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A POLÍTICA DA SOBREVIVÊNCIA (Alugam-se crianças a preço de banana!)
terça-feira, 30 de junho de 2009
Por Claudeci Ferreira de Andrade
De uma forma bem discreta, comecei a olhar para as serenas criancinhas nos braços de quem parecia ser sua mãe de verdade. Mas, elas não precisavam saber disso. Fui eu quem imaginou, porque, a olho nu, não se pareciam, nem um pouco, com as suas respectivas amparadoras. Uma menina chorou, e recebeu uma mamadeira vazia na boquinha! Que mãe é essa? Todos os bebês com mais ou menos o mesmo tamanho! Que coincidência é essa?
No destino final, todos os estranhos se perdem, refiro-me, não só ao desembarque da tripulação heterogênea que chegou à seu alvo, mas, pensando, também, na fusão dos distintos em algum momento no etéreo. Se é que os opostos se atraem!
No dia seguinte encontrei, na feira de domingo, uma daquelas senhoras pedindo esmola, e a criança que ela conduzia não era a mesma que levava naquele ônibus. Não dei centavo algum, mas esperei que outros dessem na mesma fé daqueles que cederam seus assentos no ônibus (cenário do ontem). Com nada menos que um bom projeto, faz-se a política da sobrevivência.
Nesse Brasil inescrupuloso, as crianças são usadas para assegurar casamento, e muitas das vezes, até para se evitar as grandes filas do comércio. Elas também são peças valiosas nos depósitos públicos educacionais, chamados Escolas de Tempo Integral, para arrecadar mais dinheiro do FNDE. Isso não está escrito no ECA!
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 01/08/2009
Código do texto: T1730766
Código do texto: T1730766
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