"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

Pesquisar neste blog ou na Web

MINHAS PÉROLAS

Será se o povo atrapalha o povo ou os líderes atrapalham os líderes? Isso é, no caso de haver muito cacique para pouco índio.
Claudeci Ferreira de Andrade

sábado, 13 de novembro de 2010

"VAQUINHA" PARA ENGORDAR (Tomar o café da manhã como um rei, almoçar como um príncipe e jantar como um mendigo)


Crônica

"VAQUINHA", COMPORTAMENTO DA PLEBE ("O inferno são os outros." Autor: Jean-Paul Sartre)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Há certos lugares onde o tempo não corre — ele escorre, denso como melado. Um deles é a sala dos professores, especialmente às vésperas de alguma confraternização improvisada. É nesse território fértil em tensões latentes que o profissionalismo e o improviso dividem a mesma garrafa de café, enquanto circulam planilhas, bilhetes, cobranças disfarçadas de convites e, inevitavelmente, as famigeradas "vaquinhas".

Nesse ambiente, onde títulos e pós-graduações às vezes parecem mais armaduras do que credenciais, já vi quase de tudo: alianças forjadas entre goles de suco industrializado, discussões acaloradas por causa de um pão de queijo amanhecido e até filosofias de vida sendo esmagadas sob o peso simbólico de uma coxinha morna. Acreditamos numa certa nobreza do nosso ofício, numa "privilegiada vocação", como alguns diriam, que nos deveria garantir um respeito quase tácito. Contudo, o cotidiano insiste em mostrar que a distância entre o ideal e o real pode ser abissal.

E o que vi naquela tarde específica, confesso, ainda me causa certo arrepio. Era para ser apenas mais uma coleta — dessas que surgem sorrateiras: “Dez reais por cabeça, pessoal, só pra gente não passar em branco o aniversário da diretora” Ninguém quer ser o estraga-prazeres, o avesso à festa, o voto vencido na democracia forçada do congraçamento. Mas bastou uma negativa, ou talvez um questionamento sobre o modo como a cobrança foi feita, para que o chão da sala parecesse tremer. Um colega, de língua tão afiada quanto suas credenciais acadêmicas, disparou impropérios contra o coordenador como quem atira pedras numa vidraça frágil. Palavras de uma vileza inesperada, que rasgaram o ar e o decoro.

Do outro lado, o coordenador, com o rosto pálido e as mãos visivelmente trêmulas, tentava manter a compostura enquanto devolvia a pequena quantia ofensora. A tensão era palpável, quase sólida — a ponto de parecer que o bolo de cenoura com cobertura de chocolate, já repousando sacrificialmente sobre a mesa, começava a derreter de pura vergonha alheia. O escândalo, claro, esvaziou o propósito da comemoração antes mesmo que ela começasse. E o professor em questão saiu dali não com a cauda entre as pernas, mas pisando faceiro, como quem venceu uma batalha crucial que ninguém mais sabia estar sendo travada. A celeuma estava, ruidosamente, estabelecida.

É curioso — e um tanto desolador — como certos gestos, às vezes pequenos, às vezes coléricos como aquele, revelam fraturas muito maiores sob a superfície do coleguismo. Há dias em que todos os certificados emoldurados e os anos de experiência não bastam para conter a vaidade ferida ou a mais pura e simples grosseria. E a gente se pergunta: quando foi que a educação, esse espaço que deveria ser de exemplo, virou também essa arena de egos onde se discute mais o recheio do bolo do que o conteúdo do quadro-negro? Onde a oposição e as ofensas tomam o lugar dos bons costumes e da ética que tanto pregamos?

Não tenho a resposta. Mas sei, por experiência própria, o desconforto que essas situações geram. Quantas vezes já me senti sutilmente coagido a contribuir, mesmo deixando claro que não participaria do lanche? Não por avareza, mas por uma escolha pessoal — talvez até por um princípio aprendido sobre hábitos alimentares, que me distancia dessa necessidade de transformar cada reunião num pequeno banquete fora de hora. Prefiro não comer no ambiente de trabalho. Não vejo sentido em mastigar entre uma correção e um planejamento.

