"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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sábado, 15 de agosto de 2009

FIZ VISTA GROSSA (Quantos não estavam esperando o beijo gay do final na novela: Amor à vida?)



CRÔNICA

FIZ VISTA GROSSA (Quantos não estavam esperando o beijo gay do final na novela: Amor à vida?)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          No dia do estudante, que não pode passar em branco, a escola fez um esforço extra para homenagear os seus alunos. Como tudo tem um preço, dois dias antes, as aulas terminavam mais cedo para os professores dedicarem-se na confecção de lembrancinhas. É efeito do mundo capitalista ou a certeza da velha frase de São Francisco de Assis: "é dando que se recebe"! Foi assim que os docentes garantiram sua festa do dia do professor, que normalmente é organizada pelos alunos. O certo é que nesses dias, festivos na escola, quebram-se todas as formalidades, e um espírito de euforia encosta nas criaturas de Deus, fazendo-as menos que, humanos; somente carnais.
          Observei uma falha na boa intenção dos mestres, esqueceram-se de colocar uma bula no pirulito distribuído naquela ocasião, ou melhor, não deram as recomendações de uso do pirulito. Foi por isso, talvez, que eu assistir a uma cena que me chocou muito, foi quando vi um adolescente arrancar de furto o pirulito da boca do colega, colocá-lo na sua e correu chupando-o com muito gosto. Para mim aquilo equivalia a um beijo de homem para homem, não é discriminação, não sou homofóbico, é apenas por que sou de outra geração, minha formação cultural ainda não se acostumou com essa permissividade atual. Talvez, eu tenha razão não só por esse lado moral, mas também por uma reflexão sobre a saúde, ainda mais neste tempo de “gripe A”. vejam os riscos que esse rapaz foi submetido através de um mera “brincadeira”, ele poderia contrair: Cárie dental, Gengivite, Faringite, Laringite, Amigdalite, Herpes labial, Hepatite A e B, HPV, meningite, Uretrite, Gripes, Tuberculose, Sífilis, Gonorréia e se tivesse Gengivite poderia contrair o HIV. http://www2.uol.com.br/vyaestelar/beijo_saude.htm (01/02/2014).
          Vamos torcer para que nada disso seja consequência para atitude do tal adolescente, senão seus pais, inspirados nos pais do “Zeca” da Novela Caminho das Índias, poderão pedir indenização à escola.
          Nessa mesma ocasião, vi uma atitude mais agressiva ainda: alguns alunos recusaram, com palavras de desprezo, o "pirulito da Paz". Seria porque é “doce” (isca)? Não sei! Na última das hipóteses, estes não gostavam de açúcar ("macacos velhos")! 
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 22/08/2009
Código do texto: T1768137

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.
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domingo, 9 de agosto de 2009

QUE NECESSIDADE TEMOS DELES? ( Sistema fecha os olhos para não ver os maus alunos. )






CRÔNICA

QUE NECESSIDADE TEMOS DELES? ( Sistema fecha os olhos para não ver os maus alunos. )

