"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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sábado, 29 de agosto de 2015

QUEM COLHE(,) PLANTA... ("Ele, porém, lhes respondeu: ‘Um inimigo fez isso’. Então os servos lhe propuseram: ‘Senhor, queres que vamos e arranquemos o joio?’" Mt 13:28)




Crônica da vida escolar

QUEM COLHE(,) PLANTA... ("Ele, porém, lhes respondeu: ‘Um inimigo fez isso’. Então os servos lhe propuseram: ‘Senhor, queres que vamos e arranquemos o joio?’" Mt 13:28)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

            Já vi por muitas vezes os alunos fazerem abaixo assinado, querendo se livrar de professores indesejáveis; agora, professor recorrer do maldito instrumento para se livrar da turma insuportável é a primeira vez. Está achando ridículo? Então, tente imaginar as condições daquele sexto ano de quarenta e cinco alunos indisciplinados, com uma idade variando dos dez aos dezessete anos, onde os mais velhos massacram os mais novos! E pior, eu também o assinei procurando me livrar deles! E os costumados a colaborar, viciados nas vaquinhas de tudo, até pagando a confecção do horário das aulas, pois a coordenadora nem conseguiu fazê-lo, de forma alguma ofereceram resistência alguma a assinar, também, a petição. O desfecho não foi favorável, mas percebi que, na escola, uma assinatura de um aluno "de menor" vale mais do que a de um professor pós-graduado, em se tratando da permanência do mesmo.

Até então, eu acreditava na revolução dos docentes rumo à melhora do sistema educacional, contudo morreram todas as minhas crenças nisso. "É abominável quando a serva manda em sua senhora" (Prov. 30:23). Porém, por aqui, primeiro manda os alunos, depois os pais dos alunos, ... enfim, o caranguejo, numa marcha à ré, vai disparado ao brejo, porque a vaca já está lá. E outros estão usando o brejo também para lavar a égua.

Quase nunca se tem dinheiro para nada na escola, as verbas jamais vieram, não prestaram as contas na data marcada, e condições melhoradas de trabalho nem se fala, é uma peleja, parece-me que essa deficiência nos enfraquece perante a comunidade. Nem o machismo, ou feminismo, ou o modismo somam forças suficientes para arrastar o carrancismo da história educacional. O apagão, ou melhor, o "alunadão" de todas as penumbras escurece os lugares que deviam estar iluminados. Escola deveria ser lugar de estudante, mas é primeiramente de políticas! Todavia, a verdade sempre aparece, e aqueles, os semeadores do mal devem fazer a colheita no inferno.
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 21/08/2015
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sábado, 8 de agosto de 2015

EXTENSÃO DE CARGA HORÁRIA NO INFERNO ("Se você está atravessando o inferno... não pare." )



Crônica

EXTENSÃO DE CARGA HORÁRIA NO INFERNO ("Se você está atravessando o inferno... não pare." )

Por Claudeci Ferreira de Andrade

                      Quando terminaram as férias de julho (2015), precisei fazer um complemento de minha carga horária em outra unidade escolar municipal. Sim, na unidade em que eu estivera sempre lotado na carga completa. Bastaram-me avisar o fechamento de uma turma, então eu já sabia onde ir: Secretaria de educação. Lá fui bem recebido, apesar da demora na sala de espera, contudo percebi o empenho, a auxiliar da Secretária de educação se esforçou o máximo procurando uma localidade para mim. Finalmente, recebi uma ordem de serviço garantindo-me oito aulas de produção textual. De certa forma, eu estava feliz, até que me deparei com o verdadeiro problema, cheguei onde me mandava o documento: Sorrisos hipócritas para cá e para lá, apertam minha mão um e outro, mas a Professora de quem assumi as aulas visivelmente triste e abatida, com certeza se vigará, nunca mais posso contar com ela ali naquela unidade escolar, e não devo esperar elogios dela. Diminuiu seu salário por minha causa. Será mais uma a "puxar meu tapete". 

