"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

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domingo, 28 de dezembro de 2008

O OUTRO LADO DO PORTFÓLIO AVALIATIVO (Você é o que é seu portfólio!?)



Crônica

O OUTRO LADO DO PORTFÓLIO AVALIATIVO (Você é o que é seu portfólio!?)

Por Claudeci Ferreira de Andrade



                Uma mulher idosa, professora experiente, que já gozava de uma avantajada dose de discriminação, pois andava sem muita criatividade profissional, aceitou o desafio de fazer o portfólio como seu “salvador da pátria”, e encontrou grande alegria em juntar fotos, projetinhos, trabalhos, folders, diplomas e papeladas mil! Alguns dias depois de avaliada pela comissão, um colega interrogou-a sobre sua nova experiência.

            — Deve ter abandonado muitos afazeres importantes para reservar tempo para a confecção desse portfólio. A senhora comprometeu a dedicação ao lar, a família e até “desenterrou defunto” – tudo. Não é sacrifício demasiado para fazer uma coisa ridícula e inútil como é o tal portfólio?

            A velha professora meditou um momento:

            — Colega –  disse ela com sinceridade – constantemente me perguntam a respeito do que eu deixei de fazer por isso ou aquilo que faço na escola. É estranho, mas jamais alguém me perguntou sobre os benefícios disso ou aquilo que faço na escola. Na verdade eu deixei de fazer muito pouco, comparando com o lucro social e na relação com meus superiores. “O meu copo transborda”.  Agora que tenho um portfólio em mãos, tenho tudo o que preciso para dizer quem sou eu. Sendo assim, tudo que o coração de uma professora como eu pode desejar é o reconhecimento profissional. Nas páginas abarrotadas de boas informações maquiadas ou não, compradas ou não, encontra-se tudo que uma comissão amiga pode desejar. A comissão não apenas pode ver o meu alvo de perfeição, mas pode também fornecer-me orientações para que possa alcançá-lo. Ao aceitarmos essas orientações nos tornamos melhores profissionais. Mediante horas a fio em contato com a matéria a ser portfoliada, a consciência se aguça, tornando-se realidade dentro da minha alma que ainda está sedenta. Nada há para o presente ou para o futuro de um profissional que uma comissão avaliadora não possa perceber mediante a sistemática análise do seu portfólio. Podemos nos tornar completos nele.

            Também consigo ver esse lado que a velha professora viu. Tudo pode ser nosso, o que ainda não foi conquistado, quando apresentamos um excelente portfólio. Ele é fonte de um bom trabalho, de conhecimento e de realizações. Dele flui luz, esperança, capricho, esforço e conforto. Ele é o transformador de situação. É o manancial das revelações. Nenhuma segurança profissional maior pode alguém possuir do que a promessa de promoção, asseverada ali. É uma gostosa "verdade": você é o que é seu portfólio!? Só suspeito que a professora estava sendo tão irônica como eu estou sendo agora!

            O portfólio é uma espécie de Curriculum Vitae, pedi-lo como requisito para contratar é bastante coerente, mas para trabalhadores de muitos anos concursados eis a questão.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 02/06/2009
Código do texto: T1628062

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (Autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

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quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

EDUCAÇÃO EM CRISE (A ausência dos pais faz aumentar consideravelmente os casos de indisciplina no ambiente escolar.)