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          Um dia desses, li que o sistema educacional deveria demitir os professores que não sabem ensinar, pois estão fazendo mal aos seus alunos. Fiquei num dilema absurdo, procurando critérios e justificativas para me eximir dessa classificação.
          Mas, o sistema fecha os olhos para não ver os maus alunos. Que necessidade temos deles? O sistema não vai ouvir o professor enquanto estiver ouvindo os caprichos dos “Zecas”. Não gosto da ideia de unilateralidade. Parece-me que a única maneira que o sistema dispõe para vencer os problemas educacionais é acariciando a cabeça dos alunos e condenando os professores, e a sociedade se fia nos laudos técnicos de uma minoria que não quer perder o poder, mas, prefere manchar sua reputação perante a classe intelectual (professores)!
          Que esperança há para a escola, se os professores continuarem sendo ouvidos só depois de “surrados”? Também não estou pedindo autorização para exagerar como fez um professor na Malásia que obrigou um aluno a fumar 42 cigarros em apenas duas horas quando encontrou um maço e um isqueiro em sua mochila. (http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2009/08/06/professor
+manda+aluno+fumar+42+cigarros+como+punicao+na+malasia
+7712929.html(09/08/2009).
          São em momentos assim que a credibilidade no sistema é desenvolvida ou oprimida: pela percepção do modo como os líderes têm lidado com as situações. E não é um diagnóstico comum de que deve haver uma completa faxina no alunado, porque ficando só os bons obrigarão aos professores serem bons. “Os iguais se protegem”. Como pode um aluno, que não aprendeu os conteúdos da série em que está, ser promovido para a série seguinte? Como pode um aluno indisciplinado e desrespeitoso gozar dos privilégios de representante de turma? Que critérios são esses? Como pode alunos fazerem sexo dentro da sala de aula na frente dos colegas e continuar usufruindo da fama de artista? (http://sol.sapo.pt/blogs/vagabundo/archive/2007/04/10/Sexo-em-sala-de-aula.aspx) (29/01/2014). Como pode o aluno levar revolver 38 para escola? Que ludicidade é essa?http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u540147.shtml)(29/01/2014).
          E o que agrava mais ainda o desarranjo familiar é que, nesse  último caso, a iniciativa de denunciar o aluno foi do próprio pai dono da arma devidamente registrada! Não seria mais coerente se a escola o denunciasse? O irônico é que, diz a reportagem, “familiares, amigos e professores garantem que o menino não ameaçou ninguém com a arma”. Só a presença de um aluno armado na escola é um criminoso em potencial e não é uma ameaça aos bons costumes?
          Uma coisa acerca do sistema educacional temos que admitir: ele está totalmente comprometido com a realidade. A frouxidão nos inspira a maneira tal qual ele quer que nós nos dirijamos a ele.
          Muito mais importante que os programas do governo para evitar evasão escolar, deveriam ensinar-nos o caminho da justiça, da paz e da cidadania.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 21/08/2009
Código do texto: T1766890

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domingo, 2 de agosto de 2009

O RETORNO ÀS AULAS E AS PERSPECTIVAS DA COPA




CRÔNICA

O RETORNO ÀS AULAS E AS PERSPECTIVAS DA COPA

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           O professor já está humilhado. Arrastado pelos os caminhos incertos de todas as metodologias inovadoras, nada dando certo, e sua fama de desmerecido aumentando! Agora floreada a ideia de usar outra máscara é bem vinda! Digo outra máscara, assim, porque já usa a camuflagem de “sabichão", ou melhor, "sabichinho” porque tem pouca voz. Mas, tudo não o expõe mais ainda à derrota? Disfarçado de palhaço ou coisa do outro mundo quando mais ainda lhe adicionarem o colete a prova de bala e um capacete blindado, visto que essa imagem agora é mais visualizável, pois vivemos em um momento de muitas agressões físicas ao professor. Podendo até dar uma melhorada no visual se o equipamento for de primeira linha, se não for um presente do governo. Isso tudo, se resolverem dar aulas nos dias dos jogos da copa do mundo.
           Agravando-se a existência de agitação, surge por agora, perante a sociedade, a “pandemia” do patriotismo exacerbado, e o mais estressante ainda, é saber que a educação é alvo de mais uma manobra política que abusa de nossas fraquezas existenciais. Esperando que melhore o colorido quadro situacional, estendem as férias, suspendendo as aulas em dias de jogo do Brasil, sem respeitar o desejo dos que já estão cansados de “descansar”. Por que não suspender somente outros seguimentos mais susceptíveis? Será que é apenas uma onda passageira! Se bem que a escola poderia recebe mais um benefício: A bolsa "fuleco".
           Surpreendente! O Professor continua culpado por tudo, isso já sabemos, mas é uma culpa não condenável! Sempre nos tratam com muito amor, compreensão e justiça. O sistema educacional permite os professores marcados emocionalmente vivenciar medidas avantajadas de dignidade. Não sei por que os cursos de licenciatura estão vazios! Talvez muitos estão lembrando ainda das leituras que fizeram do ex-presidente FHC, dizendo que professor era fracassado. O problema é de Deus! Ou dos parasitas semianalfabetos do organismo social!? Ampliando um pouco mais a ironia, concluímos com as palavras de Widonid Hiro: “A nova reforma ortográfica já entrou em vigor e oficialmente somos todos semianalfabetos”. Será? É isso aí, mas nos divertimos muito!
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 03/08/2009
Código do texto: T1734169

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quinta-feira, 30 de julho de 2009