           E o problema foi se avolumando, vi uma grande barreira quando o diretor e sua secretária local expuseram a tamanha dificuldade em mudar o horário das aulas, senti-me disforme e "encaixável". Por um instante, juro que pensei sair correndo dali e voltar à secretaria para abandonar aquelas aulas, terminar o ano na carga mínima. Por último, depois de sentirem meu constrangimento, sugeriram que eu pegasse carga completa ali, evitando mexer no horário deles. O que não evitaria a confecção de novo horário das aulas na outra escola sem mim por lá. Confusão alegada, o gestor estava preocupado só com o umbigo dele. Queria de imediato meus dias disponíveis como se dependesse somente disto para destravar aquele impasse.  A essa altura, eu nem estava mais raciocinando direito, ensurdecido pelos "iixiiii" da auxiliar de secretaria que escutava a conversa. Ela nunca me simpatizou, jamais seria agora, ainda é mãe de um ex-aluno meu, franzindo a testa, pediu-me de imediato e taxativamente a cópia de todos os meus documentos para formar uma pasta colecionando meus dados ali. Eu não estava lhe pedindo uma modulação ali, era uma ordem da Secretaria para completar a minha modulação da outra escola. Em meio a suspeita de inadequação ou praxe, senti-me testado. Pensei em me defender, porém, como? 
           Passadas duas semanas, finalmente ficou pronto o horário de aula, parecia-me ter algo errado, exigi minhas oito aulas autorizadas na ordem de serviço da secretaria, mas imediatamente me fizeram assinar um documento no qual me fazia ciente de que eram só, exatamente, oito aulas. Também achei estranho! Lógico, perdi uma aula de planejamento. Deixa para lá. Decidi pela maneira mais difícil, vou aceitar o desafio e permanecerei até não puder mais. Talvez terei dolorosos assuntos, pelo resto do ano, para compor minhas crônicas da vida escolar, como lucro. Pois, não recebi pagamento algum por aquelas aulas, no início do quarto bimestre fui convocado pela secretária de minha escola de modulação para assinar um ciente de carga mínima (15 aulas, o documento está na secretaria de educação municipal, significou que aquelas aulas nunca entraram na folha).
            Aí, não adiantou ter lido Frederick Herzberg:  "A verdadeira motivação vem de realização, desenvolvimento pessoal, satisfação no trabalho e reconhecimento." Todavia o "trator de esteira" aqui não sabe o que é isso.  Também aprendi, onde está o outro extremo, com Frank Lloyd Wright: "Um profissional é aquele que faz o seu melhor trabalho quando menos vontade tem de o fazer". Como sempre fiz, enfrentarei os problemas, fazendo o que tem de ser feito. Mesmo o pensamento do Bruno Toddy advertindo-me: "Pessoas agem pelos seus próprios esforços, como um "Trator de indignações", e acabam deixando de lado a confirmação e vontade de Deus!" Que Deus me perdoe, mas o que me roubaram outros instrumentos de diabo o defraudarão seus despojos.  O Meu perdão não lhe salva das consequências.

Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 02/08/2015
Reeditado em 07/08/2015
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sexta-feira, 31 de julho de 2015

EM FÉRIAS COM PAPAI (É como se eu restaurasse meu sistema operacional, funciono melhor!)



Crônica

EM FÉRIAS COM PAPAI (É como se eu restaurasse meu sistema operacional, funciono melhor!)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

