"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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MINHAS PÉROLAS

sábado, 9 de novembro de 2013

PAIS versus PROFESSORES ("É na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos pais." — Coelho Neto)





PAIS versus PROFESSORES ("É na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos pais." — Coelho Neto)

Sempre me perguntei o que os pais têm contra nós, professores. Seria ciúme ou inveja? As acusações e desrespeitos que lançam alimentam um desconforto que se instala como um pós-guerra em nossas salas de aula. A entrega dos boletins se transforma em um campo de batalha, onde o adolescente se declara inocente, nós, professores, somos os acusadores e os pais, os defensores. Essa relação tridimensional é tão complexa que uma mãe dificilmente consegue ser professora e mãe ao mesmo tempo.

Lembro-me de uma colega de trabalho, professora e mãe, que me contou, com raiva, sobre a inclusão de sua filha na categoria de "estrume". A professora da turma, desequilibrada pelo estresse do dia a dia e humana em suas imperfeições, disse que se os alunos não prestassem atenção às aulas, nunca seriam nada, apenas "estrume" da sociedade. A mãe, por sua vez, prometeu ir até as últimas instâncias para penalizar a colega que humilhou sua filha. É desconcertante ser professor do filho de um colega de trabalho.

Ser mãe é uma coisa, ser professora dos filhos dos outros é outra. Por que uma professora ensinaria, no papel de mãe, aos seus filhos a maltratar seus professores? E se não o fariam conscientemente, fazem-no com comentários desajustados contra o sistema educacional e atitudes exageradamente protetoras contra o colega de trabalho. Em minha experiência como professor, lembro-me de apenas duas alunas cujas mães eram professoras, e eu as admirava por serem cumpridoras de seus deveres e respeitadoras. No entanto, já fui, centenas de vezes, maltratado tanto por filhos de professora quanto por colegas de profissão, exigindo de mim o que elas não conseguiram com seus filhos.

Minha sugestão é esta: se for possível, sejam pais e professores indistintamente. Talvez eu nem esteja conseguindo expressar o que é necessário neste tema: pintar um indivíduo ideal para os dois papéis. No entanto, exemplifico com minha própria vida, descobrindo-me incompetente demais para ser pai e professor ao mesmo tempo, escolhi ser apenas professor. Sim, tenho uma filha, mas a conheci depois de grande, por isso nunca perturbei seus professores. O difícil mesmo é colher o que não plantei.

Quando nossos alunos nos ameaçam e danificam nosso carro, de quem aprenderam? Tínhamos a família tradicional como parceira da escola na educação das crianças! Agora, quais compromissos terá a família moderna, cujos principais se esqueceram que direito são advindos de deveres cumpridos. Então, como essa família moderna pretende ajudar a escola a favor de seus filhos? Fazê-los prosperar e honrar essa instituição tradicional, já corrompida pelas modas, casada com a religião da prosperidade sem se importar em quem tenha que pisar, torna-se, desse jeito, quase impossível.

ALINHAMENTO CONSTRUTIVO

1. A Desconfiança entre Pais e Professores: Origens e Impactos:

Quais os principais motivos que geram desconfiança e ressentimento entre pais e professores?

Como essa relação tensa afeta o processo de ensino-aprendizagem dos alunos?

Que medidas podem ser tomadas para construir uma relação mais positiva e colaborativa entre pais e professores?

2. O Dilema de Ser Professor e Mãe ao Mesmo Tempo:

Quais os desafios específicos de conciliar as responsabilidades de mãe e professora?

Como evitar que o papel de mãe interfira no profissionalismo da professora em sala de aula?

Que estratégias podem ser utilizadas para promover um ambiente de aprendizado positivo para todos os alunos, independentemente de suas relações familiares com a professora?

3. O Impacto do Comportamento dos Pais na Educação dos Filhos:

De que forma o comportamento dos pais em relação à escola e aos professores influencia o comportamento dos filhos?

Como os pais podem contribuir para a formação de cidadãos responsáveis e respeitosos?

Que ações podem ser tomadas para conscientizar os pais sobre a importância de sua participação na educação dos filhos?