PROFESSOR - UMA ESPÉCIE EM EXTINÇÃO - Por Veronica Dutenkefer

PROFESSOR – UMAESPÉCIE EM EXTINÇÃO 


 Por Veronica Dutenkefer (20/06/2009)
Esse texto que escrevo precisamente agora é mais um desabafo.
Desabafo de uma profissional que está lecionando há mais de 22 anos e que não sabe se sobreviverá por mais dez anos,  que é o tempo que ainda precisarei trabalhar (por mais que ame muito o que faz).
Trago comigo muitas perguntas que não querem calar. E talvez a mais inquietante é: O que será necessário acontecer para se fazer uma reforma educacional neste país????
Constantemente ouço ou leio reportagens com as autoridades educacionais proclamarem a má formação de seus professores. Culpando as universidades, a falta de cursos de formação e culpando-nos evidentemente.
Se a educação neste país não vai bem só existe um culpado: o professor.
E aí vem meus questionamentos:
Como um professor de escola pública pode fazer o seu trabalho se ele precisa ficar constantemente parando sua aula para separar a briga entre os alunos, socorrer seu aluno que foi ferido por outro aluno, planejar várias aulas para se trabalhar os bons hábitos na tentativa vã de se formar cidadãos mais conscientes e de melhor caráter?
Nos cursos de formação nos é passado constantemente a recusa de um programa tradicional e conteudista, mas nossas avaliações de desempenho das escolas, nossos vestibulares e concursos públicos ainda são tradicionais e  nos cobra o conteúdo de cada disciplina.
Como pode num país.....num estado...num município haver regras tão diferentes entre a rede particular e pública?
Na rede particular as escolas continuam conteudistas, há a seriação com reprovação, a escola pode suspender ou até mesmo expulsar um aluno que não esteja respeitando as regras daquela instituição.
A rede pública vive mudando o enfoque pedagógico (de acordo com o partido que ganhou as eleições), é cobrado cada vez menos do aluno, não se pode fazer absolutamente nada com um aluno indisciplinado que até mesmo coloca em risco a segurança de outros alunos e funcionários daquela instituição.
Dia a dia....minuto a minuto... os professores são alvos de agressões verbais e até mesmo física pelos alunos. A cada dia somos submetidos a níveis de stress insuportáveis para um ser humano.
Temos que dar conta do conteúdo a ser ensinado + sermos responsáveis pela segurança física de nossos alunos + sermos médicos + enfermeiros + psicólogos + assistentes sociais + dentistas + psiquiatras + mãe + pai ......
E quando ameaçados de morte e recorremos a uma delegacia pra fazer um boletim de ocorrência ouvimos: “Isto não vai adiantar nada!”
Meus bons alunos presenciam o mal aluno fazendo tudo o que não pode ser feito e não acontecendo nada com ele. É o exemplo da impunidade desde a infância.
Meus bons alunos presenciam que o aluno que não fez absolutamente nada durante o ano, passou de ano como ele, que se esforçou e foi responsável.
Houve um ano que eu tinha um aluno que era muito bom. E ele começou a faltar muito e ir mal na escola. Os colegas diziam que ele ficava empinando pipa ao invés de ir pra escola. Um dia, tive uma conversa com ele, e perguntei o que estava acontecendo? E ele me disse: “Prá que eu vou vir prá escola se eu vou passar de ano mesmo assim?”
Então eu procurei aconselhar (como faço com meus alunos até hoje) que ele devia freqüentar a escola, não para tirar notas boas nas provas ou passar de ano. Ele deveria vir a escola para aumentar seu conhecimento que é o único bem que ninguém poderá roubar.Que a escola iria ajudá-lo a aprender e trocar conhecimentos com os outros e ajudá-lo a dar uma melhor formação na vida..
Depois dessa conversa ele não faltou mais tanto....mas nunca mais voltou a ser o excelente aluno que era.
Qual a motivação de ser bom aluno hoje em dia?
Seus ídolos são jogadores de futebol que não falam o português corretamente e que não hesitam em agredir seus colegas jogadores e até mesmo os árbitros. Ensinando que não é necessário haver respeito as autoridades e aos outros.
Ou são dançarinas que mostram seu corpo rebolando na televisão e pousando nuas para ganhar dinheiro.
 Para quê eu me matar de estudar se há tantas profissões que não são valorizados e nem respeitadas? ??
Conheci (e ainda conheço e convivo) ao longo de minha carreira na escola pública, inúmeros profissionais maravilhosos. Pessoas que amam a sua profissão, que se preocupam com seus alunos, que fazem trabalhos excepcionais. Que possuem um conhecimento e formação excelentes, mas que estão desgastados e quase arrasados diante da atual situação educacional.
Li a poucos dias num artigo que os cursos de filosofia, matemática, química, biologia e outros todos ligados a área de magistério não estão tendo procura nas universidades.
Lógico!!!!!Quem é que quer ser professor??? ??????
Quem é que quer entrar numa carreira que está sendo extinta, não só pela total desvalorização e respeito, mas também pela falta de segurança que estamos enfrentando nas escolas.
Fiquei indignada com uma reportagem na TV (que aliás adora fazer reportagens sensacionalistas colocando o professor sempre como vilão da história) em que relatava que numa escola um aluno ameaçava os outros com um revólver e num determinado momento o repórter perguntou:”Onde estava oprofessor que não viu isso??!!”
E agora eu pergunto: “O que se espera de umprofessor (ou de qualquer ser humano), que se faça com uma arma apontada pra você ou pra outro ser humano??? Ah...já sei...o professor deveria enfrentar as balas do revólver!!!! Claro!!! As universidades e os cursos de aperfeiçoamento de professores não estão nos ensinando isso..
Vocês tem conhecimento de como os professores de nosso país estão adoecendo??? ?
Vocês sabem o que é enfrentar o stress que a violência moral e física tem nos submetido dia a dia?
Você sabe o que é ouvir de um pai frases assim:
“Meu filho mentiu, mas ele é apenas uma criança!”
“Eu não sei mais o que fazer com o meu filho!”
“Você está passando muita lição para meu filho, e ele é apenas uma criança!”
“Ele agrediu o coleguinha, mas não foi ele quem começou.”
“Meu filho destruiu a escola, mas não fez isso sozinho!”
Classes super lotadas, falta de material pedagógico, espaço físico destruído, violência, desperdício de merenda, desperdício de material escolar que eles recebem e, muitas vezes, não valorizam (afinal eles não precisam fazer absolutamente nada para merecê-los), brigas por causa do “Leve-leite” (o aluno não pode faltar muito, não por que isso prejudica sua aprendizagem, mas porque senão ele não leva o leite.)
Regras educacionais dissonantes de acordo com a classe social dos alunos.
Impunidade.
Mas a educação não vai bem, por causa doprofessor..
Encerro esse desabafo com essa pergunta que li a poucos dias:
Essa pergunta foi a vencedora em um congresso sobre vida sustentável.
"Todo mundo  'pensando' em deixar um planeta melhor para nossos  filhos...  Quando é que 'pensarão' em deixar filhos melhores para o nosso planeta?"
O BOM NESTE PAÍS É SER POLITICO. APOSENTA-SE COM 8 ANOS DE "TRABALHO(?) ".

