LEMBRANDO-ME DOS QUE ME ESQUECERAM (Charles Bukowski: "Posso viver sem a grande maioria das pessoas. Elas não me completam, esvaziam-me.")
Hoje, ao completar mais um ano de vida, sinto uma mistura de emoções que me envolve como uma névoa densa. Talvez este seja o meu último aniversário, pois sempre carrego comigo a certeza de que o pior pode acontecer a qualquer momento. Mas, para ser sincero, tudo o que vier será uma bênção, pois aprendi a não me apegar excessivamente às coisas deste mundo.
Nem mesmo me dei ao trabalho de responder às raras mensagens que recebi de alguns "amigos" virtuais. Sim, ao menos esses me afrontam com suas vidas perfeitas e seus hologramas impecáveis, testando minha mobilidade e minha paciência. Será que os meus colegas de trabalho e parentes se esqueceram de mim por acaso? Ou será que eles simplesmente me ignoram por vingança, já que eu também não me importo muito com eles? Nem mesmo fazem parte do meu Facebook, para que o aplicativo nos lembre dos aniversários. Acham-se os melhores! Esqueceram-se de mim pela sexagésima quinta vez!
Neste momento, as palavras de Charles Bukowski ecoam em minha mente: "Posso viver sem a grande maioria das pessoas. Elas não me completam, esvaziam-me." E é compreensível, afinal, a maioria das pessoas adota o esquecimento como forma de se vingar daqueles que consideram indesejados. Como dizia sabiamente Alfred de Musset: "Na falta de perdão, abre-te ao esquecimento." No entanto, prefiro me lembrar das sábias palavras de Benjamin Franklin: "O esquecimento mata as injúrias. A vingança multiplica-as." Pois, no final, precisamos esquecer para poder viver.
E, assim como Machado de Assis nos ensinou, "o esquecimento é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito." Portanto, não estou chateado. Se tenho poucos amigos, a culpa não é dos outros, mas sim minha. Se sou pobre, a culpa também é minha. Se tive um péssimo casamento, a culpa foi minha. Se estou doente, a culpa não é dos demônios, mas sim minha. Afinal, meu caráter e minha sabedoria são conhecidos pela organização e limpeza de minha casa, e também pela desordem em minhas gavetas, armários e até mesmo a parte de trás da minha geladeira. Compreendo, sim, o porquê da solidão na qual me encontro mergulhado, e não me deixarei enganar por frases feitas de autoajuda. Sou assim, e ponto final.
Portanto, peço perdão a mim mesmo: a depressão não é uma doença, mas sim falta de fé. E se por acaso eu vier a falecer aos 65 anos, aqui fica o meu último desejo: que não se esqueçam de que eu também me esqueci de vocês. Esta é uma crônica de despedida, sem realmente querer me despedir.
ALINHAMENTO CONSTRUTIVO
1. A solidão e o esquecimento:
Como o autor descreve sua experiência com a solidão e o esquecimento em seu aniversário?
Quais são os motivos pelos quais ele acredita ser esquecido por amigos e familiares?
Que reflexões ele faz sobre o esquecimento como forma de vingança e como necessidade para viver?
2. A culpa e a responsabilidade:
De que forma o autor assume a responsabilidade por sua situação de solidão, pobreza, casamento infeliz e doença?
Como ele relaciona a organização da casa com a desordem em sua vida pessoal?
Você concorda com a visão do autor sobre a culpa ser totalmente sua? Justifique sua resposta.
3. A depressão e a fé:
Como o autor define a depressão?
Qual é a relação que ele estabelece entre a depressão e a fé?
Você concorda com a visão do autor sobre a depressão? Justifique sua resposta, considerando diferentes perspectivas sobre a doença.
4. O significado da crônica:
Qual é o tom predominante na crônica?
Que mensagem o autor deseja transmitir ao leitor?
Como a crônica pode ser interpretada como um grito de socorro e um pedido de ajuda?
5. A vida e a morte:
Como o autor encara a possibilidade da morte?
Qual é o seu último desejo?
A crônica o leva a refletir sobre a finitude da vida e o sentido da sua própria existência? Quais reflexões você fez sobre o tema?
Dicas para responder às questões:
Leia a crônica com atenção e identifique os pontos principais.
Releia os trechos que abordam os temas das questões.
Utilize suas próprias palavras para responder às perguntas, de forma clara e concisa.
Fundamente suas respostas com exemplos da crônica e, se possível, com outras fontes de conhecimento.