E, por essa recusa, já me olharam torto. Já me senti vilipendiado por comentários constrangedores e desnecessários ao me negar a pagar pelo pão de queijo quentinho que não provaria. Já disseram que pareço distante — e talvez eu seja mesmo, desse costume peculiar de usar a comida como termômetro de simpatia e integração. Há quem veja nesses gestos de partilha forçada um elo comunitário essencial. Eu, muitas vezes, vejo apenas uma cortina de fumaça — uma pressão por conformidade que ignora o bom senso e as vontades individuais. Porque, se o vínculo profissional e humano é real, ele deveria resistir bravamente à ausência de salgadinhos e refrigerantes.

Lembro-me também do dia em que uma funcionária da limpeza, que raramente me dirige um cumprimento formal, entrou na minha sala sem bater, interrompendo a aula, pedindo “uma ajudinha com o refrigerante” para a festa de despedida da coordenadora. Uma súbita demonstração de interesse na “integração das funções”, conveniente apenas no momento da coleta. Eu sequer havia sido formalmente informado da festa. Disse não, com a gentileza possível naquela situação abrupta. Ela não respondeu — apenas me lançou um olhar que misturava desprezo e surpresa, como se minha negativa fosse um crime contra a própria instituição. Mas, não era. Era apenas o exercício de um limite pessoal, o direito de dizer não sem precisar me justificar longamente.

Hoje, olhando para trás, percebo que aquela tarde de estalos verbais e mãos trêmulas, assim como as pressões cotidianas por contribuições e participações, foi muito mais que um episódio infeliz: foi, e é, um sintoma. A escola, quando se esquece de seu papel primordialmente formativo e passa a operar segundo as leis não escritas da popularidade, da pressão de grupo e do melindre, adoece.

E doente ela está — quando a grosseria é disfarçada de sinceridade; quando a escolha individual vira motivo de chacota ou exclusão; quando a recusa educada é interpretada como insubordinação ou falta de espírito de equipe. Não há festa, por mais bem-intencionada que seja na superfície, capaz de adoçar esse amargor que fica no ar.

Por isso, talvez, escrevo sobre isso. Porque acredito que, ainda que muitos falem de união e coleguismo, poucos realmente os praticam no respeito às diferenças e aos limites alheios. E talvez tenhamos, de fato, nos acostumado demais ao barulho dos talheres e das conversas obrigatórias — e desaprendido a valorizar o silêncio respeitoso que deveria ser a base de qualquer convivência minimamente civilizada.

Não sou, de forma alguma, contra a celebração ou a gentileza. Mas, prefiro aquelas que nascem do afeto sincero e da vontade genuína — e não da obrigação disfarçada, da pressão velada ou do interesse momentâneo. Entre um pedaço de bolo imposto e um gesto de respeito espontâneo, fico sempre com o segundo. Porque este sim, alimenta de verdade a alma e dignifica nossas relações.


Olá! Como seu professor de sociologia, preparei 5 questões discursivas simples com base nas ideias principais do texto:


1. O texto descreve a sala dos professores como um lugar onde "o profissionalismo e o improviso dividem a mesma garrafa de café". Explique essa metáfora, utilizando exemplos do texto para ilustrar a tensão entre o esperado no ambiente profissional e as situações informais e, por vezes, problemáticas que ocorrem.

2. O autor questiona se a educação, "esse espaço que deveria ser de exemplo", transformou-se em uma "arena de egos". Quais exemplos do texto sustentam essa crítica? Em sua opinião, como as dinâmicas de poder e as relações interpessoais podem impactar o ambiente de trabalho em instituições educacionais?

3. O texto aborda a questão das "vaquinhas" e das contribuições para eventos como um ponto de tensão. Analise, sob uma perspectiva sociológica, como as pressões de grupo e a necessidade de conformidade podem influenciar as decisões individuais em um ambiente profissional. Utilize o exemplo da recusa do autor em participar do lanche para fundamentar sua resposta.

