AGORA, MINHA DENÚNCIA: Zumbis na Sala de Aula ("Um homem não denuncia o outro se não sentir raiva, mas uma mulher faz isso simplesmente por fazer." — Daniela Godoi)
Alunos forçados a ocupar salas de aula lotadas acabam se comportando como zumbis — mortos-vivos que nos mordem de inveja, consomem tudo gratuitamente e perseguem gente “normal” porque desejam arrastar-nos para o inferno deles. Hoje, fui mordido por um desses indivíduos educados. Sofri tanto que agradeci pelo fim do dia, ignorando o amanhecer lindo e o sol que iluminava a todos. Valorizei a simples passagem da tarde, não o pôr do sol; dele, não tirei benefício algum. Restou-me apenas a certeza amarga de estar mais velho e acabado, por dentro e por fora. E a pergunta que me tortura: se não prestam atenção em minha aula, como conseguem ouvir os meus erros para me torturar com eles?
Vivemos uma época que parece um castigo divino aos deuses concursados. As experiências são desagradáveis, pouco proveitosas, e ainda sou obrigado a falar através de uma máscara — essa focinheira imposta por políticos sedentos de poder nos quais não votei. Respiro mal: CO₂ saindo e voltando para dentro, como uma adenóide do Capiroto. Meu cérebro trabalha pela metade; talvez eu mesmo esteja me “emzumbizando”. E, por isso, começo a entender por que tantas crianças e adolescentes não querem estudar: a cabeça dói de tanto respirar poluição e confusão.
Às vezes, imagino que são eles, e não nós, os verdadeiros sábios da história — criaturas das quais deveríamos aprender algo, porque a alienação parece torná-los felizes. Caem e nem sabem onde tropeçaram. A cegueira branca ainda não me consumiu por completo, mas já consigo enxergar um horizonte escurecido. Queria não ver o que me aflige, para não sentir tanta raiva dos zumbis que me rodeiam. Ao menos, são distintos daqueles que se julgam moralmente superiores. Quem ousaria chamar de burro alguém que vive livre da sopa de letras e do cabresto dos letrados?
Quem não nasceu para estudar que levante a mão! Ah, nem precisa — são exatamente esses que corrigem indevidamente seus professores com crueldade, como se vingassem a dor da própria ignorância. E eu? Não tenho culpa. Não inventei nada disso. Sou apenas uma peça desajustada nesse grande mecanismo falho. No fim das contas, também sou vítima da sociedade.
-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/--
Como seu professor de Sociologia, o texto que lemos é uma crônica de desabafo que utiliza metáforas extremas, como a dos "zumbis", para expressar a crise na educação, o sofrimento docente e a alienação. Preparei cinco questões discursivas simples que exploram essa crise sob a ótica da Sociologia da Educação, das relações de poder e do conflito de classes.
1. A Metáfora dos "Zumbis" e a Alienação em Sala de Aula
O professor descreve os alunos indisciplinados como "zumbis — mortos-vivos" que consomem tudo "gratuitamente" e são movidos por "inveja". Utilize o conceito de Alienação (Marx, ou Durkheim) para analisar o significado dessa metáfora. De que forma a descrição dos alunos como seres passivos e "mortos-vivos" reflete a percepção do professor sobre a falta de engajamento e o sentimento de inutilidade do próprio processo de ensino-aprendizagem na sociedade atual?
2. O Conflito de Classes e a "Vingança da Ignorância"
O narrador associa a crueldade dos alunos que corrigem o professor com uma "vingança da dor da própria ignorância" e afirma que eles são "distintos daqueles que se julgam moralmente superiores". Discuta a relação entre estrutura social, acesso ao conhecimento e conflito em sala de aula. Como a indisciplina e a hostilidade podem ser interpretadas como uma expressão de ressentimento ou revolta contra um sistema escolar que é percebido como elitista ou que não atende às necessidades de todas as classes sociais?
3. A "Focinheira" e o Poder Político sobre a Educação
O professor manifesta raiva por ser obrigado a usar a máscara, chamando-a de "focinheira imposta por políticos sedentos de poder", e sente que seu cérebro "trabalha pela metade". Analise essa crítica em relação ao Poder (Foucault) e à Autonomia Docente. De que forma as políticas públicas de saúde ou segurança (como o uso de máscara) são percebidas pelo professor como uma imposição externa que limita sua performance pedagógica e sua liberdade, gerando um sentimento de opressão política no ambiente de trabalho?
4. O Professor como Vítima e o Determinismo Social
O texto conclui com o professor se vendo como "apenas uma peça desajustada nesse grande mecanismo falho" e "vítima da sociedade". Discuta o conceito de Determinismo Social. De que forma o professor utiliza essa visão de si mesmo como "vítima" para justificar sua impotência diante dos problemas escolares e sociais, e o que essa conclusão revela sobre a crise de agência (capacidade de ação individual) na visão do narrador?
5. Alienação versus Sabedoria
O narrador, em um momento de ironia, sugere que os alunos alienados podem ser os "verdadeiros sábios da história" por viverem "livre[s] da sopa de letras e do cabresto dos letrados" e parecem "felizes". Relacione essa ironia com a crítica à sociedade letrada e ao conhecimento formal. O que o professor tenta questionar ao valorizar uma "cegueira branca" ou uma "alienação" que, paradoxalmente, oferecem uma aparente felicidade e liberdade em comparação com a dor e a frustração sentidas pelo indivíduo letrado e consciente?