domingo, 5 de julho de 2009

Sábado Letivo ou Letal? (TCE – “Tecido Com Escórias”)

Crônica

Sábado Letivo ou Letal? (TCE – “Tecido Com Escórias”)

domingo, 5 de julho de 2009
Por Claudeci Ferreira de Andrade

     Legitima-se e justifica-se o sábado como dia letivo apenas porque se discute em grupo qualquer assunto da escola? Qual aluno frequentaria uma reunião dessas, num sábado, para torná-la  legalmente letiva, sem lhe dar muitos pontinhos na nota? Porém, os professores não ganham nada a mais! Chamam-na de parada pedagógica, outros preferem, de TCE (trabalho coletivo escolar). Contudo, chamem-na do que quiserem; não passa de uma confluência para fazer faxina nas dependências da unidade escolar; quando não, para dar atenção às diferenças pessoais e se acrescentam alguns informes locais, que nem precisavam ser transmitidos lá. Muitos preferem chamá-la, por isso, de “lavação de roupa suja”. Eu gostaria que o sábado fosse o dia de descanso, como diz a Bíblia Sagrada: “Lembra-te do dia de sábado para santificá-lo. Trabalharás durante seis dias, e farás todas as tuas obras. O sétimo dia, porém, é o sábado de Iahweh, teu Deus. Não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu animal, nem o estrangeiro que está nas tuas portas. Porque em seis dias Iahweh fez o céu, a terra, o mar e tudo o que eles contêm, mas repousou no sétimo dia: por isso Iahweh abençoou o dia de sábado e o santificou.” (Ex. 20:8-11 BJ). Como se fazia melhor educação com 180 dias letivos no ano e 5 aulas de 45 minutos por período sem profanar o Dia do Senhor!