4. O autor relata dois episódios específicos envolvendo a coleta de dinheiro: um para o aniversário da diretora e outro para a despedida da coordenadora. Compare esses dois eventos, identificando as dinâmicas sociais e as diferentes formas de pressão ou constrangimento presentes em cada situação. O que esses episódios revelam sobre as relações hierárquicas e a "integração" no ambiente escolar?

5. Na conclusão do texto, o autor reflete sobre a importância do respeito às diferenças e aos limites alheios em contraposição a uma "união e coleguismo" superficiais. Como você interpreta essa reflexão à luz dos eventos narrados ao longo do texto? De que maneira a valorização do "silêncio respeitoso" poderia contribuir para um ambiente de trabalho mais saudável e ético?

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A Bandeira da Paz (“faça ao outro somente aquilo que gostaria que o outro lhe fizesse”)




Crônica

A Bandeira da Paz (“faça ao outro somente aquilo que gostaria que o outro lhe fizesse”)


Por Claudeci Ferreira de Andrade

          A bandeira da paz correu entre os colégios da Cidade de Senador Canedo, mais uma vez, fui participar de uma dessas entregas, do Colégio Estadual João Carneiro ao Pedro Xavier, de cujos laços ainda estão muito estreitos, compartilhando professores e alunos, foram nove quilômetros de caminhada, ida e volta, tempo suficiente para pensar sobre o tema. Comecei por esta reflexão: todos os anos se faz isso e não muda nada, a onda de violência, por aqui, continua aumentando!
          A verdade é que assistimos a esse tipo de manifesto sem pensar devidamente em seu significado. Para alguns das unidades escolares é apenas mais uma farra, uma forma de matar aula. Eu vi o reboliço e as algazarras dos alunos durante o percurso. Mas, com tudo isso, ainda me pareceu algo positivo. Nunca entendi a paz como um lago de água parada, ou a ausência de problema e conflito, ou ainda a condição de imobilidade e êxtase quando não precisamos pensar em coisa alguma, ou de fazer alguma coisa.
          Paz é o equilíbrio das forças opostas, esse equilíbrio é praticamente inatingível sem a movimentação do "fiel da balança". Todas as pessoas têm sede de paz, e a política utilizada é que deve ser balanceada.
          A religião contaminou todos os segmentos da sociedade com uma angústia existencial,  impondo a realidade da morte como consequência do que o homem faz ou deixa de fazer e a posse do paraíso na mesma condição. E ainda a isso também chama de paz libertadora, eu o chamo de conturbação pela culpa. A certeza da morte aniquila a vontade de viver ou acende um desespero para usufruir da vida de qualquer forma no pouco tempo restante. Schopenhauer, objetivando saciar a sede de paz aos humanos, aconselha o silêncio, o jejum, a castidade, a renúncia sistemática, a fuga temporária da realidade por meio da arte ou de práticas orientais de meditação. Penso que o filósofo, em parte, tenha razão, mas sem nunca me esquecer de minha existência, mesmo sem pensar o bastante para ser percebido (Obrigado René Descartes)! Parece-me que passeatas, batendo panela na rua, pedindo ao bandido para não me matar, não funciona!
          Paz é satisfação, e a encontramos em situações diferentes. A Paz encontrada por mim em um momento específico, você encontra semelhante em outro, provavelmente não podemos usufruir da mesma paz em um mesmo evento, então vem a necessidade do equilíbrio para nascer a satisfação ali, eu contribuo com um pouco de mim e você de si. Este conflito gera a paz! “Amar o próximo como a ti mesmo” casa bem com “faça ao outro somente aquilo que gostaria que o outro lhe fizesse”. Depois de uma negociação bem sucedida, às partes sempre sobra a paz.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 01/11/2010
Código do texto: T2591058

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

Comentários

domingo, 24 de outubro de 2010

FELIZES OS QUE REPRESENTAM (O que significa dançar conforme a música?)

CRÔNICA

FELIZES OS QUE REPRESENTAM (O que significa dançar conforme a música?)