Alunos forçados a ocupar salas de aula lotadas acabam se comportando como zumbis — mortos-vivos que nos mordem de inveja, consomem tudo gratuitamente e perseguem gente “normal” porque desejam arrastar-nos para o inferno deles. Hoje, fui mordido por um desses indivíduos educados. Sofri tanto que agradeci pelo fim do dia, ignorando o amanhecer lindo e o sol que iluminava a todos. Valorizei a simples passagem da tarde, não o pôr do sol; dele, não tirei benefício algum. Restou-me apenas a certeza amarga de estar mais velho e acabado, por dentro e por fora. E a pergunta que me tortura: se não prestam atenção em minha aula, como conseguem ouvir os meus erros para me torturar com eles?
Vivemos uma época que parece um castigo divino aos deuses concursados. As experiências são desagradáveis, pouco proveitosas, e ainda sou obrigado a falar através de uma máscara — essa focinheira imposta por políticos sedentos de poder nos quais não votei. Respiro mal: CO₂ saindo e voltando para dentro, como uma adenóide do Capiroto. Meu cérebro trabalha pela metade; talvez eu mesmo esteja me “emzumbizando”. E, por isso, começo a entender por que tantas crianças e adolescentes não querem estudar: a cabeça dói de tanto respirar poluição e confusão.
Às vezes, imagino que são eles, e não nós, os verdadeiros sábios da história — criaturas das quais deveríamos aprender algo, porque a alienação parece torná-los felizes. Caem e nem sabem onde tropeçaram. A cegueira branca ainda não me consumiu por completo, mas já consigo enxergar um horizonte escurecido. Queria não ver o que me aflige, para não sentir tanta raiva dos zumbis que me rodeiam. Ao menos, são distintos daqueles que se julgam moralmente superiores. Quem ousaria chamar de burro alguém que vive livre da sopa de letras e do cabresto dos letrados?
Quem não nasceu para estudar que levante a mão! Ah, nem precisa — são exatamente esses que corrigem indevidamente seus professores com crueldade, como se vingassem a dor da própria ignorância. E eu? Não tenho culpa. Não inventei nada disso. Sou apenas uma peça desajustada nesse grande mecanismo falho. No fim das contas, também sou vítima da sociedade.
-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/--
Como seu professor de Sociologia, o texto que lemos é uma crônica de desabafo que utiliza metáforas extremas, como a dos "zumbis", para expressar a crise na educação, o sofrimento docente e a alienação. Preparei cinco questões discursivas simples que exploram essa crise sob a ótica da Sociologia da Educação, das relações de poder e do conflito de classes.
1. A Metáfora dos "Zumbis" e a Alienação em Sala de Aula
O professor descreve os alunos indisciplinados como "zumbis — mortos-vivos" que consomem tudo "gratuitamente" e são movidos por "inveja". Utilize o conceito de Alienação (Marx, ou Durkheim) para analisar o significado dessa metáfora. De que forma a descrição dos alunos como seres passivos e "mortos-vivos" reflete a percepção do professor sobre a falta de engajamento e o sentimento de inutilidade do próprio processo de ensino-aprendizagem na sociedade atual?
2. O Conflito de Classes e a "Vingança da Ignorância"
O narrador associa a crueldade dos alunos que corrigem o professor com uma "vingança da dor da própria ignorância" e afirma que eles são "distintos daqueles que se julgam moralmente superiores". Discuta a relação entre estrutura social, acesso ao conhecimento e conflito em sala de aula. Como a indisciplina e a hostilidade podem ser interpretadas como uma expressão de ressentimento ou revolta contra um sistema escolar que é percebido como elitista ou que não atende às necessidades de todas as classes sociais?
3. A "Focinheira" e o Poder Político sobre a Educação
O professor manifesta raiva por ser obrigado a usar a máscara, chamando-a de "focinheira imposta por políticos sedentos de poder", e sente que seu cérebro "trabalha pela metade". Analise essa crítica em relação ao Poder (Foucault) e à Autonomia Docente. De que forma as políticas públicas de saúde ou segurança (como o uso de máscara) são percebidas pelo professor como uma imposição externa que limita sua performance pedagógica e sua liberdade, gerando um sentimento de opressão política no ambiente de trabalho?
4. O Professor como Vítima e o Determinismo Social
O texto conclui com o professor se vendo como "apenas uma peça desajustada nesse grande mecanismo falho" e "vítima da sociedade". Discuta o conceito de Determinismo Social. De que forma o professor utiliza essa visão de si mesmo como "vítima" para justificar sua impotência diante dos problemas escolares e sociais, e o que essa conclusão revela sobre a crise de agência (capacidade de ação individual) na visão do narrador?
5. Alienação versus Sabedoria
O narrador, em um momento de ironia, sugere que os alunos alienados podem ser os "verdadeiros sábios da história" por viverem "livre[s] da sopa de letras e do cabresto dos letrados" e parecem "felizes". Relacione essa ironia com a crítica à sociedade letrada e ao conhecimento formal. O que o professor tenta questionar ao valorizar uma "cegueira branca" ou uma "alienação" que, paradoxalmente, oferecem uma aparente felicidade e liberdade em comparação com a dor e a frustração sentidas pelo indivíduo letrado e consciente?
.jpg)

.jpg)
.jpg)
.jpg)
.jpg)