     Muitos educadores detestam este fardo: ter que ir à escola no dia de sábado, e a choradeira aumenta quando, faltando, o ponto é cortado, tiram do seu mísero salário! Mas, para evitar esse transtorno, quem precisa faltar contrata até substituto para assegurar sua presença mesmo a distância. Que contribuição daria um professor substituto para o enriquecimento dos temas tratados ali, se ele está completamente descontextualizado? Outros vão a fim de ser aceitos e amados. Esforçam-se em dar significativas contribuições para que seus chefes fiquem contentes. Sentem que devem ser engraçados ou de boa aparência a fim de que sejam reconhecidos. Sabem que seu diretor aprecia se tiver bom comportamento na reunião. Mas, e as ferramentas que precisam ser amoladas para o trabalho produtivo e eficiente da sala de aula nos dias "úteis"? O problema se avoluma quando, após um encontro desses, refletimos e nos deparamos com a triste realidade que uma manhã toda de “trabalhos” não nos acrescentou nada profissionalmente, apenas se foi a vitalidade intelectual! É como já disse Luís de Camões: "O fraco rei faz fraca a forte gente".
     De alguns anos para cá, tenho chegado à crua conclusão de que em vez de tentarmos manter só a aparência, que é inútil, quando contemplamos as reais necessidades da educação pública, deveríamos crescer de fato, procurando o conhecimento casado com a experiência que gera qualidade. Esse tal sábado letivo mina o pouco tempo que o professor tem para estudar e se revigorar! Penso que haveria muito menos professores e funcionários da educação desanimados se tivessem essa coerência. É isto que direciona a educação para a vida: importar-se mais com a quantidade  que com  a qualidade?
         Dessas reuniões pedagógicas só o coordenador sai feliz, de alma lavada, ninguém mais! E se não comparecer ao tal TCE, o ofício circular da Secretaria de Educação, nº 012/2010 - Gegeder/Codesal diz o que vai acontecer: "5. O servidor que faltar ao trabalho coletivo sem justa causa, terá perda de vencimentos referente a 5 (cinco) horas-aula para o professor, 5 horas relógio para o técnico administrativo educacional." Que Deus tenha misericórdia de nós!
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 20/08/2009
Código do texto: T1765070


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terça-feira, 30 de junho de 2009

A (Lei)tura ex...amin(ativa)



Crônica

A (LEI)TURA EX...AMIN(ATIVA)

