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quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

O Limite da Liberdade ("O futuro da educação está em nossas mãos. Cabe a nós escolher o caminho que queremos seguir." Autor: CiFA)

 Crônica 


O Limite da Liberdade ("O futuro da educação está em nossas mãos. Cabe a nós escolher o caminho que queremos seguir." Autor: CiFA)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Em um dia de inverno, com o sol se esforçando para aquecer o ambiente, uma notícia na televisão capturou minha atenção e me fez refletir profundamente sobre a fragilidade da confiança que depositamos em nossas palavras. Era o caso de uma mãe, que em sua dor e indignação, acusava a escola do filho de negligência, depois que ele retornou com ferimentos aparentes. Decidiu então recorrer às redes sociais, compartilhando sua revolta, e suas palavras logo desencadearam uma onda de acusações contra a instituição.

Em tempos de redes sociais, onde qualquer um pode ser um formador de opinião, muitas vezes agimos sem pensar nas consequências. Não demorou para que a mãe, em sua angústia, incitasse uma revolta pública, com comentários pedindo investigações e até o fechamento da escola. Paralelamente, acionou o Conselho Tutelar e a Delegacia de Proteção à Criança, alegando maus-tratos e omissão por parte da escola.

No entanto, como tantas vezes acontece, a verdade não se deixa abalar facilmente. A escola, acusada de negligência, apresentou vídeos e relatos que mostravam um outro cenário, onde as crianças estavam sendo adequadamente supervisionadas durante as brincadeiras. As investigações das autoridades não encontraram indícios de crime ou negligência, o que levou a instituição a tomar uma medida drástica: entrou com um processo por danos à sua reputação.

A Justiça, então, se fez ouvir. A mãe, que pensou estar agindo em defesa do filho, foi condenada a pagar uma indenização de R$ 8 mil à escola e a fazer uma retratação pública nos mesmos grupos onde fizera as acusações. A decisão gerou discussões nas redes sociais, com alguns defendendo a mãe, alegando que sua reação foi movida pelo amor e preocupação, enquanto outros apoiaram a decisão judicial, observando que, sem provas, ela ultrapassou os limites da razoabilidade e prejudicou injustamente a escola.

Essa história, que parecia ser apenas mais um caso isolado de desconfiança, me fez questionar: até onde vai nossa liberdade de expressão? Será que as redes sociais nos dão carta branca para acusar sem fundamentos, sem antes verificar os fatos? A verdade, muitas vezes, não é o que queremos que ela seja, mas o que ela realmente é. A dor e a indignação podem nos cegar, mas não podemos deixar que elas se tornem um caminho para destruir o outro.

A liberdade de expressão é um direito fundamental, mas, como tudo na vida, não é absoluta. Ela termina onde começa o direito do outro. O que me chama a atenção é como a falta de responsabilidade nas palavras pode gerar danos irreparáveis, não apenas à reputação de uma pessoa ou instituição, mas também ao próprio relacionamento de confiança que criamos uns com os outros.

O que esta história me ensina é que, ao tentarmos proteger aqueles que amamos, podemos, sem querer, prejudicar ainda mais. A confiança, uma vez quebrada, nunca mais volta a ser a mesma. No final, a lição é clara: que possamos usar as redes sociais com responsabilidade, pensando antes de compartilhar acusações e sendo conscientes do impacto real de nossas palavras, que, embora virtuais, podem causar danos muito concretos. Que, ao lutar pelo que é certo, nunca nos esqueçamos da importância de agir com respeito e empatia.

https://www.migalhas.com.br/quentes/423728/mae-que-acusou-escola-de-negligencia-em-redes-sociais-e-condenada


5 Questões Discursivas sobre o Texto:


1. De que forma o caso da mãe que acusou a escola de negligência nas redes sociais evidencia a complexa relação entre liberdade de expressão e responsabilidade?

2. Quais os perigos de se compartilhar informações não verificadas nas redes sociais, especialmente quando se trata de acusações que podem prejudicar a reputação de terceiros?

3. Como a emoção e a indignação podem influenciar nossas ações e palavras nas redes sociais? De que forma podemos evitar que esses sentimentos nos levem a cometer injustiças?