 Por Claudeci Ferreira de Andrade
          A diferença entre um professor sábio e um tolo, ambos alvo de todas as acusações de igual forma, não é muito notória. Considere um profissional que sempre está em atrito com os colegas por não ter o tal jogo de cintura, porém já tem algumas cartas marcadas nas mangas. Ambos os tipos são de professores formados, têm conteúdo, dominam seus conhecimentos, todavia terminam aí, simplesmente aí! Contudo, não lhes Faltam a vadiagem. Eles se sentem bem em fazer tudo certinho à vista de todos, para terem a consciência limpa. Mas, isso não basta. Eles precisam também de esperteza. Na sua mente, há de ter sempre uma saída, ou seja, o plano “B”. É assim o politicamente correto para quem ensina. 
          Um professor é como político, pode ser moralmente correto, pode amar a justiça e a decência, mas ao ser bom mesmo, não pode lhe faltar a “manha”, esta a qual só os dotados de senso de oportunista adquirem. No Brasil, sem dissimulação não se prospera. É como disse Mônica de Castro: "Toda trama requer uma boa dose de frieza e dissimulação". De todos atuantes na educação, os mais astuciosos, refiro-me, são os que galgam os postos melhores. São os conquistadores da confiança. Estes prometem e não cumprem, e só estes têm o direito de ditar o velho lugar comum: “faça o que eu digo e não faça o que eu faço” e por aí vai: Ô, vida falsificada, por aqui! Para que servem os diplomas bem merecidos, senão para dissimular o saber?!
          Dizem os fingidos: "amanhã só teremos três aulas, mas não devemos dizer para os alunos, senão eles não virão". A coisa funciona assim, porém os alunos não podem saber disso"! Por último, os alunos espertalhões também têm suas técnicas e descobrem os enigmas, confeccionados com a embromação de índices e estatísticas bonitas. "Não dá nada".
           Quando um professor é notificado, denunciado, acusado, faltou-lhe a sagacidade suficiente que o faz invisível aos olhos vagueantes dos mais maliciosos, sedentos pela novidade.  Ou seja, cansou-se de viver a vida cênica. Seu problema foi a perda da perspicácia. É assim o fazer bem feito?
          A verdade jamais se considera completa sem um pouco de malandragem, aqui faço minha a oração de Cássia Eller: “Eu só peço a Deus um pouco de malandragem...” Para eu ser um "bom profissional".
          Os ludibriões do sistema educacional estadual têm comportamento diferenciado quando atuam também no municipal. Um sistema largo favorece mais oportunidade para lambança. Parecem até ser duas pessoas, mas são dois empregos de 40 horas aula. Fazer 80 horas aula de efetivo trabalho por semana, têm que ser muito ardilosos!
          Nossa preocupação de conveniência não tem sido as consequências a longo prazo, mas as soluções imediatas e momentâneas, que o amanhã cuide de si mesmo, portanto não podemos esconder dores do ontem. Na escola, funciona a técnica Ricuperuna (Rubens Ricupero*), como regra geral: “Eu não tenho escrúpulos, o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde”. Salve-se quem puder com toda "lábia"! O que significa dançar conforme a música?
—*Atualmente é diretor da Faculdade de Economia da Fundação Armando Álvares Penteado, e presidente do Instituto Fernand Braudel, que promove pesquisas, debates e publicações sobre problemas institucionais como educação e segurança, política econômica, política energética, desenvolvimento econômico e relações internacionais.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 24/10/2010
Código do texto: T2576517

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

Comentários


sexta-feira, 15 de outubro de 2010

QUEM SE IMPORTA COM OS PROFESSORES? (REFLEXÃO PARA O DIA DO PROFESSOR)

CRÔNICA

QUEM SE IMPORTA COM OS PROFESSORES? (REFLEXÃO PARA O DIA DO PROFESSOR)