                      Visito anualmente minha terra natal e meus ancestrais afim de me compreender melhor. Araguaína-To, o berço dos meus primeiros vinte anos, mais meia década em Belém de Maria - Pe, somam os anos mais importantes de minha vida. "A vida só se compreende mediante um retorno ao passado, mas só se vive para diante"(Soren Kierkegaard). Quando volto, é restauração do meu sistema operacional, assim funcionará melhor! Depois de muito fazer isso, hoje de forma aperfeiçoada, ainda sou o mesmo vivente de lá. Preciso me beneficiar daquelas lições mais uma vez, faço como disse (Mário de Andrade): "Passado é lição para refletir, não para repetir". Contudo, jamais posso invalidar as providências de Deus e o Seu trabalho em minha vida. Também os parentes precisam de mim, embora  indiretamente.
           Mais uma vez, vi aquela velha máquina de costura, num bom estado de conservação, com sua marca em alto relevo: "LEONAM", em um canto funcional, na oficina de meu pai, onde, com ela, ele conserta os guarda-chuvas da redondeza. O meu velho com oitenta e dois anos de idade, está ainda trabalhando e fazendo história! E novamente, achei muito interessante ter o nome dele ali no modelo daquele instrumento, usado por minha mãe, bastando ler-se de trás para a frente: MANOEL. E perdurará por muitos e muitos anos ainda, se Deus o permitir! Então, participei de um singular momento e bastante familiar. Visualizei mentalmente minha mãe sentada por horas a fio, fazendo suas costuras. Eu em êxtase, ouvindo o barulho da máquina, como era antigamente, ora fazendo os remendos nas nossas roupas, ora ensaiando um modelo novo enfeitando a família. Lembrei-me de coisas que também não gostava, ela nos vestia com roupas iguais, comprava uma peça grande de tecido e fazia roupas iguais para todos nós. Nós nos apelidávamos de "turma tinta", porque íamos passear com as roupas novas, todas com a mesma estampa.
           Outras coisas renasceram no momento, e ainda flutuam em minha memória. Quando meu pai me disse ser aquela máquina muito importante, também pelo o valor sentimental embutido nela. Provou isso, pois, tinha vendido por um aperto financeiro e a comprou de volta. É uma extensão de minha mãe ajudando meu pai, como sempre, é sua presença representada ali naquela oficina. Tentei lembrar do rosto físico dela, mas só me sobrou a face do seu amor. Entendi que nossas coisas se encarregam de ser palidamente o que fomos em vida, dependendo da leitura feita delas. Minhas lições de vida estavam ali, naquele exato momento de contemplação. Confesso minha emoção e não pude conter as lágrimas brotantes em meio do silêncio de uma consciência pesada por pouco ter feito, retribuindo tanta dedicação com tão pouco recurso e sem muito talento, pois estudara quase nada, porém seus instintos maternos já nos bastavam, agora compreendo melhor suas intenções e sinto muito sua morte! Esforcei-me para achar algum erro naquelas cenas mentais em tons de cinza, mas o presente era eloquente demais. Graças ao passado, o tempo explicava-me tudo, ou melhor, o passado falava-me agora por si mesmo. Cada desfecho era o desatar feliz dos nós dos idos tempos.
           Meu pai, ainda meu grande presente, por estar vivo. E eu agradeço a Deus. Nunca deixei de ser filho, mesmo já sendo pai, apenas o compreendo como filho. Assim, o obrigo a ser eterno, porque só nossos filhos desejam nossa eternidade. E gostaria que minhas raízes fossem eternas!

Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 29/07/2015
Reeditado em 31/07/2015
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sábado, 27 de junho de 2015

LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA: A "LAN HOUSE" GRATUITA DA ESCOLA (Será que não se pode mais fazer aulas debaixo de uma árvore?)



