"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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domingo, 11 de março de 2018

O DESPERDÍCIO DO BELO NO INFERNO E DO FEIO NO CÉU ("Acredito que estou no inferno, portanto estou nele." — Arthur Rimbaud)



Crônica

O DESPERDÍCIO DO BELO NO INFERNO E DO FEIO NO CÉU ("Acredito que estou no inferno, portanto estou nele." — Arthur Rimbaud)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Naquela noite de sexta-feira, enquanto o mundo lá fora se preparava para mais um fim de semana agitado, eu me encontrava diante do espelho em nosso quarto de casal. O reflexo que me encarava não era o de um homem convencional, mas de alguém que aprendeu a enxergar além das aparências.

Minha esposa, Maria, dormia serenamente na cama ao lado. Muitos a chamariam de feia, mas para mim, ela era a personificação da beleza que realmente importa. Observei suas feições relaxadas, lembrando-me de como nos conhecemos e de todas as razões pelas quais me apaixonei por ela.

Flashbacks da minha juventude invadiram minha mente. Lembrei-me de Vanessa, a garota mais bonita da escola, por quem todos os rapazes suspiravam. O encontro com ela foi um desastre - Vanessa era egocêntrica e superficial. Contrastando com essa lembrança, veio à tona a imagem de Carla, a garota tímida de aparência comum, cuja bondade e inteligência me cativaram.

Essas experiências moldaram minha percepção sobre a beleza e o valor das pessoas. Compreendi que tesouros surpreendentes podem ser desperdiçados em lugares sombrios, enquanto joias menos evidentes brilham em ambientes iluminados. Como dizia Charles Bukowski: "Beleza não vale nada e depois não dura. Você nem sabe a sorte que tem de ser feia. Assim quando alguém simpatiza contigo, já sabe que é por outra razão."

Voltando ao presente, olhei novamente para Maria. Sua "feiura" era seu escudo contra a superficialidade do mundo. Cada amizade, cada conexão que ela fez na vida foi baseada em seu caráter, sua bondade, sua inteligência. Lembrei-me de nosso primeiro encontro na livraria, onde vi uma beleza nela que transcendia qualquer padrão físico.

Ao longo dos anos, essa beleza só cresceu. Enquanto muitos casamentos baseados na atração física se desfaziam ao nosso redor, nossa conexão se fortalecia. Maria nunca foi arrogante ou egoísta, nunca me fez sentir ciúmes ou me pressionou por extravagâncias. Em vez disso, ela encheu nossa casa de risadas, conversas profundas e amor incondicional.

Deitei-me ao lado dela, refletindo sobre como somos sortudos. Em um mundo obcecado por aparências, encontramos um ao outro - duas almas que aprenderam a valorizar o que realmente importa. Compreendi que a verdadeira essência das pessoas transcende o olhar superficial. Devemos buscar a beleza interior, as virtudes nobres e os valores autênticos.

Antes de adormecer, fiz uma prece silenciosa de gratidão por ter aprendido a lição mais valiosa da vida: a verdadeira beleza reside no caráter, na bondade e na compaixão. É essa beleza que ilumina nossa vida e toca o coração daqueles ao nosso redor. E é essa beleza, eterna e profunda, que encontrei em minha "feia" e maravilhosa esposa.

Adormeci com o coração leve e a mente tranquila, sonhando com um mundo onde a verdadeira beleza, aquela que nasce da alma, seja reconhecida e valorizada por todos. Afinal, é na simplicidade do cotidiano e na profundidade dos sentimentos que reside a verdadeira beleza, invisível aos olhos, mas palpável ao coração.

Questões Discursivas:

1. O texto "O DESPERDÍCIO DO BELO NO INFERNO E DO FEIO NO CÉU" apresenta uma reflexão profunda sobre a beleza e o valor das pessoas. Com base na história de amor entre o narrador e sua esposa Maria, explore a contraposição entre a beleza física e a beleza interior, discutindo como as aparências podem enganar e como a verdadeira essência de uma pessoa se revela em suas qualidades e virtudes.

