"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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sexta-feira, 9 de junho de 2023

A SABEDORIA DOS ANTIGOS ("Nada se pode criar num lado senão à custa da dissolução no outro." — Bertrand Russell)

 

A SABEDORIA DOS ANTIGOS ("Nada se pode criar num lado senão à custa da dissolução no outro." — Bertrand Russell)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

No emaranhado de caminhos que compõem a vida, há momentos em que nos deparamos com situações inusitadas, capazes de despertar a curiosidade e fazer refletir sobre os desígnios do destino. Foi assim que me vi envolvido em um episódio singular, onde a sabedoria dos antigos se manifestou de maneira surpreendente.

Tudo começou em um dia comum, em que o sol parecia brincar com as nuvens no céu. Eu seguia meu caminho em minha bicicleta, pedalando no exercício da tarde, distraído com a paisagem, quando uma frase ecoou em minha mente: "O mundo e a vida são redondos, como uma bola, todos os caminhos levam ao mesmo lugar". Essas palavras, vindas de algum recôndito ancestral, pareciam fazer sentido naquele momento.

Foi então que um encontro improvável aconteceu. Homens temeriam as mulheres, aqueles que antes eram dominantes, agora se viam em posição de submissão. Os negros, outrora escravizados pelos brancos, encontravam sua voz e ascendiam ao poder, talvez com um desejo inconsciente de inverter os papéis históricos. Mas, observei que os suprimidos emergiam das sombras, buscando sua vez sob os holofotes da sociedade.

Todavia, foi na escola que essa teoria ganhou uma nova perspectiva. A sala de aula se transformava em um palco, onde os alunos assumiam o papel de juízes, avaliando e julgando cada palavra proferida pelos professores. Era a era dos canceladores, ávidos por notoriedade, dispostos a expor qualquer deslize ou desonra cometida por aqueles que detinham o conhecimento. Como o marido que revela a traição da esposa, expondo sua infidelidade, tornavam-se os cornos da própria história, mas não se importava para isso, desde que fizesse a vingança.

Nesse turbilhão de eventos sensíveis da sociedade, percebi que a sabedoria dos antigos estava certa. A roda da vida girava incessantemente, trazendo à tona o que estava adormecido, revertendo papéis e quebrando paradigmas. A escola, outrora o ambiente onde o conhecimento era transmitido, tornava-se a aluna, aprendendo a lição de que o poder estava nas mãos daqueles que antes eram apenas receptores passivos.

Porém, ao refletir sobre essa revolução, não pude deixar de sentir um certo desencanto. Seria esse o rumo certo para a educação? O apagão na educação que tanto temíamos seria inevitável? E assim me veio à mente outra frase dos antigos: "Tudo acaba como começou". A roda da vida, implacável em seu movimento circular, parecia indicar que, apesar das mudanças, estaríamos fadados a retornar ao ponto de partida, às mesmas questões e conflitos.

Enquanto observava o mundo ao meu redor, compreendi que a verdadeira sabedoria não está em inverter os papéis ou impor a supremacia de um sobre o outro, mas sim na busca por uma harmonia verdadeira, na construção de uma sociedade em que todos sejam respeitados e valorizados. A escola... CiFA

quinta-feira, 8 de junho de 2023

A DESIGUALDADE EM MEIO AO CAOS ("No Brasil, quando o feriado é religioso, até ateu comemora." — Jô Soares)

 


A DESIGUALDADE EM MEIO AO CAOS ("No Brasil, quando o feriado é religioso, até ateu comemora." — Jô Soares)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Hoje, em meio às tensões do dia-a-dia, algo surpreendente aconteceu. Pessoas se aproximaram, oferecendo uma parceria que poderia mudar minha vida. Mas, antes de me lançar nessa oportunidade, precisei organizar meus pensamentos, pois sentia que estava em um compasso diferente das pessoas ao meu redor.

