"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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domingo, 15 de fevereiro de 2009

Invisíveis da Educação ("A função da educação é ensinar a pensar intensamente e pensar criticamente. Inteligência mais caráter: esse é o objetivo da verdadeira educação." — Martin Luther King Jr.)



Invisíveis da Educação ("A função da educação é ensinar a pensar intensamente e pensar criticamente. Inteligência mais caráter: esse é o objetivo da verdadeira educação." — Martin Luther King Jr.)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O sinal da escola ecoa no silêncio da manhã como um grito contido. Meus passos atravessam o corredor, carregando mais que uma pasta - são histórias, sonhos e expectativas de centenas de jovens que desconhecem o peso de suas esperanças.

A batalha pelo reconhecimento transcende aumentos salariais ou redução de carga horária. É uma luta silenciosa, travada nos corredores escolares, nas salas de aula, nos olhares cansados de professores que persistem em acreditar.

Na sala dos professores, o café amargo ecoa nossos diálogos sobre as camadas de invisibilidade que nos envolvem. Como sobreviver a um sistema que nos transformou em burocratas, reduzindo nossa missão a meros números e estatísticas?

A burocracia nos consome lentamente. Relatórios intermináveis sufocam nossa essência de educadores. Somos artesãos de almas, não máquinas de carimbar papéis, presos entre decretos governamentais e a urgente necessidade de transformar vidas.

Maria, uma aluna, personificava a esperança. Ela representava todas as histórias que nosso trabalho pode reescrever, todos os potenciais que ultrapassam os números oficiais.

As autoridades políticas jogam um jogo perverso de reconhecimento. Alternam entre tratar-nos como peças descartáveis e como heróis abnegados. Manipulam recursos, distribuem migalhas de atenção, criando um ciclo vicioso de dependência e frustração.

Seguimos. Seguimos porque acreditamos que cada palavra, cada explicação, cada momento de paciência pode abrir portas improváveis para um futuro diferente. Nossa rebeldia se constrói não em gritos, mas em gestos sutis de resistência diária.

A educação não se mede por números ou decretos. Mede-se por vidas transformadas, por sonhos reavivados, por potenciais descobertos nas entrelinhas de cada aula, de cada encontro.

"E seguiremos, invisíveis heróis, escrevendo futuros que nenhuma estatística conseguirá apagar."


Com base no texto apresentado, elaborei 5 questões que exploram diferentes aspectos da experiência do professor e da dinâmica escolar:


O texto compara a vida de um professor à de um barco à deriva. Quais são os principais "ventos contrários" que os professores enfrentam em seu dia a dia?

Essa questão leva os alunos a refletir sobre os desafios enfrentados pelos professores, como a burocracia, a falta de reconhecimento e as altas expectativas.


A busca por reconhecimento é um tema central no texto. De que forma a falta de reconhecimento afeta a motivação e o desempenho dos professores?

A questão busca que os alunos compreendam a importância do reconhecimento profissional e como a falta dele pode impactar a qualidade do ensino.


A burocracia é apontada como um dos grandes vilões da educação. Como a excessiva burocratização interfere na relação professor-aluno e no processo de ensino-aprendizagem?

Essa questão incentiva os alunos a refletir sobre a importância da relação humana na educação e como a burocracia pode distanciar os professores dos alunos.


O texto menciona a manipulação política dos recursos destinados à educação. Como a política influencia a qualidade do ensino e o trabalho dos professores?

A questão leva os alunos a analisar a relação entre política e educação e como as decisões políticas podem impactar diretamente a vida dos estudantes e dos professores.


Apesar dos desafios, o texto transmite uma mensagem de esperança e resistência. O que motiva os professores a continuar trabalhando mesmo diante de tantas dificuldades?

