"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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sábado, 16 de fevereiro de 2013

"ESQUEMA PERVERSO" ("Vivemos num mundo onde nos escondemos para fazer amor! Enquanto a violência é praticada em plena luz do dia." — John Lennon)



"ESQUEMA PERVERSO" ("Vivemos num mundo onde nos escondemos para fazer amor! Enquanto a violência é praticada em plena luz do dia." — John Lennon)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Observando o mundo através da lente de uma crônica envolvente, como "VIREI PRAGA" da colega Marília Paixão, uma questão recorrente me veio à mente: a crescente prevalência da agressividade em nossa sociedade.

O tempo parece ter chegado onde os animais são, de certa forma, colocados acima dos seres humanos. Um exemplo notável disso é a proliferação de serviços voltados para os pets, como os psicólogos para cachorros. O luxo e os cuidados dispensados a esses animais muitas vezes superam o que é oferecido a crianças brasileiras. De fato, de acordo com o IBGE, a presença de cães em lares brasileiros é mais comum do que a presença de crianças.

Entretanto, ao examinarmos mais profundamente essa tendência, percebemos uma complexa teia ideológica que permeia nossa sociedade. Há uma crescente humanização dos animais, enquanto, paradoxalmente, testemunhamos a animalização do humano. Esse fenômeno, em parte, é resultado do neonaturalismo contemporâneo, que gradualmente difunde a ideia de que os animais merecem tratamento semelhante ao dos seres humanos.

Essa inversão de valores é evidenciada também na interconexão entre agressividade e sexualidade, uma relação frequentemente observada no comportamento animal. Tal como observado pelo padre Jaime Snoek, a agressividade e a sexualidade muitas vezes se entrelaçam, formando um "Esquema Perverso", conceito atribuído por Freud. À medida que os animais se tornam mais valorizados e os seres humanos são desprezados, uma distorção da alma humana se estabelece, dando origem a uma sociedade cada vez mais focada em instintos primários, como o sexo.

No entanto, há uma serenidade resignada nessas reflexões. Como Raul Seixas profeticamente expressou em sua canção "Meu Amigo Pedro", tudo acaba onde começou. A grandeza de uma nação, como apontado por Mahatma Gandhi, pode ser julgada pela maneira como seus animais são tratados, mas essa reflexão sugere também uma inversão cíclica de valores ao longo da história.

Assim, mesmo diante dessas complexidades, é imperativo reconhecer que a discriminação e a violência psicológica, muitas vezes motivadas por impulsos sexuais, devem ser combatidas. Se os donos, ciumentos e repletos de parasitas emocionais, não sacrificarem seus animais com excesso de mimos, a natureza humana, permeada de inveja e desigualdade, o fará de maneiras mais sutis e cruéis.

Questões Discursivas sobre a Prevalência da Agressividade na Sociedade

Questão 1: O texto aborda a crescente humanização dos animais e a simultânea "animalização" dos humanos. Discuta esse fenômeno à luz do neonaturalismo contemporâneo e da inversão de valores entre agressividade e sexualidade. Como essa distorção da alma humana pode afetar a sociedade como um todo?

Questão 2: O autor levanta a questão da discriminação e da violência psicológica motivadas por impulsos sexuais. A partir das ideias apresentadas no texto, como podemos combater esses males e construir uma sociedade mais justa e pacífica?

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domingo, 10 de fevereiro de 2013

UM PLANO DE AULA GROSSEIRA ("Se o plano A não funcionar, não se preocupe. O alfabeto tem mais 26 letras pra você." Sabrina Chaves)



Crônica

UM PLANO DE AULA GROSSEIRA ("Se o plano A não funcionar, não se preocupe. O alfabeto tem mais 26 letras pra você." Sabrina Chaves)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