4. Qual o papel da Justiça em casos como o da mãe que acusou a escola de negligência? A decisão judicial de condená-la a indenizar a escola e a se retratar publicamente é justa? Por quê?

5. Que tipo de aprendizado podemos extrair da história da mãe que acusou a escola de negligência? Como podemos usar as redes sociais de forma mais responsável e ética?

A Nova Aula: O Silêncio das Telas ("É preciso aprender a usar a tecnologia com sabedoria, para que ela seja uma ferramenta a serviço da educação, e não um obstáculo." Autor: CiFA)

 Crônica 


A Nova Aula: O Silêncio das Telas ("É preciso aprender a usar a tecnologia com sabedoria, para que ela seja uma ferramenta a serviço da educação, e não um obstáculo." Autor: CiFA)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O início de cada ano letivo sempre carrega consigo uma mistura de expectativas e desafios. Mas este 2025, com suas novidades e anúncios de proibições, me trouxe uma reflexão que há tempos vinha se acumulando em minha mente. O celular, essa ferramenta que se tornou inseparável da nossa rotina, agora se vê impedido de cruzar as portas das salas de aula. E foi isso o que me levou a pensar em como, cada vez mais, a educação, em sua busca constante por novos modelos, se vê entre o antigo e o moderno, entre o que já não serve mais e o que ainda precisa ser testado.

É impossível ignorar o impacto das tecnologias sobre a vida dos estudantes. Há alguns anos, a ideia de retirar o celular das escolas seria vista como uma provocação, quase uma afronta à modernidade. Como assim? Um mundo sem conectividade? Como viver sem as redes sociais, sem a constante comunicação, sem a sensação de pertencimento que os aparelhos proporcionam? E, no entanto, a medida parece estar ganhando terreno, como uma tentativa desesperada de resgatar a atenção e o foco das novas gerações.

E não se trata apenas de impedir que o aluno fique mexendo no celular durante as aulas, não. A simples proximidade do aparelho já se mostrou suficientemente capaz de desviar a atenção e prejudicar o aprendizado. A pesquisa da Unesco é clara: até mesmo sem uso direto, o celular funciona como uma espécie de "ancora" emocional que interrompe o fluxo do conhecimento. Como se cada vibração, cada notificação fosse uma ameaça àquilo que é fundamental: a concentração.

A realidade de muitos professores, como Pedro Cavalcante de Miranda, é um reflexo disso. Ele, que, na tentativa de manter a atenção da turma, se vê constantemente repetindo a frase que já virou mantra em tantas escolas: "Tira o celular, presta atenção". E, nesse esforço diário, muitos estudantes confessam que a distração não é intencional, mas sim uma espécie de hábito inconsciente, como se a mente fosse programada para buscar algo novo, algo que distraia.

E, se é difícil imaginar como seria uma aula sem as interrupções das telas, a experiência de escolas que começaram a aplicar a proibição está mostrando que o retorno à "vida real", ao convívio físico, está sendo, de fato, um respiro. Com a ausência do celular, a comunicação entre os estudantes melhora, as brincadeiras retornam e, até as notas, surpreendentemente, mostram resultados positivos.

Quando a medida foi implantada em algumas escolas do Rio de Janeiro, muitos estudantes, como Victor Hugo Pereira da Costa, afirmaram que suas notas e seu comportamento melhoraram drasticamente. Para eles, o celular não era só uma distração, mas uma fonte de isolamento. Nas palavras de Aline Pereira de Oliveira, mãe de Victor, a mudança na vida do filho foi evidente: “Antes, ele tinha muita reclamação, porque ele não dormia direito, ficou um pouco mais agressivo. Mas agora ele está ótimo, graças a Deus”.

Na verdade, é na infância e na adolescência que o impacto do celular tem se mostrado mais devastador. O pediatra Daniel Becker faz uma reflexão profunda sobre o prejuízo causado pelas telas. As horas gastas com conteúdos inadequados, a falta de socialização, o sedentarismo e o atraso no desenvolvimento social são só alguns dos muitos efeitos. E, assim, a proibição do celular nas escolas se apresenta, não como uma luta contra a modernidade, mas como uma tentativa de preservar algo vital: o tempo da infância e da adolescência para a brincadeira, para a experimentação do mundo real.