2. A partir da frase de Charles Bukowski "Beleza não vale nada e depois não dura. Você nem sabe a sorte que tem de ser feia. Assim quando alguém simpatiza contigo, já sabe que é por outra razão", analise como a busca por relacionamentos autênticos e duradouros exige ir além da atração física superficial. Discuta a importância de buscar parceiros que compartilhem valores, princípios e objetivos em comum, construindo uma relação baseada na admiração mútua, no respeito e no amor incondicional.

3. O texto destaca a importância de "enxergar além das aparências" e de valorizar as qualidades interiores das pessoas. Com base em suas próprias experiências e reflexões, apresente exemplos de situações em que você presenciou a beleza interior de alguém, mesmo que essa pessoa não se encaixasse nos padrões estéticos convencionais.

4. O narrador do texto afirma ter aprendido a "lição mais valiosa da vida: a verdadeira beleza reside no caráter, na bondade e na compaixão". Discuta como essa lição pode ser aplicada em diferentes áreas da vida, como nos relacionamentos pessoais, na vida profissional e na busca pela felicidade individual e coletiva.

5. O texto termina com o narrador sonhando com um "mundo onde a verdadeira beleza, aquela que nasce da alma, seja reconhecida e valorizada por todos". Imagine como seria esse mundo ideal e quais ações cada um de nós pode tomar para contribuir para a construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e compassiva, onde a verdadeira beleza seja celebrada em sua plenitude.

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sábado, 3 de março de 2018

A SALA DA COORDENAÇÃO E A REFLEXÃO NECESSÁRIA ("A competência sem autoridade é tão importante como a autoridade sem competência." — Gustave Le Bon)


Crônica

A SALA DA COORDENAÇÃO E A REFLEXÃO NECESSÁRIA ("A competência sem autoridade é tão importante como a autoridade sem competência." — Gustave Le Bon)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

            Por acaso, fui à sala da coordenação durante uma aula vaga. Confesso que não tinha grandes expectativas de realizar algo útil naquele momento. Afinal, que utilidade pode haver em visitar uma sala cheia de problemas e tensões? Pairava no ar um misto de medo e desconfiança, mas resisti com certo capricho, curioso para ver o desenrolar daquela discussão.
            A coordenadora estava trazendo um aluno resmungão à sua sala. Ela decidiu suspender o aluno por três dias e pediu para falar com a mãe dele. O aluno, de maneira arrogante, ligou para a mãe e a ordenou que viesse à escola imediatamente. Ele colocou o celular no viva-voz, determinando que a coordenadora falasse, mas não tocasse no aparelho.
            Aos gritos, a coordenadora tentava explicar à mãe o motivo da convocação, porém era constantemente interrompida e desmentida pelo aluno. Por isso, a suspensão foi aumentada para quatro dias e a situação começou a se deteriorar. Eu decidi permanecer ali como testemunha, mesmo tendo ressalvas em relação à coordenadora.
           Após cerca de dez minutos, a mãe do aluno chegou, agravando ainda mais o desequilíbrio na discussão. A cena se assemelhava a um 7x1, assim como aquele fatídico jogo entre Alemanha e Brasil. Descrever todas as sensações e motivações daqueles momentos de desrespeito seria uma tarefa impossível até mesmo para um cronista como eu: veterano. 
           Para finalizar o embate, a coordenadora entregou o atestado de suspensão para a mãe assinar, mas o aluno gritou para que ela não o fizesse. Mais agressões verbais foram trocadas e saíram prometendo que não deixariam aquilo assim... Era triste, e, mais ainda, intrigante, observar a reação da mãe e o desfecho daquele caso. No final das contas, o aluno voltou para sua sala como se nada tivesse acontecido. 
           Aquele rapaz foi um dos meus piores alunos do ano passado e sua mãe também havia sido minha aluna naquela mesma escola. Quem estava errando? Por um instante, cheguei a questionar minha própria responsabilidade naquela situação. Será que eu não os ensinei adequadamente?
            Em seguida, as funcionárias da limpeza correram com água e açúcar para acalmar a tensão. A coordenadora exibia mãos pálidas e trêmulas, claramente abatida e envergonhada. Ela me disse: "Isso é para você ver o que nós passamos aqui, os professores precisam nos ajudar, fazendo relatórios!" Naquele momento, senti a confirmação de minha culpa e fui atingido por um sentimento avassalador. Quantos relatórios eu negligenciei em minha trajetória! Agora era o momento de sair daquela sala.
           O ensino público atravessa uma crise, com muitos outros alunos problemáticos que continuam a causar transtornos. A falta de autoridade de quem dirige é notória. 
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 24/02/2018

