feira, 13. A data, carregada de simbolismo e superstição, pairava sobre mim como uma nuvem densa. Confesso minha inclinação para o lado supersticioso da vida, e em dias como esse, qualquer evento fora do comum assume ares de presságio. Aquele dia, em particular, começou com um pequeno desfile ciclístico em frente à minha casa: primeiro, o carteiro dos Correios, em sua bicicleta amarela vibrante; logo depois, uma figura veloz surgiu em uma bicicleta vermelha, cruzando a rua não uma, mas duas vezes, totalizando três aparições. Seria um prenúncio? A frase de Diderot, "Do fanatismo à barbárie não há mais do que um passo", ecoou em minha mente, intensificando a sensação de que algo estava por vir.

A apreensão, contudo, logo se dissipou diante de acontecimentos banais, até mesmo agradáveis. A visita do carteiro trouxe uma encomenda que eu aguardava ansiosamente, uma pequena vitória no mundo das compras online. A misteriosa figura da bicicleta vermelha, para minha surpresa, era a moça da limpeza, uma verdadeira bênção divina, considerando o estado “artesanal” em que minha casa havia chegado. A ironia da vida se manifestava ali, debochando dos meus temores infundados.

Apesar da aparente normalidade, minha mente insistia em buscar significados ocultos. A cor vermelha da bicicleta me levou a pesquisar a simbologia das cores. Descobri que o vermelho representa paixão e sensibilidade, mas também perigo, violência, sangue, rejeição e vergonha — um leque de interpretações que, ao invés de me tranquilizar, apenas intensificaram minha inquietação. O amarelo da bicicleta do carteiro, associado à autoconfiança, sugeriu-me a possibilidade de oposições e contrariedades, como se o universo conspirasse contra mim. "A imaginação é mais importante que o conhecimento", sussurrou Einstein em meu íntimo, incentivando-me a mergulhar ainda mais fundo nessas elucubrações.

Comecei a refletir sobre minhas próprias ações, questionando se a tensão que me acompanha constantemente não seria suficiente. Um pensamento ainda mais incômodo surgiu: a tesão pelo mito. Seria possível que o vermelho das vestes do Papai Noel, ainda recente em minha memória, tivesse me influenciado a esse ponto? A ideia me parecia absurda, mas reconheço a capacidade da mente humana de fazer associações surpreendentes.

Em meio a esse turbilhão de pensamentos, busquei refúgio em meus valores: a simplicidade das emoções, a importância da família e das amizades. Confesso minha aversão a presentes de Natal, um costume que me parece artificial e desprovido de significado. A presença constante do amarelo do cravo de defunto, com sua simbologia fúnebre, intensificava minha sensação de saturação.

Decidi, então, reavaliar o dia, buscando flexibilizar meus valores, mas sem radicalismos. Afinal, apesar de me considerar uma pessoa moderna e aberta a mudanças, reconheço a importância da prevenção, do amor e dos laços familiares. São essas raízes que me sustentam e dão sentido à minha vida. Nesse processo de reflexão, lembrei-me de um verso de Edílio Lima Bueno, que ecoava os dizeres de Castro Alves: "amor não existe apenas crendice, só em sua fantasia ela é real". Uma constatação melancólica, mas que, paradoxalmente, me trouxe uma certa paz. A vida, com suas bicicletas vermelhas e carteiros amarelos, segue seu curso, indiferente às nossas superstições e angústias. Resta-nos aprender a conviver com o mistério e a encontrar sentido nos pequenos detalhes do cotidiano.

Como um bom professor de sociologia do Ensino Médio, preparei 5 questões discursivas no formato de pergunta simples sobre os temas principais do texto:

1. De que forma a superstição influencia a percepção do narrador sobre os eventos que ocorrem na sexta-feira 13?

2. Como o narrador interpreta as cores das bicicletas e qual a relação dessa interpretação com a citação de Einstein sobre a imaginação e o conhecimento?

3. Além da superstição, quais outras reflexões o narrador apresenta sobre seus próprios sentimentos e valores?

4. O texto menciona a aversão do narrador a presentes de Natal e a presença do amarelo do cravo de defunto. Como esses elementos contribuem para a atmosfera da narrativa?

