"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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MINHAS PÉROLAS

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O Riso do Otário (A palhaçada dele não tem graça em sí.)






Crônica Filosófica

O Riso do Otário (A palhaçada dele não tem graça em sí.)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

            A galhofa do otário, desbota sua palhaçada. Quem se rir dos outros quando erram ou caem, esquece-se que os outros deixarão de rir para ele quando o virem precisando de graça. Então, a palhaçada dele não tem graça.
           Por que alguém  se rir do outro quando tropeça? Será que é um desabafo, ou vingança, ou ainda uma expressão de inveja? Rir-se do velho, do doente, do negro, do pobre, do pequeno, do grande, enfim de tudo que diminui alguém, mas só se rir mesmo dos de mais, os que vivem experienciando seus limites. Bob Marley já disse: "Vocês riem de mim por eu ser diferente, e eu rio de vocês por serem todos iguais". Em qualquer extremo, o observado é motivo de risos e gozações! 
           Eu porém digo que assim como a beleza está nos olhos de quem ver, a razão para a zombaria está na frustrações e recalques de quem contempla.
Analisando assim não é difícil rir com os que riem e chorar com os que choram, lembrando que é sempre melhor rir de si mesmo, nesse caso, o otário se passa apenas por palhaço.
            Jesus nunca foi visto rindo, pelo menos, não se tem registro. Talvez porque fosse tão natural para ele ou, mais provável, por que não tivesse motivos reais e verdadeiros para sorrir, então por que eu teria? Rir-se também de quem ri à toa! 
             Eu falo dos exageros, e também do riso sem o gesto da boca, e também do deboche que é o gesto do coração antissocial não educado e polido. Mas, ultimamente os dentes saudáveis são prioritariamente para incrementa o riso, assim como, os lábios vermelhos e grossos "botulinicalizado" são só para beijar, arma de sedução. kkkkkk, rsrsrsrs!  

Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 24/05/2009
Código do texto: T1612408

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (Autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.
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domingo, 11 de outubro de 2009

ONOMATOPEIA, O CHUÁ DA CACHOEIRA, A VOZ DE DEUS ("Não há falta de água que impeça que os corruptos levem o nosso dinheiro" — DM)




Crônica Filosófica

ONOMATOPEIA, O CHUÁ DA CACHOEIRA, A VOZ DE DEUS ("Não há falta de água que impeça que os corruptos levem o nosso dinheiro" — DM)

Por Claudeci Ferreira de Andrade
            
          Dizem que a Bíblia é a palavra de Deus. Como assim? Se cada versão escrita é outro texto! E palavras sinônimas têm apenas um significado aproximado! Quem mal ler continua não entendendo ou entendendo errado o que viu. E ainda "Quem ajuda o tolo terá que ajudá-lo novamente." A natureza é sábia demais para sustentar tolos parasitas por muito tempo. Pelos transtornos naturais, mesmo assim, não podemos dizer que a natureza se revoltou, porque só os perdedores são revoltados.
           Porém afirmo que a palavra de Deus, sim, soa em melodias necessárias na vibração vital da criação dEle. Sem tirar e nem pôr, encontra-se na natureza profunda satisfação de todos os sentidos inerentes dos seres naturais obedientes com responsabilidade e sabedoria. Não há quem não esteja apto a entender as lições do Divino, se assim não fora, Ele não seria o justo juiz universal.
           Já dizia Mahatma Gandhi: "Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não havia pobreza no mundo e ninguém morreria de fome". E eu acrescento: e nem de sede!
           A crise da falta d'água é apenas um fantasma bem trabalhado pelas mídias, para enricar os que já são grandes. "Separando as águas", o Criador é perfeito e já previu o "crescer, multiplicar e encher a terra" dos que precisam desse elemento vital. O Senhor de todas as coisas não pode ser um Deus incoerente! Na verdade, ninguém vai morrer de sede, se você pensa o contrário, então amaldiçoe seu deus e morra, antes de contaminar a muitos. Pois o corpo físico de Deus: o universo, não adoece e segue seu programa de revitalização permanente que, por vezes, salva a muitos, é pena que alguns desobedientes há de servir de exemplo de castigo para outros quando o organismo estremesse-se acomodando bem a suas células. O curioso é que só quando a seca histórica chegou ao sudeste do Brasil, tornou-se preocupação de muitos no mundo!
           Que os cientistas da água expliquem-me para onde foi o volume do Rio São Francisco? O que eles não sabem é que logo estará cheio novamente e o ciclo não para. A água sempre faz onda, vai e volta. Ah! Vocês estão falando de água potável? Nunca houve, nem na natureza original, se fezes de peixe não for bebível e o lençol freático prova da porosidade frouxa da terra! As máquinas dessalinizadoras vão acabar com as águas dos oceanos? (https://www.youtube.com/watch?v=MUtVQYqOb1g)(acessado em 07/02/2015). Os ricos sempre viveram melhor, porém sempre pagam com alguma coisa e, nesse caso, a água será a moeda, que atrairá os pobres para se deixarem explorar, é o mutualismos universal: é isso que nos assusta verdadeiramente!
           A Natureza é a oficina de Deus e em cada coisa produz-Se um som educativo. Ele nos fala através dela e, também, da inteligência dos humanos. Duro é Seu silêncio! Todavia, o projeto do milionário Bill Gates, o Omniprocessor, logo teremos um desse caseiro. (http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/01/bill-gates-investe-em-maquina-que-extrai-agua-potavel-de-fezes-humanas.html) (acessado em 07/02/2015).
           Evidentemente, já não me lembro do som de uma cachoeira, nem por isso vou perder a salvação! O som do deslizar da água em queda potável de uma garrafinha para o copo em minha mão mata minhas sedes se eu for criativo. Para aonde poderia ir a água, além da atmosfera, se ela é a mãe da terra?

Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 26/05/2009
Código do texto: T1615076

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O PERFUME DA ARROGÂNCIA ("Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil da nossa arrogância e vaidade." — Rubem Alves)








Crônica Filosófica

O PERFUME DA ARROGÂNCIA ("Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil da nossa arrogância e vaidade." — Rubem Alves)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           

           O único livro de autoajuda que eu recomendo para meus alunos é o dicionário, porque não os pré-dispõe à arrogância. Pois, ainda que seja volumoso demais, nunca ouvi fala de alguém que não precisasse sempre dele. Vício é o que se faz continuamente sem precisão. Mas, os conselheiros do nada lhe fazem ver o sucesso dentro de você mesmo. E a culpa é sua se não prosperar. Tenha fé, dizem as vozes do nada, dos que não conseguem se curar e muito menos curar os outros, então continuam jogando-lhes a culpa por não ter fé suficiente.
           Eu li aquela história Bíblica, composta pelo diálogo da Serpente e a Eva, e não lhe recomendo, diga-se de passagem, por que vi uma sessão de autoajuda na qual o Lúcifer, incorporado na serpente, diz: "...e serão como Deus". Ela saiu dali realmente se achando Deus, porém transportando, de fato, todo engano do capeta, para contagiar seu marido.
           Meus alunos não querem aprender, e nem reconhecem a autoridade dos seus professores, por que os pedagogos da "Aprendizagem Significativa" reforçaram a teoria para eles, dizendo-lhes que "Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo." (Paulo Freire). Como não falta quem diga que eles também são "mundo", ou melhor, são Deuses, cheios de conhecimentos prévios quando chegam na escola, então que o professor se eduque com eles de igual para igual. Antigamente, o professor era mediador do conhecimento e da experiência, agora os alunos também são mediadores de tudo. Como a maioria sempre vence, eles estão educando a menor parte. E a qualidade da educação se perdeu! A culpa final é da corja de incompetente que construíram seus títulos a "distância" e administram o sistema educacional também a "distância".
           Um homem perfumado não sente o cheiro dos outros e, ainda impregnando os demais, força-os ao seu aroma. Assim se explica a arrogância, uma vez acostumado com seu próprio cheiro, o olfato deturpado não reconhecerá, nem seque, a mesma fragrância em outra pessoa, ou seja, hospeda-se no outro, fazendo-o uma extensão de suas características e enche o mundo de si. É assim que tudo vele a pena: concentrar todo esforço para agradar a si mesmo e atrair toda atenção para sua pessoa. Esta é a doença exótica de falso moralismo.

Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 27/05/2009
Código do texto: T1618222

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A PENA DE MORTE E AS INTELIGÊNCIAS ("A velhice é uma tirania que proíbe, sob pena de morte, todos os prazeres da juventude." — François La Rochefoucauld))






Crônica filosófica

A PENA DE MORTE E AS INTELIGÊNCIAS ("A velhice é uma tirania que proíbe, sob pena de morte, todos os prazeres da juventude." — François La Rochefoucauld))

Por Claudeci Ferreira de Andrade


Quem mata não tem consequência, se o matar for regulamentado por lei. "Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou Eu no meio deles." (Mateus 18:18;20). É verdade que os homens podem errar em seus julgamentos, mas Deus, que está em nosso meio, pode impedir que errem na aplicação de uma lei aprovada pelas as autoridades. TODA AUTORIDADE VEM DO SENHOR . “O coração do rei é como um rio controlado pelo Senhor; ele o dirige para onde quer”. (Prov. 21:1). As autoridades políticas vêm do Senhor, a bíblia fala que não existe autoridade que não foi colocada por Deus (Rom.13.1-2). Sócrates reconhecia esse princípio, julgado "injustamente" pela lei dos homens, morreu sem se defender. Jesus também foi julgado "injustamente" pela lei dos homens, morreu sem se defender. A pena de morte não foi condenada ou recusada por esses expoentes, pois experimentaram seus efeitos, podendo impedi-la e não o fizeram.

A pena de morte submetida à luz das inteligências múltiplas pode ser um ritual de purificação, como o era com o bode azazel. Aquela, os de Deus já usavam desde o princípio, estas, os dos Demônios ainda usam. Portanto, toda e qualquer pena é justa com o bom uso das inteligências múltiplas. Talvez, sim, as inteligências múltiplas fujam dos objetivos da ordem, porém, logo, por tabela, Deus usa Demônios na aplicação das leis, forçando a obediência dos rebeldes. E, sempre usa santos para julgar os resultados das leis, visto que de nenhum se perde os talentos. A pena de morte é o combustível do sagrado; as inteligências, combustível do profano! Demônios, combustível de Deus. O sagrado e o profano coexistem em menor ou maior escala para a combustão da vida, e são inseparáveis, como na sombra da tarde, à beira do altar de sacrifício, se misturam a luz e as trevas, o bem e o mal; a condenação e o salvação, num maneirismos fatal.

A ignorância da lei é apenas uma das múltiplas inteligências. Não temos como negar a ideia que a ignorância da lei pode ser uma Benção Divina, se conhecêssemos bem os nossos líderes políticos e religiosos, enfim a natureza humana. Uma ignorância reconhecida é a possibilidade de crescimento, e isso, também, não é totalmente mal! Não se desespere, pois toda rigidez é extravagante, mas, os sábios obedientes não morrem, integram-se ou incorporam-se nos comuns para continuar a incessante busca da justiça. O sangue dos justos salva o mundo, e o sangue do injusto salva a ele mesmo.

Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 28/05/2009
Código do texto: T1620318

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Quem é Amigo de Verdade?




FRASE

Quem é Amigo de Verdade?

          Quer saber o quanto o colega é seu amigo, dê a ele o seu lugar na fila das oportunidades, se conseguir ser amigo dele.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 01/06/2009
Código do texto: T1626638

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TAL HOMEM, TAL DEUS! (Todo Deus tem o adorador que merece, Por isso sou "Charlie Hebdo")







Crônica filosófica

TAL HOMEM, TAL DEUS! (Todo Deus tem o adorador que merece, Por isso sou "Charlie Hebdo")