Crônica

LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA: A "LAN HOUSE" GRATUITA DA ESCOLA (Será que não se pode mais fazer aulas debaixo de uma árvore?)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           A escola que não ensina merece a indisciplina. Então, nem é mais possível ser professor, basta ser poeta! Também, pelas decisões tomadas na escola em desfavor do professor, deixam claramente o quanto vale um aluno! E assim, o professor vive pisando em ovos, por medo de puxarem seu o tapete, por isso, finge-se ensinar, dizendo só o que os clientes querem ouvir. Por que essa é atualmente uma profissão muito arriscada. Lidamos com o "de menor" muito sensível e jamais faltam os desregrados protetores. Então, pergunto de passagem: é possível haver ensino/aprendizagem quando o aluno ou professor se protegem um do outro? E o pai vai à escola bater no professor, reivindicar o direito do aluno fazer o que bem quiser na escola. 
           Dessa vez, levei-os ao laboratório de informática diferenciando a aula, com as novas tecnologias, eu já esperava, conhecendo eles muito bem, mas tentei novamente. Quando tomaram posse dos computadores, todos abriram seu Facebook e ignoraram o meu planejamento para eles, alegando sobre o áudio está incompreensível (na verdade o equipamento era ruim mesmo, tinha muito ruído). Comecei a gritar desesperadamente e, por um instante, alguns fingiam prestar-me atenção, ainda que em qualquer descuido meu, voltassem à página do lazer. Outros insistiam em tapar os ouvidos com o "foninho". Frustrado duas vezes, nem conseguia cuidar da disciplina e nem ministrava a aula. Depois, porque eles nem olhavam no vídeo exibindo na parede e nem às minhas orientações. O resultado foi óbvio, ninguém conseguiu terminar uma simples atividade, em uma aula, sendo só produzir um pequeno texto abordando a comparação conceitual entre moral, amoral, ética e imoral.
            Quero ressaltar sobre a necessidade do laboratório de informática ter condições físicas de uso adequado e bloqueios disciplinares no equipamento tecnológico. Por outro lada, assim com muitos limites, essa controle tem os seus negativos também,  como se  ensina se é preciso limitar a internet afim de canalizar os conteúdos necessários! E se liberar geral, vira só a "Lan house" gratuita da escola. Quando o lanche é servido lá, vira o "cyber café". E Jean Piaget falou: "A principal meta da educação é criar homens capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram". A segunda meta da educação muito importante também, digo eu, é formar mentes criticas, verificadoras, analisadoras de tudo. Pois é! Se tem de ser assim, então o que estou querendo deles, tentando domesticá-los à decência e ordem no laboratório de informática? Mesmo pedindo que sejam criativos, tem de partir deles a vontade! Assim fico sozinho assistindo ao vídeo proposto na aula. O conteúdo do vídeo era o Jô Soares entrevistando o Prof. Dr. Mário Sergio Cortella, sobre ética e moral. Enquanto eles, usando o fone auricular, atendendo seu bate-papo patrocinado forçosamente por minha aula, porque briguei com eles e não adiantava.
                       Na minha opinião, precisamos de uma escola simples, do tipo daquelas de antigamente; sendo só o essencial, bastando o desejo de ensina nos professores e o desejo de aprender do aluno! Ou antigamente não se formavam homens ideais? Quem quiser pague o seu lazer. Será se não se pode mais fazer boas aulas debaixo de uma árvore?
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 18/06/2015
Reeditado em 27/06/2015
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sábado, 13 de junho de 2015

OS SONHOS DA ESCOLA! ("A esperança é o sonho do homem acordado". — Aristóteles)


Crônica

OS SONHOS DA ESCOLA! ("A esperança é o sonho do homem acordado". — Aristóteles) 

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           NO VELHO NORMAL, ERA ASSIM: Dos filhos dos outros, dizíamos: "Nem todos nasceram para estudar". Mas, quando são os nossos: "Por que largaram os estudos?" Os pais acreditavam na escola como uma instituição necessária na formação dos jovens. Talvez, maltratam ainda os professores para domá-los ao passado. Porém nada é igual a antes!
           Está claro que a família influenciava na indisciplina escolar, especialmente por não primar pelos valores éticos, morais e sociais. Como dissera, Francielly Gomes dos Santos Carmo: "A família é o sustentáculo da vida, com ela aprendemos o que é ser ético, respeitar a diferença de cada ser, os limites que nós temos, enfim é o início para convivermos em sociedade. Ela que nos enche de carinho e amor é o nosso bálsamo de segurança e conforto para enfrentar qualquer problema que venha adiante." Então a verdade é que uma família esfacelada não tem moral para cobrar da escola milagres na educação dos seus filhos. E nem podendo contribuir com os professores!
           Estou esperando viver o suficiente para ver a evolução na relação família e escola com o novo modelo de família que a sociedade já adotou, o casamento gay, por que com o pior, já estávamos acostumados, a de pais divorciados. 
           Pensando melhor, não acredito que tudo vai ficar bem no Novo Normal. Dissera com propriedade o Tiririca. "Pior do que está não vai ficar". Ainda que eu concordasse com sua expressão, hoje entendo que há sempre uma nova possibilidade de piorar. É de quem mais se respeita sua diversidade, que mais se espera bons fluidos! Porém são esses exatamente os que mais desrespeitam as normas tradicionais da escola, na tentativa de conquistar mais atenção gratuita e pregar sua ideologia! E assim, gera a indisciplina e a desordem no ambiente escolar. Não existe mais lugar para uma sala de aula com 40 pessoas, todas fazendo o que bem entender em nome da seu direito de liberdade? A escola que ensina a liberdade também sofre por não ter liberdade. E o sonho ainda vai esperar! Ou já acabou e eu nem acordei?
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 01/06/2015
Reeditado em 13/06/2015
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segunda-feira, 8 de junho de 2015

É POSSÍVEL PREVER A MORTE!!