         Escrevi bem destacado no quadro esta proposta para minha aula de hoje, valendo um curinga (ponto extra): Ilustrar uma piada e elaborar cinco questões respondidas sobre o tema da mesma. Objetivos: Aprimorar leitura e compreensão textual; treinar a habilidade de perguntar; auferir o humor. Dúvidas surgiram perante a proposição: Uma aluna daquele terceiro ano do Ensino Médio perguntou-me se era para desenhar, eu a respondi bravamente: — quem não presta a atenção faz perguntas tolas. Ela se sentiu ofendida e me retrucou grosseiramente e foi imediatamente me denunciar à coordenadora. O outro já não sabia nada sobre o tema, porém eu não achei sua pegunta tola, apenas o retornei com a mesma pegunta, o qual me agrediu também, dizendo sobre ali não haver professor ao ensiná-lo. Outras moças da mesma turma reforçaram minha frustração na aula que foi preparada com desvelo, dizendo que piadinha não ensina nada! Pois, com este tipo de atividade, eles não aprendem. Certa feita, uma coordenadora me mandara um recado por aluno, dizendo-me: — "palavras cruzadas não é aula de gramática'. Ora, é sim, uma aula de produção textual e gramática também, e eu recortei as palavras cruzadas e as piadinhas do "Jornal daqui" o mais vendido da região, um material do seu meio, é pedagogicamente correto!!! "A palavra cruzada tem vários subsídios importantes que colaboram no desenvolvimento do pensamento e da linguagem, além da ortografia e questões semânticas." {http://educador.brasilescola.com/trabalho-docente/palavras-cruzadas.htm} (acessado em 12/05/2018). 
           Eu queria a intertextualidade deles, exigindo o conhecimento de mundo, porém consegui apenas atraí a inveja dos colegas e a reprovação da coordenação. Também me senti ofendido, pois ninguém suporta me ver trabalhando fácil.
          No final da aula, no tumulto, estou eu tentando vistar a atividade, pois muitos deles, estrategicamente, mostram só depois do toque do sino, recebendo os seus pontinhos sem uma verificação cuidadosa do professor, falta-lhe tempo, e a coordenadora resolveu depois de tocar a sirene sair de sala em sala pressionando o professor a desocupar, para o outro entrar. Os alunos retardatários, eu duvido que terminarão a tarefa em casa, Então deixei para outro dia, até hoje. 
          Aos benfeitores, sendo uma minoria, ainda tenho a sensatez de parabenizá-los, porque cumpriram sua obrigação. Certamente a visão desses com relação ao esforço do professor em apresentar aulas criativas é positiva. Antigamente o servo que fazia só a sua obrigação era considerado inútil!!! Eu só lamento pelas piadinhas exigentes no ENEM, poucos acertariam, pelo menos "os daqui" por oferecer resistência a esses treinamentos. É certo que só a grama morre, quando os elefantes brigam! Esta também é mais uma frustração moral no professorado: a crítica de coordenador preguiçoso, e a denúncia de colega invejoso, e o descaso de aluno acomodados. Como veem, não é o plano da aula, feito antecipadamente; o segredo de uma aula extraordinária é a amizade entre as partes.        
Claudeko Ferreira
Enviado por Claudeko Ferreira em 31/08/2012
Reeditado em 10/02/2013
Código do texto: T3858649
Classificação de conteúdo: seguro


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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

PESQUISADOR AFIRMA QUE ESTRUTURA DAS ESCOLAS ADOECE PROFESSORES


PESQUISADOR AFIRMA QUE ESTRUTURA DAS ESCOLAS ADOECE PROFESSORES

Para historiador da USP, sociedade critica todos os aspectos do cotidiano escolar, mas se esforça para mantê-los da mesma forma. Ele propõe discutir o "rompimento" das estruturas

