"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

Pesquisar neste blog ou na Web

sábado, 24 de agosto de 2019

CONVITE versus CONVOCAÇÃO ("Em nenhum cargo você encontrará na lista de deveres a prática do assédio moral, mas há quem pratique como sendo uma das atribuições inerentes a ele". — Ednete Franca)



Crônica

CONVITE versus CONVOCAÇÃO ("Em nenhum cargo você encontrará na lista de deveres a prática do assédio moral, mas há quem pratique como sendo uma das atribuições inerentes a ele". — Ednete Franca)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

            Todo professor efetivo foi concursado para um período (30 horas aulas), podendo trabalhar nas duas redes de ensino: municipal e estadual. Eu trabalho no período matutino no colégio estadual e no vespertino na escola municipal. Uma convocação da secretaria municipal para todos professores comparecerem a uma capacitação no turno matutino parece-me arrogante e prepotente. Acharem que devo matar trabalho no colégio estadual para aquiescer à tal convocação de horário inconveniente para mim, no mínimo, devem-me convencer que é lucrativo demais. Uma vez que organizei minha disponibilidade, firmei compromisso para o vespertino na escola municipal, essa é minha obrigação. Qualquer convocação ou convite da secretaria municipal em meu horário de trabalho para o município terei obviamente a obrigação de atender. Porém o abuso é tão grande que a maioria dos diretores repassa o comunicado assim: "...É imprescindível a presença de todos. Aqueles professores que trabalham em outra rede no horário citado, favor trazer declaração." Como assim?!  Uma organização que respeita seus funcionários tentaria convencê-los que a palestra é demais importante, apresentando também um currículo do palestrante para garantir a quem for que não será perda de tempo. E a organização se oferecer a servir declaração de comparecimento para que eu possa justificar no trabalho que me ausentei por julgar estar fazendo a coisa certa.
           Um convite ou uma convocação feita pelos escritórios superiores para subordinados, tanto faz, ambas as escrituras têm a mesma força moral, uma vez publicadas. Já que o sistema aceita professores para turnos independentes, no mínimo, os líderes de bom senso fariam convites e convocações para eventos que se repetiriam em todos os turnos. Aí não necessitaria da irradiação do poder das declarações.
          O que eu faria se fosse à palestra que fui convidado no meu turno de outro trabalho, e o outro trabalho se negasse a aceitar a declaração dos promotores do evento, por ser de interesse particular? Outra pergunta: se eu decidisse não ir a tal reunião que fui convocado pela municipal, que obrigação teria o colégio estadual de me fornecer uma declaração para justificar que estou trabalho em turno paralelo?
           De assédio em assédio a gente aprende a assediar, pois já aprendemo-nos defender com as mesmas armas quem nos ferem.  "Uma educação corrompida pelo assédio moral para não se denunciar irregularidades administrativas, faz com que tenhamos uma (des) educação que vai contra toda moral e ética que poderia nos trazer o progresso social." (Samuel Nunes de Andrade)
Kllawdessy Ferreira

Comentários
Enviado por Kllawdessy Ferreira em 27/01/2019

Reeditado em 24/08/2019
Código do texto: T6560965 
Classificação de conteúdo: seguro

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

sábado, 17 de agosto de 2019

EDUCAÇÃO: CICATRIZES DA PERSEGUIÇÃO! ("O mal que fazemos não suscita tanto a perseguição e o ódio como as nossas boas qualidades." — François La Rochefoucauld).



Crônica

EDUCAÇÃO: CICATRIZES DA PERSEGUIÇÃO! ("O mal que fazemos não suscita tanto a perseguição e o ódio como as nossas boas qualidades." — François La Rochefoucauld).