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sábado, 6 de junho de 2015

BRINCANDO COM O DIABO ("Todos os monstros que viviam me amedrontando, não estavam embaixo da minha cama; eles estavam dentro de mim" — Rita Padoin)


Crônica

BRINCANDO COM O DIABO ("Todos os monstros que viviam me amedrontando, não estavam embaixo da minha cama; eles estavam dentro de mim" — Rita Padoin)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Era mais uma tarde na sala de aula, o calor abafado conspirava contra qualquer tentativa de concentração. Enquanto eu tentava explicar as nuances da literatura barroca, percebia os olhares perdidos e os suspiros de tédio. Foi então que tive uma ideia – daquelas que você sabe que pode dar terrivelmente errado, mas não consegue resistir.

"Pessoal," anunciei, interrompendo minha própria explicação, "que tal uma pequena pausa? Vocês já ouviram falar do jogo 'Charlie Charlie'?" O burburinho começou instantaneamente. Os alunos evangélicos, sempre os mais atentos, trocaram olhares preocupados. Mas antes que pudessem protestar, Marcelo, o garoto que sempre buscava atenção, já estava em ação.

Com uma rapidez surpreendente, ele rabiscou uma cruz em uma folha, escreveu "Sim" e "Não" nos cantos, e posicionou dois lápis em formato de cruz sobre o papel. "Charlie, Charlie, você está aqui?" A voz de Marcelo ecoou pela sala, rouca e teatral. O silêncio que se seguiu foi quase palpável. Vinte pares de olhos fixaram-se nos lápis imóveis.

Naquele instante, nem eu, o professor, consegui impedir o que estava por vir. Talvez por curiosidade, talvez por me sentir um espectador naquele circo bizarro, deixei a cena se desenrolar. Foi então que decidi intervir. Com um sopro discreto, fiz o lápis de cima girar para o "Sim".

O efeito foi instantâneo e caótico. Gritos abafados ecoaram, cadeiras foram empurradas, e em segundos a sala estava quase vazia. A histeria se instalou, alguns saíram correndo porta afora, outros me olhavam como se eu fosse o guardião de algum segredo macabro.

Fiquei ali, sozinho, rindo da situação absurda. Eu, um professor de literatura, acabara de interpretar o papel do próprio diabo! A ironia não me escapou – em vez de discutir Gregório de Matos, estava ali, brincando de entidade sobrenatural.

No fundo, eu ria por também dentro. Aquelas crianças, sempre ávidas por algo que quebrasse a monotonia, haviam se deixado levar por uma farsa simples, mas eficaz. Não pude deixar de pensar: se o Diabo tivesse o trabalho de atender a todas as escolas que invocavam o tal "Charlie", estaria esgotado. Com tanta indisciplina, violência e desrespeito por aí, o Inferno já estaria lotado.

Enquanto arrumava a sala, refleti sobre o ocorrido. Não senti remorso por ter assustado os alunos, mas sim uma certa tristeza. Tristeza por ver como o medo ainda é uma força tão poderosa, capaz de unir pessoas mais do que o amor ou a compaixão.

O que mais me intrigou naquela experiência não foi o movimento do lápis, mas perceber como o medo uniu aqueles jovens, mesmo que por um breve momento. Eles, que tantas vezes desafiavam qualquer autoridade, agora se sentiam vulneráveis, pequenos diante de algo que acreditavam ser maior. E me dei conta de que o medo, esse sentimento tão primal, era também o que movia muitos deles em direção à igreja, à fé. Não por amor, mas por receio.

