"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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sábado, 12 de maio de 2018

ENTRE CONSELHOS E INQUIETAÇÕES ("O casamento é como enfiar a mão num saco de serpentes na esperança de apanhar uma enguia." — Leonardo da Vinci)



Crônica

ENTRE CONSELHOS E INQUIETAÇÕES ("O casamento é como enfiar a mão num saco de serpentes na esperança de apanhar uma enguia." — Leonardo da Vinci)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Ah, os sábados! Dias que prometem descanso, mas que às vezes nos surpreendem com suas peculiaridades. Neste em particular, mal o sol despontara e meu celular já vibrava ansioso, como se quisesse me arrancar do conforto das cobertas para mergulhar em águas turbulentas.

Era uma mensagem. Alguém buscava conselhos sobre a vida conjugal, como se eu fosse um sábio detentor de todas as respostas. Confesso que me senti como um equilibrista em uma corda bamba, tentando não cair nas armadilhas das expectativas alheias. Instantaneamente, lembrei-me do velho ditado: "Gato escaldado tem medo de água fria". E como não teria? Já naveguei por mares revoltos de amizades online e relacionamentos complexos.

As experiências do passado forjaram em mim um escudo de prudência. Enfrentei tempestades emocionais, dissipei sombras de dúvidas e superei ameaças de ciúmes. Agora, ironicamente, me vejo como um especialista relutante nessas águas turbulentas da vida. Cada passo dado nesse terreno é como atravessar uma ponte de madeira podre - requer cautela e sabedoria.

Enquanto refletia sobre como responder àquele pedido de ajuda, meu pensamento vagueou para os convites do fim de semana. Amigos me chamavam para festas e eventos, promessas de alegria e descontração. Mas eu, ah, eu tinha meus limites bem traçados. Não sou um adepto fervoroso da "prostituição social", como costumo chamar essa necessidade incessante de estar em todos os lugares, de agradar a todos.

A mulher que me procurou estava preocupada com o marido. E eu, nesse momento, me vi novamente na corda bamba. Como oferecer empatia sem me envolver demais? Como ser um porto seguro sem absorver responsabilidades que não me pertencem? O velho ditado "dono de mulher não é amigo de ninguém" ecoava em minha mente, um lembrete de que se meter nos assuntos alheios, especialmente nos matrimoniais, é como brincar com fogo.

Lembrei-me de uma frase de Nelson Barh: "Só vai para a prostituição, por livre e espontânea vontade, quem tem vocação". Curiosamente, essa reflexão sobre escolhas e consequências se aplicava não apenas ao dilema da minha interlocutora, mas também às minhas próprias decisões sobre como viver e me relacionar.

E assim, neste sábado singular, me vi navegando por correntes de palavras e emoções. Entre conselhos cautelosos e reflexões profundas, percebi que a vida é esse eterno aprendizado. Questionei-me sobre por que lutamos contra certas forças que parecem tão antigas quanto a própria humanidade. Por que nos inquietamos tanto com as escolhas alheias?

A prostituição, palavra carregada de julgamentos, evoca opiniões impregnadas de moralidade. Os papéis de prostitutas e clientes, estabelecidos e desafiados ao longo das eras, persistem. A troca de afeto comercializado resiste, desafiando nossas noções de ética e moral.

Ao final deste dia inusitado, compreendi que cada sábado, cada interação, cada dilema é uma oportunidade de crescimento. Somos todos aprendizes nessa grande escola que é a vida. E enquanto as incertezas persistem, sigo em frente, com o coração aberto e a mente alerta, pronto para decifrar os enigmas que o universo insiste em lançar em meu caminho.

Pois é assim que vivemos: morrendo um pouco a cada dia e, paradoxalmente, aprendendo sempre. Que venham os próximos sábados, com suas surpresas e desafios. Estarei aqui, equilibrista experiente, pronto para mais uma travessia na corda bamba da existência, navegando pelas águas turbulentas das palavras e das emoções, entre conselhos e desabafos, dilemas e certezas incertas.