5. Qual a conclusão do narrador sobre a relação entre a vida cotidiana, as superstições e a busca por sentido?

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sábado, 6 de julho de 2019

AMIGO SECRETO SEM SEGREDO (Há outra "brincadeira", porém, em que ninguém pode revelar segredos: A vida real)

AMIGO SECRETO SEM SEGREDO (Há outra "brincadeira", porém, em que ninguém pode revelar segredos: A vida real)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Nos derradeiros dias do ano letivo, surge o famigerado “amigo secreto”, um costume quase tão arraigado quanto a tradicional “vaquinha” entre professores e funcionários. A premissa, em teoria, é de confraternização entre profissionais éticos e discretos. Mas a dinâmica da brincadeira, com suas etapas de revelação de detalhes da vida do outro para adivinhação, sempre me intrigou. A vida imita a brincadeira, ou vice-versa? A tênue linha entre a diversão e a realidade se esgarça, revelando um microcosmo das relações humanas.

A palavra “secreto”, conforme o dicionário Aurélio, remete ao oculto, ao escondido, ao que dificilmente se descobre. No “amigo secreto”, a revelação de um segredo alheio, mesmo que em tom de brincadeira, integra a dinâmica. Contudo, na vida real, a exposição de um segredo acarreta consequências muito mais profundas. O que julgamos saber sobre o outro, exibido como um trunfo, na verdade, expõe nossa própria fragilidade. A ilusão de dominar alguém pela posse de seus segredos se dissipa quando percebemos que tais confidências já circulam em outras conversas, tecendo uma rede de informações que nos escapa.

No ambiente de trabalho, essa dinâmica se intensifica, transformando-se em uma "guerra fria" nos bastidores, alimentada pela fofoca. Confidências, antes compartilhadas em momentos de suposta intimidade, convertem-se em munição, usadas seletivamente para inflar o ego ou denegrir a imagem alheia. Um movimento sutil parece proliferar, como se houvesse uma fábrica de fofoqueiros em operação. Quando uma fofoca chega aos meus ouvidos, sinto não apenas a tentativa de me diminuir, mas a confirmação de que, de alguma forma, estou em destaque, talvez um passo à frente. Eu poderia está melhor. Shakespeare já dizia: “Quem me rouba a honra priva-me daquilo que não o enriquece e faz-me verdadeiramente pobre”.

Existe, porém, uma contradição nessa lógica. O fofoqueiro, com sua visão limitada, foca apenas em quem está à sua frente, incapaz de contemplar um horizonte mais vasto. Ele não busca a própria superação, pois isso o privaria do objeto de sua observação constante. Sem a vida alheia para dissecar, ele se perderia em seu próprio vazio. Sua “burrice”, ou, parafraseando o Dr. Taylor em referência a II Crônicas 10:12, sua comparação consigo mesmo e com "suas próprias ideias insignificantes", o impede de alcançar conhecimentos mais profundos.

Os “pobres de ideias e desafortunados de espírito”, como o texto os descreve: fofoqueiros, perdem o rumo do crescimento ao se compararem incessantemente. Com esse método, a busca por honra e reconhecimento resulta em aridez espiritual. As conversas se tornam vazias, um festival de “fezes” alheias, como se a miséria do outro pudesse saciar a própria.

O “amigo secreto”, portanto, revela-se um microcosmo da vida, um espelho que reflete nossas piores tendências. A fofoca, a busca por poder através da informação alheia, a incapacidade de introspecção… tudo isso se manifesta nessa brincadeira aparentemente inofensiva. Que possamos aprender a valorizar os verdadeiros segredos da vida, aqueles que nos conectam com nossa essência e nos impulsionam ao crescimento, em vez de nos aprisionar na mesquinhez da comparação e da maledicência.


Como um bom professor de sociologia do Ensino Médio, preparei 5 questões discursivas no formato de pergunta simples sobre os temas principais do texto:


1. Qual a relação estabelecida no texto entre a brincadeira do "amigo secreto" e as dinâmicas da vida real, especialmente no ambiente de trabalho?