Pensei em como as igrejas, as escolas e até mesmo a mídia muitas vezes se aproveitam desse medo do desconhecido, do "mal", para controlar e influenciar. Quantos "diabos" não são criados diariamente para justificar ações, para agrupar pessoas contra um inimigo comum?

E quem é, afinal, o verdadeiro Satanás? Talvez, ele não seja aquele de chifres e cauda, cuspindo fogo, como tantos imaginam. Talvez, o verdadeiro inferno seja o que criamos aqui, entre nós, quando permitimos que o medo governe nossas ações, quando esquecemos de olhar uns para os outros com empatia e compaixão.

Guardei os lápis na gaveta, determinado a usar essa experiência em minha próxima aula. Talvez, pensei, o verdadeiro "Charlie Charlie" não seja um jogo bobo, mas o desafio diário de questionar nossas crenças, enfrentar nossos medos e buscar entendimento além do superficial.

Saí da sala com um sorriso nos lábios, refletindo que, no final das contas, a aula daquele dia não foi sobre o Diabo, mas sobre nós mesmos, sobre o que escolhemos acreditar e o que nos move a agir. E se, em vez de fugirmos de nossos medos, os enfrentássemos com curiosidade e pensamento crítico?

Amanhã seria outro dia, e eu mal podia esperar para ver os rostos dos meus alunos quando eu lhes contasse que, por alguns minutos, seu professor de literatura tinha sido o próprio diabo – e que não era tão assustador assim.


Com base no texto apresentado, elabore respostas completas e detalhadas para as seguintes questões:


O texto relata uma experiência inusitada em sala de aula. Qual a principal reflexão que o professor faz sobre o comportamento dos alunos e sobre o papel do medo na sociedade?


O professor utiliza a figura do "Charlie Charlie" para explorar quais temas relacionados à religião, à fé e à sociedade?


Como o professor relaciona a experiência com o jogo "Charlie Charlie" com a forma como as instituições, como igrejas e escolas, utilizam o medo para controlar e influenciar as pessoas?


Qual a crítica implícita do professor à visão tradicional do diabo e do inferno?


Qual a lição que o professor pretende transmitir aos alunos com essa experiência?

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sábado, 2 de maio de 2015

SACO DE PANCADA ("A felicidade mais elevada é aquela que corrige os nossos defeitos e equilibra as nossas debilidades." - Johann Goethe )



Crônica da vida escolar

SACO DE PANCADA ("A felicidade mais elevada é aquela que corrige os nossos defeitos e equilibra as nossas debilidades." - Johann Goethe )