4. A Família Moderna e seus Desafios na Educação:

Quais os principais desafios que a família moderna enfrenta no processo de educação dos filhos?

Como conciliar as demandas da vida profissional e familiar com a educação dos filhos?

Que tipo de apoio a família moderna precisa para cumprir seu papel na educação dos filhos?

5. Reforçando a Parceria entre Família e Escola para uma Educação de Qualidade:

Como fortalecer a parceria entre família e escola para garantir uma educação de qualidade para todos os alunos?

Que iniciativas podem ser promovidas para incentivar a participação dos pais na vida escolar dos filhos?

Como construir um ambiente escolar mais acolhedor e receptivo para as famílias?

Lembre-se: A educação dos filhos é uma responsabilidade compartilhada entre família e escola. Através do diálogo, da colaboração e do respeito mútuo, é possível construir uma relação mais positiva e produtiva entre pais e professores, em prol do desenvolvimento integral dos alunos.

otima forma de orientar

PAIS versus PROFESSORES ("É na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos pais." — Coelho Neto)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Sempre me perguntei o que os pais têm contra nós, professores. Seria ciúme ou inveja? As acusações e desrespeitos que lançam alimentam um desconforto que se instala como um pós-guerra em nossas salas de aula. A entrega dos boletins se transforma em um campo de batalha, onde o adolescente se declara inocente, nós, professores, somos os acusadores e os pais, os defensores. Essa relação tridimensional é tão complexa que uma mãe dificilmente consegue ser professora e mãe ao mesmo tempo.

Lembro-me de uma colega de trabalho, professora e mãe, que me contou, com raiva, sobre a inclusão de sua filha na categoria de "estrume". A professora da turma, desequilibrada pelo estresse do dia a dia e humana em suas imperfeições, disse que se os alunos não prestassem atenção às aulas, nunca seriam nada, apenas "estrume" da sociedade. A mãe, por sua vez, prometeu ir até as últimas instâncias para penalizar a colega que humilhou sua filha. É desconcertante ser professor do filho de um colega de trabalho.

Ser mãe é uma coisa, ser professora dos filhos dos outros é outra. Por que uma professora ensinaria, no papel de mãe, aos seus filhos a maltratar seus professores? E se não o fariam conscientemente, fazem-no com comentários desajustados contra o sistema educacional e atitudes exageradamente protetoras contra o colega de trabalho. Em minha experiência como professor, lembro-me de apenas duas alunas cujas mães eram professoras, e eu as admirava por serem cumpridoras de seus deveres e respeitadoras. No entanto, já fui, centenas de vezes, maltratado tanto por filhos de professora quanto por colegas de profissão, exigindo de mim o que elas não conseguiram com seus filhos.

Minha sugestão é esta: se for possível, sejam pais e professores indistintamente. Talvez eu nem esteja conseguindo expressar o que é necessário neste tema: pintar um indivíduo ideal para os dois papéis. No entanto, exemplifico com minha própria vida, descobrindo-me incompetente demais para ser pai e professor ao mesmo tempo, escolhi ser apenas professor. Sim, tenho uma filha, mas a conheci depois de grande, por isso nunca perturbei seus professores. O difícil mesmo é colher o que não plantei.

Quando nossos alunos nos ameaçam e danificam nosso carro, de quem aprenderam? Tínhamos a família tradicional como parceira da escola na educação das crianças! Agora, quais compromissos terá a família moderna, cujos principais se esqueceram que direito são advindos de deveres cumpridos. Então, como essa família moderna pretende ajudar a escola a favor de seus filhos? Fazê-los prosperar e honrar essa instituição tradicional, já corrompida pelas modas, casada com a religião da prosperidade sem se importar em quem tenha que pisar, torna-se, desse jeito, quase impossível.

ALINHAMENTO CONSTRUTIVO

1. A Desconfiança entre Pais e Professores: Origens e Impactos:

Quais os principais motivos que geram desconfiança e ressentimento entre pais e professores?

Como essa relação tensa afeta o processo de ensino-aprendizagem dos alunos?

Que medidas podem ser tomadas para construir uma relação mais positiva e colaborativa entre pais e professores?

