"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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MINHAS PÉROLAS

sábado, 29 de setembro de 2012

SEM CONCURSO, OU EXAME, OU ESCRÚPULO (Minicrônica - 140 caracteres)



Crônica da vida escolar

SEM CONCURSO, OU EXAME, OU ESCRÚPULO (Minicrônica - 140 caracteres)

Por Claudeci Ferreira de Andrade 

         A montanha foi a Maomé;  a universidade, ao Lula; a escola,  ao analfabeto. Deus dá o frio conforme o cobertor. Eu cronista honoris causa. Em nome da contribuição social.
Claudeko
Enviado por Claudeko em 06/05/2012
Reeditado em 28/09/2012
Código do texto: T3652662
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sábado, 22 de setembro de 2012

LIBERDADE DE MAIS PREJUDICA (Liberdade significa responsabilidade. É por isso que tanta gente tem medo dela. — George Bernard Shaw)



Crônica da vida escolar

LIBERDADE DE MAIS PREJUDICA (Liberdade significa responsabilidade. É por isso que tanta gente tem medo dela. — George Bernard Shaw)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          Com a lei Maria da Penha, Lei da Palmada, Condenação por Abandono Intelectual, indenização por Abandono Afetivo, casamento gay, cadeia para inadimplente com a Pensão alimentícia e salário reclusão, assim como a escola pública fornecendo tudo de graça para todos. Isso faz das famílias brasileiras, sem responsabilidade alguma, verdadeiras fábricas de criminosos gratuitos. E a escola garante a aprovação desses por medo deles! Como o estado gostaria de combater a criminalidade infantil? Se Deus criou a família, quem criou os infantis desrespeitadores das leis divinas? Parece que estes itens não têm nada a ver, um em relação ao outro, todavia eles corroboram em desbancar as autoridades maternalistas.
          Mas, eu não sei o que fazer, todas as vezes quando entro em uma sala, para começar minha aula,  encontro um aluno folgadamente sentado à mesa do professor. É difícil pedir licença, pois ele não quer sair. É só virar as costas, e terei de pedir licença de novo. Porém se pergunto a esse tipo de aluno se quer ser professor, ele diz: "Deus me livre!" Ele gostaria apenas da representação momentânea de poder. Tomo as dores da escola, por ser ela a responsável, se propondo a ensinar o equilíbrio, no entanto, cada final do período, estou eu sentindo uma sensação esquisita: feliz por ter rompido mais uma etapa, porém não, sem aquela sensação gostosa do dever cumprido. Entra dia e sai dia e o mundo piora nesse assunto da libertinagem. Como moldaram pervertidamente a consciência do ser humano?
             Que país é esse cheio de instituições educacionais, com tanta facilidade para cursar, mas não é exigido o maior grau de escolaridade para presidente? Ou então a escola perdeu a credibilidade! Os pais pobres têm que obedecer esta corja de analfabetos funcionais ao matricular os filhos nas escolas públicas sem qualidade. Por quê? "Se os tubarões fossem homens...Naturalmente também haveria escolas nas grandes caixas. Nessas aulas, os peixes pequenos aprenderiam como nadar para a garganta dos tubarões" (Bertold Brecht). Agrande questão aqui não é só o aprender ou não aprender é o exercício da liberdade se ambas as partes sem responsabilidades.
– Ela é tão livre que um dia será presa.
– Presa por quê?
– Por excesso de liberdade.
– Mas essa liberdade é inocente?
– É. Até mesmo ingênua.
– Então por que a prisão?
– Porque a liberdade ofende.
Clarice Lispector Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.
Claudeko
Enviado por Claudeko em 03/05/2012
Reeditado em 22/09/2012
Código do texto: T3647781
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sábado, 15 de setembro de 2012

LEIS CONVENIENTES E PARCIAIS ("Quanto maior o número de leis, tanto maior o número de ladrões." — Lao-Tsé)