Essa questão estimula os alunos a refletir sobre o papel social do professor e a importância da educação para a sociedade.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

A Comida Sem Sabor da Educação ("A educação é a capacidade de ouvir quase tudo sem perder a calma ou a autoconfiança." — Robert Frost)



A Comida Sem Sabor da Educação ("A educação é a capacidade de ouvir quase tudo sem perder a calma ou a autoconfiança." — Robert Frost)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Já sentiu o gosto amargo de comer sem fome, engolindo sem prazer, até se sentir cheio, mas sem satisfação? É exatamente assim que me sinto todas as sextas-feiras, ao ministrar minha sexta aula de Língua Portuguesa, semana após semana, na mesma sala de aula, como se um horário letivo mal planejado fosse a única alternativa. O ensino, que deveria ser um processo de troca e aprendizagem, transforma-se em um gesto mecânico, onde a paixão pela educação se perde no trajeto. A sala de aula, em vez de ser um espaço de transformação, se torna uma repetição sem fim, como a ingestão de comida sem gosto, sem vida.

Para que um ano letivo seja bem-sucedido, é preciso dar atenção aos elementos mais essenciais, frequentemente negligenciados. O sistema educacional, em sua estrutura falha, oferece aos professores e alunos uma "educação sem sabor". Muitos de nós, professores, nos vemos obrigados a engolir essa comida estragada, dia após dia, como se fosse inevitável. Não podemos esperar um bom resultado se começamos mal. Em qualquer processo, o início é crucial, e a educação não é exceção: um começo mal estruturado jamais levará a um fim feliz.

Na minha visão, uma educação ideal repousa sobre três pilares fundamentais: uma gestão escolar organizada, conteúdos adequados e material didático atualizado. Esses são os alicerces que sustentam o sistema educacional e que devem atrair a comunidade escolar para enfrentar, de forma unificada, os desafios de uma educação que luta para sobreviver às crises. Quando esses pilares faltam, a edificação do ensino se torna frágil, como tentar construir uma casa sem alicerces sólidos. A mudança começa na base, e é fundamental reconhecermos isso.

Você já parou para pensar se deseja algo melhor do que aquilo que vivencia no cotidiano escolar? Se a resposta for sim, então há uma centelha de esperança. Isso mostra que, mesmo diante de tantas dificuldades, ainda carregamos em nós o desejo de fazer mais, de ir além do que o sistema nos impõe. Esse desejo é movido por uma competência que, mesmo abalada, permanece latente em muitos de nós. Pode ser difícil admitir, mas esse impulso é o que nos leva a buscar um ensino de qualidade, a lutar contra a mediocridade e a procurar algo mais do que simplesmente seguir protocolos.

Contudo, a realidade é dura: muitos se conformam, ocupam seus cargos e seguem cumprindo tarefas sem questionar, sem inovar. Ser educador vai muito além de simplesmente preencher uma função. A diferença entre ser um bom profissional e apenas ocupar um cargo é enorme. Conhecer os preceitos teóricos é importante, mas entender a realidade da sala de aula, conhecer as necessidades reais dos alunos e do sistema, é o que realmente faz a diferença. Muitos se prendem às formas exteriores e ao cumprimento do regimento, sem perceber que a verdadeira essência da educação está em compreender e atender às demandas do momento.

Não somos professores por acaso. Somos vocacionados para um propósito maior, com um potencial imenso que, muitas vezes, se perde em meio à burocracia e à falta de estrutura. Nossa missão é levar o saber adiante, com dedicação e amor, e não apenas cumprir uma função. O sistema educacional, em sua rotina desgastante, muitas vezes nos reduz a um ciclo mecânico, onde nossa função é quase animalizada, sem espaço para a verdadeira criação e transformação. Mesmo assim, precisamos nos esforçar para manter acesa a chama que nos impulsiona a melhorar, a lutar por um ensino que não seja apenas funcional, mas transformador.

Estudos científicos demonstram que o alimento consumido sem prazer não é aproveitado da mesma forma que o alimento ingerido com satisfação. O mesmo se aplica ao ensino: quando não encontramos prazer em ensinar, o impacto no aprendizado dos alunos e na nossa própria capacidade de ensinar é devastador. A motivação genuína é o que faz a diferença, e sem ela, o processo de ensino-aprendizagem se torna vazio e sem sentido. A educação não pode ser uma obrigação sem gosto; deve ser uma fonte de prazer, troca e crescimento mútuo.

