CRÔNICA
AFINAL, UM COORDENADOR (— Quero vingança, esse professor não pode ficar impune!)
Por Claudeci Ferreira de Andrade
Que cena! Um Bedel saindo de sua sala em direção à sala dos professores, acompanhado de uma mãe possessa por um espírito de protecionismo; esta saiu de sua moradia próxima da escola, furiosa, braços agitados selvagemente, os cabelos curtos e poucos, mas esvoaçados e destratados; ela veio ao encontro da diretora. Porém, o coordenador de turno a atendeu.
O problema era eu, porque arranquei sorrateiramente da mão de sua filha um aparelho celular! Que a deixasse, com o qual, perturbar ignorantemente minha aula! Uma péssima aluna; daquelas que não respeita ninguém, e abusa da confiança de seus pais para explorar tudo que pode. Mais uma vez, mentiu para sua pobre mãe, dizendo que bati em sua mão, ferindo-a, mas apenas peguei no aparelho e puxei. Se o celular caísse, eu não conseguiria pegá-lo, pois um grupo de aluno assistia, com muito prazer, aos vídeos pornográficos que ela tinha para mostrar; certamente estava bem protegida! Segui o procedimento de praxe, entreguei o objeto ao bedel para que ele tomasse medidas justamente cabíveis. E assim foi feito.
Com a mesma voz de autoridade com que aquietou centenas de outros enfurecidos, o coordenador falou com experiência à mulher. A “selvagem” criatura se aquietou, e se humilhou, como se um espírito imundo tivesse saído dela. A desventurada mulher compreende estar ali perto alguém que a pode salvar do atormentador professor. Cai aos pés do “salvador” para suplicar misericórdia; mas, de repente quando os seus lábios se abriram novamente, o demônio falou por ela, bradando: — quero vingança, esse professor não pode ficar impune!
Parece-me que aquele espírito pediu para entrar em mim, quando saísse daquela mulher. Fiquei enraivecido ao extremo, quando soube das mentiras ditas por aquela família, naquela ocasião, a meu respeito.
Agora estou precisando de um coordenador pedagógico que me exorcize para que eu retorne à sala e veja impassivelmente aquela moça com os ouvidos entulhados de fone auricular, ouvindo sei lá o que, conectado no celular em questão.
Em nossos dias, agregou-se à imagem do coordenador de turno, a de um libertador de pessoas cativas do espírito da rebeldia, da preguiça, da selvageria, do medo, da violência, enfim, dos espíritos maus do academicismo. Tenho esperanças! O mal da “educação” sairá quando lhe for ordenado que saia com voz poderosa de medidas reais, de normas democráticas, de fidelidade aos bons princípios morais da convivência cristã e de programas inclusivos bem dirigidos.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 19/05/2009
Código do texto: T1603219
Código do texto: T1603219
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