E não se engane: a mudança não é simples. Muitos, como a estudante Juliana Almeida Pimentel, dizem não gostar das regras. Mas, em sua essência, elas têm um propósito: devolver ao aluno o direito de ser criança, de brincar, de se desviar da rigidez das telas e se entregar ao que realmente importa.

A infância sem brincadeira não é infância. O desenvolvimento humano, como bem disse Becker, só acontece no "mundo real", onde a atenção é plena, o pensamento é crítico e as relações acontecem de forma genuína. A tecnologia é uma aliada poderosa, mas precisa ser usada com sabedoria, com equilíbrio.

Ao longo dos meses, tenho refletido sobre os desafios que enfrentamos em sala de aula, tentando entender o que os alunos realmente precisam. E a resposta, muitas vezes, é simples: eles precisam de um tempo para crescer de maneira orgânica, sem que a tecnologia se coloque como obstáculo. O celular, em sua essência, não é o vilão. Mas a sua presença constante, sem limites, sem uma mediação responsável, tem sido um inimigo invisível.

Sejamos sinceros: o celular trouxe um novo paradigma à educação, mas também nos fez perder a noção do que é essencial. E talvez, ao desligá-lo por algumas horas, possamos reconectar com o que realmente importa: o aprendizado genuíno, as conversas face a face e a capacidade de se concentrar, de realmente viver o momento presente.


Vamos elaborar 5 questões discursivas sobre o texto, no formato de perguntas simples, adequadas para alunos do Ensino Médio:


1. De que forma a proibição do uso de celulares nas escolas impacta a rotina dos estudantes?

2. Quais são os principais argumentos a favor e contra a proibição do uso de celulares nas escolas?

3. Como a presença constante de celulares pode prejudicar o desenvolvimento social e emocional de crianças e adolescentes?

4. Qual o papel da escola na educação para o uso consciente e responsável da tecnologia?

5. De que maneira a proibição de celulares nas escolas pode contribuir para a construção de um ambiente escolar mais saudável e propício ao aprendizado?

Observação: Estas perguntas têm como objetivo estimular a reflexão crítica dos alunos sobre o tema do uso de celulares nas escolas, levando em consideração os diferentes pontos de vista e as possíveis consequências dessa medida.

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

ANTIFARISEU — Ensaio Teológico VIII(4) "A Teologia Machista da Sabedoria: Uma Crítica Necessária"

 Ensaio  


ANTIFARISEU — Ensaio Teológico VIII(4) "A Teologia Machista da Sabedoria: Uma Crítica Necessária"

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A visão de que a sabedoria é exclusiva dos homens é problemática e merece análise crítica. Esta perspectiva limitada perpetua estereótipos e ignora a diversidade das experiências humanas. Como afirma Provérbios 1:20, "A sabedoria clama lá fora; nas ruas levanta a sua voz". Esta passagem bíblica sugere que a sabedoria está disponível para todos, independentemente do gênero.

A filósofa feminista Simone de Beauvoir afirmou: "Não se nasce mulher, torna-se mulher". Esta afirmação desafia a ideia de que a sabedoria está intrinsecamente ligada ao gênero masculino. A exclusão das mulheres do acesso à sabedoria contraria os princípios de igualdade e equidade. Como a ONU destaca, "A igualdade de gênero é a base para um mundo pacífico, próspero e sustentável".

As contribuições das mulheres ao longo da história em diversas áreas do conhecimento são inegáveis. Figuras como Marie Curie e Malala Yousafzai provaram que a sabedoria não tem gênero. Como o filósofo contemporâneo Amartya Sen afirma: "O desenvolvimento humano é um processo de expansão das liberdades reais que as pessoas desfrutam".

A relação entre sabedoria e poder também deve ser considerada. Como argumenta a teórica feminista bell hooks, "O pensamento crítico é uma prática essencial para a liberdade". Negar às mulheres o acesso à sabedoria é uma forma de perpetuar a opressão.

Em suma, a ideia de que a sabedoria é exclusiva dos homens é limitada e prejudicial. É necessário adotar uma visão mais inclusiva e equitativa, que reconheça as contribuições das mulheres e valorize a diversidade de experiências e conhecimentos. Como afirma Gálatas 3:28, "Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus". Esta passagem bíblica reforça a ideia de igualdade e inclusão, fundamentais para a construção de uma sociedade verdadeiramente sábia e justa.