É urgente que entendamos que, para educar de verdade, não basta cumprir regras e protocolos. É necessário mais do que isso: é preciso paixão, dedicação e, principalmente, respeito. O momento de transformar a educação é agora. Devemos lutar para que nossa profissão não seja um simples ato mecânico, mas um verdadeiro chamado para a transformação. O conhecimento deve ser compartilhado, não guardado apenas para nós. Como educadores, somos responsáveis por criar, por transmitir o que há de melhor, e é assim que poderemos resgatar a verdadeira essência da educação.


Com base no texto apresentado, elaborei 5 questões que exploram diferentes aspectos da experiência do professor e da dinâmica escolar:


O autor compara o ensino a uma refeição sem sabor. Quais são os elementos que, segundo o texto, tornam o ensino "sem sabor" e como isso impacta a aprendizagem dos alunos?

Essa questão leva os alunos a refletir sobre os fatores que desmotivam professores e alunos, e como isso influencia a qualidade do ensino.


O texto destaca a importância de uma gestão escolar organizada como base para uma educação de qualidade. De que forma uma gestão eficiente pode contribuir para um ambiente de aprendizado mais favorável?

A questão busca que os alunos compreendam a importância da organização e do planejamento na escola e como isso impacta o dia a dia dos alunos e professores.


O autor menciona que muitos professores se conformam com a situação atual. Quais os fatores que podem levar os professores a se conformarem com um sistema educacional que consideram insatisfatório?

Essa questão incentiva os alunos a refletir sobre as dificuldades que os professores enfrentam e as razões que podem levar à falta de engajamento em suas atividades.


O texto destaca a importância da paixão pela educação para o sucesso do processo de ensino-aprendizagem. Como a paixão dos professores pode influenciar a motivação dos alunos e a qualidade do ensino?

A questão leva os alunos a analisar a importância da relação entre professor e aluno e como o entusiasmo do professor pode impactar a aprendizagem dos estudantes.


O autor propõe uma reflexão sobre o papel do professor na sociedade. Qual a importância de que os professores busquem constantemente se aperfeiçoar e inovar em suas práticas pedagógicas?

Essa questão estimula os alunos a refletir sobre o papel social do professor e a importância da formação continuada para a melhoria da educação.


domingo, 1 de fevereiro de 2009

FLORES ANTES DO FUNERAL ( “Professor destaque")


Crônica

FLORES ANTES DO FUNERAL ( “Professor destaque")

Claudeci Ferreira de Andrade


          Eu nunca recebi flores e minha única chance de recebê-las, antes de meu funeral, seria se um dia fosse eleito o “Professor destaque" em minha unidade escolar. Mas, para ser eleito o destaque é preciso fazer milagres. Coisa que ainda não aprendi.