Por Claudeci Ferreira de Andrade
         Vida de professor dignifica o homem e o promove a um grande ser humano. É o ser que abre mão de todas as oportunidades de projetar-se socialmente, pois todas as outras profissões têm o prestígio que merecem, mas o professorado não! Ao escolher ser professor, alimento ainda o grande desejo de servir melhor a sociedade. Mas, só vejo impossibilidades mil! Quem teria a capacidade de aferir a largura e a profundidade do valor da atuação de um educador para que o dignifique justamente?
          É difícil para eu dizer isso, especialmente porque sou um deles, mas o professor competente já influenciou os mais nobres cérebros, os que estão nas culminâncias da sociedade. Porém, são estes mesmos que deveriam ver a utilidade e a importância daqueles que os ajudaram a formar as bases do conhecimento que usarão o resto de sua vida. As autoridades políticas do país não adotam uma política de reconhecimento ao professor assim como prestigiam as outras profissões financiadoras  das grande campanhas eleitorais. Não é ciúmes, é coerência! Não reivindico méritos aos que querem exaltar-se a sim mesmos como pessoa somente; aos que buscam alcançar os aplausos e o favor da sociedade; aos que são regidos pela ambição, aos que têm por alvo principal serem grandes, aos que amam a fama; aos que cobiçam honras. Não. Mas, sim, aos que só desejam exaltar o magistério; aos humildes que procuram refletir o bom exemplo; aos que preferem ser usados pelo saber; aos que têm por objetivo supremo ser o mestre ideal; aos que amam os seus bons alunos; aos que não prejudicam a honra geral.
          Quando meu amigo, Professor Murilo, em tom de brincadeira, nomeia-me de "Sacerdote da Educação", então ele me ensina que a grandeza desse ofício está no viver desprendido ao servir. E devo crer que fui escolhido por Deus para fazer o que estou fazendo. Mas, se esse trabalho não atrai honrarias a mim, pelo menos tenho a certeza que me dar capacidade de ser cada dia melhor no serviço de formar cidadãos e a mim mesmo.
          Uma das coisas essenciais nas quais se deve pensar nesses dias: é a necessidade de aprender cada vez mais para servir aos necessitados com o prazer à altura que nenhuma ambição pessoal pode jamais alcançar.  O educador nunca será um verdadeiro educador, a menos que leve muito a sério o significado de ensinar.
          Porém, o que vemos é que nem os próprios professores se importam com eles mesmos! Onde estão as assembleias de reivindicações?
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 15/10/2010
Código do texto: T2558128

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

Comentários






segunda-feira, 11 de outubro de 2010

DOUTORES, MESTRES, GRADUADOS X SEMIANALFABETOS (Seleção para Garis Atrai Doutores e Promove Concorrência desleal!)



CRÔNICA

DOUTORES, MESTRES, GRADUADOS X SEMIANALFABETOS (Seleção para Garis Atrai Doutores e Promove Concorrência desleal!)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