ALINHAMENTO CONSTRUTIVO

1. A Sabedoria Tem Gênero?

O texto questiona a visão tradicional que associa a sabedoria ao masculino. Você concorda com essa visão? Por quê?

Explore como a sociedade constrói e reforça essa ideia.

Apresente exemplos de mulheres que desafiaram essa visão ao longo da história.

2. A Teologia e a Sabedoria Feminina:

Analise como a Bíblia apresenta a figura da mulher sábia.

Identifique exemplos de mulheres que usaram a sabedoria para influenciar a história em diferentes contextos religiosos.

Discuta como a teologia pode contribuir para desconstruir a ideia de que a sabedoria é um atributo masculino.

3. Educação e Sabedoria: A Chave para a Igualdade:

Qual o papel da educação na promoção da sabedoria feminina?

Como a educação pode contribuir para desafiar os estereótipos de gênero e promover a igualdade?

Discuta a importância de garantir acesso à educação de qualidade para todas as meninas e mulheres.

4. O Poder Transformador da Sabedoria Feminina:

Como a sabedoria feminina pode contribuir para a construção de um mundo mais justo e igualitário?

Explore como as mulheres podem usar a sabedoria para influenciar positivamente suas comunidades.

Apresente exemplos de iniciativas que valorizam e promovem a sabedoria feminina.

5. Rompendo Barreiras: Rumo à Igualdade na Sabedoria:

Quais os principais desafios para alcançar a igualdade de gênero no âmbito da sabedoria?

Como podemos superar esses desafios?

Que ações podemos tomar para promover a valorização da sabedoria feminina em todos os âmbitos da sociedade?

Dicas para responder as questões:

Utilize o texto como base para suas reflexões, mas não se limite a ele.

Busque outras fontes de informação para enriquecer seus argumentos.

Seja criativo e original em suas respostas.

Apresente seus argumentos de forma clara e concisa.

Fundamente suas ideias com exemplos e dados concretos.

Lembre-se: A sabedoria não tem gênero! Todos, homens e mulheres, têm o potencial de desenvolver e usar a sabedoria para construir um mundo melhor.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

A Arte da Resposta: Uma Crônica sobre a Dinâmica Professor-Aluno ("Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção." - Paulo Freire.)

 Crônica 


A Arte da Resposta: Uma Crônica sobre a Dinâmica Professor-Aluno ("Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção." - Paulo Freire.)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O giz desliza no quadro, o ar condicionado emite um zumbido constante e, de repente, o silêncio é quebrado por uma pergunta. Uma pergunta que paira no ar, carregada não apenas de dúvida, mas também de curiosidade e, por vezes, um leve desafio. A sala de aula se transforma em um palco improvisado, e o professor, protagonista, está sob os olhares atentos dos alunos. Lembro-me da tensão que precedia cada questionamento, da expectativa nos olhos da turma e do peso da responsabilidade em oferecer uma resposta que não apenas sanasse a dúvida imediata, mas que também despertasse a sede por conhecimento.


Essa dinâmica, presente no cotidiano escolar, sempre me fez refletir sobre a verdadeira natureza da pergunta em sala de aula. Mais do que uma simples busca por informação, a pergunta é um convite ao diálogo, uma oportunidade para a construção coletiva do saber. Ela é um gesto de confiança, um reconhecimento da autoridade do professor como mediador do conhecimento. Um pequeno, mas decisivo teste de confiança. E, como qualquer teste, a falha na resposta não é apenas uma perda de tempo: é o fim de algo muito mais profundo.


Lembro-me de um professor de história que, confrontado com uma pergunta complexa sobre a Revolução Francesa, admitiu com humildade: “Essa é uma ótima pergunta, e confesso que não tenho a resposta precisa agora. Vamos pesquisar juntos e discutir isso na próxima aula?”. A honestidade daquela resposta, ao invés de diminuí-lo, fortaleceu o respeito que tínhamos por ele. Aprendemos, naquela ocasião, que a humildade intelectual é tão importante quanto o domínio do conteúdo. Por outro lado, presenciei situações em que a falta de preparo ou a arrogância de alguns professores transformaram a sala de aula em um campo de batalha. Respostas evasivas, autoritarismo e a tentativa de disfarçar a ignorância minavam a confiança dos alunos, criando um ambiente de desrespeito e desinteresse. A pergunta, antes um instrumento de aprendizado, se tornava um teste silencioso, uma armadilha para expor a fragilidade do educador.


