MEU INCONSCIENTE NÃO É MEU DEUS ("Até você se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir sua vida e você vai chamá-lo de destino." — Carl Jung)
A noção de livre-arbítrio revela-se como uma farsa sedutora que, desde o Éden, ilude a humanidade com a promessa de autonomia. Quando foram tentados a se tornarem “conhecedores do bem e do mal”, Adão e Eva imaginaram poder conduzir o próprio destino. Contudo, a expulsão do paraíso expôs a realidade: o Criador redefiniu seus caminhos e demonstrou que nenhum futuro se ergue independentemente de Sua vontade. Se tanto o querer quanto o realizar procedem de Deus, torna-se ilusório acreditar que a criatura possa construir por si mesma o dia de amanhã — ou que este realmente lhe pertença.
A presunção de autossuficiência — base de grande parte da retórica moderna de autoajuda — alimenta a fantasia de que cada indivíduo é senhor soberano da própria rota. No entanto, como ignorar que Deus governa tanto a luz quanto as trevas, conforme a teologia implícita em Isaías 45:7? Assumir para si uma liberdade absoluta equivale a substituir simbolicamente o Criador, erguendo-se como um "pequeno deus" incapaz de perceber as calamidades que o cercam. A verdadeira sabedoria consiste em reconhecer-se instrumento nas mãos d’Aquele que sustenta o cosmos, em vez de venerar uma liberdade que não existe senão como miragem.
Além disso, se o Divino pudesse ser mensurado ou reduzido à compreensão de mentes finitas, seria inferior ao próprio homem. Esse abismo ontológico evidencia a fragilidade da tese da autodeterminação. Nenhuma ação ocorre isoladamente; nossas decisões reverberam sobre outras vidas. Entretanto, tal rede de influências não nos transforma em arquitetos do futuro, mas em fios entrelaçados na grande tessitura providencial, onde cada movimento permanece submetido ao governo soberano.
As leis universais, visíveis ou ocultas, confirmam essa supremacia. Por meio delas, Deus estabelece consequências, conduzindo os sábios pelo entendimento e corrigindo os insensatos pela disciplina. Assim, a história humana não se desenrola como palco de autonomia irrestrita, mas como o ambiente em que a liberdade limitada se curva à providência absoluta. No fim, o ciclo retorna ao seu ponto de origem: o destino começa e termina em Deus.
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Como seu colega professor, preparei 5 questões discursivas pensadas para o Ensino Médio. O objetivo aqui é verificar a capacidade de interpretação de texto e a habilidade dos alunos de relacionar conceitos teológicos/filosóficos com críticas sociais modernas (como a autoajuda), sem necessariamente entrar no mérito de crença pessoal, mas sim na lógica interna do argumento apresentado pelo autor.
Questão 1 O texto inicia fazendo uma releitura do episódio bíblico do Éden. Segundo o autor, por que a tentativa de Adão e Eva de se tornarem “conhecedores do bem e do mal” é utilizada como argumento para provar que a autonomia humana é uma ilusão?
Questão 2 No segundo parágrafo, o autor faz uma crítica direta à "retórica moderna de autoajuda". Explique qual é a relação que o texto estabelece entre a crença na autossuficiência (a ideia de que somos donos do nosso destino) e a figura de um "pequeno deus".
Questão 3 O texto utiliza a metáfora da "tessitura" (tecido) para explicar a sociedade. De acordo com o terceiro parágrafo, qual é a diferença entre ser um "arquiteto do futuro" e ser um "fio entrelaçado na grande tessitura providencial"?
Questão 4 O autor menciona um "abismo ontológico" (uma diferença de natureza) entre a mente humana e o Divino. Como esse argumento é utilizado para justificar que o ser humano não tem capacidade de determinar o seu próprio caminho?
Questão 5 Na conclusão, o texto afirma que a história humana não é um palco de "autonomia irrestrita". Segundo o autor, qual é o papel das "leis universais" e das consequências na vida dos indivíduos (sábios e insensatos) dentro dessa visão de mundo?
