"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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sábado, 18 de janeiro de 2014

HONRA SEM MÉRITO (Quem pretende apenas a glória não a merece – Mario Quintana)


Crônica

HONRA SEM MÉRITO (Quem pretende apenas a glória não a merece – Mario Quintana)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Final de bimestre, é hora de fechar as notas dos alunos. Uma única preocupação ronda por ali: Os professores se justificam, implorando para a coordenadora endossar algumas notas abaixo da média. E por raras permissões, não antes dela se justificar aos alunos, como se a autoridade viesse de baixo: — "Eu já avisei turma, muitos aqui vão ficar com nota vermelha, a culpa é de vocês mesmos, depois não reclamem" — De certa forma, ela tem razão, é sempre bom evitar as denúncias.
           O que há de ruim nisso? Parece-me que temos de pedir permissão ao aluno incompetente para reprová-lo. No conselho de classe, ali, estão eles representados pelos menos ruim da turma, afiados a condenar e encurralar os professores rebeldes aos seus desejos. São por vezes, ainda, os representantes, os porta-vozes ora da coordenadora, ora dos alunos segundo a conveniência; os defensores de causa alguma. Quando eles determinam maneiras pedagógicas frouxas com as quais gostariam de ser tratados, estão usando a lógica do sistema. Mas, a coordenação, por sua vez, está apta a continuar ordenando os professores: — Recuperem as notas dos seus alunos cabalmente. Fica claro a todos nós sobre o conferir nota boa aos alunos, isso nos poupa muito do sofrimento no conselho de classe, isentando-nos de culpa. 
           Eles são gratos a seus presenteadores e nos reservarão alguns tímidos elogios, depois quando não precisar mais de nossa "ajuda"; enquanto isso, não nos faltam os escárnios. Eu profetizo que em breve, muitos pais inteligentes descobrirão a incompetência do filho e defasagem em sua formação acadêmica, então pedirão à escola para não promovê-lo assim... Aí será o fim desse sistema! O presidente Bolsonaro já descobriu os "idiotas úteis", ou melhor, os "ingênuos úteis". 
           No último conselho que participei, apelava veemente a coordenadora aos professores, usando palavras fortes e até ameaças, objetivando dar outra chance à aluna faltosa, aplicando trabalhos extras, pois ela agora iria "deslanchar". Essa palavra, de acordo nosso contexto, é muito parecida com "desleixar",  tendo sonoridade semelhante e significado consequente. Se não fosse, talvez significasse: "vomitar o lanche" – disse um engraçadinho, de humor imprestável, do meio dos professores, para descontrair.
           Contendo as risadas: — "Você pagará por esse golpe baixo" — retrucou a coordenadora.
           Eu gosto de fechar a boca de meus maus alunos, dando-lhes notas boas, foi lição do meu professor de inglês na faculdade, não fui um mau aluno, mas não me importava com a língua estrangeira. Hoje sei que funciona como vingança, sofro a dor da incompetência, estudei a vida toda o inglês, nunca reprovei, porém não sei falar e/ou escrever uma palavra sequer do tal idioma.
           Assim explicamos, o porquê de se ver muitas notas boas nos boletins dos alunos atuais, e eles não conseguem tirar notas boas nas provas diagnósticas do governo. Então, reformulo a profecia: logo chegará o tempo da colheita, no qual os alunos bem "notados" apedrejarão seus professores mãos-abertas, cobrando o prejuízo que lhes causaram. Tudo em nome da boa e justa convivência! E vejo que as escolas já estão sofrendo, todos os dias é noticiado arrombamento, furto, incêndio e vandalismo em geral como prova da vingança. 
Claudeko Ferreira
Enviado por Claudeko Ferreira em 29/09/2013
Reeditado em 18/01/2014
Código do texto: T4504043
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sábado, 11 de janeiro de 2014

ASSALTO DE PRESTÍGIO ("O prestígio sem mérito obtém considerações sem estima." — Sébastien-Roch Chamfort)