2. O Dilema de Ser Professor e Mãe ao Mesmo Tempo:

Quais os desafios específicos de conciliar as responsabilidades de mãe e professora?

Como evitar que o papel de mãe interfira no profissionalismo da professora em sala de aula?

Que estratégias podem ser utilizadas para promover um ambiente de aprendizado positivo para todos os alunos, independentemente de suas relações familiares com a professora?

3. O Impacto do Comportamento dos Pais na Educação dos Filhos:

De que forma o comportamento dos pais em relação à escola e aos professores influencia o comportamento dos filhos?

Como os pais podem contribuir para a formação de cidadãos responsáveis e respeitosos?

Que ações podem ser tomadas para conscientizar os pais sobre a importância de sua participação na educação dos filhos?

4. A Família Moderna e seus Desafios na Educação:

Quais os principais desafios que a família moderna enfrenta no processo de educação dos filhos?

Como conciliar as demandas da vida profissional e familiar com a educação dos filhos?

Que tipo de apoio a família moderna precisa para cumprir seu papel na educação dos filhos?

5. Reforçando a Parceria entre Família e Escola para uma Educação de Qualidade:

Como fortalecer a parceria entre família e escola para garantir uma educação de qualidade para todos os alunos?

Que iniciativas podem ser promovidas para incentivar a participação dos pais na vida escolar dos filhos?

Como construir um ambiente escolar mais acolhedor e receptivo para as famílias?

Lembre-se: A educação dos filhos é uma responsabilidade compartilhada entre família e escola. Através do diálogo, da colaboração e do respeito mútuo, é possível construir uma relação mais positiva e produtiva entre pais e professores, em prol do desenvolvimento integral dos alunos.

sábado, 2 de novembro de 2013

A SOLIDÃO RESOLVIDA ("A solidão é a sorte de todos os espíritos excepcionais." — Arthur Schopenhauer)


CrÔnica

A SOLIDÃO RESOLVIDA ("A solidão é a sorte de todos os espíritos excepcionais." — Arthur Schopenhauer)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Dizem os bem relacionados que a liberdade não existe, porém eu procurei a solidão e encontrei a liberdade! Agora concordo plenamente com Mauro Santayama: "Educação para a vida deveria incluir aulas de solidão." Talvez houvesse mais liberdade!
          Também quero citar a mestre em Filosofia, Kalena: "Eu não gosto da solidão, mas aprecio ficar só". Talvez este outro enfoque: solidão imposta verso estar só por escolha, possa diversificar a natureza de liberdade. Então, mediante a possibilidade de se estar rodeado de pessoas e ainda na solidão é real e improdutiva! Pois também, aprecio estar só e até prefiro ficar invisível aos desregrados da multidão isentando-me do mal. Aliás, esta solidão, bem resolvida aqui dentro, na minha alma, faz-me mais bem que muitas outras pessoas fingindo-se importar comigo.
          O dito popular: "fale mal, mas fale de mim" tira-me a paz de espírito, portanto me tira também o verdadeiro fruto da liberdade, e enfim, a liberdade. Nada é por acaso, se assim for, não existe o plano de Deus! Jamais é permitido ao homem construir seu destino. E o nosso plano só será possível dentro da pequena folga que nos é permitido, ainda no caixote entre os limites: o berço e o esquife. Por isso, gosto da solidão, mas ao mesmo tempo temo esse destino formatado (Ainda bem que a solidão da morte é inconsciente). Misterioso! Às vezes, acho cruel demais o destino de todo mundo. Embora a Bíblia queira nos animar com a história de Jó! Todavia, o que Jó fez para merecer seu sofrimento? Simplesmente ele precisava ser três vezes mais rico: seu destino. Assim seja.
          Todavia, a liberdade também me mete medo, o medo de errar e receber os reajustes do destino. Porém, prefiro assim, para sofrer menos. Então faço minhas as palavras deste trecho da canção: Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda do Kid Abelha:

"Não estou disposto

A esquecer seu rosto de vez

E acho que é tão normal

Dizem que eu sou louco

Por eu ter um gosto assim

Gostar de quem não gosta de mim



Jogue suas mãos para o céu
Agradeça se acaso tiver
Alguém que você gostaria que
Estivesse sempre com você
Na rua, na chuva, na fazenda
Ou numa casinha de sapê"
Claudeko Ferreira
Enviado por Claudeko Ferreira em 24/04/2013
Reeditado em 02/11/2013
Código do texto: T4256653
Classificação de conteúdo: seguro
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Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

sábado, 26 de outubro de 2013

A REPESCAGEM NA EDUCAÇÃO ("Em uma enchente a função da água é selecionar classes sociais." — Murillo Leal)


Crônica

A REPESCAGEM NA EDUCAÇÃO ("Em uma enchente a função da água é selecionar classes sociais." — Murillo Leal)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           
            A minha pergunta é: por que um indivíduo cursaria três anos de Ensino Médio frente a tamanha facilidade dos cursos instantâneos? 
          Mas, eu conheço o ENCCEJA, certificador de aluno com somente uma prova. E conheço as justificativas dos alunos da EJA, quando lhes pergunto por que estão matriculados nessa modalidade. Todos me dizem: — eu não tive oportunidade de estudar quando era jovem! Portanto, penso que muitos desses são os refugos do sistema educacional regular. Pois pelo tanto que reclamam de tudo, deve ter sido aqueles que nunca levaram a sério sua juventude estudantil. Não pode ser falta de oportunidade, o governo, desde que me entendo por gente, dá todo suporte obrigatório: transporte, bicicleta, uniforme, tablet, livro, lanche, bolsas mil e aulas no 0800 como dizem eles. E uns são bastante agradecidos, outros ainda revoltados arremessando cadeira na professora!
https://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/aluno-de-18-anos-arremessa-cadeira-e-deixa-professora-ferida-em-escola-do-df.ghtml -  acessado em 30/01/2019.
           Onde estão eles agora: os formados da EJA? Procurando os atalhos da vida! Então, a EJA foi inventada para esses mesmos. O governo tem modalidades para todos até para os que se fazem de coitadinhos sugadores nas tetas públicas. Depois, o diploma de todos têm a mesma validade, comparando com outras modalidades.  Se a educação fosse séria não existiria EJA ou só teria EJA! "As academias coroam com igual zelo o talento e a ausência dele."(Carlos Drummond de Andrade).
          Se os evadidos da modalidade regular soubessem que podiam voltar, mesmo depois de alguns meses de ausência, com o direito de fazer as atividades avaliativas de recuperação e sem contabilizar as suas faltas, a EJA teria menor demanda! Porém, até lá, que os empregadores saibam selecionar os melhores. Por que a sociedade precisaria desses dois pesos e duas medidas?! O saber é prazeroso, mas o aprender é doloroso! O cérebro do tolo dói e cansado procura atalhos.
Claudeko Ferreira
Enviado por Claudeko Ferreira em 21/04/2013
Reeditado em 26/10/2013
Código do texto: T4252567
Classificação de conteúdo: seguro
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sábado, 19 de outubro de 2013

O DELATOR SE AUTODELATA: O Feitiço Contra o Feiticeiro ("A lógica do delator é a de pretender fortalecer uma amizade, destruindo outras."— Eber Ivo)




Crônica

 

O DELATOR SE AUTODELATA: O Feitiço Contra o Feiticeiro ("A lógica do delator é a de pretender fortalecer uma amizade, destruindo outras."— Eber Ivo)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Há muito percebo a ironia de que a repreensão do professor ao aluno frequentemente acaba voltando-se contra o próprio docente. No entanto, eu havia me esquecido de considerar a mutação desse “vírus” dentro do ambiente escolar.

Agindo ingenuamente, e acreditando estar “contribuindo com o sistema”, apresentei à coordenadora, em caráter confidencial, os nomes de alguns alunos que demonstravam descuido com os estudos — especialmente em minha disciplina. O que se seguiu, porém, foi uma reação em cadeia inesperada. No dia seguinte, alguns alunos mais aplicados, enciumados pela falta de reconhecimento público de seus esforços, usaram-me como pretexto para criticar a coordenadora. Contaram que ela havia inspecionado os cadernos de Língua Portuguesa justamente das alunas de quem eu reclamara — cadernos estes praticamente vazios. Sem perceber, esses estudantes bem-intencionados acabaram revelando a ponta de um “iceberg abstrato” de manipulação.