Duas questões discursivas sobre o texto:

Como a experiência de oferecer conselhos pode ser desafiadora e quais são os limites da nossa capacidade de ajudar os outros?

De que forma a sociedade molda nossas percepções sobre relacionamentos, sexualidade e a busca por felicidade?

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sábado, 5 de maio de 2018

A FOLGA("Dei folga ao meu coração. Dei a ele dias de felicidade simples, pura... a liberdade de amar quem quer que seja, ou que não seja ninguém." — Camille Mamona Spinola)



Crônica

A FOLGA ("Dei folga ao meu coração. Dei a ele dias de felicidade simples, pura... a liberdade de amar quem quer que seja, ou que não seja ninguém." — Camille Mamona Spinola)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O último sino do semestre escolar ecoou pelos corredores, trazendo consigo uma mistura de alívio e exaustão. Parado no meio da sala de aula vazia, senti o peso dos últimos meses se materializar em meus ombros. Cada reunião, avaliação e cobrança parecia um tijolo em uma muralha que me separava do mundo exterior, transformando a vida escolar em um drama incessante.

Caminhei lentamente para casa, arrastando os pés e os pensamentos. O sol de verão castigava o asfalto, mas uma brisa suave soprava, como se a natureza quisesse me consolar. Foi então que tive uma epifania: eu precisava de um refúgio, um oásis em meio ao deserto de responsabilidades que havia se tornado minha vida.

Ao chegar em casa, meus olhos pousaram sobre ela: a velha rede no quintal, pendurada entre duas árvores frondosas. Ali estava meu santuário, meu portal para a liberdade. Sem hesitar, deixei a pasta cair no chão e me dirigi ao quintal, sentindo a grama fresca sob meus pés descalços.

Deitei-me na rede com um suspiro profundo, sentindo as fibras se ajustarem ao meu corpo cansado. O balanço suave era como um acalanto, embalando não apenas meu corpo, mas também minha alma inquieta. As folhas das árvores dançavam ao vento, criando um jogo de luz e sombra que hipnotizava meus olhos.

Naquele momento, decidi que aquela tarde seria minha. Não haveria telefonemas para atender, mensagens para responder, nem planos de aula para preparar. O mundo lá fora poderia esperar. Ali, naquela rede, eu era apenas eu mesmo, livre das amarras do dever e das expectativas alheias.

As horas passavam, mas o tempo parecia ter perdido o significado. Observei as nuvens no céu, formando figuras que me lembravam dos desenhos dos meus alunos. Sorri ao pensar neles, percebendo que, apesar do cansaço, ainda havia amor pelo que eu fazia.

À medida que o sol começava a se pôr, pintando o céu com tons de laranja e rosa, senti uma mudança dentro de mim. A irritação e a tristeza que me acompanhavam há semanas começavam a se dissipar, dando lugar a uma serenidade há muito esquecida. Percebi que este momento de aparente "preguiça" era, na verdade, um ato de autocuidado essencial.

Enquanto as primeiras estrelas surgiam no céu, fiz uma promessa a mim mesmo: tornaria estes momentos de pausa uma prática regular, não apenas nas férias, mas também nos dias comuns. Esta tarde de descanso absoluto na rede do meu quintal se revelou um presente precioso, um espaço onde a tranquilidade podia reinar e os problemas se dissiparem como folhas ao vento.

Ao me levantar da rede, senti-me renovado, como se tivesse emergido de um sono profundo e restaurador. O amanhã traria seus desafios, sem dúvida, mas agora eu estava pronto para enfrentá-los com um novo olhar. Compreendi que o verdadeiro ócio não é a ausência de ação, mas a presença de reflexão, um espaço de leveza que alimenta a arte, a poesia e a filosofia.

Querido leitor, se você se identificou com minha história, permita-me deixar um convite: encontre sua própria "rede". Pode ser um lugar, uma atividade ou simplesmente um momento de silêncio. Dê a si mesmo a permissão de pausar, de respirar, de simplesmente ser. Pois é nestes momentos de aparente inatividade que muitas vezes encontramos nossas maiores inspirações e forças.