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Analisando a relação aluno e direção da escola, consigo ver um constante diálogo. Frequentemente há aluno na sala da diretora e na coordenação, mas o leque de temas a ser tratado ali é muito restrito. O pior são os líderes que gostam desses informantes, quando eles saem, professores são chamados. Quando os vejo naquele local, já me preocupo, pois certamente esta fazendo uma denúncia ou levando "bronca". O limite de um aluno limita os outros. E todos eles em função deles mesmos!  Aqui cabe bem as palavras de Martha Medeiros: "Paixão é a força motora que justifica nossa existência, mas a perseguição desenfreada por esse privilégio nos torna dementes, viramos parasitas de uma obsessão." Quem tem dom, ensina. Quem não tem, aprova leis sobre o ensino.
           Então no Facebook, eu disse que na sala sem professor, os alunos esperam em silêncio para fazer bagunça na presença dele. Zelam de sua imagem para o sistema, mas não cuidam da imagem para quem os avalia. Então um dos meus amigos virtuais retruca: — "Boa noite, professor Claudeci Andrade, o senhor me parece tão insatisfeito com a educação?!".
          Depois de uma profunda e demorada reflexão, fui obrigado, pelas circunstâncias, concordar com ele, porém com uma ressalva. Disse-lhe que  sim, realmente estou muito insatisfeito com essa "lambança", não com o ato de ensinar, não porque tem quem quer aprender, mas estou triste demais com o que fizeram da educação. Percebo no trabalho das coordenações mais perseguição que orientação útil aos professores. Mercenários criaram labirintos para garantir seus empregos que dificultaram o meu. São tantas leis e normas desnecessárias que não sobram tempo e espaço para se refletir nos conteúdos da vida (matriz curricular). Estuda-se para justificar a existência da escola, mas se existe só para ser filantrópica, qualquer outra entidade pode sê-lo. Depois disso, ele ainda insiste: — "Professor lembre-se de que para os que querem, o senhor faz a diferença; então aqueles que não querem, a vida ensina."
          Será se a escola ensina para a vida ou se deve deixar que a vida ensine os que a escola não ensinou? Talvez sejam tantos os ensinados pela escola, que eles vão ensinar a vida ser cruel. O que dizer da ação geradora de suposta educação, quando leciono 15 aulas de Língua Portuguesa, podendo cumprir essa carga horária em três dias, sendo forçado a um quarto dia para planejamento na escola. Se eu leciono 15 aulas, certamente sou remunerado pelas 15 aulas, meu preparo, estudo e planejamento para estas aulas, faço bem na boa administração de meu tempo e equipamento tecnológico. Ser forçado a ir uma quarta tarde à escola para planejar, se posso fazer isso melhor em minha casa, ou em uma biblioteca, ou em um laboratório de informática com uma boa internet, é abuso.
           Eu sou o insatisfeito com essa perseguição. Em meio a insatisfação de aluno e professores não há ensino e nem aprendizagem. Vance Havner aponta essa realidade, dizendo: "A popularidade tem matado mais profetas do que a perseguição". E um desconhecido me explica o fenômeno: "Se sentem incomodado com a tua presença, é porque conhecem o teu brilho, sabem da tua força, invejam o teu caráter temem que os outros vejam o quanto tu és melhor e tua alma és mais evoluída. O que vale mais não é a aparência, é a essência. Não é o dinheiro, é a educação e a honestidade. Não é a roupa, é a atitude e o bom caráter! A ignorância deles lhes presenteia com a inveja, a mentira, etc."
Kllawdessy Ferreira

Comentários

Enviado por Kllawdessy Ferreira em 14/03/2018
Reeditado em 17/08/2019
Código do texto: T6280076 
Classificação de conteúdo: seguro

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

sábado, 10 de agosto de 2019

EUFEMISMO: BURRO! ("Se eu fosse burro, não sofria tanto." — Raul Seixas)