Era sexta-feira, a Paixão de Cristo, um dia carregado de significados. Decidi evitar confrontos com chefes e me dedicar a cuidar de mim. Massagens e meditações pelas redes sociais se tornaram minha aposta para enfrentar esse mundo desgraçado, que parece desconsiderar o amor construído em favor de critérios egoístas.

Percebi minha própria inadequação, resistindo à superioridade imposta e buscando igualdade de gêneros. Reconheci que meu machismo era estúpido, pois não compreendia quando elas expunham seus corpos nas redes sociais. Mas se um homem ousasse compartilhar a mesma foto, ele seria acusado de crime e poderia ser preso ou pagar fiança, sem direito a questionamento algum.

Lembrei-me da união da campanha feminista com a parada gay, que fortaleceu a marcha das vadias. Em um momento ético e disciplinar na escola, pedi para um aluno homossexual mudar de lugar durante a aula, seguindo os princípios da instituição. Fui erroneamente chamado de homofóbico, e todos riram.

Olhando para trás, percebo que essas experiências me ensinaram lições valiosas. As tensões da vida nos desafiam, mas nossa resposta a essas situações define quem somos. Em meio ao caos, devemos lutar por igualdade e questionar os padrões impostos pela sociedade. É importante buscar harmonia entre as pessoas, independentemente de seu gênero ou orientação sexual.

A vida é um filme cheio de momentos difíceis, mas também de oportunidades para criar um enredo melhor. Cabe a cada um de nós transformar esse filme em uma narrativa de igualdade, justiça e respeito mútuo.

A ARMADILHA DA HONRA PERDIDA ("Não respondas ao insensato com semelhante insensatez, para não te igualares a ele." — Prov. 26:4)

 

A ARMADILHA DA HONRA PERDIDA ("Não respondas ao insensato com semelhante insensatez, para não te igualares a ele." — Prov. 26:4)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Naquele dia, logo depois da pandemia de Covid-19; após encerrar minha aula, duas alunas do segundo ano, se aproximaram com uma intenção maliciosa. Sentaram-se à minha mesa e me prepararam uma armadilha. Uma delas, prestes a sair da escola, me fez uma pergunta provocativa: "Professor, faz quanto tempo que o senhor não "pega" uma mulher?" Não estranhei, a escola estava repleta de adolescentes erotizados e propagadores de preconceitos (Etaríssimo É CRIME), mas eu não poderia deixar passar essa oportunidade para me defender. Decidi nivelar a situação e respondi que saía semanalmente com prostitutas, pois valorizava o lazer de qualidade. Sem perceber, ela gravou tudo com o celular e divulgou minha imagem sem consentimento, roubando minha honra uma vez mais.

Nesta crônica, não revelarei o nome delas, pois meu objetivo é outro: eternizar minhas experiências na escola, exercendo minha profissão de forma legal e honesta. Soube da divulgação através de outro tipo de aluno, aqueles que não se dedicam às atividades escolares e fingem ser amigos dos professores para ganhar "pontos". O representante de turma fica pressionado pelos dois lados, e sua opinião é incerta. No entanto, o ocorrido é sempre levado ao conselho de classe, deixando de lado questões mais relevantes para o ensino/aprendizagem.

Que tipo de aluno entrevista o professor buscando conhecimento acadêmico com perguntas inteligentes, enquanto filma com o celular? Esses são raros, quase extintos. No entanto, algumas pessoas podem ter sido prejudicadas durante o período do lockdown, pois ficaram sem aulas presenciais e tiveram que aprender em casa, o que pode ter sido mais difícil para elas. A pandemia de Covid-19 expôs as realidades graves do Brasil: miséria, fome, medo, carências múltiplas, insegurança, vulnerabilidade. O futuro pós-pandemia é incerto, cheio de dúvidas e perguntas. Mas os momentos de crise também são oportunidades de mudança, e o desafio está diante de nós.

