HÁ VIDA NA PODRIDÃO ("Gosto de lugares assim, com a podridão humana estampada no rosto das pessoas." — Raphael Montes)
Eu entendo muito bem as palavra de Camilo Castelo Branco: "A torpeza, a ignomínia, a podridão das entranhas vivas, o nascer ou morrer infamado ou infame é só do homem." Ou sou zumbi? Ordinário neste mundo como os animais imundos que clamam pela as sombras das árvores e as destroem, alimento-me das folhas que "caem mortas como eu", em outro particular, sou como as raízes embrenhadas sem direção, alimentando-se da podridão da terra. Os fungos aparecem do nada para a decomposição, seus dejetos interessam-me, depois uso Chá de folha seca para curar minhas doenças, coisas crônicas.
Socialmente falando, aprendi a aprender com os meus e seus erros que matam mais do que ensinam, falo por lhe ver comendo carne e usando remédio da farmácia.
E se o corpo é a prisão da alma, libertem-me os deuses! Minha alma também está doente, não quero mais viver de higienização. Mas, a alma sou eu todo, quem apodrece: quem me livrará do corpo que apodrece? A morte leva tudo e todos para a sujeira da podridão. Todo nascer e renascer é fruto da podridão. O podre não é doença, doente é a alma que se efetiva com pensamentos e palavras limpas. Ou quero, sim, viver de verdade antes da estrutura ruir por contaminação da limpeza. Quero um curandeiro com as mezinhas de ervas poderosas que são ineficazes para a purificação. Cifa