Reeditado em 03/03/2018

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sábado, 24 de fevereiro de 2018

DEUS SE ESQUECE DE QUEM NÃO SE LEMBRA DA LUA("Existem noites em que os lobos ficam em silêncio, e apenas a lua uiva." — George Carlin)


Crônica

DEUS SE ESQUECE DE QUEM NÃO SE LEMBRA DA LUA("Existem noites em que os lobos ficam em silêncio, e apenas a lua uiva." — George Carlin)

Por Claudeci Ferreira de Andrade*

           A lua crescente desponta no céu, trazendo consigo um brilho suave que ilumina a noite. Para mim, essa fase lunar possui um encanto especial, como se o próprio universo sorrisse para nós. Sinto-me pequeno em sua presença, envolto em um mistério que me atrai. À medida que a lua atinge sua plenitude, uma sensação de eclipse toma conta de mim, como se me tornasse invisível diante de sua magnitude.
           Enquanto meu olhar se fixa na lua, reflito sobre a dualidade que reside na natureza humana. É nos momentos de harmonia e felicidade que corremos o risco de esquecer de Deus. É como se, embriagados pelo prazer, nos desvinculássemos da razão mais profunda de nossa existência e da presença divina que permeia nossas vidas. Somente quando o sofrimento nos alcança é que clamamos por um sinal de Deus.
           Nos momentos de calmaria, Deus pode deixar de ser uma necessidade para aqueles que se consideram autossuficientes. Não que Deus os abandone, mas deixa de ter significado para aqueles que acreditam não precisar de nada além de si mesmos. Afinal, o sofrimento é um componente intrínseco da vida humana, é através dele que podemos compreender a gratidão. Caso contrário, Deus é facilmente esquecido. É como se a necessidade de respirar só fosse reconhecida quando nos faltam os pulmões. É no clamor por alívio do sofrimento que a lembrança de Deus se torna mais vívida. "Deus sussurra em nossa saúde e prosperidade, mas, sendo maus ouvintes, deixamos de ouvir Sua voz. Então, Ele aumenta o volume por meio do sofrimento, e é nesse momento que ouvimos o estrondo de Sua voz." (C.S. Lewis).
           Aqueles que são agraciados com bem-estar e cultivam um espírito de gratidão possuem uma missão especial: aliviar o sofrimento do próximo. No entanto, muitas vezes nos esquecemos dessa responsabilidade e nos tornamos meros indivíduos ávidos por prazeres efêmeros, desprovidos de um propósito maior. "Cada um de nós é como a lua, com um lado escuro que jamais mostramos a ninguém." (Mark Twain). Não podemos nos contentar em apenas satisfazer nossos desejos mundanos, enquanto nos esquecemos de nós mesmos e da dor que assola aqueles ao nosso redor. É importante recordarmos de Deus enquanto contemplamos a lua, pois é nessa conexão espiritual que encontramos o verdadeiro significado da vida.
           Ao encerrar essa reflexão, convido você, leitor, a olhar para o céu noturno e contemplar a lua, lembrando-se de que cada fase lunar traz consigo uma mensagem: a importância de mantermos viva a conexão com o divino, de valorizarmos a gratidão e de cuidarmos uns dos outros. Que possamos encontrar em nossa existência a harmonia entre a luz e a sombra, e que a presença de Deus nos acompanhe em todas as fases de nossa jornada terrena
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 04/11/2016
Reeditado em 24/02/2018
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domingo, 18 de fevereiro de 2018