Fonte: iG

“O ambiente Escolar me dá fobia, taquicardia, ânsia de vômito. Até os enfeites das paredes me dão nervoso. E eu era a pessoa que mais gostava de enfeitar a Escola. Cheguei a um ponto que não conseguia ajudar nem a minha filha ou ficar sozinha com ela. Eu não conseguia me sentir responsável por nenhuma criança. E eu sempre tive muita paciência, mas me esgotei.”
Sem infraestrutura: Em 72,5% das Escolas da rede pública não há biblioteca
Estrutura Escolar adoece Professores e leva a abandono da profissão
O relato é da Professora Luciana Damasceno Gonçalves, de 39 anos. Pedagoga, especialista em psicopedagogia há 15 anos, Luciana é um exemplo entre milhares de Professores que, todos os dias e há anos, se afastam das salas de aula e desistem da profissão por terem adoecido em suas rotinas.
Para o pesquisador Danilo Ferreira de Camargo, o adoecimento desses profissionais mostra o quanto o cotidiano de Professores e Alunos nos colégios é “insuportável”. “Eles revelam, mesmo que de forma oblíqua e trágica, o contraste entre as abstrações de nossas utopias pedagógicas e a prática muitas vezes intolerável do cotidiano Escolar”, afirma.
O tema foi estudado pelo historiador por quatro anos, durante mestrado na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). Na dissertação O abolicionismo Escolar: reflexões a partir do adoecimento e da deserção dos Professores , Camargo analisou mais de 60 trabalhos acadêmicos que tratavam do adoecimento de Professores.
Camargo percebeu que a “epidemia” de doenças ocupacionais dos Docentes foi estudada sempre sob o ponto de vista médico. “Tentei mapear o problema do adoecimento e da deserção dos Professores não pela via da vitimização, mas pela forma como esses problemas estão ligados à forma naturalizada e invariável da forma Escolar na modernidade”, diz.
Desistência: Salários baixos provocam fuga de Professores da carreira
Luciana começou a adoecer em 2007 e está há dois anos afastada. Espera não ser colocada de volta em um colégio. “Tenho um laudo dizendo que eu não conseguiria mais trabalhar em Escola. Eu não sei o que vão fazer comigo. Mas, como essa não é uma doença visível, sou discriminada”, conta. A Professora critica a falta de apoio para os Docentes nas Escolas.
“Me sentia remando contra a maré. Eu gostava do que fazia, era boa profissional, mas não conseguia mudar o que estava errado. A Escola ficou ultrapassada, não atrai os Alunos. Eles só estão lá por obrigação e os pais delegam todas as responsabilidades de educar os filhos à Escola. Tudo isso me angustiava muito”, diz.
Viver sem Escola: é possível?
Orientado pelo Professor Julio Roberto Groppa Aquino, com base nas análises de Michel Foucault sobre as instituições disciplinares e os jogos de poder e resistência, Camargo questiona a existência das Escolas como instituição inabalável. A discussão proposta por ele trata de um novo olhar sobre a Educação, um conceito chamado abolicionismo Escolar.
“Criticamos quase tudo na Escola (Alunos, Professores, conteúdos, gestores, políticos) e, ao mesmo tempo, desejamos mais Escolas, mais Professores, mais Alunos, mais conteúdos e disciplinas. Nenhuma reforma modificou a rotina do cotidiano Escolar: todos os dias, uma legião de crianças é confinada por algumas (ou muitas) horas em salas de aula sob a supervisão de um Professor para que possam ocupar o tempo e aprender alguma coisa, pouco importa a variação moral dos conteúdos e das estratégias didático-metodológicas de Ensino”, pondera.
Fora da sala de aula: Metade dos Professores não leem em tempo livre
Ele ressalta que essa “não é mais uma agenda política para trazer salvação definitiva” aos problemas Escolares. É uma crítica às inúmeras tentativas de reformular a Escola, mantendo-a da mesma forma. “A minha questão é outra: será possível não mais tentar resolver os problemas da Escola, mas compreender a existência da Escola como um grave problema político?”, provoca.
Na opinião do pesquisador, “as mazelas da Escola são rentáveis e parecem se proliferar na mesma medida em que proliferam diagnósticos e prognósticos para uma possível cura”.
Problemas partilhados
Suzimeri Almeida da Silva, 44 anos, se tornou Professora de Ciências e Biologia em 1990. Em 2011, no entanto, chegou ao seu limite. Hoje, conseguiu ser realocada em um laboratório de ciências. “Se eu for obrigada a voltar para uma sala de aula, não vou dar conta. Não tenho mais estrutura psiquiátrica para isso”, conta a carioca.
Ela concorda que a estrutura Escolar adoece os profissionais. Além das doenças físicas – ela desenvolveu rinite alérgica por causa do giz e inúmeros calos nas cordas vocais –, Suzimeri diz que o ambiente provoca doenças psicológicas. Ela, que cuida de uma depressão, também reclama da falta de apoio das famílias e dos gestores aos Professores.
“O Professor é culpado de tudo, não é valorizado. Muitas crianças chegam cheias de problemas emocionais, sociais. Você vê tudo errado, quer ajudar, mas não consegue. Eu pensava: eu não sou psicóloga, não sou assistente social. O que eu estou fazendo aqui?”, lamenta. 