Essa dinâmica me faz lembrar da expressão popular: “Se o professor não souber responder na hora, já era!”. A frase, carregada de informalidade, revela uma percepção comum entre os alunos: a de que o professor deve ser onisciente. A falha em responder prontamente a uma pergunta, mesmo que complexa, é interpretada como sinal de despreparo, uma brecha para a perda do respeito. Naquela primeira aula, percebi que o silêncio entre a minha fala e a resposta do aluno dizia muito mais do que qualquer gesto. Se a resposta não fosse imediata, se eu me perdesse nas palavras ou na hesitação, via o olhar mudar: um julgamento silencioso, uma avaliação implacável. Era como se o aluno dissesse: “Você é o guia, então mostre-me que sabe o caminho”.


No entanto, a verdadeira autoridade do professor não reside na capacidade de responder a todas as perguntas, mas na habilidade de conduzir o processo de aprendizado, de estimular a reflexão e de reconhecer os próprios limites. A sala de aula não deve ser um tribunal, mas um espaço de diálogo aberto e honesto, onde o erro é visto como uma oportunidade de aprendizado. A falta de respeito, portanto, não nasce da simples ausência de uma resposta imediata, mas da falta de consideração e seriedade no processo de ensino-aprendizagem.


Talvez o maior erro de um professor seja se achar acima da dúvida, como se, ao ser questionado, estivesse sendo desafiado. Na realidade, o questionamento é uma chance de crescimento. O aluno não testa o professor apenas para desafiá-lo; ele testa o seu próprio processo de aprendizagem, confiando que o professor será a chave que abrirá essa porta. Por isso, responda às perguntas com atenção, com paciência. Elas são, de fato, uma oportunidade de aprendizado mútuo. O respeito dos alunos não vem de respostas prontas, mas da honestidade e da dedicação de quem ensina. Porque, ao final, quando o aluno sente que você se importa com a dúvida dele, você conquista algo muito mais valioso do que qualquer resposta: você conquista a confiança, o respeito e, mais importante, o direito de continuar sendo o guia que ele precisa.


Como um bom professor de sociologia do Ensino Médio, preparei 5 questões discursivas no formato de pergunta simples sobre os temas principais do texto:


1. De acordo com o autor, qual a importância da pergunta no contexto da sala de aula, além da simples busca por informação?

2. Como o texto descreve a reação dos alunos diante da dificuldade do professor em responder a uma pergunta?

3. Qual a distinção apresentada no texto entre a autoridade do professor baseada na onisciência e a autoridade baseada na condução do aprendizado?

4. Segundo o autor, qual a origem da falta de respeito em sala de aula e como ela se manifesta?

5. Qual a mensagem central do texto sobre a postura ideal do professor diante das perguntas dos alunos e o que essa postura proporciona?

sábado, 25 de janeiro de 2025

O Silêncio Ensurdecedor: Uma Crônica da Violência nas Escolas("O silêncio dos bons é tão perigoso quanto a maldade dos maus." - Martin Luther King Jr.)

 

  • O Silêncio Ensurdecedor: Uma Crônica da Violência nas Escolas("O silêncio dos bons é tão perigoso quanto a maldade dos maus." - Martin Luther King Jr.)

    Por Claudeci Ferreira de Andrade

    A notícia me atingiu como um golpe, deixando-me sem ar, atordoado. Mais um tiroteio em uma escola nos Estados Unidos, mais uma tragédia que parecia se arrastar pelos noticiários. Desta vez, o cenário foi a Antioch High School, em Nashville, e a data, 22 de janeiro de 2025, se fixou em minha memória com a frieza de um registro policial. A repetição dessas tragédias, a banalização da violência, tornava tudo ainda mais angustiante. Lembro-me de ter lido a notícia pela primeira vez na tela fria do celular. A manchete era concisa, brutal: "Aluno mata uma pessoa a tiros e fere outra em escola nos EUA". A frieza das palavras contrastava com a violência que elas evocavam: um jovem, armado com uma pistola, abrindo fogo na cafeteria da escola – um espaço que deveria ser de convívio e partilha, mas que, naquela manhã, foi transformado em um cenário de horror.