          Por que somos tão impressionados com coisas miraculosas? Damos toda a nossa atenção àquilo que faz nosso coração bater e acelera a nossa respiração. Quando o chefe vê o espetacular, ele baixa a faculdade de discriminação e perde a razão simplesmente pelo gozo do evento e mostra toda a sua fraqueza, elegendo o funcionário destaque.
          Não é de surpreender, portanto, que muitos recorram a testificar de atos deveras impressionantes na escola: índice de reprovação zero, promoção de passeio, aulas de campo, projeto de dança, entrega de diários e relatórios antecipados, nenhuma falta com o livro de ponto, assinado quinze minutos antes do horário. Tem uns que recorrem até a métodos desonestos para se evidenciar, como inspecionar a vida alheia para apresentar a mais quente fofoca, “verdadeiros milagres”.
          A maioria de nós talvez não sejamos capazes de jactar-nos de tão magnífico portfólio avaliativo como o deles, mas podemos lembrar-nos de que seríamos capazes de Produzir milagres menores. Pensamos na inundação de sentimentos que tivemos durante o chamado à coordenação, isso produziu até lágrimas, e permanecermos firmes. Pensamos na ocasião em que falamos com alguém importante para ajudar adquirir alguma coisa para facilitar a fluência do trabalho, recebendo um não. E que dizer da ocasião em que conduzimos algum aluno “trapalhão” à coordenação e ouvirmos dela que esse é um aluno especial? Não constitui tudo isto prova de que estamos entre os dignos de destaque, também?
          Mas, o resultado final nos adverte de que tudo isto simplesmente é um grande problema. O poder miraculoso pode impressionar-nos; mas somos gratificados mesmos somente por um salário que nos dignifique à vida. Podemos livrar-nos de alguns maus hábitos de professor; dar boas aulas; podemos até mesmo levar pessoa a passarem no vestibular. Entretanto, os únicos impressionados são os outros. O que realmente necessitamos é de ser impressionados com uma vida digna de um profissional que se preze. De outro modo estaremos ainda influenciados por aquele velho mito de que a felicidade está fundamentada no bom desempenho em vez de no poder aquisitivo lato.
          Mas, a história de vida de qualquer pessoa (porque todos passam pela Escola) confirma que isto produz servidores atrofiados. Por melhores, miraculosas e rotuladas que sejam as ações, feitas com o seco propósito de vencer o concurso: “professor destaque”, são ações atrofiadas. Não porque as ações em si sejam sinistras, mas porque são feitas por pessoas alienadas.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 07/06/2009
Código do texto: T1636134

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (Autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.
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quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

COMO SALVAR O SISTEMA EDUCACIONAL PÚBLICO (O que você não quer mesmo é ser sacrificado sozinho!)

Crônica

COMO SALVAR O SISTEMA EDUCACIONAL PÚBLICO (O que você não quer mesmo é ser sacrificado sozinho!)

Claudeci Ferreira de Andrade


          Em verdade, se tem afirmado que para a educação não tem remédio. A melhora do sistema educacional deve ser o desafio de toda a sociedade. Mas, essa batalha se torna difícil porque muitos alimentam o sutil desejo de que tudo continue assim como estar para garantir o emprego. Existem funções que poderiam ser extintas sem prejuízo algum ao sistema, mas contamos com um conflito interior no momento da decisão: Se contribuímos com uma ação transformadora, sacrificamos nosso cargo, então opinamos por dar continuidade, esperando o fracasso coletivo. Essa é uma dimensão muito mais sutil que tem demonstrado ser a queda de muitos. Porém, não lhe incomoda se for todo mundo junto para o buraco? Já sei, o que você não quer mesmo é ser sacrificado sozinho!

          Fazer como deveria ser feito fere o próprio egoísmo. Mas, nessa luta, devemos procurar por nós mesmos deixar de praticar atos egoístas ou mesmo parar de condescender com pensamentos egoístas. E quando não conseguirmos atingir o que sabemos que deveria, que a consciência não nos deixe em paz.

          Sua preocupação com o que os seus colegas pensam de você tem sido o sabor de sua vida profissional? Esta variação da luta contra o ego é tão sutil porque parece tão piedosa. Podemos até mesmo relatar nosso progresso nas reuniões pedagógicas e fazer disto o centro de infindável angústia particular. Mas isto apenas obscurecerá o fato de que o “eu” ainda é a motivação reinante em nossa vida.
          O único remédio para a educação é aceitar inteiramente o risco de perder o bom cargo e fazer o que deve ser feito na intenção de melhorar o todo, enquanto alguns tiverem olhando só para seu “umbigo” melhora só para ele. O dom das regalias não é uma recompensa por minhas realizações, mas uma efusão de meu próprio caráter. Tenho lutado por aquilo que eu anelo mais profundamente: a restauração do sistema educacional. Em minhas críticas há sempre muitas sugestões, talvez privadas somente ao analfabeto funcional.
          Tenho recebido como uma dádiva o que eu previamente ansiava obter, ser liberto do egoísmo. Deste modo, o egoísmo é destruído, ao enxergar a inabalável constatação, esta me diz que não mais preciso viver para mim mesmo, mas posso viver para aqueles que precisam de um lugar ao sol. Enquanto eu estiver zelando por meu cargo inútil, não faço o que tem de ser feito em prol da educação, então, assim, não prenuncio a melhora.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 06/06/2009
Código do texto: T1634556