EDUCAÇÃO EM CRISE
Por Gedeon Campos

                Os gráficos até podem dizer o contrário, mas a realidade da educação, na prática, não é nada boa. Não é de agora que a formação educacional por aqui vive a cargo exclusivamente das escolas que funcionam com parcos recursos. A família gradativamente vai saindo de cena, afinal, a maioria dos pais vem se limitando à singular responsabilidade de matricular as crianças menores, ainda assim por temer repressão do estado e por causa das ajudas assistenciais do tipo Bolsa Escola, PETI e outras tantas, por sua vez, atreladas à matrícula e à freqüência do aluno. Isso terá agravantes, porque a ausência dos pais faz aumentar consideravelmente os casos de indisciplina no ambiente escolar.
                Mas, se por um lado a formação educacional esbarra na indisposição dos pais em colaborar para a educação dos filhos, por outro, não dispomos de um projeto de educação que seja programa exclusivo do Estado. Por essa razão, o sistema sofre mutações constantes. A falta de propostas consistentes faz o sistema curvar-se diante da (má) vontade política e das organizações que ditam como deve ser a educação brasileira, introduzindo programas absurdos que tendem a desonerar o Estado, dando respostas quantitativas por meio da eliminação de etapas e da aceleração indiscriminada de alunos. O resultado da banalização desses programas é uma coisa insossa, já que o professor normalmente se Vê obrigado a ensinar o que ele não acredita que deve ensinar, limitando-se a disseminar crenças que possam ser consideradas úteis pelo sistema e a jogar para fora do ambiente escolar um sem tanto de homens que, embora “formados”, mal conseguem ler e desenhar o próprio nome. E o pior de tudo é que o professor converte-se, cédula por célula, num servidor cortês passando a executar as ordens de homens que não têm a sua cultura, aliás, de gente que não dispõe da menor experiência com o ofício e que leva o assunto “Educação” na base da propaganda. Talvez seja por isso que os profissionais vivam em constante depressão, já que o princípio geral da educação, como o qual muitos sonharam ao sair da academia, que era o de levar a criança a ler e a escrever contribuindo para sua experiência de mundo, mostra-se completamente distorcido. E o professor, agora um desconhecido a si mesmo, surpreende-se, inculcando a insensatez e o entusiasmo coletivo.
                E, por fim, como se não bastasse, resta um outro agravante relacionado à produção midiática. A indústria cultural brasileira vem se limitando à produção de bordões que são reproduzidos em cadeia de rádio e TV. Essa talvez seja a razão da gente não mais se assustar ao ouvir ou ver um professor no meio de alunos, na hora do recreio, dançando ao som de ritmos do tipo “só as cachorras, as preparadas” e assim por diante, já que a onda do memento parece ser contemporizar, ser light. Mesmo que, para isso, a gente venda nossa disposição de divulgar opiniões e prefira trazer essas besteiras para o contexto escolar. Afinal, está muito dissipada da nossa memória a imagem daquele professor que, em outros tempos, incomodava - ninguém se lembra que Sócrates foi condenado à morte e Platão, trancafiado, em decorrência daquilo que ensinavam – uma vez que o professor de agora não consegue ir além do burocrata que é, envolvido com diários e programas que se apóiam em números e controle das informações contidas nos conteúdos programáticos.
                (FARO, Circulação de idéias, ano I, edição nº 4, maio de 2006).

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

O ENSINO FUNDAMENTAL NAS ESCOLAS PÚBLICAS (Professores amedrontados, humilhados, tentam agradar alunos malcriados.)

Crônica 

O ENSINO FUNDAMENTAL NAS ESCOLAS PÚBLICAS (Professores amedrontados, humilhados, tentam agradar alunos malcriados.)

Por Bariani Ortencio


                Não há aprendizagem sem disciplina nem disciplina sem autoridade. A escola é o canteiro onde nascem as boas e as más sementes. Quem perdoa as pessoas são os castigos. Sem punição não pode haver disciplina e obediência: Educação sem amor; fofa.
                Faço palestras em escolas públicas e particulares, e fico pesaroso em ver a situação da maioria, as públicas, não os colégios militares, que são exemplares, estou denunciando, porém, não censurando quem quer que seja: as denúncias pela imprensa mostram que  o mal está generalizado em todo o País: “48.000 crianças em escolas goianas são analfabetas. 87% estão na rede pública. Faltam 250 mil professores na rede pública, mas e o salário?
                O projeto do cidadão está na escola e, no lar, o ambiente afetivo da criança, onde aprende educação, e como a educação vem de casa, uma parcela de culpa  é dos pais. Permitem a criança no computador pela noite a dentro e o professor acordando o aluno debruçado na carteira. Uns falando ao celular e outros assistindo aulas com o aparelho de som aos ouvidos, alguns prometendo, com palavrões, pegar o professor fora da escola.
                Professores amedrontados, humilhados, tentam agradar alunos malcriados. Pais omissos, diretores e coordenadores sem pulso forte e professores fazendo B.O na polícia. Colocam o filho na escola “pra professora dar um jeito”, achando que o professor (maioria professoras) é obrigado a domar a fera mal educada. E vai por aí, alunos drogados, sem uniformes, alguns vestidos até com deboche. O pior é não ter reprovação, não haver exigência de porcentagem de freqüência: “Lá na escola não pode repetir de ano. Então eu vou passando... João, 16 anos, com graves dificuldades para ler, escrever e fazer contas simples, mas cursa a nona série. Nesse sistema onde números são mais importantes que o ensino, alguém já parou para pensar no futuro destes jovens?” (O POPULAR, 18.8.2008).
                “De todos os assuntos de interesse da sociedade brasileira, o mais urgente é, sem dúvida, o problema da educação básica, primária ou fundamental... Os péssimos resultados colhidos estão aí, constatados e divulgados por organismos nacionais e internacionais especializados em avaliação escolar: os alunos brasileiros do ensino fundamental estão entre os piores do mundo, em matemática, língua portuguesa e ciências. Piores do que nós há somente dois ou três insignificantes países do Caribe e da África... E a escola fundamental continua de mal a pior, com seus concluintes incapazes de redigir um simples bilhete e mal sabendo as quatro operações...” (Lena Castelo Branco – DM, 30.9.2008).