2. De acordo com o texto, como a posse e a revelação de segredos alheios influenciam as relações interpessoais?

3. Como o texto descreve a figura do fofoqueiro e qual a sua motivação, segundo a análise apresentada?

4. Qual a crítica central do texto em relação à comparação constante entre as pessoas e a busca por reconhecimento externo?

5. Em síntese, qual a mensagem principal do texto sobre a importância de valorizar os "verdadeiros segredos da vida"?

CRITÉRIOS FROUXOS ("Quando você concede a terceira chance ao incompetente, a responsabilidade pelo insucesso passa a ser sua." — Adriana de Souza).



Crônica

CRITÉRIOS FROUXOS ("Quando você concede a terceira chance ao incompetente, a responsabilidade pelo insucesso passa a ser sua." — Adriana de Souza).

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A época de avaliações sempre me traz uma sensação agridoce. A cada conselho de classe, uma nova reflexão sobre o papel da escola na formação do indivíduo se desenha. A doçura de ver o esforço de alguns alunos sendo recompensado contrasta com a amargura de perceber que, para outros, a aprendizagem parece ser uma batalha perdida.

A avaliação é um ato complexo, repleto de nuances e contradições. Por um lado, queremos ser justos e reconhecer o esforço de cada aluno. Por outro, sabemos que a vida não é feita apenas de boas intenções e que, em algum momento, todos teremos que enfrentar as consequências de nossas escolhas.

Tenho ouvido muito sobre a importância de considerar as "adversidades existenciais" dos alunos no momento da avaliação. É verdade que a vida de cada um é um mosaico único, repleto de desafios e particularidades. No entanto, me pergunto se estamos indo longe demais nessa direção.

A pressão para aprovar todos os alunos é grande. A frase "cada caso é um caso" ecoa nos conselhos de classe, mas pode ser perigosa. Afinal, se cada caso é um caso, como garantir a equidade na avaliação? Corremos o risco de criar uma geração de jovens que esperam ser aprovados por pena, e não por mérito.

Lembro-me das palavras de um antigo mestre: "A educação é um ato de amor, mas também de rigor". É preciso ter compaixão pelos alunos que enfrentam dificuldades, mas também ser firme e exigir deles o máximo de seu potencial. A escola deve ser um refúgio onde os alunos se sintam acolhidos, mas simultaneamente um espaço de crescimento e desenvolvimento.

A nota, por si só, não define o valor de uma pessoa. Mas ela é um indicador importante do nosso desempenho e empenho. Ao desvalorizar a nota, corremos o risco de desvalorizar o próprio processo de aprendizagem. No mercado de trabalho, não haverá um conselho de classe para avaliar nossas "adversidades existenciais" - a única coisa que valerá será nossa capacidade de entregar resultados.

É fundamental ter cuidado para não confundir empatia com permissividade. É possível sermos justos e compreensivos sem abrir mão dos nossos princípios. Quando concedemos múltiplas chances ao incompetente, a responsabilidade pelo insucesso passa a ser nossa.

Sinto-me como um navegador em alto-mar, à deriva em um mar de incertezas. Busco um porto seguro onde possa ancorar minhas dúvidas e encontrar respostas. Mas sei que essa jornada será longa e árdua.

Em última análise, o que realmente importa é que os alunos saiam da escola preparados para enfrentar os desafios da vida. E isso só será possível se oferecermos a eles uma educação de qualidade, que os prepare não apenas para o mercado de trabalho, mas para a vida em sociedade.

Que possamos ser instrumentos dessa arte chamada educação, onde o conhecimento seja a ferramenta mais poderosa para transformar vidas e o mundo ao nosso redor.

1. Como a "sensação agridoce" mencionada no texto relaciona-se com as diferentes experiências dos alunos no processo de avaliação escolar?

2. De que forma o texto discute o equilíbrio entre empatia e rigor no processo educacional?

3. Explique o significado da expressão "adversidades existenciais" no contexto da avaliação escolar e seus possíveis impactos.