Crônica

ASSALTO DE PRESTÍGIO ("O prestígio sem mérito obtém considerações sem estima." — Sébastien-Roch Chamfort)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Como os alunos são criativos no preparar de uma apresentação em classe!!! Valendo-me disso, anunciei-lhes, no primeiro dia de aula, depois das férias, que tinham quarenta dias para todos mostrarem os seus trabalhos do terceiro bimestre, pois era o tempo que eu precisava para fechar as notas de Língua Portuguesa e entregá-las à secretaria do colégio. Este desfecho não foi um dos piores, já sofri coisa pior; vou contar-lhes: O tempo passou, e o prazo se encerrou, sem que muitos fizessem seu trabalho! Restava-lhes agora formular um ótimo argumento para forçar o professor estender a data. É incrível como os alunos de hoje deixam sempre tudo para o último dia! Eles não conseguindo mais, insatisfeitos, uns foram falar com a coordenadora e era impressionante como voltavam felizes para me mostrar que eu estava derrotado, sem palavras. A coordenadora garantiu a apresentação deles para a segunda-feira, três dias a mais sem minha permissão! Como assim? Nem falou comigo! Ela quis elevar seu prestígio sem nem mesmo pensar no mal que estava me causando: pisando na minha moral. Porém, esse comportamento de autoridade defasada é comum nesse meio educacional. 
            Na mesma ocasião, um pouco antes, os colegas do mesmo nível de funcionalidade que o meu, enciumados, não suportaram me ver feliz por estar movimentando a unidade escolar, então foram eficientemente motivadores desse quadro, quase pressionando a coordenadora a zelar pela sua reputação, fazenda-a retomar as rédeas, e que ela exigisse de mim não permitir os meus alunos apresentarem fora do horário, isto é, saírem de suas aulas para formarem os grupos de apresentação em minha aula (Não tenho culpa se eles valorizaram mais uma avaliação participativa do que a aula comum deles). Agora farão o quê? Como me apagarão, se daqui por diante, vou dar só prova escrita, individual e sem consulta, para me encaixar na tal semana de prova que eles gostam tanto? Mas, por que ninguém vem me pedir autorização para deixar meus alunos se ausentarem de minhas aulas e irem ao passeio promovido pela professora de matemática? Quando percebo, minha classe de sexta-feira está com pouquíssimos alunos, foram a um passeio. Passeios dão prestígios a quem? E a professora de Educação Física passa o bimestre todo tirando alundo de minhas aulas para jogar, forçando-me a aplicar prova depois dos outros, só nota boa, pois já pescaram as respostas. 
               Quando um funcionário de cargo superior, em busca de mais prestígio, contradiz as ordens de um inferior para se mostrar a terceiros é concorrência desleal.  Pior ainda, é a coordenadora pedagógica exigir que os professores executem o combinado e depois se comportar como político que compra voto, suplantando e dificultando a autoridade do professor que é quebrada, com concessões no cronograma para mostrar ao aluno que ela pode mais.
           Entretanto, por que eu quero sair da rotina e inovar minhas aulas? O prestígio me interessa também! Agora compreendo que o melhor da escola está na acirrada luta por prestígio. Os alunos nos põem para brigar, porque também se favorecem no vácuo da sanidade que se foi no "vale-tudo" em busca da tal confirmação. Eu preciso me autoafirmar; a coordenadora também. No entanto precisamos mais, e ainda mais... Quem é menos competente, tem consciência disso! Uns quando não podem conquistar com lealdade, furtam o tal valor social, "puxando o tapete", é isso: desbancar um na presença dos outros para se rirem dele.
Claudeko Ferreira
Enviado por Claudeko Ferreira em 12/09/2013
Reeditado em 11/01/2014
Código do texto: T4479242
Classificação de conteúdo: seguro

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sábado, 4 de janeiro de 2014

"VAI COMENDO RAIMUNDO" (e “o salário óhhh”!)


