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MINHAS PÉROLAS

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

SEXO É SAGRADO: Prostituição, Religião e Estado ("Nunca deixe de se interessar pelo Sagrado." — Albert Einstein)

 


SEXO É SAGRADO: Prostituição, Religião e Estado ("Nunca deixe de se interessar pelo Sagrado." — Albert Einstein)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A hipótese de uma profissionalização crescente da prostituição ganha força ao observarmos como certas abordagens terapêuticas vêm adotando a sexualidade como eixo central de cura. Evoca-se Freud, para quem muitos distúrbios teriam raízes na esfera sexual — perspectiva que, embora frequentemente simplificada, sustenta a ideia de que desequilíbrios psicológicos poderiam justificar uma “terapia sexual” específica. Nesse cenário, a figura do substituto sexual aparece como alternativa voltada ao tratamento ou à ressignificação da vida íntima.

O prestígio atribuído a essas práticas torna plausível sua inserção em ambientes religiosos. Se igrejas já oferecem acompanhamento conjugal, nada impediria que novas formas de “cura” — inclusive associadas ao prazer carnal — fossem reinterpretadas como manifestações legítimas de fé. Assim, a antiga fusão entre devoção e sexualidade ressurgiria sob roupagens contemporâneas, aproximando ainda mais o espiritual do corporal nos espaços considerados sagrados.

Além disso, a tradição de valorizar elementos simbólicos provenientes de territórios religiosos — água, óleo, pedras ou qualquer artefato de Israel — revela a disposição do fiel para experiências que evocam o divino por meio de rituais materiais. Seguindo essa lógica, não soa improvável um retorno simbólico às antigas sacerdotisas da fertilidade, que ofereciam serviços sexuais em benefício dos templos. Nesse contexto, até mesmo um “substituto sexual espiritualizado” poderia surgir como uma atualização moderna dessa dinâmica entre fé, corpo e financiamento religioso.

A discussão se expande quando observamos que alguns países já custeiam programas de reabilitação sexual para servidores públicos. Se governos reconhecem tais cuidados como parte do bem-estar, torna-se compreensível que indivíduos desgastados pelas exigências da vida — como o irônico “soldado idoso de tantas guerras” — considerem recorrer a esse tipo de assistência. Assim, entre humor e crítica, emerge a questão central: até que ponto a sociedade está disposta a institucionalizar antigos tabus, aproximando cura, prazer, religião e Estado de maneiras inesperadas?


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Como professor de sociologia, preparei 5 questões discursivas baseadas no texto, focando na interpretação dos fenômenos sociais apresentados (a relação entre ciência, religião, Estado e a moralidade).

Questão 1 O texto inicia abordando a "profissionalização da prostituição" sob uma nova ótica. De acordo com o primeiro parágrafo, qual argumento ligado à psicologia (e a Freud) é utilizado para justificar a existência da figura do "substituto sexual" como uma forma de terapia?

Questão 2 Na sociologia, estudamos como as instituições (como a Igreja) se adaptam aos novos tempos. Segundo o texto, como a prática já existente de "acompanhamento conjugal" nas igrejas poderia abrir portas para novas formas de "cura" que envolvem a sexualidade?

Questão 3 O autor faz um paralelo histórico entre práticas modernas e as "antigas sacerdotisas da fertilidade". Explique, com suas palavras, qual é a semelhança que o texto aponta entre o papel dessas sacerdotisas no passado e a ideia de um "substituto sexual espiritualizado" nos dias de hoje.

Questão 4 No último parágrafo, é mencionado que o Estado (governos) em alguns países já financia programas de reabilitação sexual. Qual é a justificativa social e de saúde pública apresentada no texto para que o governo invista recursos nisso?

Questão 5 O texto encerra questionando a disposição da sociedade em "institucionalizar antigos tabus". Identifique e liste quais são as quatro esferas (ou áreas da sociedade) que o autor afirma estarem se misturando de forma inesperada nessa nova dinâmica social.

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