                Nos colégios dirigidos por militares graduados (ambos os sexos) predominam a disciplina e a eficiência. Todos os alunos são uniformizados e se levantam quando o professor entra na sala de aula. No final da palestra a maioria faz perguntas interessantes.

                “A terceira edição do Prêmio Ciências no Ensino Médio, do MEC, premiou duas escolas goianas da rede estadual: uma foi o Colégio da Policia Militar Hugo de Carvalho Ramos, de Goiânia.” (DM, 6.6.2008).

                Não é da nossa intenção ensinar o Pai Nosso ao vigário a ninguém, mas apenas um palpite que julgamos feliz: para todos os males há remédios, e o remédio eficaz, o “santo remédio” para o mal da Educação em nosso País, o caminho certo para colocar a escola pública nos trilhos, é, além da reprovação, o modelo da Escola Militar. Assim teremos aprendizagem com disciplina e disciplina com autoridade. Macktub!
( O POPULAR, Crônicas e Outras histórias, 19.12.2008).
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 16/01/2011
Código do texto: T2732919

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sábado, 20 de dezembro de 2008

SOU MAIS UMA 'PEDRA NO CAMINHO'! Ainda que fôssemos surdos e mudos como uma pedra, a nossa própria passividade seria uma forma de ação." — Jean-Paul Sartre)



CRÔNICA

SOU MAIS UMA 'PEDRA NO CAMINHO'! ("Ainda que fôssemos surdos e mudos como uma pedra, a nossa própria passividade seria uma forma de ação." — Jean-Paul Sartre)

Por Claudeci Ferreira de Andrade



            “O poema, publicado no livro ‘Alguma Poesia’ (1930), causou um verdadeiro escândalo na imprensa da época, provocando ataques ferrenhos ao autor por críticos que se negavam sequer a considerar poesia aquele texto ousadamente estruturado na repetição e numa construção lingüística simples, coloquial, que afirma a fala popular: ‘tinha uma pedra’ em detrimento da forma culta ‘havia uma pedra’”.(http://soslportuguesa.blogspot.com/2015/09/modernismo-2-fase-carlos-drummond-de_22.html) — acessado em 15/07/2019.


"No meio do caminho tinha uma pedra


tinha uma pedra no meio do caminho


tinha uma pedra

no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra."
(Carlos Drummond de Andrade)

           É certo que na maioria dos caminhos é bom evitar os extremos e permanecer “no meio do caminho”, como nos é dito por pensadores que defendem o equilíbrio. Normalmente, eu estou do lado desses bons conselheiros. Mas, há ocasiões em que o professor não pode ficar no centro do caminho parado, impunemente. Ocasiões há em que o homem no centro do caminho, no meio da estrada, está totalmente errado. No caso da educação, isso acontece quando os princípios pedagógicos estão mal aplicados, mal resolvidos e indefiníveis. É como dizer de alguém estar em cima do muro.
           Fui advertido por está conduzindo minha moto no meio da estrada, em cima da faixa central. Foi-me recordado o que eu sabia havia anos — que através do DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem), o governo gasta milhares de Reais cada ano, pintando a linha divisória para mostrar aos motoristas o centro da estrada, de modo que eles possam permanecer em sua mão, e não no centro, como aconteceu comigo.
           Assim também, os professores dedicados e disciplinados sentirão que a linha de demarcação entre a má e a boa educação devia ser mantida perfeitamente distinta. Esses se recusam a se familiarizar com o modismo do mundo educacional, mas não querem ser tradicionalistas, e assim, viram-se pedras no meio do caminho. Quem ainda não se sentiu obrigado a parar no meio do caminho por não saber que direção tomar exatamente. São tantas injustiças, tantos favorecimentos! E os alunos diante daquela "pedra" no meio do caminho sem expressar seu posicionamento com relação às mudanças pré-moldadas pelos homens dos escritórios, estes que se dizem não tradicionais, transformam-se em pedras também. Ou os mestres se comportarão entusiasticamente favoráveis do lado certo, ou a pedra drummondiana permanece representada por mestres que usam metodologias que não apontam caminho algum.
           E mais: a LDBEN (Lei de diretrizes e bases da Educação Nacional) e os Parâmetros Curriculares não deixam lugar para compromisso com a “lambança”. Entende-se que os grandes professores não podem aceitar transigências. Em nossas opiniões não deve haver a menor aparência de incerteza. A comunidade tem o direito de saber o que deve esperar de nós.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 01/06/2009
Código do texto: T1625938