sábado, 2 de fevereiro de 2013

EMBROMATOLOGIA ( "Controle o seu destino ou alguém controlará." — Jack Welch)



Crônica

EMBROMATOLOGIA ( "Controle o seu destino ou alguém controlará." — Jack Welch)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Lá estava eu, segurando aquela maldita fichinha de controle de entrega dos planos de aula, sentindo o peso de cada pequeno quadradinho a ser preenchido. Era como se minha dignidade profissional estivesse amarrada àqueles critérios absurdos, determinando se receberia ou não um mísero bônus no fim do mês.

Fui apresentado a esse "mostro da gaveta" como se fosse a salvação da pátria, o instrumento que garantiria a qualidade do ensino. Uma risada amarga escapou dos meus lábios. Como um simples papel poderia resolver os males profundos que corroíam o sistema educacional?

Naquele momento, fui tragado por uma enxurrada de memórias. Lembrei-me de tantas reuniões intermináveis, onde burocratas sentados atrás de mesas envernizadas discutiam ações de "combate às manchas externas" e estratégias para elevar os índices do temido IDEB. Tudo não passava de fachada, uma dança coreografada para manter os empregos garantidos e as verbas desviadas.

Enquanto eles brincavam de projetar números em planilhas, nós, professores, éramos forçados a ministrar aulas fora de nossa área de formação, entregando planos de aula impecáveis, mas oferecendo um ensino deficiente. Uma lógica que nunca funcionou, uma "metamágica" que só servia para enganar os incautos.

Era como se estivéssemos presos em um ciclo interminável de insanidade, correndo atrás do próprio rabo, brigando com moinhos de vento. Enquanto uns fingiam resolver o problema, outros apenas tomavam analgésicos e antidepressivos, sufocados pela dor de um sistema que nunca quis realmente mudar.

Lembro-me das palavras sábias de Mario Quintana: "Se eu pudesse, pegava a dor; colocava a dor dentro de um envelope e devolvia ao remetente". Quão libertador seria simplesmente devolver essa dor aos verdadeiros culpados, aos burocratas insensíveis que nos oprimiam com suas regras absurdas.

No entanto, como Einstein sabiamente apontou, "Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes." E é exatamente isso que estávamos fazendo, dançando a dança dos burocratas, repetindo os mesmos passos fúteis, enquanto o verdadeiro problema permanecia intocado.

Então, enquanto segurava aquela fichinha insignificante, percebi que havia apenas uma maneira de acertar: romper o ciclo de uma vez por todas. Abandonar as amarras burocráticas e retomar o controle de nossas salas de aula, resgatando a paixão pelo ensino e o respeito pelo conhecimento.

Só assim poderíamos finalmente escapar da insanidade e construir um sistema educacional digno, onde professores e alunos pudessem dançar juntos em harmonia, em um verdadeiro templo do saber.

ALINHAMENTO CONSTRUTIVO

1. A Fichinha de Controle e a Desvalorização do Professor:

O texto inicia com a descrição da "maldita fichinha de controle de entrega dos planos de aula" e a frustração do professor com esse sistema. Analise como essa experiência representa a desvalorização da profissão docente e a ênfase em critérios burocráticos em detrimento da autonomia e da criatividade do professor.

2. Críticas à Burocracia e à Busca por Resultados Artificiais:

O autor critica as "reuniões intermináveis" e as "ações de combate às manchas externas" que visam apenas elevar índices como o IDEB. Discuta como essa ênfase em resultados artificiais, sem considerar as reais necessidades do ensino, prejudica a qualidade da educação.

3. O Ensino Precário e a "Metamágica" do Sistema:

O texto denuncia a obrigatoriedade de os professores ministrarem aulas fora de sua área de formação e a entrega de "planos de aula impecáveis" que não refletem a realidade das aulas. Explique como essa situação gera um ensino precário e revela a "metamágica" do sistema, que busca enganar a sociedade com números e relatórios.