4. Qual a importância da nota como indicador de desempenho, segundo a perspectiva apresentada no texto?

5. Como o texto compreende o papel da escola na preparação dos jovens para os desafios da vida em sociedade?

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sábado, 29 de junho de 2019

ALUCINAÇÃO ("Monstros são reais e fantasmas são reais também. Vivem dentro de nós e, às vezes, vencem." — Stephen King)



Crônica

ALUCINAÇÃO ("Monstros são reais e fantasmas são reais também. Vivem dentro de nós e, às vezes, vencem." — Stephen King)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Hoje acordei com uma epifania perturbadora. Não foi um pesadelo comum, daqueles que desaparecem ao abrir os olhos. Foi um encontro com minhas próprias baratas metafóricas, aquelas que, há tempos, venho empurrando para debaixo do tapete da consciência.

Sentado à mesa do café, observando as migalhas que insisto em deixar cair, percebo como elas são um convite tentador para as visitantes indesejadas. E não falo apenas das baratas reais que, ocasionalmente, se aventuram pela cozinha, mas também das questões que habitam os cantos escuros da minha mente.

A xícara de café esfria enquanto mergulho em reflexões. Por que deixei tantos cantinhos escuros sem iluminação em minha vida? Há quanto tempo acumulo medos e inseguranças, como quem guarda tralhas velhas no porão? Charles Bukowski já dizia que chegamos a um ponto em que não há mais para onde fugir de nós mesmos. E aqui estou eu, numa segunda-feira atípica, decidido a não reclamar, mas a enfrentar.

É curioso como as baratas sempre aparecem quando menos esperamos. Um dia, estamos tranquilos, vivendo nossa vida aparentemente organizada, e, de repente, lá está ela, correndo pelo chão da nossa certeza, desafiando as verdades estabelecidas. Elas não são mais apenas insetos; são manifestações físicas dos meus demônios internos.

Mas hoje decidi ser diferente. Em vez de correr atrás delas com uma chinela na mão, resolvi observá-las. Cada uma carrega um nome: medo, insegurança, relacionamentos mal resolvidos, sonhos engavetados. E sabe de uma coisa? Elas não são tão assustadoras quando as encaramos de frente.

Enquanto escrevo, sorrio ao perceber que transformei um momento de inquietação em clareza. Não preciso mais ser o caçador de baratas da minha própria existência. Posso ser o observador consciente, aquele que ilumina os cantos escuros não para expulsar os medos, mas para compreendê-los e, quem sabe, fazer as pazes com eles.

A noite cai, e com ela vem uma certeza: não são as baratas que precisam ser eliminadas, mas os ambientes propícios que criei para elas. É hora de limpar a casa da alma, abrir as janelas do coração e deixar a luz entrar. Afinal, às vezes precisamos nos perder nos labirintos da mente para encontrar o caminho de volta a nós mesmos.


Como um bom professor de sociologia do Ensino Médio, preparei 5 questões discursivas no formato de pergunta simples sobre os temas principais do texto apresentado:


1. O autor utiliza a metáfora das baratas para representar algo além dos insetos em si. O que as baratas simbolizam no texto e como essa metáfora se relaciona com a ideia de "empurrar para debaixo do tapete da consciência"?


2. O texto menciona a frase de Charles Bukowski sobre a impossibilidade de fugir de nós mesmos. De que maneira essa citação se conecta com a reflexão central do autor sobre enfrentar os próprios problemas?


3. O autor descreve uma mudança de atitude em relação às "baratas". Qual é essa mudança e o que ela representa em termos de autoconhecimento e resolução de conflitos internos?


4. O texto estabelece uma relação entre "cantos escuros da mente" e "ambientes propícios" para as "baratas". Explique essa relação e como ela se manifesta na vida do indivíduo, segundo a perspectiva do autor.


5. Na conclusão, o autor afirma que "às vezes precisamos nos perder nos labirintos da mente para encontrar o caminho de volta a nós mesmos". Como essa afirmação resume a mensagem principal do texto sobre a importância de enfrentar os próprios medos e inseguranças?

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