Crônica

"VAI COMENDO RAIMUNDO" (e “o salário óhhh”!)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Em meio à rotina escolar, um aluno me chama de pai. Todos os dias, sem falta, ele insiste em me pedir a bênção. Seus pais verdadeiros não se incomodam, nem eu. Afinal, a escola é o seu segundo lar, e eu, por consequência, me torno seu segundo pai. O professor de matemática, por sua vez, torna-se um de seus tios. Não porque compartilhamos o mesmo sangue, mas porque ele também é professor dele. Em alguns momentos, sinto-me honrado, e acredito que o aluno também.

A professora de geografia, por outro lado, não é a favorita dele. No entanto, outros alunos a consideram a mais bela de todas as trabalhadoras ali: pequena e delicada, mas feroz quando necessário. Ela se faz grande diante de sua classe. Certamente, ela não tem inimigos ali, mas os acidentes têm sido uma constante, destacando a dureza da profissão. Uma vez, um aluno acidentalmente atingiu seu rosto, causando-lhe um olho inchado. Em outra ocasião, durante as brincadeiras do recreio, uma borracha foi lançada com tanta força que atingiu sua perna direita, fazendo-a encerrar sua tarde letiva naquele momento.

Por vezes, me pergunto quem é o santo padroeiro dos professores. Deve ser um santo tão desequilibrado e descuidado quanto eu, padrinho da turma do nono ano "B". Eles se vingam de si mesmos por tabela: um suicídio ideológico. Penalizam seus professores como se fosse um esporte, fazendo-nos sofrer em suas "abençoadas" garras. Até os momentos bons são frutos do cansaço daqueles que nunca nos dão trégua. Estamos tão desacostumados de boas e sadias relações, que até elogios da parte deles, vemos como tentativas de nos enganar! Então, no trabalho, andamos e falamos como quem pisa em ovos; é impossível não quebrá-los.

Eles, os intermediadores do conhecimento, querem aprender através de métodos que eles mesmos escolheram! E assim vai: "vai comendo Raimundo", como dizia o personagem do finado Chico Anysio, na Escolinha do professor Raimundo. E o salário, óhhh! E "vai comendo..." só no sentido figurado, pois o lanche da escola é só para os alunos; os professores, se tocarem, são considerados transgressores. Nesse particular, os alunos não precisam de exemplo e continuarão jogando arroz nos colegas.

No final das contas, somos todos parte de uma grande família disfuncional, aprendendo e ensinando uns aos outros, tropeçando e levantando, rindo e chorando. E, apesar de tudo, não trocaria essa experiência por nada. Pois, no final do dia, somos todos professores e alunos, aprendendo as lições mais importantes da vida: resiliência, empatia e, acima de tudo, amor.

sábado, 28 de dezembro de 2013

TESTE PARA DETECTAR INIMIGOS("Se meus inimigos pararem de dizer mentiras a meu respeito, eu paro de dizer verdades a respeito deles." — Adlai Stevenson)


Crônica

TESTE PARA DETECTAR INIMIGOS("Se meus inimigos pararem de dizer mentiras a meu respeito, eu paro de dizer verdades a respeito deles." — Adlai Stevenson)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