terça-feira, 30 de junho de 2009
Claudeci Ferreira de Andrade

         Escrevi, com muito esmero, a crônica: “Gramática é sério”, com o propósito sublime de incluí-la num projeto de livro que estou preparando para ser publicado. Estava ansioso que alguém a lesse para eu verificar a reação desse alguém à leitura: aprovação ou reprovação; comentários positivos e negativos. Assim, procedo com todos os meus textos, só dou por definidos depois de submetidos a várias leituras probatórias de pelo menos três pessoas diferentes. Sou humilde o suficiente para aceitar a possibilidade de melhora. Aliás, uso as observações para enriquecer meus trabalhos. Então, forneci uma cópia da tal crônica para a chefe do departamento em que trabalhei (projetos da SME). A sala estava pouco movimentada, assim, achei ser aquela a hora certa. Ela fitou a página por quatro minutos infrutíferos, estava paralisada com a folha diante dos olhos, depois simplesmente a largou em cima da mesa, junto com uma papelada danada, e saiu dizendo:
          — Tenho que ler mais uma vez para lhe falar alguma coisa sobre o texto.
           Foi ela virar as costas, e em nome do zelo, recolhi aquela cópia preciosa do meio daquela papelada, como um garimpeiro limpando suas pepitas. De repente, passou um vulto na janela, reacenderam minhas esperanças, corri até a porta para ver, era a colega da sala ao lado: departamento pedagógico. Chamei-a, pedi que lesse a crônica, ainda naquela tarde, para comentar comigo. Foi rápido, menos de dez minutos, ela retorna à sala de projetos, assenta-se à minha frente e com um ar de suspense, fez caras e bicos. Eu estava apreensivo, mas aguardei em silêncio até que ela me dissesse alguma coisa; finalmente:
          — Olha, a crônica está muito boa, gostei muito! Só esse final que poderia ser mudado, pode desagradar alguns políticos.
          Levantou-se e saiu. Não tive nenhum argumento iminente! Naquele instante, ela fez referência apenas ao óbvio! Então refleti pelo resto de tarde e parte da noite: Como gostaria que meu leitor tivesse modos tão ampliados de ler para realizar leituras mais extensivas, de forma que possa estabelecer vínculos cada vez mais estreitos entre o texto e outros textos, construindo referências sobre o funcionamento da literatura e entre esta e o conjunto cultural! Ou estou exigindo demais?
           Este assunto é muito sério! Para você vê, ontem havia deixado um rascunho desta história que estou lhe narrando agora, em cima de minha escrivaninha, com o título: (Lei)tura Ex...amin(ativa). Minha esposa leu e perguntou:
          — Como seria essa leitura "examinativa"?
          Respondi que é o exame textual como prática daquele que sabe, de fato, atingir o pensamento alheio e visualizar com amplidão o objeto do texto, ou melhor, é um processo vivo de apuração tão profunda que vá até os elementos implícitos, estabelecendo relações entre o texto e o conhecimento prévio do leitor ou entre o texto e outros textos já lidos.
          — E como adquirir essa leitura? – perguntou-me novamente.
          Continuei respondendo que a leitura competente faz parte da luta pela dignidade humana, é mais uma responsabilidade que um privilégio, para ser mais específico, é uma técnica de leitura particular da criatividade de cada um. E que não é difícil constatar que as manifestações mais substanciosas vêm geralmente daqueles que se aprofundam no conhecimento criterioso da realidade abjetiva. É o que vemos na vida de trabalho e de esforço das pessoas comuns e/ou das bem dotadas, num extraordinário empenho que as leva à superação de si mesmas, ou em termos, dos seus próprios limites.
          Se elas me compreenderam, não sei, o importante é que nunca mais lerão esse texto como o fizeram, agora sempre em nível mais profundo.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 19/08/2009
Código do texto: T1761917

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ALCANÇANDO AS VITÓRIAS (Dobradinha brasileira)




Crônica

ALCANÇANDO AS VITÓRIAS  (Dobradinha brasileira)

Claudeci Ferreira de Andrade

          Já era sabido que nosso Personagem Atleta tinha uma pergunta favorita nos locais de inscrição:

          — A Vitória vai correr?

           Tratava-se de uma cobiçada jovem. A princípio, ninguém entendia qual era sua preocupação, pois somava condições físicas superiores, por ter mais tempo de atletismo, e, também, porque nessa modalidade, mulher não disputa o mesmo prêmio com homem, mas ele não conseguia imprimir uma velocidade superior a da Vitória. Ele a tinha como uma espécie de puxadora. Mas, por que ele preferia ser puxado num correr tão lenta? E o pior, ele não reagia a nenhum incentivo dos espectadores, corria sempre bem concentrado. Em quê? Não sabemos, quero dizer, não sabíamos até que, de tão manso, no final de uma dessas “provas de rua”, foi flagrado numa fotografia, na qual apareciam o Personagem Atleta e a Vitória; pela disposição das imagens, percebeu-se claramente que ele não fora convidado para posar, estava um pouco desajeitado, porém seu olhar estava bem direcionado nas partes inferiores da moça. Agora as peças do quebra-cabeça começaram a se organizar. É verdade, ela corre sempre com esse shortinho de lycra rosa, curtinho! Desse jeito, ele nem precisava de muita imaginação para ficar preso por alguns momentos de devaneios. Ainda, passando a fotografia de mão em mão e em meio comentários maldosos, alguém concebeu uma ideia brilhante para ajudar o Personagem Atleta, era um teste de atração fatal.

          — Mas, que ideia brilhante é esta? — perguntou um dos que ali estavam em meio às gargalhadas.

           O outro explicou o plano que era convidá-la, com os mesmos trajes, para na próxima competição, fazer o percurso no "carro madrinha". Assim o fizemos, e ela aceitou, nem precisou muito dinheiro! O carro foi preparado de forma que ela ficasse bem exposta como quem ia apontando o caminho. Estava com o pé direito enfaixado para dissimular, ou melhor, adotava um comportamento de fachada. É chegada a hora, e o carro “isca” estava diante do pelotão pronto para a largada. Quem estava bem na frente, logo atrás do carro isca, era o Personagem Atleta! Parecia-nos sedento para mordê-la.