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Depois de ler a obra de Reinaldo di Lucia — (Sócrates e Platão: precursores do espiritismo?) — "Segundo Kardec, de tempos em tempos, Deus manda um enviado com a missão de reunir estes conhecimentos esparsos em um corpo de doutrina consistente. E assim Kardec afirma sobre Sócrates e Platão possuírem as mesmas ideias cristãs, ainda que de uma forma menos estruturada." Baseando-me nessa ideia, disse aos meus alunos, em um momento de reflexão, sobre Jesus reproduzir os pensamentos de Sócrates. E uma menina, daquelas indisciplinadas, ainda no oitavo ano do vespertino, acusa-me de mentiroso e não saber de nada. Incomodou-me muito sua contestação desrespeitosa. E doeu mais, porque eu já vinha "baleado" do turno matutino daquele mesmo dia, pois outro aluno dissera jamais confiar em mim, do segundo "C". Um fato leva a outro, lembrei-me da semana passada, uma aluna, do segundo "D", mostrou-se ofensivamente, dizendo não confiar em mim pela a seguinte atitude: Quando a classe foi convidada para lanchar e todos saíram, então ela disse, em voz alta, que nem pretendia pegar o lanche, mas ia sair, pois de forma alguma podia ficar sozinha comigo na sala por 3 minutos apenas. Não sei exatamente sua intenção, porém ela me fez sentir, naquele momento, um estuprador.
           Enquanto aqui na internet, eu me sinto o "bam-bam-bam", inteligente e tudo o mais, na sala de aula sempre têm aqueles que me fazem sentir um lixo, dirigindo-me estes "deslogios": desinformado, estuprador, perigoso, esquisito e velho caduco. Talvez lhes dei motivo para tais julgamentos, leram minha crônicas, fieis a minha realidade profissional: "bola de maldade". Então faço minhas a palavras de Alessandra Espínola:  "Eu gostaria de saber passar por esse circo dando gargalhadas o tempo todo, mas às vezes, meu palhaço é triste."
           E estou certo, pisar em falso nunca, pois no trabalho, muitos estão me filmando literalmente, e até uma das mães de plantão disse à sua filha (minha aluna do nono ano): "fica longe daquele velho doido". Agora me pergunto como ensinarei essa jovem resistente ao seu professor?  Todo meu esforço de aproximação a eles tem objetivos didáticos,  os técnicos da educação disseram-me sobre se identificar com os jovens facilitando a relação e o ensino-aprendizado, estou nessa. Mas, eles e elas falam qualquer coisa, de tanto escutarem o indesejado, essa é minha culpa imposta, pois ensino às ordens do sistema! De jeito nenhum, quero imaginar se os meus colegas professores passam por isso também. Todavia, pelo o silêncio deles, sou forçado a acreditar no pior... Ou o quanto se envergonham de mim,  quando revelo o que querem esconder. E ainda me tacham de faltoso do companheirismo por sonegar à "vaquinha". Porém, devem sofrer menos! E ainda bem, estão ensinando mais! Resta-me tentar compensar a mancha que desenhei no jaleco branco a categoria, por isso  sempre me uno ao grupo nas ocasiões da greve, apesar de ser contra qualquer movimento forçador do reconhecimento de competências, porque grevistas se mostram geralmente a quem não precisa vê-los, e/ou prejudicando as pessoas erradas, e/ou ainda, especificamente greve de professor está desacreditada por resultar sempre em nada. E todos provam minha boa intenção, quando paro de trabalhar a mando do sindicato; além do mais, pago minha taxa sindical e ele me representa! Digo tudo isso para ser fiel aos relatos de minha vida escolar. "Os poetas são impúdicos para com as suas vivências: exploram-nas" (Friedrich Nietzsche). Peço-lhes desculpas se exagerei, eu compreendo seu olhar torcido, pois de forma alguma confiamos naqueles esquisitos, pois, nos metem medo. Apenas aconselho, jamais se esqueçam: "as aparências enganam"; não é prudente julgar o livro pela capa; eu sou um pouquinho pior!
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 29/04/2015
Reeditado em 02/05/2015
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sábado, 25 de abril de 2015

O QUE REALMENTE VALE A PENA? ("É muito melhor viver sem felicidade do que sem amor". -- William Shakespeare)


Crônica

O QUE REALMENTE VALE A PENA? ("É muito melhor viver sem felicidade do que sem amor". -- William Shakespeare)Por Claudeci Ferreira de Andrade


            Eu estava lendo Mario Quintana, e ele me impressionou com essa frase: "A felicidade bestializa, só o sofrimento humaniza as pessoas." Então lhe questionei sobre precisar jamais procurar o sofrimento, ele é inerente! Mas, a felicidade se procura sim! Lembrei-me do John Stuart Mill: "Aprendi a procurar a felicidade limitando os desejos, em vez de tentar satisfazê-los." Tudo em nome da humanização! Por isso, nem gosto de comer, de dormir, de "f" e tomar banho! Só o necessário, mantendo o grau de infelicidade já conseguido. Pensando nisso: como apenas o necessário, logo me privo do viver para comer; Dormir se parece muito com morrer, e isso não me agrada; "transar" é muito esforço obtendo breve prazer, o orgasmo de 5 segundos de forma alguma vale a meia hora de suor; banhar estraga a pele, os óleos naturais nos protegem de insetos picadores. E me defendo, usando as palavras de Albert Einstein: "Jamais considerei o prazer e a felicidade como um fim em si e deixo este tipo de satisfação aos indivíduos reduzidos a instintos de grupo". Por que as pessoas comuns se esforçam tanto para mostrar prazer ou desfrutando da vida? Fazem de tudo, e há aqueles que se sentam à porta da rua com uma latinha de cerveja na mão, sendo visto por muitos, que ele bebe e farreia; é o "lascadão na vida".
             Agora compreendo o filósofo, Luiz Felipe Pondé quando disse em seu texto: "Deus me livre de ser feliz": "A mania da felicidade nos deixa retardado" Preparar-se para o pior é uma forma de antecipar a qualificação própria do prazer. Depois de tudo, posso dizer que só o combate nos faz felizes. Uma luta prenuncia outra luta. Querer ser feliz é querer parar de sofrer e sem sofrimento não há viver. Então prefiro viver lutando, pois o contrário é atrofiar meus talentos. Na luta, há outra felicidade!
Klawdessy Ferreira