Alunos que abandonam a escola não deveriam ter permissão para retornar, especialmente se a razão da transferência foi indisciplina. Nossas ações e escolhas vêm de Deus, do Diabo ou de nós mesmos. "Os espinhos que me feriram foram produzidos pelo arbusto que plantei." É importante refletir sobre isso. Devemos enfrentar os desafios com integridade e jamais permitir que os outros nos roubem nossa dignidade. A educação é uma jornada que requer respeito e responsabilidade de todas as partes envolvidas. Que possamos aprender com as adversidades e transformá-las em oportunidades de crescimento pessoal e coletivo.

A EDUCAÇÃO PÚBLICA É UM TIRO NO PÉ. ("As pessoas querem aprender a nadar e ter um pé no chão ao mesmo tempo." — Marcel Proust)

 


A EDUCAÇÃO PÚBLICA É UM TIRO NO PÉ. ("As pessoas querem aprender a nadar e ter um pé no chão ao mesmo tempo." — Marcel Proust)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Eu, conhecedor dos benefícios do uso das cruzadinhas em sala de aula, nesta semana fui interrompido por uma aluna do segundo ano do Novo Ensino Médio, quando ela me perguntou se eu não tinha conteúdo da Secretaria de Educação para ensiná-la. Então, envergonhado e humilhado, usei o plano "B" também reconhecendo minha fragilidade frente à coordenação da escola, no caso de uma denúncia ( o "de menor" sempre tem razão).

           A utilização das palavras cruzadas em sala de aula tem por finalidade desenvolver entre outras habilidades a de estimular a memória, o raciocínio e o pensamento.  A vantagem de se usar esse suporte pedagógico em sala de aula de modo lúdico, é que colabora para desenvolver nos estudantes a escrita e compreensão do sentido das palavras e sua ortografia. Esquematizadas como "espaços fechados de escrita", não há como preenchê-los, escrevendo incorretamente. A utilização das palavras cruzadas como ferramenta didática procura criar oportunidades onde o desafio e a curiosidade são favorecidos, facilitando o trabalho de construção do conhecimento. Funciona como um apoio didático eficaz que inventa situações vivas e variadas a partir desta prática.

           Antes da pandemia, o professor tradicional podia usar essa didática, fiz muito isso, mas agora diante de alunos arrogantes, prepotentes, militantes, ativistas, os ditos cidadãos críticos e analíticos, dos tempos modernos, já não é mais favorável; os tais não medem o peso de sua ignorância, prontos ao denuncismo. Eles estão assim; na minha aula anterior, um aluno (Joãozinho justiceiro) pediu meu "canetão" para escrever algo no quadro, então lhe permiti, e ele escreveu: "A escola permite assédio e não permite 10 minutos de atraso". Portanto, não lhe questionei nada a respeito, "bosta quanto mais se mexe, mais fede". Eles têm muita vontade de prejudicar alguém. Cheguei a pensar que essa aluna foi orientada por outros "mestres" que não tem minhas habilidades, porque ela sozinha não tinha demonstrado competências alguma; por isso não insisti naquele dia, nas outras salas; julguei que outros tivessem também contaminados ideologicamente. Desisti, nunca mais aplicarei palavras cruzadas na aula de Língua Portuguesa. Vencido pelo cansaço! — Palavras Cruzadas é só um método, o conteúdo é da matriz curricular básica. "Eu desisti. Mas não pense que foi por não ter coragem de lutar, e sim por não ter mais condições de sofrer." (Bob Marley).

ESPIANDO DE LONGE ("Eu não fico procurando muita coisa, revirando, espiando, o que importa é o 'daqui pra frente'.'' — Bianca Alves Melo)

 


ESPIANDO DE LONGE ("Eu não fico procurando muita coisa, revirando, espiando, o que importa é o 'daqui pra frente'.'' — Bianca Alves Melo)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Às vezes, as pessoas têm medo de serem discriminadas e, por isso, se protegem muito. Mas, ironicamente, essa proteção excessiva acaba causando outra forma de discriminação, fazendo com que elas se sintam solitárias e abandonadas. É como se um buraco atrai-se outro buraco. Além disso, às vezes nos sentimos obrigados a usar certas palavras que são consideradas politicamente corretas, mesmo que não concordemos com elas. É como se estivéssemos presos e não pudéssemos expressar nossos verdadeiros pensamentos.