4. A Insanidade do Sistema e a Busca por Soluções Alternativas:

O autor compara a situação do sistema educacional a um "ciclo interminável de insanidade" e critica a passividade dos professores em relação aos problemas. Discuta como o texto apresenta a necessidade de romper com esse ciclo e buscar soluções alternativas que valorizem o ensino e a aprendizagem.

5. A Esperança por um Sistema Educacional Digno:

Apesar das críticas, o autor demonstra esperança em um futuro melhor para a educação. Analise como ele expressa essa esperança e quais as mudanças que ele considera necessárias para que as escolas se tornem verdadeiros "templos do saber".



sábado, 19 de janeiro de 2013

PROFESSOR RUIM, COORDENADOR BOM, ALUNO ESPERTO ("Todas as pessoas cruéis descrevem-se como modelos de sinceridade." — Tennessee Williams)



Crônica

PROFESSOR RUIM, COORDENADOR BOM, ALUNO ESPERTO ("Todas as pessoas cruéis descrevem-se como modelos de sinceridade." — Tennessee Williams)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          O professor "ruim", sem imposição, deixa o aluno fora da sala na hora de sua aula. O coordenador "bom" é aquele que inspeciona, o tempo todo, nos corredores do colégio, tangendo alunos para dentro da sala de cada um. E o aluno "esperto" é aquele driblador do sistema, usando o comportamento mais bizarro possível, e ainda se justificando com desculpas bem elaboradas.
          Quando o professor fala dessa (de)gradação, ora joga o aluno contra a coordenadora, ora, esta contra o aluno. Então, ele se une ao adversário alternativo para ir contra a ameaça comum e iminente. Argumentos compatíveis (Professor ao aluno): — "Muitos coordenadores estão nesta função, porque jamais dão conta da sala de aula, agora querem ensinar-nos a dar aulas". Responde o aluno ao professor: — "essa coordenadora é chata, nem tem o que fazer, a não ser correr atrás de aluno"!
          Quando o aluno fala dessa (de)gradação, ora joga o professor contra a coordenadora, ora, esta contra o professor. Então, ele se une à adversária alternativa para ir contra a ameaça comum e iminente. Argumentos compatíveis (Aluno à coordenadora):  — "Já fiz minhas tarefas, esse professor não está passando nada, é melhor aqui fora a assistir à aula desse velho caduco que nunca sabe nada"! Responde a coordenadora ao Aluno: — "É triste, saber que o professor tampouco tem um planejamento. Até os alunos percebem! Eu fico com vergonha. E pergunto por que vocês estão fora da sala, e o professor nem sabe"!!!
          Quando a Coordenadora fala dessa (de)gradação, ora joga o professor contra o aluno, ora, este contra o professor. Então, ela se une ao adversário alternativo indo contra a ameaça comum e iminente. Argumentos compatíveis (Coordenadora ao professor): — "O professor deve passar outra atividade enquanto dá visto nos cadernos, e tem que ir à carteira do aluno, para não ficar aquele monte de urubus em cima da carniça. A gente chega na porta e nem vê o professor sentado à mesa". Responde o professor à coordenadora: — "Esses alunos de forma nenhuma vêm estudar, entram e saem sem controle algum, são os alunos muriçocas, lancham e voam". 
          Recentemente aconteceu em uma das minhas aulas no segundo ano "D", quando a vice-diretora mandou o aluno, por estar atrasado e ter pulado o portão para dentro da unidade, sair, então ele cismou em não sair; assim sendo, de modo algum podia ficar assim tão feio, a "autoridade" resmungou, deu uma voltinha, pediu desculpas e o deixou quieto. O transgressor sem mérito prevaleceu. Assim ensinamos a eles: façam as suas vontades, o Cliente sempre tem razão. Entrem e saiam quando bem entenderem. Tudo faz parte do drama. Logo, alunos ficam mais fora do que dentro da sala se vingando dos seus professores chatos, pois a coordenadora dá bronca no "teacher". Que sentimento é esse, com o qual eles se submetem, mesmo sendo tocados à sala como animais ao curral, duas e até três vezes em uma aula só?
          Eu já devia ter me acostumado com essas comédias tragicômicas, mas, ouvir chacotas de coordenador pedagógico na reunião emergencial no momento do recreio é muita cumplicidade, ninguém merece!!! Nós precisamos mesmo é do renascimento da consciência.
Claudeko Ferreira
Enviado por Claudeko Ferreira em 19/08/2012
Reeditado em 19/01/2013
Código do texto: T3837872
Classificação de conteúdo: seguro