EM BUSCA DO EQUILÍBRIO INTERIOR ("Toda emoção é inconstante, toda paixão é bipolar. Tudo é mistério, tudo é instável, e sorte de quem aprende a se equilibrar nessa gangorra." — Martha Medeiros)


Crônica

EM BUSCA DO EQUILÍBRIO INTERIOR ("Toda emoção é inconstante, toda paixão é bipolar. Tudo é mistério, tudo é instável, e sorte de quem aprende a se equilibrar nessa gangorra." — Martha Medeiros)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

                        Hoje, reconheço a oscilação no meu humor e a influência negativa da minha intolerância nas relações interpessoais. Estou empenhado em cultivar a flexibilidade e a imparcialidade, buscando equilibrar uma postura austera e uma abordagem mais branda. A paciência será minha estratégia essencial para lidar com as consequências dos meus atos recentes e transformar adversidades em oportunidades de aprendizado, assim, espero!
           Eu sempre soube que compreender e expressar emoções é fundamental para prevenir problemas de saúde. E agora, se faz necessário enfrentar o desafio do Transtorno Afetivo Bipolar com a determinação de me tornar uma pessoa melhor. Portanto, romper com a inércia e confiar no meu talento são passos essenciais para meu autodesenvolvimento. A jornada em busca do equilíbrio interior pode ser desafiadora, mas repleta de descobertas, com certeza.
           Neste momento, não posso negar que sinto medo e uma vontade de fuga, mas estou refletindo cuidadosamente para descobrir o que ainda não foi resolvido em minha vida. Desejo encontrar uma solução ou apenas superar as emoções das decisões. Estou disposto a enfrentar esses desafios, fortalecendo as conexões com aqueles que são importantes para mim.
           A jornada em busca do equilíbrio interior é um caminho de autenticidade e bem-estar. Estou determinado a trilhá-lo, encontrando a paz interior que almejo.
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 04/11/2016
Reeditado em 18/02/2018
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domingo, 11 de fevereiro de 2018

CARNAVAL: ANESTESIA DE TOLO ("Não se pode esperar muito de pessoas que vivem de futebol, carnaval e televisão. Que dirá de um país..." — Renilmar Fernandes)



Crônica

CARNAVAL: ANESTESIA DE TOLO ("Não se pode esperar muito de pessoas que vivem de futebol, carnaval e televisão. Que dirá de um país..." — Renilmar Fernandes)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Hoje, vou me deixar guiar pelos sentimentos carnavalescos, consciente das necessidades carnais. Eu reconheço as necessidades relacionadas aos prazeres físicos e psicológicos, então vou abraçar essa energia efervescente da festividade. Nessa época de celebração ao Rei Momo, é uma oportunidade única de se permitir vivenciar experiências intensas e autênticas. Por isso, eu vou reforçar que aproveitarei esse momento para me conectar com as paixões flutuantes, permitindo-me expressar livremente e explorar a conexão entre meus desejos mais profundos e a manifestação plena de minha natureza. É uma recompensa que me dou pela busca contínua de autoconhecimento e compreensão do ser humano geral. 
           Considerando que o bem e o mal são perspectivas da festa da carne e do espírito, onde está o bloco de foliões para Jesus? O tolo busca a verdade somente no céu; mas, quando não a encontra corre para o inferno. Já que a igreja na terra humaniza Deus, o inferno se torna o céu da maioria. Citando Viviane Mosé, "lúcido deve ser parente de Lúcifer, a lucidez custa caro". Durante o Carnaval, a empolgação pode nos afastar da nossa humanidade também, focando apenas nos prazeres carnais não ficamos diferente dos animais no cio. É importante equilibrar diversão e respeito, para fazer a diferença, não nos afastando de nossa essência espiritual. 
           A indulgência nos prazeres proibidos, a providência do Diabo e a fragilidade humana diante das tentações carnais são elementos que desafiam nossa moralidade e satisfação. A complexidade dos desejos mais íntimos surge nessa batalha entre o certo e o prazer, desafiando nossa resistência e questionando os limites éticos. Não se pode esperar muito de quem se entrega ao futebol, carnaval e televisão. E se isso vale para as pessoas, imagine para um país inteiro. O pecado é bom, O Diabo atenta e a carne é fraca!
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 04/11/2016