Eu espiando de longe! O silêncio pesava no ar, como se o medo tivesse amordaçado a todos nós. Em meio as pessoas normais, avistei uma figura solitária, alguém que representava estas minorias modernas, buscando aceitação excessivamente. No entanto, essa autodefesa o levava à solidão e ao abandono. As pessoas ao redor se afastavam, temerosas de ofender e enfrentar processos judiciais. Palavras se tornaram armadilhas, silenciando as vozes. Chamavam o sedento de respeito de "mimimizeiro" e o deixavam entregue a sua própria sorte.

Eu, por outro lado, continuei observando atentamente — Quando meus inimigos cometem erros, não os interrompo — Então, esperava-o que tropeçasse em suas próprias falhas, sabendo que a lição seria mais poderosa do que qualquer palavra minha.

As palavras sábias de Nietzsche ecoavam em minha mente. Assim como abelhas e aranhas extraem o néctar das flores, cada um de nós escolhe o que absorver do mundo ao nosso redor.

Às vezes, as pessoas têm medo de dizer o que pensam por medo de ofender alguém ou ter problemas legais, como um processo judicial. Mas ficar em silêncio o tempo todo pode ser prejudicial. Devemos falar com responsabilidade e ter coragem de expressar nossas opiniões, mesmo que sejam diferentes das dos outros. Assim, podemos construir uma sociedade em que as pessoas conversem e se respeitem, mesmo com pontos de vista diferentes. É como numa conversa com um amigo, podemos discordar, mas ainda nos respeitamos.

Que não nos calemos diante das adversidades. Que usemos nossas palavras com sabedoria para superar o abismo que nos separa e construir um mundo mais justo e inclusivo.

quarta-feira, 7 de junho de 2023

MERCANTILISMO ("Prostituição não é vender o corpo. É vender a dignidade." — Adriana Cristina Razia)

 


MERCANTILISMO ("Prostituição não é vender o corpo. É vender a dignidade." — Adriana Cristina Razia)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Naquele dia, caminhando pela movimentada avenida Dom Emanuel, na cidade de Senador Canedo, refleti sobre a frase "Nada de graça presta". Essa ideia trouxe à tona a complexidade dos relacionamentos humanos. Pensei na vida artística dos menores de idade, expostos à triste realidade da pedofilia. Os pedófilos seduzem as meninas com presentes, mas isso tem um preço muito "baixo".

Refletindo sobre os relacionamentos adultos, ouvi dizer que sexo pago é para quem não se valoriza, mas discordo. Todo relacionamento é um negócio, inclusive com a igreja, onde há uma troca implícita comprando a vida eterna.

E nas relações conjugais, dizem que a mulher casada custa mais, mas até os mendigos a têm de graça. Todavia, será mesmo que uma esposa vem sem custo, sem esforço? A gratidão se perde quando não há contrapartida.

Concluí que não há almoço grátis, como meu avô dizia. Tudo tem seu preço, seja dinheiro, esforço ou compromisso emocional. Depois disso, devemos fazer escolhas conscientes e valorizar cada momento.

Encerrando minha caminhada, senti tristeza e sabedoria. Compreendi que devemos lutar pelo que desejamos. No mundo, onde nada de graça presta, a verdadeira maravilha está em apreciar o que conquistamos com suor e dedicação.

Segui em frente, pronto para enfrentar as batalhas que a vida me reserva. Ciente de que cada conquista vale o esforço. CiFA

terça-feira, 6 de junho de 2023

"NOIAFOBIA" ("Se eles não podem trabalhar, é melhor deixá-los apodrecer" - Greta Bosel.)

