"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Desabafo de um Mosquito Consciente




CRÔNICA FÁBULA

Desabafo de um Mosquito Consciente ( O outro lado da Dengue )

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Por Claudeci Ferreira de Andrade


          Você quer saber quem sou eu, colarinho branco? Pois é, moro em sua residência, faço parte de sua família, mas mesmo assim, você me trata como um qualquer.

          Sou eu que altero sua rotina, e quando bate palmas, com certeza, está tentando me matar. Sou eu quem lhe causa aquela coceirinha gostosa de dá arrepios, logo após ter trocado o paletó pela pela camiseta, motivando-lhe a uma massagem nos pés, nas pernas e nos braços, após um longo dia de trabalho, para melhorar sua circulação.
          Sou eu quem chora quando você manda borrifar veneno nas ruas da cidade, contaminando a natureza, sem falar que o carro “fumacê” é deveras barulhento. Por isso, estou com um zumbido contínuo nos ouvidos e agora meu zZzzZz está desafinado. Acho até que vou precisar de terapia para superar esse trauma.
          O que realmente pretendo é deixá-lo triste e preocupado, assim como estou! Fui contaminado e lhe asseguro que não vou morrer sozinho, vítima de uma contaminação cujo maior culpado é você: mandante do crime.
          Gostaria de lhe dizer também que quando Deus me criou, era Seu desejo que eu fosse saudável. Por isso quero, como todos os outros seres, o meu direito de pelos menos ter uma alimentação saudável! E o Senhor me ordenou que sugasse as seivas das plantas, mas você destruiu indiscriminadamente minha fonte de alimento. Agora é justo que o faça de arvore, afinal, não estou enxergando muito bem, pois o veneno pelo qual pagou muito dinheiro, contaminando inclusive sua própria alimentação, embaçou minha visão e, assim, me contaminei chupado sangue ruim. Não é “Sanguebom”? Você é Também culpado de propaganda enganosa!
          Sabe, saúde não vem como troféu de guerra (com armas a Laser) nem é alguma coisa que se possa ganhar no jogo ou na aposta, mas é resultado de obediência às leis naturais de saúde. Eu preferia ser alimento de sapo que objeto de corrupção. É uma grande pena, pois a única coisa que eu queria, de verdade, era continuar levando minha vida respeitada de um mosquito que se preza, sem ter de me preocupar com doenças; apenas “ziziando” por aí, sugando uma seiva aqui, outra acolá, numa perfeita harmonia com a natureza e com você, ser humano, que se julga o dono do mundo. Sem "desgraça" de dengue.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 25/05/2009
Código do texto: T1614204

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A (RE)VOLTA DO DISCENTE ("É preciso que os pobres sejam tão pobres que não lhes reste senão se revoltarem." — Paul Morand)



CRÔNICA

A (RE)VOLTA DO DISCENTE ("É preciso que os pobres sejam tão pobres que não lhes reste senão se revoltarem." — Paul Morand)