Reeditado em 11/02/2018

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sábado, 3 de fevereiro de 2018

INTERVALO RECREATIVO DOS DOCENTES ("Inspiração visite-me, frustração evite-me, paz acompanhe-me e cobrança não me irrite." — (Kamau)



Crônica

INTERVALO RECREATIVO DOS DOCENTES ("Inspiração visite-me, frustração evite-me, paz acompanhe-me e cobrança não me irrite." — (Kamau)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

            Tocou a sirene inicial, alunos chegaram atrasados, e alguns professores, também; mas, como se não bastasse, a coordenadora, que chegava em cima da hora, aliviou sua consciência, mandando os professores, que ali estavam já se movimentando para sair, à sala de aula para trabalhar. Nem sequer olhou o horário das aulas daquele momento. Muitas e muitas vezes, ela me fez sentir irresponsável, e, de novo, senti-me assim, até conferir na tabela de aulas, provando que eu estava realmente de folga (de janela) naquela primeira aula, pois não tinha uma carga completa. E os colegas de trabalho que se esforçaram excessivamente para agradar, indivíduos que sofreram de condições psicossomáticas devido à constante sensação de injustiça, mantiveram uma vigilância constante sobre mim, simplesmente porque escolhi permanecer sentado após o sinal sonoro, então um deles reforçou, gritando: — "Você está de folga! Por que é só você, e eu não?" Será se o nobre colega não sabia que não ganhávamos pelas aulas não ministradas? Não precisava sentir-se inferiorizado, minha folga era uma falsa vantagem sobre aquele que estava trabalhando.
           Por que até hoje um professor não suporta ver o outro de aula vaga, será se ele não gosta do que faz ou se lhe dói muito me ver no lugar que ele gostaria e não pode? Ou não há verdadeira amizade, daquelas que me faz bem ao ver o meu amigo bem! Já diziam os sábios: "Não se misture com quem você não seria." 
           Ao chegar o intervalo, no meio do período, todos corriam para a sala dos professores, inclusive a coordenadora. Pois não era bom deixar os professores juntos "sozinhos", isto é, sem a liderança por perto. Eles podiam articular coisas a favor deles e juntos se fortalecerem (se não fosse o ferro e barro que não se misturavam nos pés da estátua profética). Então em todo intervalo, fazia-se uma reunião sem sentido à prosperidade, apenas servindo para abafar as vozes dos professores. Visto que professores ociosos, na sala, podiam interagir, e assim aumentava a insegurança dos coordenadores.
           Também, aqui na sala dos mestres, difundem-se muitas informações inadequadas. Os indivíduos que se intitulam "bem-intencionados" espalham fofocas, fingindo ser amigos, oferecendo sugestões e correções, se apresentando como exemplos de prosperidade e retidão, quando na realidade estão instigando conflitos entre as pessoas para desviar a atenção da desorganização reinante. E o desfecho é sempre positivo! Pois "a felicidade é encontrada nos momentos de descuido" (Guimarães Rosa).
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 30/01/2018

Reeditado em 03/02/2018

Código do texto: T6240571 

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sábado, 27 de janeiro de 2018

RE(PUT[A)ÇÃO] ("Mas se ninguém é perfeito, porque minha imperfeição chama tanta atenção?" — Leonardo Lopes)