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Disse o Luis Fernando Veríssimo, e eu concordo plenamente: "Não posso imaginar uma blasfêmia maior do que espalhar os miolos de alguém com um AK-47. Porque tem gente dizendo que os cartunistas do “Charlie Hebdo" foram longe demais, o que equivale a dizer que mereceram o que lhes aconteceu. É o mesmo raciocínio de quem diz que mulher estuprada geralmente estava pedindo."
           Há quem diga ainda que Deus cuida de nós, e se justifica dizendo que se Ele não cuidasse de nós, não desfrutaríamos do fôlego de vida que a nós foi dado para que possamos abrir os olhos todos os dias e vermos o raiar da aurora, seja ela ensolarada, seja ela nublada. É verdade que todos somos agraciados pela vida que temos; também é claro que nem sempre vemos lírios florescerem no caminho e, muitas vezes, nossos ouvidos não ouvem o canto dos pássaros, mas Deus sabe de todas as coisas, é o que dizem, Ele nos dá a resposta certa no tempo e na hora, desde que saibamos perseverá na fé e na humildade, embora seja difícil. Eu já prefiro dizer que Deus cuida mais dos pássaros e dos lírios que dos seres humanos! Já viu pássaro cair do céu? Eu já vi avião e bombas! Já viu os lírios vestirem Jeans? Eu já vi operários! Talvez porque o homem sabe bem cuidar de si mesmo do que o Deus, que ele criou, o faz.
           Têm coisas mais importantes para o homem fazer ao invés de ficar defendendo seu Deus. As pessoas produtivas, que mais precisam do seu tempo de vida útil para trabalhar, são as que mais perdem tempo na malha social, enredadas pelo bombardeio das mídias, por métodos abusivos, abençoados pela justiça, mas que tolhem a fluidez da produção dos humanos: filas únicas. Nesse caso particular, que me parece democracia, está a maior prova de que os privilegiados também são discriminados. Será que terá fila única para a entrada ao céu como aqui nas entidades nas quais vamos pagar nossas contas? Qual será o próximo da fila a ser atacado por fanáticos?
           Se você concluiu que este texto está confuso demais, é que se trata de uma parábola para testar o quanto você é Deus. Mas, não estou zombando de seu Deus, apenas verificando sua onisciência. Por que Ele mesmo não se defende quando criticado? E por que você tem que defendê-Lo? Quem é o maior você ou seu Deus? Por que não é suave com seus métodos perdoadores para disciplinar os brincalhões? Se o Tal Ser é mensurável para você é porque você apreendeu todas as suas dimensões, pelo menos na imaginação. Quem poderá dizer que seu Deus é um ser incompreensível e divino demais para a mente humana? Pode até sê-Lo, porém, não depois de seus adeptos matarem pessoas para se vingar de piadas sem graça. O inconsciente do fanático percebe tudo, e a imaginação é sua extensão de crueldade.
           Por isso, continuo afirmando que Deus é fruto de uma grande imaginação, aliás, o poder de seu Deus está diretamente proporcional ao tamanho da capacidade de sua imaginação. Todavia nem todos atingem grandes patamares. Por isso sou "Charlie Hebdo", e não sou um castigo de Deus, pois trato os outros como gastaria de ser tratado. É preciso muita inteligência e imaginação para brincar de ser homem e de muita ignorância e violência para brincar de ser Deus.

Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 02/06/2009
Código do texto: T1628106

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ABUSIVIDADE DEMOCRÁTICA






PENSAMENTO

ABUSIVIDADE DEMOCRÁTICA

Por Claudeci Ferreira de Andrade
          As pessoas produtivas, que mais precisam do seu tempo de vida útil para trabalhar, são as que mais perdem tempo por métodos abusivos que tolhem sua fluidez: filas únicas. Entendo que os privilegiados também são discriminados.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 02/06/2009
Código do texto: T1628153


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AMIGOS, INIMIGOS MELHORES ("A Bíblia nos ensina a amar o próximo e também a amar nossos inimigos provavelmente porque eles em geral são as mesmas pessoas". Mark Twain)




CrÔnica Filosófica

AMIGOS, INIMIGOS MELHORES ("A Bíblia nos ensina a amar o próximo e também a amar nossos inimigos provavelmente porque eles em geral são as mesmas pessoas". Mark Twain)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O pensamento de José Soder sobre renunciar à vingança como uma forma de perdão tem ecoado em minha mente há dias. Há uma nobreza inegável nessa escolha de silêncio diante da ofensa. Contudo, essa postura frequentemente me deixa com uma sensação incômoda, como se, ao evitar confrontar o mal, eu estivesse permitindo sua propagação, prejudicando talvez outros no processo.

"Não obstante, sempre é possível renunciar à vingança, o que já representa uma espécie de perdão", disse Soder. Embora esse caminho pareça virtuoso, questiono-me: ao não interromper alguém que vejo fazendo algo errado, não estaria, paradoxalmente, prejudicando meu próprio inimigo? O sábio Salomão alertou: "Quem ajuda o tolo terá que ajudá-lo novamente" — um lembrete de que certas intervenções podem criar ciclos de dependência nocivos.

Esta dualidade me assombra. Desejo me afastar de quem me deseja mal, criar uma distância segura que me permita respirar em paz, longe das acusações e das tentativas de me moldar a uma imagem distorcida. À medida que mantenho essa distância, percebo que muitos dos "defeitos" que me apontam são, na verdade, projeções de suas próprias sombras — projeções que se dissipam quando o afastamento se torna um escudo protetor.