Por Claudeci Ferreira de Andrade


          Não se assuste se eu disser, pois você já sabe, têm muitos professores leais a seu ofício e capazes, de ambos os sexos, os quais honram o ensino nas escolas públicas, não, só não entendo porque os seus filhos não estudam lá! Mas, têm aqueles que não são tão leais às suas escolas. Refiro-me aqueles ativistas que gastam demasiado tempo na defesa de causas duvidosas, xingam o presidente. São educadores radicais que advogam o uso de maconha, da libertinagem sexual e da revolução ideológica esquerdista.
            Sabemos que o professor tem um auditório cativo e, durante várias horas por semana, está em posição de derramar ódio e dúvida ou podiam fazer melhor ensinar os jovens a serem pró-eficientes nos assuntos acadêmicos e respeitosos.
            Nas classes, grande número de jovens de nossa geração tem sido também alimentado num regime de infidelidade, desobediência e indisciplina. Muitos têm sido forçados a beber das fontes do satanismo, ouvir desses professores que não somente não são laicos, mas permitem movimentos discriminatórios, sob o disfarce de adquirir cultura mais ampla, ou ainda, para se proteger. Moços e moças têm sido saturados com "religiões" e outras ficções, subitamente, evolucionistas, ateísticas, que lhes têm roubado a fé pura no Deus verdadeiro. O que não sei explicar é porque uma boa parte dos meus alunos indisciplinados e desrespeitadores são evangélicos! Ah, já sei, talvez exista uma diferença entre ser evangélico e pertencer à sociedade invisível dos fiéis do Cristo real.
            Especulações filosóficas e pesquisas científicas, em que Deus não é reconhecido, estão tornando céticos a milhares. Mas, nas escolas de hoje, "laicas", são cuidadosamente ensinadas e amplamente expostas as conclusões a que os pedagogos e psicopedagogos têm chegado em resultado de suas investigações experienciais e inovadoras rumo às futilidades; por outro lado, é francamente dada a impressão de que, se esses estão na moda, não se pode contestar.
            Esta é a espécie de instituição educacional moderna "evoluída", nos moldes da nova pedagogia? Queremos que nossos alunos fiquem sujeitos  e cada vez mais indisciplinados? É justo que os professores, mesmo aqueles que nada fizeram para merecer, sofram tamanha indisciplina nas suas aulas? 
            A tempestade indisciplinar que atualmente sofremos por parte de nossos alunos é um reflexo do que foi ensinado ou mal ensinado a seus pais no afã da revolução pedagógica, nada mais é do que uma reação natural e justa contra quem por muito tempo vem plantando vento. O alvo deles é o professor enquanto categoria e a escola por tabela.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 24/05/2009
Código do texto: T1611736

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"Isso Dá Nada Não" ("Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio. Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca." Oswaldo Montenegro)




CRÔNICA

"Isso Dá Nada Não" ("Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio. Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca."  Oswaldo Montenegro)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          Marie é uma daquelas alunas extrovertidas que não tira o aparelho celular da mão mesmo na hora da aula. Ameacei a conduzi-la à coordenação se não parasse de distribuir vídeos indecentes entre os colegas, usuários desses aparelhos modernos com Bluetooth. E ela me falou:
          — Isso dá nada não, fessor!
          Acontecimentos dessa natureza dentro da sala de aula, que em geral nem aparecem hoje na primeira página dos jornais, é comum. Algumas décadas atrás, resultavam em suspensão imediata para o aluno infrator! Professores, coordenadores, diretor e outras autoridades dentro da escola movimentavam suas forças quando a moral era molestada ou os seus princípios desacreditados.  Certos atos insultuosos eram praticados sempre com risco de grande castigo. Mas, isto foi outrora. Hoje é assim: dá nada!
          Em tempos recentes, tem havido violação da integridade física de professores: estes têm sido surrados, maltratados com palavras grossas e de baixo calão. Funcionários gerais da escola têm sido acusados falsamente por coisas absurdas que nunca fizeram, desaparecem objetos de valor da sala dos professores, os mesmos são acusados de assédio sexual quando se esforçaram, apenas, para ser generosos em um elogio a certas alunas, porém os vídeos pornôs nas telinhas dos celulares que correm de mão em mão não significam nada e nem sempre isto tem resultado negativo, pelo menos, resultasse em suspensão, ou em outra medida disciplinar qualquer, mas o que acontece é não resultar em nada mesmo. Suspeita-se até que certas medidas de castigo acontecem na base de um acordo de cavalheiros entre as partes: ofensor e ofendido para espantar a mídia.
          "Um aluno de 16 anos, revoltado por não ter tido liberdade de atender o celular em sala de aula, agrediu a professora com chutes e socos. O fato ocorreu na noite de terça-feira, na Escola Estadual Maria Ilydia Resende de Andrade, no bairro Furtado de Menezes, em Juiz de Fora, Zona da Mata. Caroline (Professora) foi encaminhada a um hospital da cidade, onde foi medicada e liberada. O estudante passou a noite na delegacia, acompanhado da mãe, e pela manhã foi apresentado à Vara da Infância e Juventude, sendo liberado em seguida." (
https://www.otempo.com.br/super-noticia-old/agredida-em-sala-de-aula-1.66221) acessado em 11/05/2019.
          Alguém poderá me dizer: – é que “a sociedade está mais amadurecida”. Dirão outros: – Estas respostas podem ter sua carga de realismo sobre o problema, mas a maioria dos estudantes da rede pública que examinam mesmo o conteúdo do Estatuto da Criança e do Adolescente tem por evidente que há uma modernização mantendo em xeque as forças do castigo educativo.  Podemos chamar isso de paz na escola?
É mais certo dizer que estamos no limiar da catástrofe na educação. Cumprem-se as predições de todas as vozes educadoras de épocas passadas.  Uma história estranha e momentosa está sendo registrada nas páginas da educação atual.  — acontecimentos que, declararam-se, precederiam em pouco, o fim do mundo. Agora, neste momento, tudo no mundo se encontra em estado incerto. Já dia Chico Xavier com sua data limita. Os adolescentes estão fanfarrões e fazem pouco caso da decência de da ordem. Então anseio muito que as predições estejam certas, e a você digo até o fim!
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 23/05/2009
Código do texto: T1609813