Crônica

RE(PUT[A)ÇÃO] ("Mas se ninguém é perfeito, porque minha imperfeição chama tanta atenção?" — Leonardo Lopes)

            Não julgue os outros, pois quem maltrata a reputação dos outros contamina a sua própria. Fortaleça seus valores em vez de se envolver na maldade alheia. A influência silenciosa é poderosa e produz ruído apenas quando inspirando para uma realização maligna. Coma o cérebro das pessoas, não suas fezes, e assim estará fazendo algo de bom por você e pelos outros.
           Há quem diga que aprendemos com os erros dos outros, embora seja importante aprender com os erros dos outros, devemos nos concentrar em encontrar as lições positivas mais difíceis de aprender. Apesar de ser próprio do ser humano se concentrar nos aspectos negativos das coisas, é importante lembrar que existem muitos aspectos positivos que muitas vezes passam despercebidos. Focar apenas nos aspectos negativos pode levar a uma visão pessimista e limitada da realidade. "Numa grande alma, tudo é grande". — Blaise Pascal. 
             O professor influencia e deve ser um exemplo ético e responsável, valorizando suas ações e palavras. Deve escrever antes de exigir bons textos de seus alunos, ler para ser lido e aprender com perspectivas diferentes. Assim, pode inspirar um ambiente positivo e melhorar aqueles ao seu redor.
           Para exercer a dignidade humana, é importante doar favores em vez de apenas recebê-los. Ser uma boa pessoa não significa ser perfeito, mas dar bom exemplo apesar de suas imperfeições. Os líderes são líderes mais através do exemplo do que através do poder, como afirmou Tácito. Portanto, presentes de "amigo secreto" não são satisfatórios para exercer a dignidade humana.
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 10/09/2009

Reeditado em 27/01/2018
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sábado, 20 de janeiro de 2018

JOGANDO LIXO NO QUINTAL ALHEIO ("A magnificência de um relacionamento sagrado se despedaça nos recifes dos conflitos egocêntricos triviais." — Deepak Chopra)



Crônica

JOGANDO LIXO NO QUINTAL ALHEIO

 ("A magnificência de um relacionamento sagrado se despedaça nos recifes dos conflitos egocêntricos triviais." — Deepak Chopra)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

            Esta crônica discute o problema do lixo jogado no terreno de outras pessoas, seja por falta de consciência, preguiça de acessar o serviço de coleta de lixo, ou como forma de desafio. Eu reconheço a possibilidade de tomar medidas legais junto à justiça, mas também entendo que alguns indivíduos têm falta de caráter e sensatez. Portanto, não quero ser inflexível e admito que algumas pessoas podem não ter muito a oferecer além do lixo.
           Os violadores de propriedade alheia, geralmente são vizinhos sem formação acadêmica. Mas, existem várias razões que podem levar uma pessoa a jogar lixo no lote dos outros. Alguns indivíduos podem não ter um senso de responsabilidade social e podem não se importar com os outros ou com o meio ambiente. Além disso, eles podem não saber que esse comportamento é inadequado. Outros podem não ter conhecimento ou compreensão dos impactos negativos do descarte inadequado de resíduos. Há também aqueles que podem agir dessa maneira como uma forma de provocação ou vingança: os sem caráter. É importante abordar o problema e tentar encontrar uma solução construtiva para evitar esses comportamentos prejudiciais. 
          Sei que posso  mover ação comunitária, pelo JEC Juizado Especial Cível (pequenas causas e sem advogado) e fotografias e testemunhas são provas válidas para o processo que mencionei, seria muito fácil, porém o que eu devo reconhecer e determinar aqui é a falta de Caráter das pessoas que não assumem o compromisso social, são manipuladoras, arrogantes, hipócritas, discriminatórias, sem obrigação com as dívidas, traidoras; por último, são pessoas falsas. O que eu não vou fazer é tomar o veneno que elas me dão, e agir cuidadosamente para não exigir demais de quem não tem muito a oferecer, apenas damos o que possuímos de mais importante para as pessoas: Uns só tem Lixo para oferecer aos vizinhos! 
            Não quero ser mais um de personalidade forte, intransigente... E não me venham, os mal-intencionados, com sua contribuição social recusável: Mais LIXO. 
            Cuidar da saúde e cuidar do planeta são dois desafios importantes e interconectados. Da mesma forma, as escolhas que fazemos em relação à preservação dos recursos naturais, redução de resíduos, uso de energia limpa e transporte sustentável também podem ter um impacto positivo na nossa saúde e bem-estar, bem como no de outras espécies que habitam o planeta conosco. É importante lembrar que cuidar do planeta também significa cuidar de nós mesmos e das gerações futuras. (CiFA
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 04/11/2016
Reeditado em 20/01/2018
Código do texto: T5813113
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sábado, 13 de janeiro de 2018