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sábado, 12 de janeiro de 2013

O MENEAR DA GANGORRA EDUCACIONAL! ("Susto na colheita: em vez do cupuaçu, cai a casa de vespas." — Aníbal Beça)



Crônica

O MENEAR DA GANGORRA EDUCACIONAL! ("Susto na colheita: em vez do cupuaçu, cai a casa de vespas." —  Aníbal Beça)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          No atual sistema educacional público, os bons ficam ruins e os ruins raramente ficam bons, isso na esfera discente. Agora, na esfera docente, só sei de uma coisa: sou ruim sim, apenas o suficiente, sem me importar com os que se acham bons demais fazendo só e exatamente o mesmo que nos é permitido fazer, e ousam ainda me chamar de fraco! Tecnicamente, o sistema nos obriga a sermos semelhantes demais, unificando o diverso. Não há quem possa fazer a diferença. Assim, brincamos de trabalhar criativamente na gangorra profissional do professorado sem a qualidade devida. O aluno desempenha o papel de professor, e o professor, de aluno (que o diga, Paulo Freire). Qual será o nosso "senhor" futuro?! Essa troca de papel é a justa ironia do destino, para os que têm muita sede de inovação. Às vezes, tenho me calado, sufocado pela garganta, diante dos alunos desrespeitosos: Na escola de meus trabalhos rotineiros, os alunos gritam comigo, xingam-me e mando eu tomar no c... Hoje uma aluna do sétimo ano "B" até falou em bater na minha cara. Seria assim que eles pretende ser educados? Você está rindo? Que tipo de aluno leva baralho à escola e pede o professor para jogar truco na hora da aula? É esse tipo atraído à escola pública pela a superfluidade do momento de modernização!? Então, você ri porque nunca esteve na situação de ouvir quieto tamanhos desaforos, do jeito como enfrento todos os dias, esperando a intervenção de Deus, por que creio estar dentro do plano dEle, cumprindo bem intencionado minha missão social. Depois, já em casa, ligo o computador, leio o comentário de mais um "Zoilo" , analfabeto funcional, difamando-me na net, por que leu mal a minha crônica, minha única maneira de desabafo para não morrer sufocado: escrevo terapeuticamente. Eita, vida de professor... Já com 58 anos de educação, descobri que a maioria que passa pelos bancos da escola só tem uma saída: ser mão-de-obra barata! Isso justifica meu salário. 
          Tentei, para meu prejuízo moral, encaminhar alguns desses desrespeitosos à Coordenação, na esperança que fossem advertidos de alguma forma, mas, lá, eles se defenderam com tantos argumentos acusatórios verdadeiros, falsos e retorcidos, e o errado ficou sendo eu. Em quem os inspetores de professor acreditam mais? "O cliente sempre tem razão"! Ou não?! Toda vez que isso ocorre fica negativamente um relatório meu nas pastas da escola, então deixei de denunciar aluno à coordenação. 
          Meu posto alto da gangorra é quando encontro um ex-aluno meu, que prosperou; então finjo ter participado de sua conquista, e agradeço seus elogios. Na verdade, deve fazer isso mesmo, pois, alguma coisa fiz a seu favor, contribui sim, pelo menos, não fui barreira, aplicando as inúteis regras da escola, quebrando sua resistência para os embates com o "senhor" futuro. Porém, por outro lado, sofrerei a mesma dor de hoje, sendo chamado à atenção pela diretora, pressionada por mães sem brio, reclamando de mim para ganhar o direito de deixar seu filho fazer o que bem entender na escola. "Ninguém merece"!!!
          Quando revejo um ex-aluno, desses irresponsáveis desrespeitadores, fracassado, chamando-me de professor, então entendo que sempre teve um Deus se importando comigo, conferindo-me agora esse insólito prazer em ver a colheita maligna do vizinho que plantou abrolhos.
Claudeko Ferreira
Enviado por Claudeko Ferreira em 17/08/2012
Reeditado em 12/01/2013
Código do texto: T3835460
Classificação de conteúdo: seguro


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