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MINHAS PÉROLAS

domingo, 27 de julho de 2025

O Conto da Ignorância: Um Brinde Amargo ao Brasil que nos Quer Pequenos ("Não há tirania pior do que a que se exerce à sombra das leis e com o manto da justiça." — Montesquieu)

 



O Conto da Ignorância: Um Brinde Amargo ao Brasil que nos Quer Pequenos ("Não há tirania pior do que a que se exerce à sombra das leis e com o manto da justiça." — Montesquieu)

Por Claudeci Andrade

Outro dia, em um instante de vazio, parei diante da televisão desligada, feito quem espera que ela diga alguma coisa. Mas o que mais me chocou não foi o silêncio do aparelho; foi o ruído do mundo lá fora, do país que nos cerca. Um barulho feito de gritos abafados, de migalhas ruidosamente aplaudidas e de uma ignorância cuidadosamente cultivada, quase com carinho.

"Parabéns, Brasil!", pensei, com um amargor que me subia à garganta. A missão, para alguns, foi cumprida com louvor: transformaram-nos em um povo burro, pobre e dependente — exatamente como "os caras lá em cima" imaginaram. E, o mais perturbador: está funcionando. Está funcionando lindamente, com uma eficiência silenciosa que deveria nos apavorar.

Cresci ouvindo que a educação era a chave mestra para todas as portas. No entanto, ao adentrar os portões da escola pública, descobri que era apenas mais um cômodo úmido de um prédio caindo aos pedaços, um lugar onde as promessas de um futuro melhor mofavam nas paredes. O ambiente, em vez de um templo do saber, mais parecia uma prisão abandonada, ecoando o vazio da esperança. Enquanto isso, em Brasília, sob lustres de cristal, congressistas degustam lagostas e vinhos finos. Sabe por quê? Porque povo educado pensa. Povo que pensa, questiona. Povo que questiona, reage. E isso, meu amigo, é o terror, o maior pesadelo de qualquer político neste país adoecido pela corrupção.

Eles não anseiam por escolas de qualidade. Querem, sim, operários funcionais — mãos hábeis, mas com cérebros desligados. Gente que aperte parafusos com precisão cirúrgica, mas que seja incapaz de compreender as engrenagens complexas de um sistema que a esmaga. A educação, para eles, virou um teatro de fachada: ensina-se o mínimo do mínimo, e a reprovação é quase um tabu. Aprovam-se corpos, sim, mas não mentes pensantes. E um cérebro que se atreve a pensar, a questionar... ah, esse é um risco que precisa ser neutralizado.

Melhor então que fiquemos entretidos, hipnotizados. TikTok, fofoca de famoso, Big Brother. O antigo "pão e circo" trocado por cup noodles e stories de celebridades, enquanto o mundo real se desfaz. E a pobreza? Ah, essa eles cultivam com esmero. É o trunfo secreto do sistema, a peça-chave para garantir a dependência.

No fim do mês, pinga o Pix do governo. Uma quantia ínfima, uma migalha, mas o suficiente para você, em sua ingenuidade ou desespero, sussurrar um “melhor isso do que nada” e baixar a cabeça, agradecido. É o truque mais velho do manual: o viciado, em sua ânsia, agradece ao traficante pela próxima dose. A dependência não é apenas financeira; é, sobretudo, emocional. Estão criando um exército de carentes, de filhos sem pai, que olham para o político como um salvador, para o Estado como uma tábua de salvação em meio à tempestade.

Eles querem você ajoelhado, eufórico com a esmola. Não um cidadão pleno de direitos, mas um servo. Agradecido. Submisso.

Enquanto isso, a realidade é gritante: o filho do político desfruta de uma educação de ponta em Harvard, com as portas do mundo escancaradas à sua frente. E o seu? Se, por um milagre, conseguir entrar em uma faculdade, pública ou privada, sairá dela endividado, frustrado e, muito provavelmente, sem o emprego dos seus sonhos. Eles têm tudo: plano de saúde premium, segurança particular, motorista exclusivo, salários de cinco dígitos e auxílio até para comprar cueca. E você? Você segue morrendo em fila de hospital público, sacolejando em ônibus lotados e sussurrando um “graças a Deus” quando o governo, em sua "generosidade", joga mais uma moeda na sua tigela vazia.