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (Autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.
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sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

UM LÍDER PRUDENTE FAZ PRIMEIRO ("Toma para ti o conselho que dá aos outros." — Tales de Mileto)

CRÔNICA

UM LÍDER PRUDENTE FAZ PRIMEIRO ("Toma para ti o conselho que dá aos outros." — Tales de Mileto)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Prudêncio. Ainda me lembro dele, um gestor escolar que parecia carregar nos ombros não só a responsabilidade pela escola, mas o fervor de quem acreditava na força transformadora do conhecimento. Suas reuniões pedagógicas não eram encontros enfadonhos, repletos de informes burocráticos e resoluções apressadas. Não, com Prudêncio, cada reunião era um convite ao deslumbramento. Ele trazia consigo livros recém-descobertos, tratados que acabara de devorar, e fazia dessas leituras um convite para todos. Professores e funcionários saíam dessas conversas impregnados pelo entusiasmo de Prudêncio, que não apenas falava de educação, mas vivia para ela.

Houve um momento marcante em que um professor, desgastado por conflitos com um colega, viu Prudêncio intervir de forma surpreendente. Não houve advertências, ameaças de transferência ou redução de carga horária. Prudêncio, com sua serenidade habitual, sugeriu um livro. Não era uma solução comum, mas um mergulho na complexidade das relações humanas. Foi mais que um gesto; foi um exemplo de como a leitura pode ser um remédio para as feridas mais sutis. Essa abordagem sensível e intelectualmente rica deixava claro que Prudêncio via o saber como ponte, não como arma.

Mas o tempo passou, e essa sede de aprendizado parece ter se perdido. Hoje, vejo as “paradas pedagógicas” substituírem os cursos de capacitação de outrora, mas sem o mesmo brilho. O foco se deslocou para pautas burocráticas, enquanto o estímulo ao conhecimento foi relegado ao segundo plano. Há uma ausência gritante de debates significativos, de leituras compartilhadas, de trocas que possam realmente moldar o trabalho em sala de aula.

O cheiro de livro novo, aquele que Prudêncio tanto prezava, parece ter sido trocado por uma apatia coletiva. Mais do que nunca, sinto que os professores da escola pública precisam se reconectar com os livros, com o que há de mais novo e transformador em nossa profissão. Não se trata de acumular diplomas ou recorrer a fontes duvidosas; trata-se de buscar a sabedoria genuína, aquela que não só informa, mas transforma.

Recordo-me de uma frase lida em um dos livros que Prudêncio tanto recomendava: “É muito infeliz o líder de um povo pobre.” E essa pobreza, no contexto educacional, não se restringe à falta de recursos materiais; ela é uma pobreza de estímulo, de curiosidade, de envolvimento.

Acredito que é preciso mais do que lamentos; é preciso ação. Imagino o corpo docente se reunindo, não por obrigação, mas por paixão, para discutir livros, compartilhar experiências e buscar soluções. No lugar de conversas superficiais e informes de última hora, encontros produtivos, onde a educação ganhe o protagonismo que merece. Deixem o corriqueiro por conta das redes sociais.

Sonho com o retorno daquele entusiasmo que Prudêncio inspirava, um fervor que não dependia de discursos pomposos, mas de gestos simples e eficazes, como abrir um livro. Ele nos mostrava que só o conhecimento dá poder e que a sabedoria nasce na troca, no diálogo, na soma das experiências.