Crônica

EUFEMISMO: BURRO! ("Se eu fosse burro, não sofria tanto." — Raul Seixas)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Em uma aula de Língua Portuguesa, recebi uma lista dos alunos com a ordem expressa da secretaria para fazer a chamada da turma. Onde eu estava ensinando as regrinhas de acentuação gráfica. Era um segundo ano do Ensino Médio, mas com nível de oitavo ano primário. Ao perceber que os nomes ali na lista estavam sem acento gráfico, então decidi fazer daquele momento mais uma oportunidade para lhes mostrar a importância da acentuação tônica e gráfica para a modalidade padrão da Língua Portuguesa. Portanto, bastou-me chamar dois ou três, incluindo "Pamela", assim sem acento, com a pronúncia de paroxítona, ela me corrigiu não muito educadamente, pois é quase sempre assim que se mostram superiores ao professor. Chamei mais outro, quando um daqueles sedentos por atenção esculhambou-me e o fez da forma mais cruel possível, o incompetente intercessor de todo mundo, disse:
            — "Ainda diz que é professor de português, não sabe nem dizer o nome certo dos alunos!"
           Foi quando, eu o chamei de "Burro"! Foi o eufemismo mais bem usado que um professor de Português já empregou. Ele foi arrogante e prepotente, pois eu não tinha nem chamado o nome dele ainda, intrometido; foi ignorante por desconhecer o conteúdo e a boa intenção da aula; foi atrevido por falar sem escrúpulo com o professor; desrespeitoso ao tentar provar que ele estava certo, porém sem o mínimo de razão. Todavia, o mais grosseiro que presenciei naquela aula foi os comparsas dele, minutos depois, quase me forçando a colocar um acento circunflexo na palavra "Pera", e ele gargalhando escandalosamente, sentiu-se apoiado! Nisso, apenas me perguntei,  Como o professor poderá lhes ensinar alguma coisa, se eles não confiam em seu professor? Certamente, estão ali para mostrar que sabem ou que são bons. Por isso, cheios de si não há espaço para virtude alguma.
           Não falta quem diga aos alunos que eles também são deuses, especialmente os evangélicos! Cheios de conhecimentos prévios, segundo Paulo Freire, então que o professor se eduque com eles de igual para igual. Antigamente o professor era o mediador do conhecimento, agora é o aluno o mediador de tudo! Com isso, desculpo-me com a certeza que o professor não é o sabe-tudo, mas mesmo assim, devia merecer a consideração de quem é estudante de verdade, que descobrindo um erro do professor, porém o corrijam humildemente como querem ser corrigidos, com uma pergunta inteligente, forçando o professor a entender qual é sua obrigação.
           Que disposição eu terei para ajudar a quem não me tem em alta estima?        
Kllawdessy Ferreira

Comentários
Enviado por Kllawdessy Ferreira em 05/02/2018
Reeditado em 10/08/2019
Código do texto: T6245901 
Classificação de conteúdo: seguro

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

sábado, 3 de agosto de 2019

A PROFISSÃO DO FUTURO ("O Brasil é um país onde arrogância torna-se crime e delação virtude." — Nelson Barh)