Martin Luther King nos alertou: "No final, não nos lembraremos das palavras dos nossos inimigos, mas do silêncio dos nossos amigos." Esta observação ressoa forte em mim como um lembrete doloroso de que, por vezes, a omissão daqueles que deveriam nos apoiar pode ser mais cortante do que a hostilidade declarada dos adversários.

Neste labirinto de relações, encontro verdade nas palavras de Alfred de Musset: "As coisas mais desagradáveis que os nossos piores inimigos nos dizem pela frente não se comparam com as que os nossos amigos dizem de nós pelas costas." Esta reflexão encontra eco em Mark Twain, que ironicamente observou: "A Bíblia nos ensina a amar o próximo e também a amar nossos inimigos, provavelmente porque eles, em geral, são as mesmas pessoas."

À medida que prosperamos, nossos desafetos parecem aumentar na mesma proporção, sobrecarregando-nos com expectativas e julgamentos que podem nos levar ao esgotamento. Amigos e inimigos, frequentemente, não contribuem para nossa evolução moral; apenas nos acusam e cobram injustamente além das nossas forças, sem uma compreensão genuína, buscando apenas medir forças para verificar onde podem se sobressair.

E a solidão... Ah, a solidão que se abate quando a bonança se esvai! É curioso como, nos momentos de dificuldade financeira ou emocional, os amigos se afastam e os inimigos desaparecem de vista. O pobre ou o "quebrado" vê-se condenado a uma solidão quase irremediável. Nessas horas, o velho ditado de que "todas as riquezas do mundo não valem um bom amigo" soa como uma piada amarga. Talvez a verdade seja o inverso: todos os bons amigos do mundo não superam a valia da autonomia financeira conquistada, muitas vezes, apesar deles.

Se o dinheiro e o suprimento das necessidades básicas podem proporcionar a segurança e a paz que muitas amizades "verdadeiras" jamais ofereceram, por que suportar sacrifícios e manter o ritual de presentes e obrigações sociais? E, ainda, por que, questiono-me, as amizades na velhice parecem restringir-se a um círculo igualmente envelhecido, como se existisse uma segregação etária nas relações humanas?

Ao final desta reflexão, sinto um misto de cansaço e lucidez. A chave talvez não esteja em decifrar as motivações obscuras de amigos e inimigos, mas em fortalecer minha própria jornada interior. Em construir um refúgio onde as opiniões alheias — sejam de afeto ou hostilidade — não tenham o poder de me desestabilizar.

A verdadeira paz possivelmente reside na aceitação da complexidade das relações humanas e na busca por uma autonomia que me permita seguir meu caminho com serenidade. Aprender a discernir quem merece um lugar em minha jornada e quem é melhor manter à distância talvez seja a sabedoria mais valiosa: aquela que me permite, finalmente, descansar em paz, livre de projeções e expectativas alheias que não me pertencem.


Como seu professor de sociologia, preparei 5 questões discursivas simples, baseando-me nas ideias principais desta crônica:


1. A crônica explora a ambivalência nas relações sociais, tanto com amigos quanto com inimigos. Sob uma perspectiva sociológica, como podemos analisar a complexidade dessas relações, considerando os sentimentos de apoio, traição, competição e isolamento presentes no texto?

2. O autor questiona o valor da amizade, especialmente em momentos de dificuldade e em comparação com a segurança financeira. Do ponto de vista da sociologia das relações sociais, como as necessidades materiais e emocionais influenciam a formação e a manutenção de laços sociais?

3. A crônica aborda a ideia de que o sucesso pode gerar mais "desafetos" e sobrecarregar as relações. Sob uma perspectiva sociológica, como a dinâmica de poder, o status social e a competição podem afetar as interações entre indivíduos, tanto em amizades quanto em inimizades?

4. O texto reflete sobre a solidão e o afastamento de amigos em tempos de crise. Do ponto de vista da sociologia da solidão e do apoio social, como a estrutura social e as relações interpessoais podem contribuir para o sentimento de isolamento e quais são as possíveis consequências sociais e individuais dessa experiência?

5. A crônica conclui com a busca por paz interior e autonomia como forma de navegar nas complexas relações humanas. De que maneira a sociologia pode contribuir para a compreensão da individualização e da busca por bem-estar pessoal dentro de um contexto social marcado por relações muitas vezes ambivalentes?

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