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QUEM DITA AS REGRAS NA ESCOLA? ("O respeito pelos pais só resiste enquanto os pais respeitem o interesse dos filhos." — Raul Brandão)



















CRÔNICA

QUEM DITA AS REGRAS NA ESCOLA? ("O respeito pelos pais só resiste enquanto os pais respeitem o interesse dos filhos." — Raul Brandão)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Conta-se a história de um casal de velhos que economizaram a vida toda a fim de poder comprar um automóvel. Finalmente o carro foi comprado, e eles começaram a realizar um sonho: viajar pela Costa Nordestina Brasileira. Não haviam ido muito longe quando começaram a ter uma série de contratempos. O cavalheiro frequentemente parava e examinava sua carta de motorista. Sua esposa perguntou-lhe por que verificava tanto sua licença para guiar.

— Por segurança – disse ele – segundo este documento, eu sou competente para guiar um carro.

Assim, é na jornada da sala de aula. De vez em quanto, precisamos assegurar-nos de que estamos trabalhando como o aluno quer que trabalhemos. Nenhum de nós é competente para conduzir uma sala de aula sem o auxílio do aluno. Pois contratempos podem ocorrer em qualquer ocasião. Na história acima, o cavalheiro necessitava mais do que simplesmente uma licença para guiar. Ele precisava de um curso de treinamento que o transformasse em competente e confiante motorista. Nós necessitamos mais do que saber a disciplina de trabalho, precisamos conhecer o “cliente” e obedecê-lo. E a única maneira de conhecê-lo é estudá-lo. E a melhor maneira de estudá-lo é sob a guia do seu comportamento. É necessário muita observação e avaliação. E alguém já disse que avaliação sem observação é hipocrisia; observação sem avaliação é presunção. A final estamos na escola em função deles. 

          Os Coordenadores pedagógicos estão sempre procurando viajantes solitários nas salas de aula, sem os rumos do projeto político pedagógico da escola. E eles dispõem de muitas armadilhas para capturá-nos. Os pais sabem disso! Esta é a razão por que reclamam tanto da escola, da direção e dos professores. Eles querem rigidez dos educadores enquanto a vertente de normas está investida, ou melhor, os filhos ditam as regras em casa, bem como na escola. Podemos até ter a disposição de espírito que nos mova a viver um competente professorado, mas a carne é fraca. A disposição de fazer a vontade do aluno afasta de nós as farpas dos coordenadores e pais. A fraqueza da carne a que me refiro, é aquilo que pode provocar nossa queda. Nenhum de nós é por graduação completo. Para sermos bons precisamos estar definidamente, ou alinhados, ou unidos com os alunos. Seus transgênicos desejos de aprender conduzem esta união. Para conservar esta união, precisamos de contínuo observar e avaliar. O aluno é credencial de competência do professor e o elemento chave das boas estatísticas. E a culpa é do professor, se algo der errado.

Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 22/05/2009
Código do texto: T1608364

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MEU PROFESSOR CLAUDEKO (Um fio de cabelo branco no braço é somente um aceno do tempo )



HOMENAGEM

MEU PROFESSOR CLAUDEKO (Um fio de cabelo branco no braço é somente um aceno do tempo )

Por Peterson Borges  do Nascimento


                Falou um colega de classe, daquele segundo ano do Ensino Médio:

                — Olha, o professor tem um fio de cabelo branco no seu braço!

                Era um só, grosso e petulante, a desafiar a sua juventude no reflexo do espelho. Poderia ser um fio de barba, tanto faz; o significado é o mesmo!
                Fui, naquele dia, para casa e comecei a pensar na vida, o que exatamente isso significa? Cabelos brancos é para a velhice o que espinhas é para a juventude, ainda que estas com muito mais inconvenientes. As espinhas são um saco, mas anunciam uma fase cheia de vantagens: vigor, possibilidade de entrar em qualquer show e o fim dos apertões nas bochechas por tias chatas.
                Um fio de cabelo branco no braço não traz benefício. É somente um aceno do tempo, um lembrete daquela “moça” ou velha de roupão preto e foice na mão, dizendo:
                — Tu podes correr, mas o tempo está passando e no fim da linha eu te espero. Ouviste queridão?
                Será que a partir de hoje meu professor se tornou mais velho ainda? Não. Um fio branco não faz a velhice, assim como uma andorinha não faz um verão. Mas, afinal quando você deixa de ser jovem e começa a ser velho? Depende! Uma modelo tem seu auge aos 18, 19 anos. E um escritor, quando? Aos 60, 70? Alguns segundos antes de sua morte? Se a Gisele Bündchen é a imagem da juventude, a cada dia que passa ela é menos ela. Já meu professor vai se tornando mais ele, ano após ano.
                Mesmo que ele arrancasse o fio de cabelo não adiantaria, a virtude não é estética, é existencial.



Peterson Borges  do Nascimento ( aluno do 2º ano do Ensino Médio - 2009 - Colégio Estadual João Carneiro dos Santos. Senador Canedo - Goiás)

BONS ALUNOS HONRAM SEUS MESTRES - TENHO PRIVILÉGIOS MIL DE TER SIDO SEU PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA, PETERSON.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 04/06/2009
Código do texto: T1632144

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Os Muitos "sim" ( "Ou você opta por seguir a luz, ou a escuridão, não faz sentido burlar o caminho escuro com uma lanterna na mão." — Lu Lena)



CRÔNICA

Os Muitos "sim" ( "Ou você opta por seguir a luz, ou a escuridão, não faz sentido burlar o caminho escuro com uma lanterna na mão." — Lu Lena)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Por Claudeci Ferreira de Andrade