         Quando pensamos em um concurso público para gari, no nível de primeira fase do Ensino Fundamental, oferecendo um salário de R$ 486,10 (salário mínimo da época) e outras pequenas vantagens, geralmente pensamos primeiro nos semianalfabetos fabricados pela a escola pública como candidatos ideais. Nunca pensaríamos em alguém intitulado de Doutor, ou de Mestre, ou de Graduado como concorrente num concurso desses. Com menos probabilidade ainda, podemos pensar em que esses indivíduos estudados no mais alto grau de escolaridade sejam reprovados.
         “Com inscrições abertas desde o dia 7, o concurso público para a seleção de 1.400 garis para a cidade do Rio já atraiu 45 candidatos com doutorado, 22 com mestrado, 1.026 com nível superior completo e 3.180 com superior incompleto, segundo a Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana). Para participar do concurso, basta ter concluído a quarta série do ensino fundamental. As inscrições terminam amanhã.” (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2210200915.htm) - acessado em 10/07/2016.
         Infelizmente, nosso "criativo" sistema educacional não traça patamares valorizadores de títulos acadêmicos como um requisito de ética. Bem pudera, mas a escola inclusiva aceita de tudo até paga ao indivíduo matriculado com dinheiro público, é claro, e uma boa parte, vai fazer lambança na escola! Assim desvaloriza mesmo! Mostrando dessa forma interesse maior no aluno, mais do que ele por ela, parece-me uma auto-vulgarização. Será se ninguém percebe que nem todos nasceram para estudar? Ser mestre e/ou doutor não pode ser habilitação de qualquer um, ter diploma, sim, daqueles sem merecimentos.
         Mestres e doutores podem se inscrever num concurso no nível da primeira fase do Ensino Fundamental, mas os semianalfabetos não diplomados não podem se inscrever num concurso para graduados! O que está acontecendo com a educação no Brasil? São tantas Recuperações, tantas "Ressignificações", tantas EJAs, tantas Aceleras e Pedaladas, tantas Progressões Automáticas, tantos Cursos a Distância (tão a distância, vendo-se só o vulto), tantas Fraudes e tantas... e tantas... que percebo, de vez em quanto, o porquinho lavado e perfumado voltando instintivamente ao lamaçal fétido de seu chiqueiro. (2 Pd 2:22).
         Há muitos bons profissionais sem sequer requererem a si a primeira fase do Ensino Fundamental, quanto mais portanto, nunca frequentaram faculdade alguma e ganham uma boa renda mensal, e nem por isso são menos cidadãos, mas abandonaram desestimulados a estudar por maus exemplos formados na escola: será se aqueles doutores, mestres e graduados não sabem que o são ou não reconhecem o seu lugar? Ou têm sérios problemas de autoestima? Ou simplesmente a crise do desemprego é grande mesmo?
         Se nós acadêmicos não nos valorizarmos, não podemos compor as estatísticas promissoras da Educação Brasileira. Por que, no caso citado, os doutores não usaram seu diploma de Ensino Fundamental para se inscrever no concurso e confiaram somente nas habilidades? Assim sendo, se por acaso um ou outro não passando, pelo menos não foram aparentemente tão opressores! No entanto, não posso cometer a injustiça da generalização. Há Doutores e doutores, Mestres e mestres, Graduados e graduados! Oxalá que, de agora em diante, os semianalfabetos registrados ganhe dos doutores, pelo menos, nos testes de aptidão física!
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 24/10/2009
Código do texto: T1884232

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

Comentários






sábado, 9 de outubro de 2010

CANSAÇO NÃO É PREGUIÇA (Para incentivo ao professorado, cota para analfabeto nas licenciaturas)


CRÔNICA

CANSAÇO NÃO É PREGUIÇA (Para incentivo ao professorado, cota para analfabeto nas licenciaturas)

Por Claudeci Ferreira de Andrade



          O veterano professor estatutário jamais entendeu o atento neófito forçando-se, em um comportamento forjado, para ganhar admiração: acompanha o chefe aonde quer que vá, sorri imitando-o mesmo sem graça, torna-se o eco dos movimentos de quem tem poder sobre ele. Mas, se esquece da observação dos colegas de língua afiada, pois eles podem destruir tudo, mostrando reprovação, pois o chefe também de modo algum quer parecer mal diante de toda a equipe. Liderando espertamente, tenta captar como está sua aceitação, e se rege pelas dicas da maioria. Um bom líder se envergonha pelos lambe-esporas ao seu derredor. Ele almeja por relações mais nobres, mais altas e mais puras com seus liderados. Segundo Tácito: "Os aduladores são a pior espécie de inimigos." 
          Não aconteceu assim também conosco quando éramos "pró-labore"? Lancemos um olhar retrospectivo sobre nosso período “probatório”, avaliados por uma comissão de cuja até aluno fazia parte (estranhos analistas), foi opressor mesmo! Não tinha como fugir da humilhação. Agora depois de tantas aprovações, já não somos tão santos assim, nem tão fiéis e nem tão bons. Tampouco valorizamos nossos avaliadores como amávamos então. Para que serve a avaliação no período probatório com tantos ainda inadequados!
          Mas, isso de forma nenhuma é necessariamente errado. A torrente emocional e o prazer dos primeiros dias deram lugar a uma consideração mais real: O sistema educacional é decepcionante. Agora, sentimos mais insegurança, e desconfiamos mais dos nossos lideres, colegas e alunos, de modo que tudo nos perturba. Jamais temos uma reunião e sequer na qual os professores não se mostrem insatisfeitos com o salário e as condições precárias de trabalho (o pagamento saiu?), todo ano tem greve de professores. Embora infrutíferas, diga-se de passagem.
          Todos sabemos o porquê de tudo que não temos feito, devíamos ter feito mais por nós mesmos. Já que sendo possível fazer mais para o bem do sistema educacional público brasileiro, pois de jeito nenhum temos sido o que podíamos ter sido, deixemos o cansaço de lado. Embora, nossa consciência de incompetência seja mais vívida hoje. Nunca compreendemos melhor a loucura de ser professor público do que quando libertados das fantasias academicistas. Não é a prior profissão social, mas precisamos nos achegarmos mais ao ideal promissor. Podemos está crescendo profissionalmente e rastejando ao passo que, no mesmo tempo, sentindo-nos preocupados com os desandos, e mais alertados sobre os falsos exemplos: os explorados mercenários.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 09/10/2010