             Nossos inimigos acompanham nossos amigos, eles, oportunistas, se valem da aproximação dos que confiamos, e assim, nos acompanham indiretamente. Acenemos a quem amamos, e todos virão! Uns para nos apreciar e os outros para nos condenar. Por isso, digo: amigos dos meus inimigos são meus inimigos também. Napoleão Bonaparte disse: "Nunca interrompas o teu inimigo enquanto estiver a cometer um erro". Eis aí, o porquê, não denuncio ninguém, já disse o Luiz Augusto Pampinha: "Denúncia anônima pode ser vingança, traição ou coisa de bandido". Então, deixo a natureza e o destino administrarem as suas consequências, sendo a aplicação de meu desejo também sobre quem me ofende, por isso sei quais são meus inimigos: aqueles sofredores mais do que eu e me contaminam com seus sofrimentos.
          Também sei quem são meus inimigos porque sentem inveja de mim, quando estou feliz, e não podendo ser eu, imitam-me; às vezes me bajulam, e até tentam me manipular, dizendo coisas que nem sou, depois sorri para mim como se nada tivesse acontecendo! Exploram minhas fraquezas, atribuem ao meu profissionalismo todas suas deficiências e exigem minha perfeição.
           Meus inimigos jogam outros contra mim e por vezes se calam diante de meus apelos corporativistas. Quando me canso, obedeço o dito popular: "não podendo com o inimigo una-se a ele". É dessa forma: Meus inimigos se unem a mim contra nossos inimigos comuns. Só assim me dão trégua. — “O ótimo é inimigo do bom” (Adágio popular). Se temos alguém para odiarmos em comum, então somos irmãos! Porém, eles estão unido no silêncio para ler meus textos e  me leem mais, procurando falhas a fim de me condenar, não achando gancho, fingem nunca ler minha crônicas, se valendo do orgulho como superioridade.
Claudeko Ferreira
Enviado por Claudeko Ferreira em 15/08/2013
Reeditado em 28/12/2013
Código do texto: T4435950
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sábado, 21 de dezembro de 2013

O ÚLTIMO PÃO-DE-QUEIJO DA BANDEJA ( "A falsa modéstia é o último requinte da vaidade."— Jean de la Bruyere)



Crônica

O ÚLTIMO PÃO-DE-QUEIJO DA BANDEJA ( "A falsa modéstia é o último requinte da vaidade."— Jean de la Bruyere)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Em todo evento na escola, jamais falta o lanche! Não sei por quê! Mas, nem me sinto bem dando essa impressão de que se vive para comer. Se é reunião de professores, então o pão-de-queijo é indispensável. A tal "vaquinha magra" soma o dinheiro dos quais gostam, e uma ou duas duzias de pães-de-queijo quentinhos tornam-se o motivo da felicidade da maioria e o sucesso da socialização.                       Vivenciei nessa semana uma situação reveladora, em cujo um grupo de professores olhava sofregamente para o último pão-de-queijo sobrevivente na bandeja: aquele, o qual ninguém pega, mostrando-se educado, desprendido de egoísmo, versado nas etiquetas da alta sociedade! Porém, eu juro que se qualquer um daqueles mestres ficasse sozinho na sala junto àquele solitário e apetitoso pão-de-queijo, avançaria nele vorazmente. Observei-o, confesso, com água na boca, mas de forma discreta a fim de descobrir quem faria as honras do bolinho da falsa moralidade, controlei-me.
            Chegou a hora, e todos saíram juntos, desembaraçando-se uns dos outros, devagarinho no jeito de uma despedida daquele artesanal pão-de-queijo, porém desprezado pelas circunstâncias. Eu também saí no "bolo", andando meio devagar, sempre olhando para trás, tentando ver quem devoraria a última peça. Finalmente uma professora, como quem fingia ter esquecido alguma coisa na sala, faz finca-pé e retorna aos chamados do infeliz pão-de-queijo. Eu a segui sem ser percebido, e ela me deu o drible, entrou na porta vizinha: o banheiro feminino! Entretive-me com aquela decepção e em fração de segundo me descuidei da mesa de observação, então, retornei o olhar à mesa muito tarde, assim pude apenas observar o responsável da cozinha recolhendo as vasilhas. E o Pão-de-queijo se foi!!!
           Você já se sentiu o último pão-de-queijo da bandeja?  A vasilha é grande demais para contê-lo. Desprezado por pessoas as quais não querem partilhar sua verdadeira reputação. Os santarrões temem ser comparado com você, porque é desbocado e nunca goza da aceitação da maioria, pelo menos aparentemente. Eu sou como aquele cobiçado pão-de-queijo, impedido de saber o quanto lhe querem, só porque a atitude de comê-lo é uma indicação de desregra. Porém se esquecem da iniciativa! E a criatividade? E a inovação desvinculada do medo do que vão pensar de si?!!! Raul Sexas já disse: "Só os desobedientes são criativos".
           As Relações da educação são assim. Muitos me leem, mas ninguém comenta, para de forma alguma revelar os seus pensamentos a meu respeito: se me aceitam positivamente, são coniventes, e os respingos de minha má reputação os manchará; se não me aceitam, atraem a repugnância dos que me veem bem. Então, é mais fácil ler um comentário, em um dos meus textos na internet, de pessoas desconhecidas e de outras áreas de atuação. "O profeta em sua terra não faz milagre".
           Infelizmente, como o último pão-de-queijo da bandeja, sofremos o corporativismo do mal. Nossos inimigos acompanham nossos amigos, por longe ou por bem perto, eles, oportunistas, se valem da aproximação de quem confiamos com objetivo de ter acesso a nossas fraquezas, nos acompanham indiretamente, nem precisamos chamá-los, e todos virão! Uns nos apreciando e os outros para nos condenar. Por isso, digo: amigos dos meus inimigos são meus inimigos também. Logo, até que a morte me devore pelos caminhos certos, digo isso, crendo jamais haver alguém totalmente desprezível: eu me importei com aquele retraído pão-de-queijo e lho olhei diferenciadamente! Então, certamente, alguém se importará comigo, vendo-me sob olhares diferentes, respeitando-me realmente. Na verdade, não há inimigos nossos, há apenas aversos circunstanciais.      
Claudeko Ferreira
Enviado por Claudeko Ferreira em 15/08/2013
Reeditado em 21/12/2013
Código do texto: T4435749
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sábado, 14 de dezembro de 2013