 


"NOIAFOBIA" ("Se eles não podem trabalhar, é melhor deixá-los apodrecer" - Greta Bosel.)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Eu recordo vividamente daquele grupo de jovens, animados e risonhos, imersos em uma atmosfera de rebeldia. Ao invés de dedicarem-se aos estudos, preferiam se esconder atrás do pavilhão sombrio. Eu os observava de perto, fascinado pela energia vibrante que irradiava daquela roda. Naquele momento, eu não pude conter meus pensamentos em voz alta: "A escola não foi feita para esse tipo de comportamento". Afinal, o propósito educacional deveria ser mais valorizado e aproveitado por todos.

Eles falavam animadamente sobre as suas "viagens", orgulhosos de terem experimentado estados alterados de consciência. Era como se se vangloriassem das suas próprias loucuras, como se fosse uma medalha de honra conquistada no campo de batalha da juventude.

Confesso que senti uma certa aversão naquele momento. Eu os discriminava, afastando-os de mim, como se fossem criaturas de um mundo distante e perigoso. Eles eram jovens, cheios de vida, mas tão perdidos em suas tolas luxúrias.

Ouvia falar dos estragos causados pelo álcool, pelas drogas, pela compulsão desenfreada. Homens e mulheres que se entregavam às tentações, como se fossem animais sem controle. E a sociedade, de certa forma, subsidiava essa autodestruição.

Eram especialmente vulneráveis os jovens, os estudantes do Ensino Médio, envolvidos nas fraternidades que pareciam cultivar a própria ruína. E eu via, com certo pesar, que aqueles que lutavam pela igualdade de gênero os invejavam.

Talvez, em algum momento, eu tenha pensado em ajudá-los, em mostrar-lhes um caminho diferente. Mas, logo percebi que essa escolha não estava em minhas mãos. O livre-arbítrio concedido a eles, jovens tolos e ignorantes, parecia mais uma maldição do que uma dádiva.

Pai e mãe poderiam ser vítimas dessa trajetória desenfreada, enquanto o mundo ao redor assistia passivamente. Eles caminhavam para a pobreza, incapazes de se libertarem das amarras das suas próprias escolhas. E as esmolas não seriam suficientes para trazer a redenção que tanto necessitavam.

Assim, eu me afastei daquela cena, guardando em meu coração o lamento pela perdição daqueles jovens. A vida é uma jornada de escolhas, e alguns parecem destinados a trilhar os caminhos mais sombrios.

Que essa narrativa sirva como um lembrete, não apenas para eles, mas para todos nós. Que tenhamos sabedoria para fazer as escolhas certas, para não cairmos nas armadilhas do vício e da autodestruição. Que possamos enxergar além das ilusões da juventude e buscar um futuro de verdadeira plenitude.

Que não brinquemos com o destino, pois ele também brinca conosco. (CiFA

segunda-feira, 5 de junho de 2023

A AUSÊNCIA DE RESPEITO SONEGA-LHE O TRONO. ("Quem nasceu para obedecer, obedecerá mesmo no trono." — Marquês de Vauvenargues)

 


A AUSÊNCIA DE RESPEITO SONEGA-LHE O TRONO. ("Quem nasceu para obedecer, obedecerá mesmo no trono." — Marquês de Vauvenargues)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Era o fim da manhã já na sala dos professores, onde eu me encontrava cercado por colegas professores. Em meio às conversas animadas de despedida daquele dia, surgiu um tema que sempre provocava polêmica e discussões acaloradas: a postura dos educadores diante da figura do presidente do país.

Alguns defendiam com veemência a liberdade de expressão, argumentando que cada indivíduo tem o direito de expressar suas opiniões, mesmo que sejam contrárias às autoridades. Outros, porém, acreditavam que essa postura denotava uma falta de patriotismo e civilidade por parte dos professores.

Entre as conversas, uma voz se destacava. Era a voz de um professor que, sem reservas, expressava seu descontentamento em relação ao presidente Bolsonaro. Palavras fortes e ácidas ecoavam pelo recinto de encontro, enquanto ele o chamava de burro, idiota, vagabundo e lixo.

Essa atitude despertava sentimentos conflitantes em meu coração. Por um lado, a liberdade de expressão é um valor inegável, fundamental para a democracia. Por outro, questionava-me se esse professor, ao desrespeitar de forma tão contundente a autoridade máxima e legítima do país, seria capaz de transmitir valores de respeito e cidadania aos seus alunos.