Não se deixe acusar de preguiçoso por buscar esse refúgio. O trabalho e o esforço não são inimigos, mas a necessidade de uma pausa é vital. Esta é uma oportunidade para desacelerar, para se permitir uma pausa na rotina frenética e recarregar as energias.

E você, quer se unir a mim nesse oásis de tranquilidade? Quer se balançar na rede e deixar o tempo se desmanchar como um sonho? Venha, não hesite. Juntos, podemos encontrar um refúgio no simples ato de relaxar, nos perder no tempo e nos reencontrar na vida, celebrando o prazer de simplesmente existir. Quem sabe, em sua própria jornada de autodescoberta, você não encontre um poema guardado no peito, esperando para ser compartilhado com o mundo?

Duas questões discursivas sobre o texto:

Qual a importância do ócio e da pausa na rotina para o bem-estar mental e emocional, especialmente em um mundo cada vez mais acelerado?

Como a busca por um momento de descanso e reflexão pode influenciar a nossa capacidade de lidar com as demandas do trabalho e da vida cotidiana?

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sábado, 28 de abril de 2018

ENTERRANDO DEFUNTO ("EM TERRA SECA, SÓ se PLANTA DEFUNTO". — www.fotolog.terra.com.brkaduartes)



Crônica

ENTERRANDO DEFUNTO ("EM TERRA SECA, SÓ se PLANTA DEFUNTO". — www.fotolog.terra.com.brkaduartes)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

             Desde sempre, as segundas-feiras foram meu refúgio, meu oásis de esperança na semana. Pode ser que minha perspectiva seja a de um eterno otimista, ou talvez eu simplesmente acredite que cada dia nos traz a chance de recomeçar, de fazer melhor. Afinal, a vida é um ciclo, e o começo de uma semana é um convite à mudança.
            Mas, para muitos, as segundas-feiras são como um inimigo silencioso, um fardo a ser carregado. Reclamam como se fossem amaldiçoadas, como se todos os infortúnios do mundo acontecessem unicamente nesse dia. São as vítimas de suas próprias extravagâncias do final de semana, pagando o preço das escolhas irresponsáveis. Mas eu não sou assim. Encaro a segunda-feira com a determinação de quem vê um novo começo, uma oportunidade de deixar para trás o passado e abraçar o presente.
           Hoje, como em tantas outras segundas-feiras, eu acordo com a alma leve, com a convicção de que a semana será repleta de desafios e possibilidades. Não me permito ser consumido por notícias negativas ou pelas tempestades que assolam o mundo. Não permito que o pessimismo e o medo corroam meu ânimo. A inércia e a preguiça não são minhas companheiras, pois não pretendo me render à mediocridade.
            Procuro enxergar os presságios positivos, os motivos para agradecer, os motivos para seguir em frente. Reflito sobre o amor daqueles que me são caros, sobre as conquistas alcançadas através de esforço e dedicação, sobre as notícias animadoras compartilhadas por amigos.
             E, como é típico das minhas segundas-feiras, busco novas experiências, desafios instigantes e oportunidades de crescimento. Não me limito à zona de conforto, mas me aventuro em projetos inovadores e ousados. Aceito o risco e a incerteza que vêm com novos horizontes. Cada erro é uma lição, cada acerto é uma vitória.
             Nessas segundas-feiras que tanto prezo, não me envergonho de procurar conselhos sábios e compartilhar ideias com amigos que não são envolvidos emocionalmente. Valorizo a opinião alheia e busco enriquecer minha visão com perspectivas diversas. Ouvir e refletir são partes essenciais do meu processo de crescimento.
             Sei que a vida não é perfeita, que obstáculos e desafios surgem a todo momento. Sei que a tristeza, a decepção e a frustração são companheiras possíveis. Sei que o mundo está repleto de tragédias e desgraças. Mas sei também que a vida é feita de oportunidades, de superação, de solidariedade.
            E, assim, compartilho com vocês, nesta crônica, meu olhar otimista sobre a vida. Minha crença de que as segundas-feiras são convites a recomeços, a uma semana de realizações e descobertas. Pois, como costumo dizer, sou um "nazireu" de segunda-feira: não me envolvo com defuntos, mas estou disposto a enterrá-los quando necessário.
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 05/12/2016
Reeditado em 28/04/2018
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sábado, 21 de abril de 2018