MINHA EXPRESSÃO: VÁLVULA DE ESCAPE ("Não gosto do que acabo de escrever - mas sou obrigada a aceitar o trecho todo porque ele me aconteceu. E respeito muito o que eu me aconteço. Minha essência é inconsciente de si própria e é por isso que cegamente me obedeço. — Clarice Lispector)


Crônica

MINHA EXPRESSÃO: VÁLVULA DE ESCAPE ("Não gosto do que acabo de escrever - mas sou obrigada a aceitar o trecho todo porque ele me aconteceu. E respeito muito o que eu me aconteço. Minha essência é inconsciente de si própria e é por isso que cegamente me obedeço. — Clarice Lispector)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

             Disse-me um "amigo", enquanto lia alguns textos no meu blog: "Será que você não poderia falar menos sobre suas coisas? Deixar sua vida exposta aos outros, reclamando de pequenos problemas que ocorrem em seu dia a dia só faz com que as pessoas se irritem com suas queixas ou, o que é pior, fiquem com pena de você; um ser infeliz e sem sorte. Você quer ser visto assim?"
           Tá, mas será que esse amigo queria que eu falasse de quem ou de quê? Dele? De sua vida? Mostrando minha admiração por tê-lo como amigo feliz? Porém, inverter os níveis, ele não quer! Pode ser que minha dor aumente sua responsabilidade a meu respeito por se dizer meu amigo. Por acaso, ele pode viver minhas experiências? A Bíblia diz que tem amigo melhor que irmão, é bem verdade, todavia um irmão, embora não seja amigo, nunca deixa de ser irmão até porque as experiências de infância em comum são enraizadas, em um útero só, para toda vida. Talvez dois entes criados juntos se tornem amigos, mas não necessariamente irmãos. Então, o que Diabo é ser amigo?
           Eu tenho a plena consciência da pressão dos outros sobre minha liberdade, tolhendo meus movimentos; pressão essa que é grande, ainda mais agora que falo de minhas desgraças que são comuns a muitos. É como se eu entregasse os pontos aos meus inimigos. Fragilizando-me maior do que o tolerável, se se pode dizer assim, já não estou mais gostando de viver em perigo! Urgentemente tenho de encontrar uma outra boa válvula de escape, evitando confrontar os poderosos. Senão o mundo contemplará coisas piores.  Acho que devo aproveitar essas experiências para meditar e recuperar o meu equilíbrio mental já perdido há muito. Não quero mais conviver com mal entendidos e confusões. Alguma coisa ficou para trás: meu verdadeiro eu...
Claudeko Ferreira
Enviado por Claudeko Ferreira em 30/07/2013
Reeditado em 13/12/2013
Código do texto: T4411584
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sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Educação pífia