A noção de livre-arbítrio revela-se como uma farsa sedutora que, desde o Éden, ilude a humanidade com a promessa de autonomia. Quando foram tentados a se tornarem “conhecedores do bem e do mal”, Adão e Eva imaginaram poder conduzir o próprio destino. Contudo, a expulsão do paraíso expôs a realidade: o Criador redefiniu seus caminhos e demonstrou que nenhum futuro se ergue independentemente de Sua vontade. Se tanto o querer quanto o realizar procedem de Deus, torna-se ilusório acreditar que a criatura possa construir por si mesma o dia de amanhã — ou que este realmente lhe pertença.
A presunção de autossuficiência — base de grande parte da retórica moderna de autoajuda — alimenta a fantasia de que cada indivíduo é senhor soberano da própria rota. No entanto, como ignorar que Deus governa tanto a luz quanto as trevas, conforme a teologia implícita em Isaías 45:7? Assumir para si uma liberdade absoluta equivale a substituir simbolicamente o Criador, erguendo-se como um "pequeno deus" incapaz de perceber as calamidades que o cercam. A verdadeira sabedoria consiste em reconhecer-se instrumento nas mãos d’Aquele que sustenta o cosmos, em vez de venerar uma liberdade que não existe senão como miragem.
Além disso, se o Divino pudesse ser mensurado ou reduzido à compreensão de mentes finitas, seria inferior ao próprio homem. Esse abismo ontológico evidencia a fragilidade da tese da autodeterminação. Nenhuma ação ocorre isoladamente; nossas decisões reverberam sobre outras vidas. Entretanto, tal rede de influências não nos transforma em arquitetos do futuro, mas em fios entrelaçados na grande tessitura providencial, onde cada movimento permanece submetido ao governo soberano.
As leis universais, visíveis ou ocultas, confirmam essa supremacia. Por meio delas, Deus estabelece consequências, conduzindo os sábios pelo entendimento e corrigindo os insensatos pela disciplina. Assim, a história humana não se desenrola como palco de autonomia irrestrita, mas como o ambiente em que a liberdade limitada se curva à providência absoluta. No fim, o ciclo retorna ao seu ponto de origem: o destino começa e termina em Deus.
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Como seu colega professor, preparei 5 questões discursivas pensadas para o Ensino Médio. O objetivo aqui é verificar a capacidade de interpretação de texto e a habilidade dos alunos de relacionar conceitos teológicos/filosóficos com críticas sociais modernas (como a autoajuda), sem necessariamente entrar no mérito de crença pessoal, mas sim na lógica interna do argumento apresentado pelo autor.
Questão 1 O texto inicia fazendo uma releitura do episódio bíblico do Éden. Segundo o autor, por que a tentativa de Adão e Eva de se tornarem “conhecedores do bem e do mal” é utilizada como argumento para provar que a autonomia humana é uma ilusão?
Questão 2 No segundo parágrafo, o autor faz uma crítica direta à "retórica moderna de autoajuda". Explique qual é a relação que o texto estabelece entre a crença na autossuficiência (a ideia de que somos donos do nosso destino) e a figura de um "pequeno deus".
Questão 3 O texto utiliza a metáfora da "tessitura" (tecido) para explicar a sociedade. De acordo com o terceiro parágrafo, qual é a diferença entre ser um "arquiteto do futuro" e ser um "fio entrelaçado na grande tessitura providencial"?
Questão 4 O autor menciona um "abismo ontológico" (uma diferença de natureza) entre a mente humana e o Divino. Como esse argumento é utilizado para justificar que o ser humano não tem capacidade de determinar o seu próprio caminho?
Questão 5 Na conclusão, o texto afirma que a história humana não é um palco de "autonomia irrestrita". Segundo o autor, qual é o papel das "leis universais" e das consequências na vida dos indivíduos (sábios e insensatos) dentro dessa visão de mundo?
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