Crônica

A PROFISSÃO DO FUTURO ("O Brasil é um país onde arrogância torna-se crime e delação virtude." — Nelson Barh)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Eu estava em cima de meu telhado colhendo alguns cajus, pois o cajueiro deitava suas galhas carregadas por cima da casa. Quando me surpreendo com a minha vizinha filmando-me com o celular lá do quintal dela, que não fica longe. Bem intencionada ela não estava... E muitos, em todos os lugares estão dando uma de paparazzi, para tirar vantagem de qualquer um. Refiro-me aos denunciantes de plantão, forjando provas para defender seus intentos. Falam nas mídias das delações premiadas, mas não se conhece nenhum "dedo-duro" que ganhou prestígio por sê-lo. Pelo contrário, faz-lho a si mesmo de graça, mau caráter travestido de anjinho. Até os noticiários são suspeitos e não merecem a credibilidade pelo sensacionalismo e mercenarismo por revelar os feitos negativos dos outros. E com instintos "uruburescos", curiosos deliciam-se com o sabor da podridão do mundo, depois regurgitando no próximo, feito à moda da casa.
            O denunciante anônimo é criminoso também, pela coparticipação ideológica no crime, ainda que indiretamente e passivamente. É como quem assiste a um filme pirata, beneficiando-se das emoções roubadas, assumindo a postura de consumidor e motivando a produção ilegal, chega até a se identificar com os personagens, e patrocinando o espetáculo com sua apreciação. É como os noticiários de tragédias lucram com a desgraça dos outros! Sem a audiência e assistência ávida não persistiam os programas deseducativo nos veículos de comunicação, a pirataria e os fofoqueiros dos Demônios.
           O denunciante é irresponsável, porque é ligeiro para mostrar sua versão do que viu e ouviu, sem antes saber se é a verdade comum a ambos. Geralmente não se responsabiliza pelo que interpreta, prefere o anonimato pensando em causar prejuízo somente no outro. E se alguém lhe fizer uma pergunta, como responderá sem reformular uma falsa  história inicial? Assim, sem firmeza procedem os que têm pés apressados para fazer intrigas, contar o que não viu, lidando só com o alvoroço!
            O denunciante é covarde, a maioria dele faz questão de permanecer anônima. Não tem coragem e nem competência para resolver coisas mínimas que lhe pertence e prefere jogar nos outros, cobrando-lhes responsabilidade. O incoerente nesse caso, é que existem muitas empresas que só funcionam se houver denunciantes, e, infelizmente estas são revestidas do poder para punir. Como um covarde contribuirá para a ordem e progresso social, sendo extensão do olhar cedo de entidades do "0800"?  Ele está cheio de medo de ser punido como "x-9". E se a questão não é dele por que haveria de pegar um cachorro que vai passando na rua pela orelha?
            É assim que eu entendo o pensamento de Martin Luther King: "O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons." Os falsos "bons" formulam denúncias anônimas e enchem o mundo de "fake news". Certamente, o tolo quando é ofendido, logo todos ficam sabendo por vias honestas e desonestas. Outro tipo de "bons" silencia-se, para oferecer suas palavras certas na hora certa e falam com sabedoria, desbancando e desempregando as mentiras.  "O homem alterou tanto a sua personalidade que hoje, "delação premiada" tem mais valor que um fio de barba" (Josemar Bosi).
            Então reforço, na trama da vida, os fracos fogem, os covardes denunciam, os fortes resolvem, os injustos julgam e os escritores percebem. "Algumas pessoas nunca dizem uma mentira - se souberem que a verdade pode magoar mais." (Mark Twain).
           Quando começarem a pagar por produção a profissão de dedo-duro, terão que legalizar a prostituição também, e o alimentar-se de dízimo porque são profissões similares, no que tange a questão do alugar-se em detrimento ao caráter, e aos princípios religiosos.
Kllawdessy Ferreira

Comentários
Enviado por Kllawdessy Ferreira em 28/12/2017
Reeditado em 03/08/2019
Código do texto: T6210258 
Classificação de conteúdo: seguro

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

domingo, 14 de julho de 2019

SUPERSTIÇÃO ("Evitar superstições é outra superstição." — Francis Bacon)



Crônica

SUPERSTIÇÃO ("Evitar superstições é outra superstição." — Francis Bacon)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Sexta-feira, 13. A data, carregada de simbolismo e superstição, pairava sobre mim como uma nuvem densa. Confesso minha inclinação para o lado supersticioso da vida, e em dias como esse, qualquer evento fora do comum assume ares de presságio. Aquele dia, em particular, começou com um pequeno desfile ciclístico em frente à minha casa: primeiro, o carteiro dos Correios, em sua bicicleta amarela vibrante; logo depois, uma figura veloz surgiu em uma bicicleta vermelha, cruzando a rua não uma, mas duas vezes, totalizando três aparições. Seria um prenúncio? A frase de Diderot, "Do fanatismo à barbárie não há mais do que um passo", ecoou em minha mente, intensificando a sensação de que algo estava por vir.