Educação pífia

DIÁRIO DA MANHÃ
GÊNIO EURÍPEDES

Todos os formadores de opinião que leio sempre foram unânimes em acreditar que um País se salva primeiro pela educação. A educação foi bandeira do PT para se chegar ao poder. A maioria dos professores e dirigentes educacionais apostou fichas e sonhos na alavancagem da educação brasileira, e isso não aconteceu satisfatoriamente nestes 12 anos de governo petista. A educação desanda.
O gasto com o setor até que tem sido razoável, o que vale dizer: dinheiro a mais e gestão correta de menos. Assim, o primoroso  texto de Hélio Schwartsmam, da Folha de S.Paulo, me chamou a atenção, apesar do título forte e, de certa forma, exagerado,  porém não muito diferente ao que dou nesta abertura. Título do Hélio: “Desastre educacional”.
Portanto, peço, data venia, que seja colocado neste noticioso para análise de quem de direito. Estamos mal na foto, como admitiu o doutor Mercadante. Que saudade do Cristovam Buarque e do Paulo Renato!
“Saiu mais um Pisa, o teste internacional que avalia alunos de 15 e 16 anos em várias áreas, e o Brasil segue na rabeira. Os países que participam do exame são 65. Ficamos na 55ª posição em leitura, 58º em matemática e 59ª em ciência.
É verdade que melhoramos em matemática, mas estamos falando de um avanço da ordem de 10% em quase uma década. Nesse ritmo, levaríamos 26 anos para atingir a média dos países ricos e 57 para alcançar os chineses. Isso, é claro, no falso pressuposto de que os outros ficarão parados. Em leitura e ciência, a evolução foi ainda mais modesta.
Infelizmente, não será muito fácil mudar o quadro. O governo acena com os recursos do pré-sal como salvação da lavoura. É claro que mais dinheiro ajuda, mas está longe de ser uma garantia de sucesso. Na verdade, nosso sistema é hoje tão pouco funcional que jogar mais verbas nele será, acima de tudo, uma ótima maneira de desperdiçá-las.
Sem um plano coerente de como aplicar os recursos, os avanços tendem a ser mínimos. Um de nossos principais problemas é que não conseguimos recrutar bons professores – os países campeões do Pisa selecionam seus mestres entre os melhores alunos das faculdades; nós nos contentamos com os piores.
Mesmo que, numa rápida e improvável inversão de rumo, passássemos a contratar a elite, levaria um bom tempo até que o efeito se espalhasse pela rede, que conta hoje com mais de 2 milhões de docentes.
Isso significa que precisamos encontrar um meio de progredir com o que temos. Minha impressão é a de que o caminho passa por estabelecer um currículo detalhado e ensinar o professor exatamente o que ele deve dizer em cada aula aos alunos. Sim, estamos falando de sistemas massificados, daqueles que inibem a criatividade e outras coisas de que os pedagogos não gostam, mas não vejo muita alternativa. Afinal, estamos há muito tempo fracassando no básico”.
(Gênio Eurípedes, professor,advogado, escritor e vereador pelo PSDB de Jataí)

sábado, 7 de dezembro de 2013

A LICENÇA-PRÊMIO DO PROFESSOR E O TANQUE DE BETESDA ("A vida sem luta é um mar morto no centro do organismo universal." — Machado de Assis)