Código do texto: T2546357


Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

Comentários



quinta-feira, 7 de outubro de 2010

MINHA FUNÇÃO UNIVERSAL CONTINUARÁ (Se não sou insubstituível, a responsabilidade é sua.)


Crônica

MINHA FUNÇÃO UNIVERSAL CONTINUARÁ (Se não sou insubstituível, a responsabilidade é sua.)


           Por Claudeci Ferreira de Andrade

       Já sofri três acidentes de moto! Aconteceram para Inimigos e amigos ficarem felizes ou infelizes respectivamente: A união faz a força ou a unânime tristeza, pois ainda não morri! Deus faz de mim o que Ele bem quer: cuida! Afinal, não pedi meu nascimento e nem estou pedindo minha morte! E Vai ser sempre assim até ao limite máximo. O outro acidente mais grave e anterior a esses, foi quando fui aprovado no concurso ao professorado do Estado de Goiás, 1998, o primeiro colocado em Língua Portuguesa para a região de Aparecida e Senador Canedo, foi reincidente, aprovado novamente no concurso municipal para professor de Senador Canedo, 2002. 
           Enquanto isso, a minha oração é: Deus me RESGUARDE dos meus amigos e admiradores. ("As coisas mais desagradáveis que os nossos piores inimigos nos dizem pela frente, não se comparam com as que os nossos amigos dizem de nós pelas costas" - Alfred de Musset).  E me dê força, luz, resistência, coragem, inteligência e sabedoria para eu  também ter a salvífica felicidade de cuidar dos meus inimigos, ou melhor fugir deles ileso. Não posso deixar este mundo sem sentir experimentalmente todas as sensações degradantes e não degradantes possíveis. Desculpem-me por eu ainda existir (Obrigado Descartes - Penso logo existo)! Meu poder se encerra unicamente no desejar profundo! Então, mova-me antes do tempo e será removido injustamente!
            Mas, chegará a vez, quando perceberá o tamanho do vazio que terá o Sistema Educacional sem mim, com toda segurança, a minha morte unirá o mundo em busca do equilíbrio no organismo até se revelar meu substituto. Quando morre uma célula, nasce outra no lugar dela automaticamente, é só uma questão de tempo, se assim não fora, fica apenas uma cicatriz feia, formada por células tronchas. Meu orgulho só lamenta porque ninguém é insubstituível. Tudo é vaidade!
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 07/10/2010
Código do texto: T2543103

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.
Comentários       Comentar


17/10/2010 12:48 - Graci
51 como eu, uma boa idéia! olha, seu pensamento tá valendo... Um abraço, Graci



12/10/2010 20:32 - Miralva Viana
Olá!Claudeko, Penso que é por aí. Nada acontece por acaso, tudo tem uma razão, uma finalidade. Abraços!



07/10/2010 15:03 - Renato Dieckson
Belo. Parabéns, Aplausos de pé deste humilde autor que vos escreve



07/10/2010 14:59 - Lucineide dos Reis
Provavelmente Deus tem um plano em sua vida?!



07/10/2010 14:40 - Su Lucena
ta aí uma verdade.