EU, CONSELHEIRO DE MIM MESMO! ("Tornei-me conselheiro dos humildes e desprezado fui por todos aqueles que se dizia ser sábios. Eis o destino e a sina de um conselheiro." — Miguel Westerberg)



Crônica

EU, CONSELHEIRO DE MIM MESMO! ("Tornei-me conselheiro dos humildes e desprezado fui por todos aqueles que se dizia ser sábios. Eis o destino e a sina de um conselheiro." —  Miguel Westerberg)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

             Sou um conselheiro sem valor, lidando com influências negativas, buscando reconhecimento e fornecendo orientação para aqueles que não a querem. Enfrentando dificuldade em contornar diferenças ideológicas e, por cima, cuidando para evitar a aparência do mal. Ser professor ainda é gratificante?
           Minhas semanas têm sido movimentadas, não cheias de diversão, mas estou sempre repensando projetos que fracassaram, na escola é um projeto atrás do outro... ali, estou sempre lidando com agressores da minha reputação. Busco reconhecimento e forneço orientações, mas eu mesmo sou quem precisa de conselho. Será que ainda há esperança para mim?
            Minhas esperanças e expectativas estão diminuindo. É difícil dedicar-me com empenho total ao trabalho, devido impedimentos alheios; fico o tempo todo tentando aprender a crescer, mas com pouca esperança de sucesso, eles são muitos. Será que vale a pena recuperar minha credibilidade social? 
           Então um Anjo de luz me disse no meio da noite: para recuperar a credibilidade, inclue buscar ativamente feedback e críticas construtivas, estar disposto a aprender e crescer, e fazer um esforço consciente para se comunicar de maneira clara e eficaz com as pessoas. Também é essencial focar em desenvolver relacionamentos positivos com aqueles ao seu redor e manter uma ética de trabalho forte. Continue avançando em direção aos seus objetivos sem desistir! 
             "Se conselho fosse bom não se dava, vendia." 
            
            
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 04/11/2016

Reeditado em 13/01/2018
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domingo, 7 de janeiro de 2018

POPULARIDADE NÃO É PODER ("A fama é um vapor, a popularidade um acidente e a riqueza tem asas. Eterno mesmo, somente o caráter." — Horace Greeley)



Crônica

POPULARIDADE NÃO É PODER ("A fama é um vapor, a popularidade um acidente e a riqueza tem asas. Eterno mesmo, somente o caráter." — Horace Greeley)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O cheiro de pipoca e quentão pairava no ar quando saí de casa naquela manhã de junho. Vestia minha calça xadrez, típica das festas juninas, com um misto de nostalgia e expectativa. Era o aniversário de Senador Canedo, minha cidade, e eu, como professor, tinha um papel a desempenhar na parada cívica. Enquanto caminhava pelas ruas enfeitadas com bandeirinhas coloridas, meus pensamentos vagavam entre a alegria da celebração e uma melancolia que vinha se instalando em mim há algum tempo.