          Foi dada a largada, para a prova de 10 km, que contava com a participação de 400 atletas. Era o aniversário de uma das cidades satélite de Goiânia. Por ser feriado, o beirado de todo percurso estava repleto de muitas pessoas. Todos os demais atletas tinham motivação suficiente para fazer uma boa corrida. Porém, o nosso Personagem Atleta tinha motivação extra. Depois de alguns minutos, ele foi visto no km 5 de boca aberta, babando, todavia liderando a prova, pois o carro o puxava e controlava a sua velocidade, de maneira alguma ele queria perder o objeto de vista. E com essa mesma obsessão, tivemos de aplaudi-lo! Ganhou uma competição pela primeira vez. Campeão! A Vitória e a vitória foram conquistadas!
Como ajudar alguém alcançar a vitória quando esse alguém só quer a Vitória?
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 18/08/2009
Código do texto: T1760423


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CONFISSÃO DE UM ANJO (A consequência do pecado de um anjo da guarda)




Crônica

CONFISSÃO DE UM ANJO (A consequência do pecado de um anjo da guarda)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          Acompanhei, ao departamento pedagógico da subsecretaria, o professor-tutor Ci. Vi Ci quando entrou para entregar um levantamento do número de alunos, de salas e a capacidade das mesmas, para o reordenamento de rede escolar. Ele procurou pela senhora Li, coordenadora do grupo de técnicos auxiliares das escolas dessa regional 
(dupla pedagógica, tutores), para receber as boas-vindas como um servo bom e fiel, mas a cara dela estava para poucos amigos. Ele, por sua vez, estava apreensivo, pois não sabia se tinha realizado a tarefa como deveria. Afinal, recebera ordem truncada, não fora um documento escrito (ofício). Contudo, sentou-se à mesa que a ilustre estava atendendo e quebrou o gelo.

          — Bom dia! Aqui estão as informações.

          — Onde estão os Gestores das escolas de sua responsabilidade?
– perguntou Li corpo a corpo.

          Ele respondeu exatamente o que ela esperava ouvir, pois não havia nenhum Gestor ali.

          — Foram convocados e até assinaram meu relatório de visitas, aqui está (eram três folhas abordando o objetivo das visitas do tutor), se não compareceram, é porque julgaram não ser tão importante assim!

          Vi Ci pôr à mesa três folhas de relatório devidamente assinadas, porque a coordenadora nem sequer estendeu a mão para pegá-las. Assim, depois de um minuto de embaraçoso silêncio, Li concorda:

          — Então, vamos fazer o que dá para fazer já que eles não vieram.

          Percebi que ela não estava disposta; pareceu-me estressada. Mas, organizou seus formulários e começou o interrogatório, parecia uma delegada, criando armadilhas para pegar o culpado.

          — Quais as medidas das salas? Por onde começa a numeração das salas? Quantas salas são? Que escola é essa? Quais turmas funcionam na sala nº. 1 nos três turnos? Blá blá blá...?

          De vez em quanto, entre um telefonema e outro, ela voltava à mesa para mais um raud. Senti-me na obrigação de abrir a contagem para salvar quem estava na “lona”, porém vi Ci, desta vez, levantar-se cambaleando para o golpe final.

          — Você não me pediu quais turmas funcionam em tais e tais salas, nos três turnos, mas posso telefonar para as escolas e providenciar essas informações que deseja, agora.

          Foi aí que ela esbofou, como um soco fatal, usando palavras numa organização não muito didática:

          — Eu estou cheia desses tutores e, se depender de mim, não vou escolher você para o próximo ano (2004).

          Eu não sabia verdadeiramente o que se passava na mente dela, porque o anjo seu era outro, contudo era uma “competição” desleal. Assim, justifiquei-me e roubei aquelas folhas de relatório.

          Durante o recesso de final de ano, vi Ci, por várias vezes, falando ao Pai, pedindo que eu o ajudasse na escolha: continuar na função de tutor ou voltar à regência em sala de aula. Impossível, não fui autorizado ajudá-lo! Cometi um pecado, por isso o Pai não me promoveu, agora sou o anjo dela.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 17/08/2009
Código do texto: T1759365


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