Crônica

A LICENÇA-PRÊMIO DO PROFESSOR E O TANQUE DE BETESDA ("A vida sem luta é um mar morto no centro do organismo universal." — Machado de Assis)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           O Professor efetivo terá direito à licença-prêmio de 3 meses em cada período de 5 anos de exercício efetivo e ininterrupto, sem prejuízo da remuneração. (http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/10/docs/lei_n_16.378,_de_21_de_novembro_de_2008..pdf) (acessado em 13/03/2019).
          Não é assim na educação? Esse é mais um dos direitos concedidos segundo a conveniência da secretaria de educação, foi assim que me disseram: — "só um, de cada vez, pode gozar essa licença por Unidade Escolar, para não gerar gasto ou contratação". Bem, o critério da escolha de quem vai gozar é um mistério! E o professor efetivo que substituirá o licenciado não receberá pagamento pelas aulas adicionadas a sua carga horária? Então, qual seria o problema de se colocar um contrato temporário, com estas aulas, ganhando pelo que trabalhar como ganharia o efetivo que assumisse as aulas do premiado! Tantos quantos sejam, deviam honrar o direito de quem trabalhou ininterruptamente o quinquênio e servir-lhe quando ele bem desejar. Aliás, o desfrutar de direito conquistado devia ser compulsório, a partir da data de cumprimento.
          Se for da consciência de todos daquela Unidade Escolar, e, ali,  dois ou mais estiverem hábeis, com o direito devidamente conquistado, então começam uma guerra fria entre eles, e articulações políticas para garantir ao vencedor deferimento de sua licença no tempo solicitado. Sabendo disso, eu fiz tudo discretamente, não falei nada aos meus colegas concorrentes, porém, não adiantou, a professora tinha mais merecimento, ou seja, entrou primeiro.  Portanto agora só me resta uma analogia com a história bíblica do paralítico do tanque de Betesda: [Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque, e agitava a água; então o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse. Jo. 5:1–15]. A concorrência ali era grande e cá também, mas ainda se fala de corporativismo e a união da categoria: — Paradoxal!
         Quando um professor vocacionado que é, assíduo que seja, conhecedor das burocracias do sistema, dispões-se a pedir o usufruto da sua licença bem merecida é que ele realmente está precisando muito de um descanso da árdua tarefa da sala. Uns, mediante o sacrifício em vista, até esperam para requisitar suas licenças-prêmio acumuladas nas vésperas da aposentadoria; outro agravante é o risco de perder a vaga na unidade em que trabalhar, visto que o substituo do licenciado é agradável a diretora da escola. Mas, o irônico mesmo é morrerem antes, e o enriquecimento ilícito do sistema não ser medido. Para adubar meu conformismo, orientou-me a recepcionista do departamento pedagógico que tentasse no próximo ano, quem sabe!?! Quem sabe o quê?...Eu morra antes!
          É, converter a licença-prêmio em dinheiro deve ser mais difícil do que gerar um contrato temporário para substituir o insubstituível premiado em potencial. Nesse caso, vou ficar esperando Jesus voltar para acontecer o milagre. Qual foi mesmo o critério de Jesus para escolher o paralítico do Tanque de Betesda, visto haver muitos outros enfermos ali e não se tem relato de outras curas no incidente? 38 anos de espera? E eu vinte...! A pior ironia que tomei consciência é ter que guerrear pela paz, lutar para tomar posse do direito já conquistado!


ENCAMINHAMENTO DE PERCEPÇÃO


1 Por que, depois do dever comprido e direito conquistado, ainda temos que brigar para usufruí-lo? 

2 Se toda prática tem uma consequência, não seria a desordem do sistema e desrespeito uma consequência da desvalorização de seus componentes?

3- Quem ganha e quem perde com os exageros da causa?

4- O que falta para os eficientes burocráticos do sistema comunicar ao servidor que este ou aquele direito lhe pertence, sem que o servidor mate trabalho para correr atrás?

5- Conhecendo bem o Sistema educacional, pergunto: Por que é difícil para os órgãos públicos serem justos e transparentes para com a comunidade interna e externa da escola?
Claudeko Ferreira
Enviado por Claudeko Ferreira em 19/07/2013
Reeditado em 07/12/2013
Código do texto: T4394471
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