O mais irônico dessa disputa velada por prestígio é que a coordenadora, valendo-se da ausência de conteúdo nos cadernos dessas alunas, elaborou relatórios enviesados à tutora (inspetora escolar). O objetivo era insinuar, de forma sutil, que o professor que não utiliza o “caderninho” de plano de aula é alguém que ministra aulas sem conteúdo — ou, na linguagem delas, “não passa nada para o aluno”. Assim, minha relutância em preencher tais planos, motivada por convicção pedagógica e não por negligência, acabou sendo exposta e mal interpretada.

Deixo claro que nunca fiz planos de aula por princípio, e não por descuido. Esses documentos servem mais à burocracia da coordenação do que ao processo real de ensino. É impossível esperar que um plano formal contemple as frequentes e “frutíferas” interrupções de minhas aulas — muitas vezes cedidas a outros colegas que desorganizam o tempo letivo.

Qual professor não conhece essa frustração? Na prática, o plano de aula raramente se cumpre. A sala de aula é um organismo vivo que exige improvisação — e improvisar, para um professor preparado, é justamente aplicar um plano funcional e dinâmico. O “caderninho”, portanto, não define o valor de um docente. O verdadeiro plano de aula é fluido: consiste em administrar os conhecimentos prévios e aplicá-los de acordo com as demandas que emergem em cada encontro, sempre à luz do currículo mínimo.

Ao fim dessa reflexão, percebo que minha atitude inicial — delatar os alunos à coordenadora — acabou se voltando contra mim. De modo consciente ou não, eles se vingaram de minha própria malícia, confirmando o ditado: “o feitiço foi contra o feiticeiro”. Se o veneno delas certamente lhes causará dano no futuro, em mim já produziu um grande prejuízo.

O ápice dessa desconexão entre a burocracia e a prática docente se resume na pergunta recorrente — e tristemente simbólica — que o aluno dirige ao professor: “É pra copiar, professor?”


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O relato apresenta temas riquíssimos para discussão, como a burocracia institucional, as relações de poder, o conflito entre a teoria e a prática pedagógica, e a ironia do sistema. Abaixo estão 5 questões discursivas simples, pensadas para serem aplicadas a alunos do Ensino Médio, com foco em estimular a análise sociológica das situações apresentadas:

1. Poder e Conflito Institucional

O texto descreve uma disputa velada onde a delação do professor, o ciúme dos alunos e a ação da coordenadora se entrelaçam. Sob a ótica da Teoria do Conflito (ou mesmo de Microssociologia), como o episódio da inspeção dos cadernos e dos relatórios enviesados demonstra a luta por prestígio e o uso de diferentes táticas de poder entre os atores (professor, coordenadora e alunos) na estrutura escolar?

2. Burocracia e Racionalidade (Max Weber)

O professor critica o "caderninho" de plano de aula, classificando-o como uma exigência burocrática que serve mais à coordenação do que ao ensino real. Utilizando a perspectiva de Max Weber sobre a burocracia, discuta:

a) Qual é o objetivo ideal (a função racional) de se exigir um plano de aula formalizado? b) De que maneira, de acordo com o texto, essa exigência se transforma em uma disfunção burocrática que prejudica a prática pedagógica e o professor?

3. O Simbolismo dos Objetos

No relato, os cadernos vazios das alunas e o plano de aula não preenchido ("caderninho") deixam de ser meros objetos e se tornam ferramentas de disputa. Analise, sob o ponto de vista do Interacionismo Simbólico, como esses objetos adquirem um significado social específico dentro da instituição, sendo usados pela coordenadora para manipular a imagem do professor perante a inspetora.

4. Currículo Formal versus Currículo Oculto

O professor defende que a sala de aula é um "organismo vivo" que exige improvisação e se choca com a rigidez do plano de aula formal. Sociologicamente, diferencie o Currículo Formal (o que é planejado e registrado) do Currículo Oculto (as interrupções, a burocracia, as relações de poder). De que forma esse conflito entre o planejado e o improviso afeta a transmissão do conhecimento e a própria função social da escola?