A apreensão, contudo, logo se dissipou diante de acontecimentos banais, até mesmo agradáveis. A visita do carteiro trouxe uma encomenda que eu aguardava ansiosamente, uma pequena vitória no mundo das compras online. A misteriosa figura da bicicleta vermelha, para minha surpresa, era a moça da limpeza, uma verdadeira bênção divina, considerando o estado “artesanal” em que minha casa havia chegado. A ironia da vida se manifestava ali, debochando dos meus temores infundados.

Apesar da aparente normalidade, minha mente insistia em buscar significados ocultos. A cor vermelha da bicicleta me levou a pesquisar a simbologia das cores. Descobri que o vermelho representa paixão e sensibilidade, mas também perigo, violência, sangue, rejeição e vergonha — um leque de interpretações que, ao invés de me tranquilizar, apenas intensificaram minha inquietação. O amarelo da bicicleta do carteiro, associado à autoconfiança, sugeriu-me a possibilidade de oposições e contrariedades, como se o universo conspirasse contra mim. "A imaginação é mais importante que o conhecimento", sussurrou Einstein em meu íntimo, incentivando-me a mergulhar ainda mais fundo nessas elucubrações.

Comecei a refletir sobre minhas próprias ações, questionando se a tensão que me acompanha constantemente não seria suficiente. Um pensamento ainda mais incômodo surgiu: a tesão pelo mito. Seria possível que o vermelho das vestes do Papai Noel, ainda recente em minha memória, tivesse me influenciado a esse ponto? A ideia me parecia absurda, mas reconheço a capacidade da mente humana de fazer associações surpreendentes.

Em meio a esse turbilhão de pensamentos, busquei refúgio em meus valores: a simplicidade das emoções, a importância da família e das amizades. Confesso minha aversão a presentes de Natal, um costume que me parece artificial e desprovido de significado. A presença constante do amarelo do cravo de defunto, com sua simbologia fúnebre, intensificava minha sensação de saturação.

Decidi, então, reavaliar o dia, buscando flexibilizar meus valores, mas sem radicalismos. Afinal, apesar de me considerar uma pessoa moderna e aberta a mudanças, reconheço a importância da prevenção, do amor e dos laços familiares. São essas raízes que me sustentam e dão sentido à minha vida. Nesse processo de reflexão, lembrei-me de um verso de Edílio Lima Bueno, que ecoava os dizeres de Castro Alves: "amor não existe apenas crendice, só em sua fantasia ela é real". Uma constatação melancólica, mas que, paradoxalmente, me trouxe uma certa paz. A vida, com suas bicicletas vermelhas e carteiros amarelos, segue seu curso, indiferente às nossas superstições e angústias. Resta-nos aprender a conviver com o mistério e a encontrar sentido nos pequenos detalhes do cotidiano.

Como um bom professor de sociologia do Ensino Médio, preparei 5 questões discursivas no formato de pergunta simples sobre os temas principais do texto:

1. De que forma a superstição influencia a percepção do narrador sobre os eventos que ocorrem na sexta-feira 13?

2. Como o narrador interpreta as cores das bicicletas e qual a relação dessa interpretação com a citação de Einstein sobre a imaginação e o conhecimento?

3. Além da superstição, quais outras reflexões o narrador apresenta sobre seus próprios sentimentos e valores?

4. O texto menciona a aversão do narrador a presentes de Natal e a presença do amarelo do cravo de defunto. Como esses elementos contribuem para a atmosfera da narrativa?