          Neste momento, reflito sobre aquela personagem do programa: “Zorra total da Rede Globo de Televisão". Uma médica que aconselhara, tantas vezes, os seus pacientes, para combater a obesidade, com um comportamento alimentar restrito; enquanto assim, para ela, tudo podia, “bombando” mais ainda sua própria obesidade.
          Estive num cenário parecido a uma “zorra total”:
          — Por que é sempre assim? – Jussara esbravejou. –Isto pode! Aquilo pode! Ali pode! Acolá pode! A escola é toda feita no “jeitinho brasileiro”, onde tudo pode! Estou farta de tudo isto! Não me sobra o direito de negar a esse brasilismo cultural!
          — Ora, Jussara – o professor colega de trabalho procurou acalmá-la – isto não é tão mau assim. Eu leio nos documentos oficiais da educação a proibição de muitas coisas. Porém, é mais ou menos como você está falando mesmo, é isso que vejo na prática, as pessoas podem fazer tudo que desejar, são livres! Você já devia ter se acostumado! Com efeito, os mentores dos documentos que regem a educação tomaram providências para que cada um faça exatamente o que deseja! Afinal, Vivemos em Democracia, né!
          — Você deve ter lido alguma coisa que eu não li – ela prosseguiu, com os olhos fuzilando – tudo que leio é isso pode, isso pode, isso Pode, e este “tudo pode” já se tornou uma obrigação, estou a ponto de detestar tudo.
          Jussara não era a primeira gestora escolar a se rebelar contra a permissividade obrigatória, a tal democracia educacional, que ela achava ser tudo na educação, pelo menos como lhe chegava ao entendimento, agora trazia-lhe o medo de perder o controle. Na verdade o seu colega de trabalho estava certo. O bom gestor não força seus liderados a fazer o que eles não querem. Com efeito, as normas e resoluções das secretarias de educação deixam sempre umas brechas, privilégio de quem sabe ler bem: Quem tem maior conhecimento de mundo sabe  fazer exatamente o que favorece as estatísticas e o seu lado!
          Esta verdade do "jogo de cintura" por parte do brasileiro é tão velha como o próprio homem. Diariamente você e eu enfrentamos estímulos semelhantes. Até Deus coloca as oportunidades fáceis e difíceis diante de nós, para exercermos a esperteza, parece até que o céu e o inferno são burláveis. Mas, resta uma coisa a ponderar, o resultado do trabalho em equipe traz exatamente a cara da relação e do respeito de seus liderados para com o gestor. Na escola, não pode camiseta de time, não pode boné, não pode celular, não pode reprovar, não pode nada; também não pode aprender, pois o não não ensina nada. Ali, os melhores lugares são reservados para os piores alunos, é só conferir o mapeamento da sala: os bons podem sentar-se atrás.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 21/05/2009
Código do texto: T1607143

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PRESENTEANDO GREGO ("Presente de Grego você ganha sempre de um aproveitador, Hoje você ganha e depois você paga por ele!!!" — Marcos Dantas)



CRÔNICA


PRESENTEANDO GREGO ("Presente de Grego você ganha sempre de um aproveitador, Hoje você ganha e depois você paga por ele!!!" — Marcos Dantas)

Por Claudeci Ferreira de Andrade


          Quanto aprendemos sobre a amizade de nossos alunos e seus relacionamentos interesseiros! Já dizia um colega professor de muitos anos:
          – Aluno quer boa nota !
          Uma vez, caí em uma armadilha de uma aluna, ela tentou se vingar de mim pela sua iminente reprovação, quando já estava decidida a parar de estudar, por isso não precisava mais ninguém da escola, elaborou um plano macabro no qual jogava toda culpa em mim. Através de muitas mentiras cobrou o preço de minha reputação, envolveu até o seu marido que depois veio me afrontar. Isso tudo poderia ser evitado com boas notas. 
          Inúmeras vezes, tenho recebido agressões verbais daqueles a quem devo amar e ensinar, tipo: “Lá vem esse velho caduco de novo”! “Ah, não”! “Êta, professor chato”! “Ninguém merece duas aulas seguidas desse quadrado, "Bob Esponja”! Dói-me, nem tanto as frases em si, mas o tom das expressões acompanhado com gestos bruscos de repugnância. Tenho essa relação como um lugar escuro, uma espécie de poço, com apenas uma minúscula abertura em cima, por onde entra um pouco de luz, a esperança de que tudo mude no futuro, pelo menos para mim, com a aposentadoria merecida.
          Esta é a prova do que disse anteriormente: Quando o colégio, no qual trabalho até hoje, foi incendiado por alunos do mesmo, queimando assim todos os diários de classe, então fui orientado a dar notas: o critério era apelar para sua consciência; como a consciência de cada um trabalha a seu favor, só me falavam de notas boas, as quais anotava ali. Nunca tive tantas manifestações de aceitação como naquela época. É possível que esse clima tenha contribuído para minha frouxidão atual. Mas, não podemos cometer o crime de dar notas em troca da amizade passageira de alunos transitivos.
          Porém agora, consumindo-me numa “prisão”, acusado de um crime que não cometi: por apenas ser velho; eu preciso de amigos verdadeiros. Embora a certeza de que ainda estou sendo útil à sociedade e de que mereço mais respeito e retribuição, é natural que as circunstâncias façam-me suspirar por palavras de encorajamento da parte dos que comigo partilham a esperança bendita do crescimento cultural. O pior é que eu não tenho nenhuma palavra otimista para eles. O aluno que ameaça o professor e esculacha o sistema, brigando por nota, sua reputação vale apenas a nota que conseguiu no grito. Agora acostumados a passarem de séries nem mérito para elevar as estatísticas do sistema, já não se preocupam tanto com boas notas, vão passar mesmo!
          A maioria dos alunos não é diferente do resto do mundo, essa é o tipo perfeito dos amigos de bons tempos. Até entram na sala dos professores, tomam talagadas do café comprado com a “vaquinha chorada” com que eles jamais colaboraram, depois colocam Chumbinho e Acetona no resto, para vingarem-se dos que não lhes dão notas boas (http://g1.globo.com/educacao/noticia/2011/05/violencia-dos-alunos-provoca-stress-pos-traumatico-em-professores.html)—Acessado em 28/04/2019. 
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 20/05/2009
Código do texto: T1604053

