ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (16): Quem São os Ladrões de Deus?
Ah, como é intrigante contemplar a passagem do tempo e como as palavras dos profetas ecoam através dos séculos. Malaquias, o sábio e inspirado profeta do Velho Testamento, ousou denunciar uma realidade obscura: líderes religiosos de sua época estavam ousadamente "roubando" de Deus. E não apenas eles, mas também os fiéis que, por sua vez, se tornavam ladrões ao se recusarem a oferecer os dízimos e as ofertas sagradas. Entretanto, algo mudou ao longo dos tempos, com o advento do Novo Testamento. O princípio da compostura santificada emergiu, revelando a importância da modéstia e da boa educação. Deus, agora, desejava que nos pautássemos por Sua própria norma moral, e não por nossos próprios conceitos volúveis.
Acredito que não seja surpresa para ninguém o fato de que um homem não se torna ladrão, assassino ou mentiroso de uma hora para outra. Essas transgressões insidiosas, traiçoeiras como a própria natureza humana, se estabelecem sorrateiramente em nosso âmago. Assim como Hazael, cujo desejo ardente de se tornar rei foi alimentado a cada dia, ou Lúcifer, que ousou almejar ser "semelhante ao Altíssimo", as sementes da ambição perversa são plantadas e nutridas, até florescerem em maldade absoluta (Heppenstall, 1976, p204). Que ironia, então, que até mesmo o apóstolo Paulo tenha reconhecido sua própria condição de ladrão dos irmãos, ao pegar doações destinadas às igrejas locais para ministrar em outros campos missionários, em suas próprias palavras: "A outras congregações roubei, por aceitar provisões, a fim de ministrar a vós" (II Co 11:8 TNMES).
Mas, e hoje? Quais palavras podemos encontrar para rotular aqueles pastores que, de grandes igrejas, sede, apropriam-se das ofertas e dízimos de um pequeno grupo de irmãos, enviando-os para outros propósitos? Será que esses recursos realmente chegam ao seu destino ou são meras ilusões? Afinal, não nos esqueçamos de que "nem ladrões, nem avarentos... nem os roubadores, possuirão o reino de Deus" (I Co 6:10 BSEP). Talvez seja sensato sugerir que apenas quando não houver mais necessidades a serem supridas na congregação local, quando todas as empreitadas estiverem plenamente executadas, então sim, poderíamos direcionar nossa ajuda a outros irmãos distantes, uma responsabilidade dos que estão mais próximos. Ou ainda, somente em circunstâncias urgentes e indispensáveis, Deus mesmo providenciará o deslocamento do missionário, assim como fez com o iluminado apóstolo Paulo gratuitamente e outros, provendo meios miraculosos e inexploráveis sem que ninguém fosse prejudicado.
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