5. Qual a conclusão do narrador sobre a relação entre a vida cotidiana, as superstições e a busca por sentido?

Comentários

sábado, 6 de julho de 2019

AMIGO SECRETO SEM SEGREDO (Há outra "brincadeira", porém, em que ninguém pode revelar segredos: A vida real)

AMIGO SECRETO SEM SEGREDO (Há outra "brincadeira", porém, em que ninguém pode revelar segredos: A vida real)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Nos derradeiros dias do ano letivo, surge o famigerado “amigo secreto”, um costume quase tão arraigado quanto a tradicional “vaquinha” entre professores e funcionários. A premissa, em teoria, é de confraternização entre profissionais éticos e discretos. Mas a dinâmica da brincadeira, com suas etapas de revelação de detalhes da vida do outro para adivinhação, sempre me intrigou. A vida imita a brincadeira, ou vice-versa? A tênue linha entre a diversão e a realidade se esgarça, revelando um microcosmo das relações humanas.

A palavra “secreto”, conforme o dicionário Aurélio, remete ao oculto, ao escondido, ao que dificilmente se descobre. No “amigo secreto”, a revelação de um segredo alheio, mesmo que em tom de brincadeira, integra a dinâmica. Contudo, na vida real, a exposição de um segredo acarreta consequências muito mais profundas. O que julgamos saber sobre o outro, exibido como um trunfo, na verdade, expõe nossa própria fragilidade. A ilusão de dominar alguém pela posse de seus segredos se dissipa quando percebemos que tais confidências já circulam em outras conversas, tecendo uma rede de informações que nos escapa.

No ambiente de trabalho, essa dinâmica se intensifica, transformando-se em uma "guerra fria" nos bastidores, alimentada pela fofoca. Confidências, antes compartilhadas em momentos de suposta intimidade, convertem-se em munição, usadas seletivamente para inflar o ego ou denegrir a imagem alheia. Um movimento sutil parece proliferar, como se houvesse uma fábrica de fofoqueiros em operação. Quando uma fofoca chega aos meus ouvidos, sinto não apenas a tentativa de me diminuir, mas a confirmação de que, de alguma forma, estou em destaque, talvez um passo à frente. Eu poderia está melhor. Shakespeare já dizia: “Quem me rouba a honra priva-me daquilo que não o enriquece e faz-me verdadeiramente pobre”.

Existe, porém, uma contradição nessa lógica. O fofoqueiro, com sua visão limitada, foca apenas em quem está à sua frente, incapaz de contemplar um horizonte mais vasto. Ele não busca a própria superação, pois isso o privaria do objeto de sua observação constante. Sem a vida alheia para dissecar, ele se perderia em seu próprio vazio. Sua “burrice”, ou, parafraseando o Dr. Taylor em referência a II Crônicas 10:12, sua comparação consigo mesmo e com "suas próprias ideias insignificantes", o impede de alcançar conhecimentos mais profundos.

Os “pobres de ideias e desafortunados de espírito”, como o texto os descreve: fofoqueiros, perdem o rumo do crescimento ao se compararem incessantemente. Com esse método, a busca por honra e reconhecimento resulta em aridez espiritual. As conversas se tornam vazias, um festival de “fezes” alheias, como se a miséria do outro pudesse saciar a própria.

O “amigo secreto”, portanto, revela-se um microcosmo da vida, um espelho que reflete nossas piores tendências. A fofoca, a busca por poder através da informação alheia, a incapacidade de introspecção… tudo isso se manifesta nessa brincadeira aparentemente inofensiva. Que possamos aprender a valorizar os verdadeiros segredos da vida, aqueles que nos conectam com nossa essência e nos impulsionam ao crescimento, em vez de nos aprisionar na mesquinhez da comparação e da maledicência.


Como um bom professor de sociologia do Ensino Médio, preparei 5 questões discursivas no formato de pergunta simples sobre os temas principais do texto:


1. Qual a relação estabelecida no texto entre a brincadeira do "amigo secreto" e as dinâmicas da vida real, especialmente no ambiente de trabalho?

2. De acordo com o texto, como a posse e a revelação de segredos alheios influenciam as relações interpessoais?

3. Como o texto descreve a figura do fofoqueiro e qual a sua motivação, segundo a análise apresentada?

4. Qual a crítica central do texto em relação à comparação constante entre as pessoas e a busca por reconhecimento externo?