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07/06/2009 12:15 - Maria José
Estou encantada com sua capacidade de escrita, quero ler todos os seus textos, me manda, tá.

sábado, 10 de janeiro de 2009

MAIS VANTAGENS AINDA (Suborno admirável)



Crônica

MAIS VANTAGENS AINDA ("O que é o céu se não um suborno, e o que é o inferno se não uma ameaça?" — Jorge Luis Borges)

Claudeci Ferreira de Andrade


           Certo homem tinha um filho na escola pública, e vindo pegar seu boletim, descobriu de novo que seu amado filho estava reprovado. Pelo que disse à diretora:

          —Há três anos venho tentando fazer desse menino gente, mas ele não quer; pode cortá-lo da escola. Para que está ele ainda ocupando inutilmente a escola?

          — Esse, é um menino saudável e não é violento, deixe-o, não está causando dano algum! – Disse a gestora hipocritamente.

          Porque, de acordo com a Secretaria da Educação, esta criança está causando dano sim, por está ocupando a vaga de outra que precisa entrar no sistema educacional. E custa cem dólares por dia ao Estado. Ela representa mal a sua família e não somente é improdutiva, mas constitui um estorvo para os que querem ascender na carreira estudantil.

           No ponto culminante desse relato, quando a situação parece estar muito tensa e desejamos saber se um aluno deve ou não ser expulso da escola quando reprovado na mesma série por mais de duas vezes; há o argumento apresentado por essa gestora escolar. Ela até admite que a declaração do pai é correta, porém, replica:
          — Deixe-o ainda este ano. Vamos conceder-lhe uma recuperação especial. Vamos inscrevê-lo no programa de bolsas, dar-lhe os livros, o uniforme, esse ano não vai faltar o lanche das crianças e se tiver boa frequência, a família será beneficiada com o salário escola.
          Agora, o pai e a diretora estão juntos aí com uma só ideologia, em unidade de propósito, então perguntemos: “Tiramos o menino da escola?” E eles dirão:
          — Não; não o tiremos. Deixá-lo-emos este ano. Procuraremos fazer outra coisa. Dar-lhe-emos mais vantagens.
          Ouça, amigo leitor: você acha que está passado o limite, e um aluno, que vai à escola só para fazer número, merece ser cortado; sim ou não? Eis aqui a evidência da opinião contraditória do sistema educacional a respeito do caso nesse tempo de misericórdia e graça, dizendo: “Deixe-o. A essa criança do fundamental, a esse jovem do Ensino Médio, àquela pessoa idosa da EJA, que ficou fora da graça muitos anos, concede-lhes mais um ano. E mais um depois disso, e então mais um ainda.”

          O mercado de trabalho corta mais depressa do que o sistema educacional. Quão admirável é o sistema educacional que servimos! Ele não nos trata como os empresários tratam seus funcionários e colegas de trabalho se tratam, mas continua oferecendo sua misericórdia e seus favorecimentos sem referência no mundo no qual pretende inserir seus "formados". RsRsRs.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 05/06/2009
Código do texto: T1633765

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10/06/2009 12:49 - dimitriguimaraes
DESISTIR DO SER HUMANO SERIA O FIM DE TODOS NÓS. TODO SACRIFICIO ENPENHADO DEVE SER LOUVADO.



07/06/2009 12:17 - Joana
Foi bom ler sobre os subornos da escola, mas como eliminar essa tal nota para tudo?

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

A CONSCIÊNCIA DE SI (Aquele que não se encontra dentro de si mesmo decompõe-se.)