5. A Pergunta Final como Síntese Sociológica

A pergunta do aluno — "É pra copiar, professor?" — é citada como o ápice da desconexão entre a burocracia e a prática docente. Interprete essa frase como um símbolo sociológico. O que essa questão recorrente revela sobre a visão que o aluno desenvolve sobre o processo educacional e o seu papel dentro dele (por exemplo, como mero reprodutor de conteúdo versus criador de conhecimento)?

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sábado, 12 de outubro de 2013

AMOR RELIGIOSO ("Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar." — Carl Sagan)



Crônica

AMOR RELIGIOSO ("Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar." — Carl Sagan)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Sempre me intrigou o entusiasmo com que certos pregadores oferecem o paraíso, como se portassem as próprias chaves do reino celestial. A promessa de um lugar sem dor e sofrimento soa, no mínimo, paradoxal quando confrontada com a realidade da vida daqueles que a propagam. Seria impensável, afinal, imaginar um grande evangelista alheio às alegrias edênicas, não é? Contudo, a verdadeira ironia está na amargura que recai sobre os que depositam fé cega nessas promessas. Quando a ilusão se desfaz, o choque com a realidade transforma-se em um abismo de desilusão — um inferno muito mais tangível que o céu prometido. Paradoxalmente, encontro algum consolo nessa constatação: a certeza de que meu destino, seja ele qual for, não se cruzará com o daqueles que me assombraram com seus sermões.

Lembro-me com clareza do período em que as maldições lançadas contra mim me afastaram da igreja. A pressão era sufocante, a ponto de me fazer duvidar das próprias convicções. Um simples ato — a sonegação do dízimo — foi suficiente para desencadear uma enxurrada de pragas verbais, que evocavam imagens de um “gafanhoto devorador” pronto para consumir minha lavoura, meus bens e minha paz. Por um breve momento, o medo me dominou. Mas, com o tempo, percebi que a vida, mesmo longe de ser um mar de rosas, seguia adiante. Persisti. E só o fato de ter sobrevivido o suficiente para testemunhar o fim de muitos dos que me amaldiçoaram já me parece uma vitória.

Se a igreja não detém o poder de curar, tampouco tem o dom de infligir sofrimento por meio de pragas. Caso contrário, os próprios líderes religiosos já teriam sucumbido em suas disputas mesquinhas por poder, fiéis e reconhecimento.

Minha jornada tem sido árdua, especialmente no cenário implacável do sistema educacional em que atuo. Alguns poderiam atribuir minhas dificuldades ao cumprimento das maldições proferidas pelos fanáticos, mas acredito que elas têm mais a ver com as perseguições de colegas de trabalho, alunos e seus pais. Essas dificuldades, longe de qualquer intervenção divina, refletem a dureza do ambiente em que vivo.

Recentemente, ao demonstrar interesse por uma colega de trabalho, tornei-me alvo de fofocas e intrigas orquestradas por outras funcionárias fervorosas em seus dogmas. Tentaram afastá-la de mim, espalhando boatos e difamações. Seria essa a manifestação do “bicho devorador de minha lavoura”, como anunciavam aqueles fervorosos discordantes? Prefiro crer no provérbio português: “o que é do homem o bicho não come.” Se não há força divina controlando meu destino, tampouco há espaço para que artimanhas humanas o destruam.

Hoje, compreendo que os verdadeiros “bichos devoradores” não são forças invisíveis ou sobrenaturais, mas sim aqueles que, em nome de uma fé cega, perseguem e maltratam os que ousam divergir. Oxalá a natureza, com sua sabedoria implacável, cuide de restaurar o equilíbrio, até mesmo entre os líderes que se alimentam dessa intolerância. Afinal, sou parte da natureza, e nela encontro força para resistir.

Essa experiência me ensinou que a fé, quando usada como arma de opressão, transforma-se em algo destrutivo, capaz de ferir profundamente. No entanto, a vida, em sua simplicidade resiliente, sempre nos conduz a verdades mais autênticas. E é nelas que encontro sentido: na experiência vivida, na resistência diante do adverso e na busca constante por um caminho genuíno, livre de dogmas e ameaças.