O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA ("O Autoexame é a mais sábia forma que o ser humano pode exercer antes de julgar os outros." (Vantuilo Gonçalves)



Crônica

O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA ("O Autoexame é a mais sábia forma que o ser humano pode exercer antes de julgar os outros." (Vantuilo Gonçalves)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           


Crônica

O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA 

("O Autoexame é a mais sábia forma que o ser humano pode exercer antes de julgar os outros." (Vantuilo Gonçalves)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           É hora de iluminar os recônditos da minha vida, desvendar as sombras, e encarar de frente as "baratas" nojentas que se escondem nos cantos obscuros do meu ser. Por tempo demais, varri meus problemas para debaixo do tapete, fingindo que não existiam, mas agora, eventos estranhos têm se tornado uma constante, e a necessidade de enfrentar meus medos se torna inescapável.
             Quantos segredos carrego comigo, quais são as questões que tanto me atormentam durante a noite, entremeadas em pesadelos perturbadores? É hora de encarar as mentiras que conto para mim mesmo, de admitir que há coisas que prefiro ignorar e evitar. Esse desabafo, essa reação dramática que agora compartilho, pode comprometer meus relacionamentos, mas também revela a verdade sobre como lido com minhas próprias aflições.
             As criaturas perturbadoras que infestam meu mundo interno estão no território inconsciente, emocional e sexual do meu mapa psicológico. Elas são meus medos mais profundos, e é para lá que devo me dirigir se desejo encontrar respostas. Será que consigo me libertar desse fardo que me atormenta? Charles Bukowski disse uma vez: "Cheguei numa fase da minha vida que vejo que a única coisa que fiz até agora foi fugir, fugir de mim mesmo, do meu nada, e agora não tenho mais para onde ir, nem sei o que vou fazer, fui péssimo em tudo." Essa frase ecoa em mim como um espelho que reflete minha própria jornada.
             A vida não deveria ser apenas sofrimento, mas também uma festa constante. Entre as expectativas não cumpridas, a certeza da morte e a possibilidade de uma condenação eterna, é difícil encontrar uma justificativa para viver. Quando o riso se esvai, o coração carrega o peso da tristeza. Talvez eu saiba muito sobre o sofrimento do seu coração porque conheço o sofrimento do meu próprio.
              Então, encontro consolo nas palavras de Miralva Viana: "Pensamentos bons ou ruins estão a todo momento cercando a nossa mente, poeta. É preciso filtrá-los. Jogando fora toda a sujeira que nos faz explodir de rancor e angústia. Os bons pensamentos são remédios infalíveis, indicados para todos os males."
             À medida que desvelo minha própria jornada interior, descubro que é preciso enfrentar nossos demônios internos para encontrar a redenção. É uma jornada solitária, mas necessária. A verdadeira coragem reside em despir-se da máscara que oculta nossos medos e enfrentar a nós mesmos, mesmo que isso signifique confrontar nossas imperfeições. Essa é a estrada para a libertação, e apenas através dela podemos alcançar uma vida mais autêntica e significativa.
              Portanto, que o amanhã cuide de si mesmo, pois o que importa é a coragem de olhar nos olhos do nosso eu mais sombrio e encontrar a luz que está em cada um de nós. Não podemos negar nossas baratas, nossos monstros interiores, mas podemos escolher não deixá-los controlar nossa vida. A verdadeira libertação está em sermos donos de nossa própria jornada, e é nessa busca incessante que encontramos a verdadeira essência da vida. Não fuja de si mesmo, encontre-se, e seja livre.
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 04/12/2016
Reeditado em 21/04/2018
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sábado, 14 de abril de 2018