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segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

AFINAL, UM COORDENADOR (— Quero vingança, esse professor não pode ficar impune!)




CRÔNICA

AFINAL, UM COORDENADOR (— Quero vingança, esse professor não pode ficar impune!)

Por Claudeci Ferreira de Andrade


          Que cena! Um Bedel saindo de sua sala em direção à sala dos professores, acompanhado de uma mãe possessa por um espírito de protecionismo; esta saiu de sua moradia próxima da escola, furiosa, braços agitados selvagemente, os cabelos curtos e poucos, mas esvoaçados e destratados; ela veio ao encontro da diretora. Porém, o coordenador de turno a atendeu.
          O problema era eu, porque arranquei sorrateiramente da mão de sua filha um aparelho celular! Que a deixasse, com o qual, perturbar ignorantemente minha aula! Uma péssima aluna; daquelas que não respeita ninguém, e abusa da confiança de seus pais para explorar tudo que pode. Mais uma vez, mentiu para sua pobre mãe, dizendo que bati em sua mão, ferindo-a, mas apenas peguei no aparelho e puxei. Se o celular caísse, eu não conseguiria pegá-lo, pois um grupo de aluno assistia, com muito prazer, aos vídeos pornográficos que ela tinha para mostrar; certamente estava bem protegida! Segui o procedimento de praxe, entreguei o objeto ao bedel para que ele tomasse medidas justamente cabíveis. E assim foi feito.
          Com a mesma voz de autoridade com que aquietou centenas de outros enfurecidos, o coordenador falou com experiência à mulher. A “selvagem” criatura se aquietou, e se humilhou, como se um espírito imundo tivesse saído dela. A desventurada mulher compreende estar ali perto alguém que a pode salvar do atormentador professor. Cai aos pés do “salvador” para suplicar misericórdia; mas, de repente quando os seus lábios se abriram novamente, o demônio falou por ela, bradando: — quero vingança, esse professor não pode ficar impune!
          Parece-me que aquele espírito pediu para entrar em mim, quando saísse daquela mulher. Fiquei enraivecido ao extremo, quando soube das mentiras ditas por aquela família, naquela ocasião, a meu respeito.
          Agora estou precisando de um coordenador pedagógico que me exorcize para que eu retorne à sala e veja impassivelmente aquela moça com os ouvidos entulhados de fone auricular, ouvindo sei lá o que, conectado no celular em questão.
          Em nossos dias, agregou-se à imagem do coordenador de turno, a de um libertador de pessoas cativas do espírito da rebeldia, da preguiça, da selvageria, do medo, da violência, enfim, dos espíritos maus do academicismo. Tenho esperanças! O mal da “educação” sairá quando lhe for ordenado que saia com voz poderosa de medidas reais, de normas democráticas, de fidelidade aos bons princípios morais da convivência cristã e de programas inclusivos bem dirigidos.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 19/05/2009
Código do texto: T1603219

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (Autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.
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