Como um bom professor de sociologia do Ensino Médio, preparei 5 questões discursivas no formato de pergunta simples sobre os temas principais do texto:


1. Qual a principal crítica do narrador em relação à forma como alguns pregadores oferecem o paraíso?

2. De que maneira a experiência de sonegar o dízimo e as reações que se seguiram impactaram a relação do narrador com a igreja?

3. Como o narrador interpreta as dificuldades que enfrenta em seu trabalho no sistema educacional?

4. Qual a relação entre as fofocas e intrigas que o narrador sofreu e a metáfora do "bicho devorador de sua lavoura"?

5. Qual a principal conclusão do narrador sobre a fé e como essa conclusão se relaciona com sua experiência pessoal?

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sábado, 5 de outubro de 2013

PERVERSO CORPORATIVISMO (E que responsabilidade tenho eu se não lhes ensinei errar? )


Crônica

PERVERSO CORPORATIVISMO (E que responsabilidade tenho eu se não lhes ensinei errar? )

Por Claudeci Ferreira de Andrade

         Um professor sem credibilidade é assim: não tem nem a liberdade de considerar um aluno ruim em sua disciplina se os colegas querem salvá-lo. Mesmo que eu esteja a Filosofar a meu favor, não saberia dizer o muito que a vida nos tem a dizer ou ensinar. Como me senti sujo, reconhecendo as insuficiências do aluno que fez mal os trabalhos que lhe pedi, como requisito da matéria de Língua Portuguesa, e me dei mal, ainda que tentando ver as limitações do tal promovido. O maior problema é os colegas quererem me obrigar ver os alunos como eles veem. Por que um aluno generalizado se revoltaria e postaria, no Facebook, críticas sobre seus professores e colegas? Há razões de sobra! Todavia, eu também o promovo respeitando os exageros da maioria, mas não posso deixar de ressaltar o valor da educação.
         Por que é difícil para um professor, nos conselhos de classe, admitir que os alunos não são iguais, podendo ter facilidade na matéria em que mais se identificam e fracos nas outras? Estaria eu de certa forma condenando indiretamente o mestre avaliador, tentando tirar do paraíso o seu aluno e fazendo passar pelo purgatório? É apenas mais uma das minhas tentativas para extirpar o tumor, destruindo as células vizinhas até baldar o organismo. Por que a maioria quer me arrastar para a turba dos "lambanças"?
          Nesse sistema educacional, tenho vivido variadas situações boas e muito mais ruins, porém procuro em todas guardar apenas as experiências que me prestam para o crescimento, meu e dos que me cercam. Alunos e colegas de trabalho, inimigos ou não, julgam-me, descrevem-me, prescrevem-me, conceituam-me e até distribuem minha mais feia imagem internet afora, desconheço as verdadeiras intenções, e reconheço que, às vezes, apontam para situações denegridoras, até. Mas, bem humorado já disse em outras crônicas: — Gosto dos que falam mal de mim, pelo menos falam e não latem...
          Respeitar o inimigo é a primeira lei dos que vencem; subestimar o adversário pode ter, no final, a derrota como surpresa. Um professor digno repreende o malfeitor, convencendo-o que a medida repressora é um ato de amor, castigo com ira é vingança. No entanto, não deixe de ressaltar as deficiências, depois o faça com as qualidades inegáveis, apontando assim um raio de esperança que fará surgir larga  margem de crescimento.
          Se o referido aluno saiu com um diploma na mão, mas não conheceu também os seus defeitos, o colégio não foi redentor. E que responsabilidade tenho eu se não lhes ensinei seus senões? Consequências, também, são específicas e individuais, justamente dosadas. Tudo no controle de Deus, inclusive eu. Portanto não lhe ofereço minha misericórdia, porém a minha justiça. 
Claudeko Ferreira
Enviado por Claudeko Ferreira em 05/04/2013
Reeditado em 05/10/2013
Código do texto: T4225986
Classificação de conteúdo: seguro

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