5. Em síntese, qual a mensagem principal do texto sobre a importância de valorizar os "verdadeiros segredos da vida"?

CRITÉRIOS FROUXOS ("Quando você concede a terceira chance ao incompetente, a responsabilidade pelo insucesso passa a ser sua." — Adriana de Souza).



Crônica

CRITÉRIOS FROUXOS ("Quando você concede a terceira chance ao incompetente, a responsabilidade pelo insucesso passa a ser sua." — Adriana de Souza).

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A época de avaliações sempre me traz uma sensação agridoce. A cada conselho de classe, uma nova reflexão sobre o papel da escola na formação do indivíduo se desenha. A doçura de ver o esforço de alguns alunos sendo recompensado contrasta com a amargura de perceber que, para outros, a aprendizagem parece ser uma batalha perdida.

A avaliação é um ato complexo, repleto de nuances e contradições. Por um lado, queremos ser justos e reconhecer o esforço de cada aluno. Por outro, sabemos que a vida não é feita apenas de boas intenções e que, em algum momento, todos teremos que enfrentar as consequências de nossas escolhas.

Tenho ouvido muito sobre a importância de considerar as "adversidades existenciais" dos alunos no momento da avaliação. É verdade que a vida de cada um é um mosaico único, repleto de desafios e particularidades. No entanto, me pergunto se estamos indo longe demais nessa direção.

A pressão para aprovar todos os alunos é grande. A frase "cada caso é um caso" ecoa nos conselhos de classe, mas pode ser perigosa. Afinal, se cada caso é um caso, como garantir a equidade na avaliação? Corremos o risco de criar uma geração de jovens que esperam ser aprovados por pena, e não por mérito.

Lembro-me das palavras de um antigo mestre: "A educação é um ato de amor, mas também de rigor". É preciso ter compaixão pelos alunos que enfrentam dificuldades, mas também ser firme e exigir deles o máximo de seu potencial. A escola deve ser um refúgio onde os alunos se sintam acolhidos, mas simultaneamente um espaço de crescimento e desenvolvimento.

A nota, por si só, não define o valor de uma pessoa. Mas ela é um indicador importante do nosso desempenho e empenho. Ao desvalorizar a nota, corremos o risco de desvalorizar o próprio processo de aprendizagem. No mercado de trabalho, não haverá um conselho de classe para avaliar nossas "adversidades existenciais" - a única coisa que valerá será nossa capacidade de entregar resultados.

É fundamental ter cuidado para não confundir empatia com permissividade. É possível sermos justos e compreensivos sem abrir mão dos nossos princípios. Quando concedemos múltiplas chances ao incompetente, a responsabilidade pelo insucesso passa a ser nossa.

Sinto-me como um navegador em alto-mar, à deriva em um mar de incertezas. Busco um porto seguro onde possa ancorar minhas dúvidas e encontrar respostas. Mas sei que essa jornada será longa e árdua.

Em última análise, o que realmente importa é que os alunos saiam da escola preparados para enfrentar os desafios da vida. E isso só será possível se oferecermos a eles uma educação de qualidade, que os prepare não apenas para o mercado de trabalho, mas para a vida em sociedade.

Que possamos ser instrumentos dessa arte chamada educação, onde o conhecimento seja a ferramenta mais poderosa para transformar vidas e o mundo ao nosso redor.

1. Como a "sensação agridoce" mencionada no texto relaciona-se com as diferentes experiências dos alunos no processo de avaliação escolar?

2. De que forma o texto discute o equilíbrio entre empatia e rigor no processo educacional?

3. Explique o significado da expressão "adversidades existenciais" no contexto da avaliação escolar e seus possíveis impactos.

4. Qual a importância da nota como indicador de desempenho, segundo a perspectiva apresentada no texto?

5. Como o texto compreende o papel da escola na preparação dos jovens para os desafios da vida em sociedade?

Comentários