O mundo ao meu redor parecia o mesmo, mas eu o enxergava sob uma nova perspectiva, como se cada detalhe carregasse um significado oculto. As ruas familiares se transformavam num campo de batalha repleto de desafios invisíveis. As palavras de Mário Quintana ecoavam em minha mente: "Não tenho vergonha de dizer que estou triste, não dessa tristeza ignominiosa dos que, em vez de se matarem, fazem poemas: Estou triste porque vocês são burros e feios e não morrem nunca..."

Chegando à avenida principal, fui recebido com sorrisos e cumprimentos. "Professor, que bom vê-lo!" Acenei de volta, sentindo um breve lampejo de orgulho profissional. No entanto, por trás dos sorrisos, percebia algo diferente, uma mudança sutil nas expressões, nos olhares. O convívio com familiares, amigos e conhecidos me trouxe um alívio momentâneo, mas logo a realidade se impôs novamente.

À medida que a parada avançava, meus pensamentos se tornavam mais sombrios. A felicidade que eu via nos rostos ao meu redor parecia inalcançável. Eu me perguntava: seria o dinheiro a chave para essa alegria? Ou seria o conhecimento, as interações sociais? Minha carreira de baixa remuneração pesava em meus ombros como um fardo invisível. Eu sabia da importância de estar aberto a novas ideias, de buscar ampliar meus horizontes, mas naquele momento, tudo parecia uma tarefa hercúlea.

Ao final da parada, enquanto as pessoas se dispersavam para as barracas de comidas típicas e brincadeiras, eu me vi sozinho, amarrado por cordas invisíveis de desânimo. Minha alma procurava desesperadamente uma saída, uma cura, um subsídio para essa crise existencial que me consumia. Observei os grupos de amigos e famílias rindo e se divertindo. Percebi que o que eu mais precisava naquele momento não eram coisas materiais, mas sim um amigo, um conselho, uma mão estendida.

Naquele instante, compreendi que meu senso de individualidade estava exacerbado, me isolando do mundo ao meu redor. Precisava desatar os nós que me prendiam a essa tristeza, abrir-me para o coletivo, para a colaboração. A felicidade que eu tanto buscava parecia estar ali, bem diante dos meus olhos, na simplicidade das relações humanas.

Enquanto as primeiras notas do forró começavam a tocar ao longe, tomei uma decisão. A partir daquele dia, buscaria uma nova perspectiva. Não ignoraria minha tristeza, mas a usaria como combustível para a mudança. Afinal, as festas juninas são sobre renovação, sobre acender fogueiras que iluminam novos caminhos.

Caminhei em direção às barracas, decidido a me juntar à celebração. Talvez, pensei, a felicidade não esteja em ter dinheiro ou conhecimento, mas em saber dançar conforme a música, mesmo quando a vida nos apresenta uma quadrilha desafinada. Percebi que a verdadeira felicidade não está apenas nos bens materiais ou no reconhecimento alheio, mas em cultivar o bem dentro de nós mesmos e nas pessoas ao nosso redor.

E assim, com o coração mais leve e um sorriso tímido nos lábios, me permiti ser envolvido pela magia da noite de São João. Decidi que, a partir de amanhã, serei mais cauteloso em minhas "capturas", buscando as virtudes escondidas nas aparências do cotidiano. Afinal, a verdadeira aventura está em viver com justiça e integridade, encontrando a paz interior que tanto desejo.

Sigo em frente, um dia de cada vez, buscando sempre a justiça e a vida que ela promete, lembrando que, às vezes, é preciso passar pelo fogo para renascer das cinzas. No fim, espero que as pequenas mudanças diárias façam a diferença na grande jornada da vida.

Questões Discursivas:

1. O texto apresenta uma reflexão profunda sobre a felicidade, abordando temas como a busca por significado, a melancolia, o papel do dinheiro e do conhecimento, e a importância das relações humanas. De que forma a experiência do personagem na festa junina contribui para o desenvolvimento dessa reflexão?

2. O personagem vivencia um momento de crise existencial, sentindo-se isolado e incapaz de alcançar a felicidade. Como ele supera essa crise e encontra um novo caminho para a felicidade autêntica?

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