Se os desafios da educação recaem sobre os professores, que sejamos nós os agentes de nossa transformação. Que as palavras de Salomão ecoem em nossas práticas: “Na multidão dos conselhos há sabedoria.” E que, com o apoio de gestões visionárias como a de Prudêncio, possamos renovar o que a educação tem de mais essencial: a capacidade de despertar o melhor em cada um de nós.


Como um bom professor de sociologia do Ensino Médio, preparei 5 questões discursivas no formato de pergunta simples sobre os temas principais do texto:


1. Como o texto descreve a figura de Prudêncio e qual a importância de sua atuação para a comunidade escolar?

2. De que forma o texto contrapõe as práticas pedagógicas da época de Prudêncio com as observadas no presente?

3. Qual a crítica central do autor em relação à substituição dos cursos de capacitação pelas "paradas pedagógicas"?

4. Segundo o texto, qual a relação entre a falta de estímulo ao conhecimento e a "pobreza" no contexto educacional?

5. Que proposta o autor apresenta para a melhoria do ambiente escolar e o resgate do entusiasmo pelo aprendizado?

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QUANDO FRACO, FORTE ("Uma resposta branda aplaca a ira, palavra ferina atiça a cólera”. (Pv 15:1 BJ)



CRÕNICA


QUANDO FRACO, FORTE ("Uma resposta branda aplaca a ira, palavra ferina atiça a cólera”. (Pv 15:1 BJ)

Por Claudeci Ferreira de Andrade


          Os seus vinte anos de sala de aula não lhe impediram que aprendesse mais uma lição. Numa semana de avaliação, sofreu duas abordagens significativas e outros gracejos corriqueiros sem muita importância. Foi quando o professor Claudeko elaborou uma prova de alto nível, estilo aquelas de vestibular contendo duas páginas, objetivas, e solicitou aos alunos que pagassem a xérox, cobrou vinte e cinco centavos de real, enquanto ele pagou por cada página dez centavos, então lhe sobraria cinco centavos de cada prova para cobrir a Xérox de um ou outro que não pudesse  pagar, contudo, formulou uma ameaça: quem não pagasse os vinte e cinco centavos, copiaria a prova à mão. Na verdade, a ameaça era mais um blefe do professor, ninguém teria tempo para copiar uma prova daquele tamanho e depois respondê-la em duas aulas: só pressão, para não ter que pagar para trabalhar. Quando menos esperava, uma aluna “educada” lhe procurou em particular:

          — Professor se os alunos, que não pagarem a prova, vão copiar, que acho injusto, só vou pagar os vinte centavos.

          — Não, ninguém vai copiar, disse aquilo só por medo de que a maioria não pague e teria que arcar sozinho, o que não acho justo também, uma vez que a escola não tem equipamento – se justifica o professor com voz gentil.
          No segundo ano “D”, para uma experiência em busca de melhor aproveitamento, o sábio professor decidira, com a Turma, que a prova fosse em dupla. E assim se fez.
          Janaína uma aluna do “C” quando ficou sabendo correu ao professor o abordou com aspereza:
          — Olha aqui, o senhor devolveu os vinte e cinco centavos para cada dupla dos alunos do “D”, sendo que cada dupla só utilizou uma prova?
          —Não, não devolvi, porque utilizaram a outra xérox para fazer rascunho, cada um recebeu sua cópia, apenas permiti que se unissem em duplas para diminuir o número de prova que deveria corrigir.
          — Ah, mas o senhor não nos permitiu que fizéssemos em dupla!
          Hoje me pus a pensar no que o professor Claudeko me perguntou após ter me contado sua experiência com aquelas provas:
          — Por que os alunos se importam tanto que me sobrem algumas moedas, mas não se preocupam que eu leve prejuízo? Seria isso o espírito de cidadania, tão pregado pela escola, que já se incorporou neles?
          Entretanto, só agora me senti apto para lhe responder; agora que passei pela mesma prática de vida. E lhe falo, se é que posso ainda lhe ser útil, citando a Bíblia!
          “Porém Eu digo: não resista à violência! Se lhe baterem numa face, apresente a outra também. Se você for levado ao tribunal, e lhe tomarem a camisa, dê também a eles o casaco. Se um soldado exigir que você carregue a mochila dele por um quilômetro, carregue dois. Dê àqueles que lhe pedem, e não fuja daqueles que lhe querem tomar emprestado” ( Mt 5:39-42 BV ). 
          É um bom conselho para nós hoje, não é, Claudeko?
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 29/05/2009
Código do texto: T1621770

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

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