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Enviado por Klawdessy Ferreira em 18/04/2015
Reeditado em 25/04/2015
Código do texto: T5211388
Classificação de conteúdo: moderado

sábado, 18 de abril de 2015

TRABALHO INFANTIL NÃO É SERVENTE? ("O que não foi vivido totalmente, volta." - Fabrício Carpinejar)



Crônica

TRABALHO INFANTIL NÃO É SERVENTE? ("O que não foi vivido totalmente, volta." - Fabrício Carpinejar)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

            Os combatentes da exploração do trabalho infantil, um mal a ser erradicado, fazem-no com tanta força, parecendo-me que o mundo está se acabando em "trabalho infantil". Então, pondero: nem só a criança, mas qualquer pessoa estando submetida a quaisquer atividades prejudiciais ao físico, mental e espiritual deve ser protegida. Não devemos apoiar a escravidão. Porém, como seria o mundo sem o trabalho infantil artístico? De quem é a culpa quando uma criança se torna um marginal, desde cedo na vida? Quando a Bíblia diz sobre o ensinar as crianças no caminho que devem andar e quando forem velhas jamais sairão dele (Pv 22:6); creio, está também implícito no verso citado a ocupação da mente com coisas úteis, pois é necessário, senão mente vazia é oficina do "Capiroto"! Só se aprende a trabalhar, trabalhando; também a boa administração das economias próprias é importante; enfim, o senso de responsabilidade e organização do tempo estão divinamente ligados ao trabalho de quem quer que seja laborioso, independente da idade, vale mais a quem madruga. O trabalho dá significado à vida! Quando nos perguntamos por que existimos? O trabalho nos responde: é para sermos úteis uns aos outros. Todos os homens, existindo raríssima exceção, os quais começaram a trabalhar bem cedo na vida, tornaram-se homens de sucesso.
           Qual, de fato, é a atuação da escola no formato de substituta do trabalho, ocupando a vida das crianças, como muitos querem que seja? E quanto vale a polissemia  do Lugar-comum: "Lugar de criança é na escola!" E quando a escola se torna pai e mãe de tempo integral, pretendendo ser o lugar para se aprender a viver? Como assim? Se a socialização ali é recomendada com restrição pelos próprios pais, selecionando os amigos aos seus filhos, formando assim as ditas "panelinhas". Então, nunca se pode conviver proveitosamente em meio dos que não servem de companhia?
           Um crítico sem conhecimento de causa é apenas um "zoilo". Por isso critico e combato a ociosidade infantil, pois sempre trabalhei, desde meus dez anos de idade e hoje sou professor. Ajudar as mães, pode, são afazeres de casa e de forma alguma se configura trabalho infantil; mas, ajudar o pai na oficina mecânica, jamais, é exploração do trabalho infantil!! Assim dizem os doutores nas ciências que desconheço! Todavia, nas minhas críticas, há sempre muitas sugestões boas, depende apenas das relações intelectuais feitas por quem as lê. É uma pena! Serem privadas a analfabetos funcionais, os quais não estudaram bem, pois nem sequer trabalharam na infância, o sistema esquerdista está cheio desses. Talvez entendam isto: Para fazer melhorar, interessa o "certo", interessa também o que está "errado". Não sou um professor explorador, apenas me moldei pela maioria do passado, servindo assim aos fracos de hoje por motivo de sobrevivência. Cada coisa em seu lugar!
Klawdessy Ferreira

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Enviado por Klawdessy Ferreira em 13/04/2015
Reeditado em 18/04/2015
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