PROVIDÊNCIA OU COINCIDÊNCIA, MINHA PATERNIDADE! ("Súplica... Papai do céu, Ama meus amores, Protege o que é "meu"... Francismar Prestes Leal)



Crônica

PROVIDÊNCIA OU COINCIDÊNCIA, MINHA PATERNIDADE! ("Súplica... Papai do céu, Ama meus amores, Protege o que é "meu"... Francismar Prestes Leal)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

             Pela internet, fui descoberto por minha filha, uma jovem incrível e bonita, que chegou à minha vida trazendo outras vidas. A revelação da paternidade tardia trouxe à tona um turbilhão de emoções e, de certa forma, redefiniu meu sentido de moralidade. Saber que agora tenho alguém que me considera como pai, enchi-me de uma sensação de plenitude, como se novas perspectivas se abrissem à minha frente. E quando eu morrer, ela usufruirá dos retraços  de minha existência material. 
           Mas, há os hipócritas que observam! Com suas máscaras de simpatia e sorrisos fáceis, logo começaram a lançar dúvidas sobre a providência divina por trás dessa bênção. Ridicularizavam a ideia de que Deus poderia estar envolvido em nossa história em particular, considerando-a um mero acidente da vida, ainda condenável por ter sido fruto da fornicação. No entanto, não podia deixar que tais comentários me abatessem, pois ainda acredito firmemente que tudo acontece por um propósito, controlado pelo Criador.
           Lembrei-me das palavras de Provérbios: "As leis do Senhor dão força e segurança para quem obedece, mas são a desgraça de quem se revolta contra Deus" (Pv 10:29 BV). A fé na providência divina foi e será o que me mantém firme diante dos conflitos e das adversidades que enfrentei e enfrento.
           Naquele dia fatídico, da descoberta, uma onda de reflexão tomou conta de mim. Compreendi que, embora acreditar em Deus e em Sua ação no mundo fosse importante, não poderia ignorar a complexidade da vida. O acaso, as coincidências e os eventos aleatórios também fazem parte desse tecido intricado que chamamos de existência.
           No entanto, a crença na providência divina não me tornava um fatalista, e sim alguém que buscava encontrar significado mesmo na imprevisibilidade da vida. Com as três netinhas, já crescidas, novos elementos a mais em meu mundo desconhecido, sentia que as relações eram fortalecidas e que a compreensão entre nós crescia a cada dia.
            Conforme o tempo passava, compreendi que Deus direciona a vida. A prevenção, buscando evitar erros e doenças, é importante, mas não podemos controlar tudo. A vida é cheia de surpresas, e nossa jornada está repleta de altos e baixos, como uma montanha-russa de emoções.
           Os eventos que nos moldam e nos transformam muitas vezes escapam de nossa compreensão racional. Olhando para trás, percebo que meu destino de ser pai se cumpriu de maneira única, com encontros e acontecimentos que eu jamais poderia ter previsto.
           Essa jornada de descobertas, de fé na providência divina, e de aceitação do imprevisível, trouxe-me lições valiosas sobre a vida e sobre mim mesmo. Concluo que, ao invés de tentar controlar cada aspecto de minha existência, devo abraçar a incerteza e encontrar força na fé.
            Assim, sigo adiante, agradecendo pelas bênçãos que recebo, aprendendo com os desafios que enfrento, e confiando que o Criador guiará meus passos, e os de minha família, mesmo que nós nem sempre compreendemos os caminhos pelos quais Ele nos conduz. A vida é uma viagem de surpresas, e é nesse imprevisível cenário que encontramos nosso verdadeiro propósito e significado.
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 03/12/2016

Reeditado em 14/04/2018
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sábado, 7 de abril de 2018