Observando as interações desse professor, percebia que seu comportamento não se limitava apenas ao âmbito político. Ele frequentemente demonstrava falta de respeito em suas relações com alunos, funcionários e colegas. A falta de consideração pelas opiniões alheias refletia-se em suas atitudes diárias.

Confesso que minha confiança nesse professor começava a abalar-se. Como poderia confiar em alguém que desrespeita e menospreza o próximo? Lembrava-me das palavras do sábio: "Quem respeita, merece respeito". E, nesse caso, o respeito era uma via de mão única.

É verdade que aqueles que subestimam o adversário revelam uma falta tremenda de inteligência. No entanto, a falta de coerência também estava presente nas palavras desse professor. Ao mesmo tempo em que proferia insultos aqui, quando nas reuniões pedagógicas, ouvia-o dizer: "Vamos orar para Deus abençoar nossa reunião!" Essa contradição deixava-me perplexo.

No final das contas, percebia que a atitude daquele professor não condizia com o papel de um educador exemplar. Ele havia se tornado mais do que um simples professor, transformando-se em um militante, um ativista. Suas emoções e convicções políticas se sobrepunham à sua missão de educar e formar cidadãos.

Refletindo sobre essa experiência, cheguei à conclusão de que o respeito é um pilar fundamental em nossas relações humanas. Independentemente das discordâncias políticas, devemos manter a civilidade e o diálogo respeitoso. Somente assim poderemos construir um ambiente de aprendizado saudável e inspirador. CiFA

domingo, 4 de junho de 2023

REFLEXÕES À "SOMBRA" DO TERMINAL DO DERGO ("Mulher de vida fácil não precisa de Bolsa Família." — Saint-Clair Mello)

 


REFLEXÕES À "SOMBRA" DO TERMINAL DO DERGO ("Mulher de vida fácil não precisa de Bolsa Família." — Saint-Clair Mello)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Era uma tarde ensolarada de julho no "Terminal do Dergo". Decidi entrar em um café, observando discretamente as mulheres ao meu redor. Enquanto desfrutava da tranquilidade do local, comecei a refletir sobre as relações humanas e a igualdade de gênero. O Dia Internacional da Mulher se aproximava, despertando uma sensação peculiar em mim.

Recordando o passado, lembrei-me das mulheres que, outrora, demonstravam medo constante em seus olhares, como se temessem o assédio que as cercava. No entanto, algo havia mudado. Agora, era eu quem desviava o olhar, preocupado em evitar qualquer mal-entendido que pudesse resultar em uma acusação de assédio. A confiança entre homens e mulheres parecia ter sido abalada, apesar das tentativas de alcançar uma suposta igualdade de gênero.

Foi nesse momento de reflexão que me dei conta da difícil realidade de algumas mulheres que se encontravam presas na prostituição, impulsionadas por circunstâncias desfavoráveis. Eram vítimas de aproveitadores, perpetuando uma desigualdade persistente.

Com o movimento de "empoderamento" feminino, o assédio havia se tornado uma triste banalidade. Homens e mulheres viviam em constante desconfiança mútua, buscando uma igualdade que, aos meus olhos, ainda parecia distante.

Apesar do desencanto que permeava meus pensamentos, tomei uma decisão naquele instante: homenagear todas as mulheres que haviam passado pela minha vida, reconhecendo e valorizando a força e a coragem que carregavam. Preferia me considerar inferior a elas, pois entendia que a verdadeira igualdade não se encontrava na uniformidade.

Concluí, então, que cada mulher é única e merece ser apreciada em sua singularidade. Ao sair do café, sentia dentro de mim uma profunda gratidão por todas as mulheres que haviam deixado sua marca, cientes de que o seu valor ultrapassa qualquer rótulo ou estereótipo. Cada uma delas possui uma força inigualável, capaz de transformar o mundo ao seu redor.