    As informações chegavam aos poucos, como estilhaços de uma bomba. Uma aluna morta, outra ferida. O agressor, um adolescente de 17 anos, cometendo suicídio logo em seguida. O silêncio ensurdecedor que se abateu sobre a escola após os disparos, o pânico nos olhos dos sobreviventes, a dor dilacerante das famílias – tudo isso me invadiu como um filme de terror em plena luz do dia. Naquela manhã gélida de Nashville, os corredores escolares guardavam um segredo trágico que transformaria vidas para sempre. As paredes da escola Antioch, testemunhas silenciosas de tantas histórias juvenis, viram-se subitamente invadidas pelo terror.

    Lembro-me de quando os espaços educacionais representavam segurança, um santuário de conhecimento e formação cidadã. Hoje, são campos de batalha imprevisíveis, onde a inocência se despedaça em segundos. Um disparo. Depois, outro. O silêncio ensurdecedor que se segue é mais doloroso que qualquer barulho. Uma vida interrompida, outra ferida – cicatrizes que ultrapassam a superfície da pele. Quantas histórias não seriam mais contadas? Quantos sonhos se perderam naquele momento fugaz de desespero? As estatísticas transformam-se em rostos, em nomes, em famílias destroçadas.

    As autoridades locais, em suas entrevistas coletivas, tentavam controlar a situação, fornecer informações precisas e acalmar a população. Mas como acalmar um país que vive sob o constante medo da violência armada em suas escolas? Como consolar pais que perderam seus filhos em um local que deveria ser sinônimo de segurança e aprendizado? A notícia me transportou para março de 2023, quando outra tragédia assolou Nashville, na Covenant School. Três crianças de apenas nove anos e três adultos foram brutalmente assassinados por um ex-aluno. A lembrança daquele episódio, ainda tão recente, intensificou o sentimento de impotência e revolta.

    A cada novo tiroteio, a mesma pergunta ecoa em minha mente: até quando? Até quando teremos que conviver com essa violência absurda em nossos espaços de ensino? Até quando crianças e adolescentes terão seus sonhos interrompidos por balas perdidas, ou pior, por atos premeditados de violência? A escola, que deveria ser um santuário, tornou-se palco de nossa mais profunda falha social. Não são apenas tiros que ferem, mas o descaso, a invisibilidade dos jovens em suas dores mais profundas. O medo se instala nos corredores, nas salas de aula, nos refeitórios. A confiança se esvai, dando lugar à paranoia.

    Penso nas famílias enlutadas, na dor irreparável da perda. Penso nos sobreviventes, marcados para sempre pela experiência traumática. Penso na sociedade, que assiste, impotente, a essa escalada de violência. Ao final, restam as perguntas que ninguém ousa responder: quando conseguiremos transformar essa realidade? Quando a educação será, de fato, um ato de amor e não de sobrevivência? Esta crônica não busca respostas fáceis, nem soluções mágicas. É um grito de indignação, um lamento pela perda da inocência, um apelo por um futuro onde as escolas sejam, de fato, espaços de paz e aprendizado. Que o eco desses disparos não se perca no tempo, mas sirva de alerta para que possamos construir um mundo mais justo e seguro para nossas crianças e jovens. Um mundo onde a escola seja sinônimo de vida, e não de morte.


    Como um bom professor de sociologia do Ensino Médio, preparei 5 questões discursivas no formato de pergunta simples sobre os temas principais do texto:


    1. De que forma a repetição de tiroteios em escolas, como o descrito na Antioch High School, impacta a percepção da sociedade sobre o ambiente escolar?

    2. O texto contrasta a imagem idealizada da escola como "santuário" com a realidade da violência. Quais elementos textuais reforçam esse contraste?

    3. Além da violência física dos disparos, o autor aponta para outras formas de violência presentes no contexto dos tiroteios escolares. Quais são elas?