INSÔNIA EXISTENCIAL ("Sentimentos, impulsos e sensações são domesticáveis e isso aprendemos com a idade!"— Sophi para os íntimos)



Crônica


INSÔNIA EXISTENCIAL  ("Sentimentos, impulsos e sensações são domesticáveis e isso aprendemos com a idade!"— Sophi para os íntimos)

Por Claudeci Ferreira de Andrade


           Foi uma noite em que o sono me abandonou. Revirei na cama por horas, atormentado pelos pensamentos confusos. Estava esgotado, pois passei o dia ajustando notas dos alunos no diário eletrônico, e também fazendo outras coisas a mais. Quando a frustração domina, a história não transmite a "poesia" desejada.

Agora, estou aqui tentando controlar meu instinto agressivo, antes de sucumbir aos conflitos internos entre o bem e o mal. Resistindo bravamente ao desejo de "suicídio". Sempre evitei litígios e polêmicas com os outros, buscando paz. Contudo, o silêncio não é remédio para aplacar os conflitos internos. Aqui dentro, é inevitável.

Meus temores sufocam minhas emoções, mas não posso expressá-los para não mostrar fraqueza. Pergunto a mim mesmo se vale a pena "engolir sapos" em troca de estabilidade, pois, aos poucos, estou perdendo o controle. Ah, a Liberdade de Expressão: nenhum educador se sacrificou por ela, pois precisam do emprego. Eu também evito correr esse risco, buscando neutralidade, mas não quero mais carregar esse fardo. Desejo fazer parte da alegre companhia dos entusiastas, irreverentes e energéticos.

Só(mente) a mente revela quem somos por dentro. Tememos nossa própria espontaneidade, assim como os primitivos temiam o fogo. Preciso aprender a acender essa chama e domesticá-la.

É essencial equilibrar emoções e expectativas sociais. Autenticidade e liberdade de expressão representam desafios. A verdadeira essência vai além das fronteiras impostas. A vida vai além de representar papéis.

Decido abraçar minha humanidade, aceitar falhas e limitações. Não buscarei mais objetivos ilusórios. Liberto-me das pressões e expectativas impostas. É hora de viver minha espontaneidade, explorar meu potencial. Não serei um mártir, mas um indivíduo autêntico em busca da plenitude. Se quiserem me assassinar, far-me-ão um verdadeiro mártir da Educação.

Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 27/11/2016

Reeditado em 07/04/2018

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domingo, 1 de abril de 2018

O PESADELO ("acordei e me olhei no espelho ainda a tempo de ver meu sonho virar pesadelo." — Paulo Leminski)



Crônica

O PESADELO ("acordei e me olhei no espelho ainda a tempo de ver meu sonho virar pesadelo." — Paulo Leminski)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A manhã de domingo despontou envolta em névoa nostálgica. A luz do sol, como um sangue nobre que banha a terra, prometia um dia de paz. Mas, a paz era apenas uma miragem para meus olhos calejados pela vida. As marés da prosperidade, fertilidade, felicidade e prazer não fluíam em harmonia no meu ser, e a angústia de um pesadelo recente pairava sobre mim como uma tempestade agourenta.

Em sonhos, um provérbio ecoava em meus ouvidos: "Dentro de mim há dois cachorros: um cruel e malvado, o outro é bom. Eles estão sempre brigando. Aquele que eu alimento mais frequentemente é o que vence a briga." E a imagem vívida do pesadelo se desenrolava, quando de repente outra cena: um vira-lata, saído do lixão, urina em um rio que corroía o muro que me separava dos predadores do mundo. O muro, símbolo de segurança e proteção, desmoronava, abrindo caminho para a miséria, o sofrimento e as perdas.

O despertar foi abrupto, a mente ainda presa nas garras do sonho. A necessidade de buscar respostas me levou a um site de interpretação de sonhos, onde a incerteza se transformou em medo. Será que o pesadelo era um prenúncio de decepções, frustrações e falhas? Um aviso de que algo em meu caminho precisava ser abandonado? Uma profecia sinistra sobre o futuro do meu emprego, da minha família, dos meus relacionamentos ou até mesmo dos meus negócios e hábitos?