Crônica

A CONSCIÊNCIA DE SI (Aquele que não se encontra dentro de si mesmo decompõe-se.)

Por Claudeci ferreira de Andrade


            Ouço constantemente de meus alunos: — "Ela está se achando!" Dizem daquela pessoa oferecida, desinibida, autoconfiante e a “puxa saco” do professor etc! 
           Aquele que não se encontra dentro de si mesmo decompõe-se. Sou o útero de mim mesmo. Se você descobre que está com uma enfermidade e não procura um médico. Se, em vez disto, conclui que não necessita de um, deixa o tempo correr e não mais precisará de um médico. Muitas viúvas aflitas têm exclamado pesarosamente que o esposo não quis admitir que necessitava de auxílio médico — para a sua própria destruição. Compreendo que “se achar” é se valorizar, é se querer, é buscar o melhor para si.
           Nossa alienação de nós mesmos resulta no esvaziamento de boas opiniões próprias sobre si mesmo, este, por sua vez, nos causa incalculável sofrimento. Porém, os inimigos fracassados, entretanto, mentem convincentemente, a nossos ouvidos, têm nos levado a desconfiar do nosso maravilhoso potencial, fazendo afirmações ilusórias e completamente equivocadas sobre nosso caráter. Dizem que quando repetimos uma transgressão, a consciência é queimada parcialmente e que se repetirmos o erro por várias vezes, somos “burros”, talvez querem dizer: — ela não sinaliza mais. (está morta). O “si” em si do homem é sua consciência. Se a consciência abandonasse o homem, ele perderia toda a sua cultura, seria uma falsidade ambulante, teria um viver mentiroso. Em vez disso, quando a consciência age com suma integridade, nenhum opróbrio artificial é alcançado sobre esse fanal de comando do homem. Nenhuma disciplina arbitrária é extorquida. Considerando isso, podemos até mesmos descobrir uma definida cortesia para com a qual tratarmos a nós mesmos.
          Nosso caráter, adjetivador da  consciência, nunca muda, uma vez formado pode até mudar de cor, como os cabelos na velhice, mas tudo já previsto no DNA:  “Pode o leopardo mudar suas manchas”? Pelo contrário, descobrimos ter nascido com tais e tais inclinações quando falamos (“a boca fala do que o coração está cheio”), palavras que moldam nossas reações conscienciosas frente às circunstâncias advindas. Mas, com ternura infinita e cuidadosa linguagem, fala-nos a consciência. Fala-nos se erramos, se houve maus relacionamentos, ela fala para se impor como alicerce da vida cultural do homem. É minha consciência que sabe quem sou eu verdadeiramente. Portanto, ela me diz a verdade acerca de minha real condição. O juízo Divino acontece no tribunal da consciência de cada indivíduo e na consciência universal a todo instante, se assim não fora, não teríamos consequências justas para cada ato e procedimento de nosso ser. Nossa separação dela nos prejudica com a ausência de Deus. Ela nos pune infligindo ferimento psicológico, somos prejudicados sim naturalmente com as consequências de nossa separação de nós mesmos, ou seja, daquela que é a mais amável, cuidadora veraz, leal, estimulante do eu, renovadora, encorajadora e fonte de energia em nossa vida:  A consciência. Isto faz apenas bom sentido concordar que ela é absolutamente correta em confessar nossa condição. Voltando ao relacionamento correto com ela, e a partir daí, começamos a experimentar a cura completa para a infelicidade de que tanto buscamos.
          A consciência não é a voz de Deus porque não se pode apagar a voz de Deus, ela é sim cultural. Gostaria de apelar para quem ainda há que tenha consciência. Ela dói quando um princípio cultural é ferido.
        Hoje, ainda, estou me achando! A morte para mim será a perda de mim para mim mesmo, por isso escrevo sobre minhas experiências terráqueas, descrevendo-me objetivo e subjetivamente, para que sempre me tenham com vocês. E assim, por tabela, eu viva eternamente em em sua consciência.


 texto: T1629423

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