A verdade é simples e incômoda, um soco no estômago: "eles não tão nem aí pra você." Querem você burro — para não entender os mecanismos de controle. Pobre — para não ter escolha, para ficar preso. E dependente — para jamais ousar largar a coleira.

Você não está em crise. Você está sendo mantido assim. Sustentado na escassez, alimentado pela falsa generosidade de um sistema que lucra, e muito, com a sua dor e a sua ignorância. E enquanto nós, o povo, não enxergarmos que o verdadeiro inimigo não é o vizinho, nem o pobre que recebe ajuda, nem o rico que trabalha honestamente, mas sim o sistema que nos transforma em zumbis obedientes e passivos, nada, absolutamente nada, mudará.

Ou você acorda para essa dura realidade, para esse plano macabro, ou continua sendo mais um peão insignificante no tabuleiro deles. Uma escada para os mesmos vagabundos de sempre subirem e perpetuarem seu poder.

Acorda, porra!

O Brasil só vai mudar, de fato, no dia em que o povo parar de agradecer pelas migalhas que lhes são atiradas e começar a exigir, com firmeza, coragem e dignidade, o respeito que lhe é devido. Eles detêm o poder porque, em nossa apatia, em nossa desinformação, em nossa passividade, nós o entregamos de bandeja. Mas o poder real, o poder de transformar, ainda está aqui — nas nossas mãos, na nossa capacidade de discernimento e ação coletiva. Se a gente quiser, essa facada que oprime nosso país pode se transformar em cura. Mas para isso, é preciso querer de verdade, com uma vontade inabalável de mudar o jogo, de reescrever a nossa própria história.

Parabéns, Brasil! A festa de poucos continua, sob o brilho falso do champanhe, enquanto a maioria vive de pão e água, num silêncio ensurdecedor. Que este brinde amargo seja o estopim para a nossa verdadeira libertação. https://vm.tiktok.com/ZMScWTS5Y/ (Acessado em 28/07/2025)

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O texto que acabamos de ler é um desabafo potente sobre a realidade do nosso país. O autor nos faz refletir sobre como a educação e a pobreza parecem ser usadas como ferramentas para manter a população em um estado de dependência e passividade. Ele critica fortemente o sistema político e econômico, mostrando como a desigualdade é mantida e a capacidade de pensar do cidadão é neutralizada. Para a Sociologia, esse texto é riquíssimo! Ele nos permite discutir temas como desigualdade social, estratificação, papel do Estado, manipulação ideológica, alienação, e a relação entre educação e poder. É uma oportunidade de olhar para a nossa própria realidade com um olhar mais crítico. Vamos mergulhar nessas questões e usar a Sociologia para entender melhor o que está acontecendo ao nosso redor. Bora pensar!

1 - O autor descreve a educação pública como uma "prisão abandonada" em contraste com as mordomias no Congresso. Discuta, sob a ótica da Sociologia da Educação, como a qualidade e o acesso à educação podem ser mecanismos de reprodução ou de contestação das desigualdades sociais em um país como o Brasil.

2 - O texto afirma que "povo educado pensa. Questiona. Reage." e que isso é o "maior pesadelo de qualquer político". Analise como a educação pode ser vista como um instrumento de emancipação social e política. Como a falta de investimento em educação de qualidade pode se relacionar com a manutenção de estruturas de poder e a alienação da população?

3 - A crônica menciona que a sociedade é mantida "ocupada com TikTok, fofoca de famoso, BBB...". Relacione essa afirmação com o conceito de indústria cultural e a ideia de "pão e circo" na Sociologia. De que forma o entretenimento massivo pode ser utilizado para desviar a atenção das pessoas de problemas sociais e políticos importantes?

4 - O autor argumenta que a distribuição de "migalhas" como o Pix gera uma "dependência emocional" e transforma o cidadão em "servo". Discuta como as políticas assistenciais, embora necessárias em alguns contextos, podem ser percebidas como estratégias de controle social e de manutenção de relações de poder assimétricas entre o Estado e a população.

5 - No final do texto, o autor faz um apelo para que o povo "acorde" e "comece a exigir dignidade", afirmando que "o poder real" está nas mãos do povo. A partir dos conceitos de cidadania ativa e participação política, discuta como a mobilização social e a conscientização da população podem ser caminhos para a transformação das estruturas de poder e para a construção de uma sociedade mais justa no Brasil.

Um comentário:

Claudeci Andrade disse...

https://vm.tiktok.com/ZMScWTS5Y/ (Acessado em 28/07/2025)