O medo me impeliu a tomar uma decisão precipitada: abandonei a escola municipal, ou melhor, tirei uma licença por interesse particular. Era uma tentativa desesperada de escapar da profecia, de silenciar os cães ferozes que lutavam dentro de mim.

Mas, a fuga não trouxe paz. A pergunta de Álvares de Azevedo pairava sobre mim:

"Minha Desgraça": Minha desgraça, não é ser poeta, Nem ter um eco na terra de amor, E meu anjo de Deus, meu planeta, Tratar-me como a um boneco de dor...

Não é ter cotovelos rotos, Ter um travesseiro de pedra dura... Eu sei... O mundo é um pântano perdido, Cujo sol (quem dera!) é a riqueza pura...

Minha desgraça, ó donzela pura, O que faz meu peito blasfemar, É escrever um poema com ternura, Faltando um tostão para a luz iluminar.

A verdade é que a cura não reside na fuga, mas no confronto. Preciso enfrentar os meus medos, os meus cães ferozes, e alimentar o que há de bom em mim. Preciso encontrar a paz interior, a harmonia que tanto almejo.

As palavras dos sábios ressoam em meus ouvidos: "Aquele que elogia o amigo à revelia estende uma rede aos seus passos" (Provérbios 29:5). E aquele que cava uma cova para o outro, nela cairá! Eu sou o cachorro bem alimentado que precisa vencer essa batalha interior. A batalha pela paz, pela felicidade, pela prosperidade.

A jornada será árdua, mas sei que não estou sozinho. A luz do sol ainda brilha, e a promessa de um novo dia me acena. Com fé e determinação, seguirei em frente, alimentando o meu cão bom e construindo um futuro melhor.

Lembre-se, caro leitor, que os pesadelos podem ser apenas reflexos de nossos medos e inseguranças. A verdadeira batalha se trava dentro de nós mesmos. Acredite em si mesmo, alimente o que há de bom em seu interior e a paz reinará em seu coração.

ALINHAMENTO CONSTRUTIVO

1. A Luta Interior: Uma Batalha de Cães

O autor narra um pesadelo envolvendo dois cães em constante conflito. Qual a simbologia dessa metáfora? Como essa luta interna se relaciona com as temáticas sociológicas do texto?

2. Desmoronamento dos Muros: Uma metáfora da fragilidade social?

No sonho, o muro que protege o autor desmorona, expondo-o à miséria e ao sofrimento. Que interpretações sociológicas podem ser feitas dessa imagem? Como essa metáfora se conecta às realidades sociais do Brasil?

3. A Fuga da Escola: Uma Solução ou um Aprofundamento dos Problemas?

Diante do pesadelo, o autor decide abandonar a escola. Que análise sociológica podemos fazer dessa decisão? Quais as possíveis consequências dessa escolha, tanto para o autor quanto para a sociedade?

4. A Poesia como Reflexo da Realidade: Uma Voz Contra a Desgraça?

O autor cita o poema "Minha Desgraça" de Álvares de Azevedo. Que diálogo podemos estabelecer entre a poesia e a sociologia? Como a arte se torna um instrumento de crítica social e expressão de angústias individuais e coletivas?

5. A Busca pela Cura: Entre o Medo e a Esperança

O texto termina com a reflexão sobre a necessidade de enfrentar os medos e alimentar o "cão bom". Como essa jornada de autocura se relaciona com os conceitos sociológicos de empoderamento individual e transformação social? Qual a mensagem final que o autor deixa para o leitor?

Bônus:

6. A Crônica como Espelho da Sociedade: Uma Análise Sociológica

Realize uma análise sociológica da crônica como um todo. Identifique os principais temas abordados, as críticas sociais presentes e as reflexões que o autor propõe ao leitor. Como essa crônica contribui para a compreensão da realidade social brasileira?

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