    4. Como o texto aborda o impacto dos tiroteios nas famílias das vítimas e na sociedade como um todo?

    5. Qual o principal apelo do autor ao final da crônica e como ele se relaciona com a problemática da violência nas escolas?

    segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

    Uma Crônica do Vocabulário Carcerário na Escola ("As palavras são carregadas de força; o modo como as usamos pode mudar o mundo." — William Shakespeare)

     Crônica 



    Uma Crônica do Vocabulário Carcerário na Escola ("As palavras são carregadas de força; o modo como as usamos pode mudar o mundo." — William Shakespeare)

    Por Claudeci Ferreira de Andrade

    O incômodo começou com uma observação casual, daquelas que grudam na mente como um chiclete velho. Alguém comentou que chamar um aluno de "presidiário" seria uma ofensa grave, e com razão. A palavra evoca imagens de privação de liberdade, transgressão e punição. No entanto, uma constatação perturbadora me assaltou: o próprio vocabulário escolar, sem que percebêssemos, vinha se impregnando de termos que remetem ao universo carcerário. Seria uma profecia velada sobre o futuro de tantos jovens que, mal formados, saem das escolas? A pergunta me assombrou, e comecei a prestar mais atenção nas palavras que ecoavam pelos corredores e salas de aula.

    Outro dia, em meio a uma dessas conversas despretensiosas na sala dos professores, me peguei refletindo sobre as palavras que usamos cotidianamente no ambiente escolar. Foi então que percebi algo perturbador: nossa linguagem educacional carrega um peso institucional que mais lembra um sistema prisional do que um espaço de aprendizagem e desenvolvimento. Lembro-me do meu primeiro dia como professor, há quinze anos. Na época, ingênuo, não havia notado como cada termo que aprendia a usar carregava uma sutil, mas significativa, carga semântica.

    Hoje, ao ouvir "domínio de classe", não posso deixar de pensar em contenção, em vez de mediação do conhecimento. Quando alguém menciona "grade curricular", visualizo barras de ferro em vez de caminhos de aprendizagem. O "Coordenador de turno" poderia facilmente ser confundido com um agente penitenciário, supervisionando seus turnos de vigilância. A "Delegacia de ensino" soa mais como um local de punição do que um centro de apoio educacional. Até mesmo nosso querido "recreio" — palavra que deveria evocar alegria e liberdade — parece um momento controlado de "banho de sol".

    As "estratégias" que desenvolvemos soam como táticas de guerra, não como caminhos para o conhecimento. As "paradas pedagógicas" mais parecem momentos de inspeção do que encontros para compartilhar experiências. E o que dizer do "boletim", esse documento que marca e classifica nossos alunos como se fossem fichas em um arquivo criminal? O "uniforme", que deveria representar identidade e pertencimento, muitas vezes se torna uma marca de padronização forçada. A "mochila", que poderia ser vista como um baú de tesouros do conhecimento, vira uma bagagem pesada de obrigações.

    Confesso que essa revelação me deixou inquieto. Como educador, sempre busquei criar um ambiente acolhedor e estimulante, mas nossa própria linguagem parece conspirar contra esse objetivo. Será que não estamos, inconscientemente, preparando nossos alunos para um futuro de conformidade e submissão, em vez de criatividade e autonomia? Talvez seja hora de revolucionarmos nosso vocabulário escolar. Imagino um lugar onde tenhamos "encontros de sabedoria" em vez de aulas, "círculos de crescimento" em vez de turmas, "jardins de ideias" em vez de salas de aula. Um espaço onde cada palavra inspire liberdade, crescimento e possibilidades infinitas. Afinal, as palavras que escolhemos moldam não apenas nossa percepção da realidade, mas também o futuro que construímos. E eu ainda acredito que a escola deve ser um portal para a liberdade, não um ensaio para o cárcere.


    Como um bom professor de sociologia do Ensino Médio, preparei 5 questões discursivas no formato de pergunta simples sobre os temas principais do texto:


    1. Qual a principal analogia apresentada no texto e como ela é desenvolvida ao longo da narrativa?

    2. De que maneira o autor relaciona o vocabulário escolar com a ideia de um sistema prisional? Cite exemplos dados no texto.

    3. Segundo o autor, qual o impacto da linguagem utilizada no ambiente escolar sobre a formação dos alunos?

    4. O autor propõe uma "revolução no vocabulário escolar". Quais exemplos de substituições ele sugere e qual o objetivo dessas mudanças?

    5. Em sua conclusão, qual a visão ideal de escola defendida pelo autor e como ela se contrapõe à analogia com o cárcere?