Crônica da vida escolar

LEIS CONVENIENTES E PARCIAIS ("Quanto maior o número de leis, tanto maior o número de ladrões." — Lao-Tsé)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          Ao ler o pensamento de Barão de Montesquieu: "As leis inúteis debilitam as necessárias". Então, logo, vinculei a esse fenômeno o insucesso da maioria dos gestores escolares eleitos, dando lugar para os interventores estaduais. Mas, agora acho que é a má escolha de seus coordenadores, porque a conveniência individual gera inconveniência geral! E os iguais se protegem.
          Por aqui, não se pode vender iguarias e guloseimas nas dependências da escola pública. E Justificam sua CONDUTA, dizendo: — "É lei, vem de cima". Esse tipo de proibição geralmente desfigura muitas simpatias, motivando  os comuns a muitas denúncias. Assim, os superiores imediatos são obrigados a criarem outras leis para coibir, forjando consequências para quem transgredir as normas maiores. 
          Todavia, foi isto mesmo que me disse a diretora, por não declararem sua isenção à Receita Federal, as escolas entraram em dívida. Será se a culpa foi da unidade ESCOLAR? Não importa, então, ela deve pagar! Para isso, já foi formulada uma exceção na lei, dando à escola o direito, dela mesma, vender quaisquer bugigangas arrecadando dinheiro de qualquer lugar. Eu fui obrigado a vender ingressos de "sorvetada", e a estrategia usada foi do mesmo nível, dei um ponto em português ao aluno comprador, a fim de não pagar os ingressos do meu bolso. Também todos os professores estavam vendendo os tais com estrategias mil. Logo posso, já que outrora as coordenadoras nos autorizaram a dar nota em troca de frutas para "o café da manhã das mães". Agora, interessamos apenas em sanar a dívida! Minha maior preocupação aqui não é o vender ou deixar de vender, seja qual for a coisa, mas as leis inúteis do sistema educacional, homologadas a atender particularidades próprias da exploração. Quanto mal fazia o vender os docinhos na escola que não faz mais? Meus "Vales-transportes" se atrasaram este mês, será se foram incluídos no "vale-tudo"? Quando se trata da confecção do diário eletrônico, ora somos orientado digitar quatro avaliações no resumo final, ora só três, um bimestre é uma coisa, outro bimestres, outras diretrizes. E por essa falta de uma legislação firme, o professor morre de velho e não aprende fazer autônomo e corretamente o diário de classe. A propósito, para quem não sabe aonde ir, qualquer caminho está correto. 
          Outras bobagens acontecem, aliás é difícil descobrir uma norma ESCOLAR útil, por serem elas mais transgredidas que obedecidas. No entanto, o sistema vai de vento em popa: paradoxal, heim! Qual eficácia tem uma norma cheia de derivações e exceções? Não se pode "subir aula" de forma alguma, o professor não é dois, o aluno ir para casa mais cedo nem pensar. Porém, ao pagar aulas de greve, pode tudo, qualquer negociação, trabalhos quaisquer, e até aos sábados e feriados, nesse caso, a conveniência parcial impera. Uma lei pedindo a ser burlada é inútil. pois não atende a justiça geral. Se o público alvo não compreendeu o benefício da proibição, não tem disposição para se submeter. Alguém já tinha dito: "a BOA lei nasce do meio do povo".
          Uma administração que vive "apagando fogo", como diz o ditado, não cumpre um bom mandato. Os imprevistos são os furos da lei, ou prova de sua inutilidade. Exemplificamos com os fenômenos do tempo, regidos por leis naturais perfeitas, diga-se de passagem, porém, lidas por critérios imperfeitos - "subleis" - dos meteorologistas. Se não choveu no dia previsto e da forma prevista pelos noticiários, nesse caso, não foi incompetência das leis naturais, mas de quem as lera, ou melhor, das derivadas. Existem problemas inúteis, frutos de atividades desnecessárias. O mal necessário é aquele que direciona as leis necessárias!
          Um chefe legislando em causa própria e com leis parciais é frágil demais, porque não atende os interesses da maioria alvo. Assim, tais leis pedem para ser quebradas, e a quebra de uma leva a anarquia de outras. O "manda quem pode e obedece que tem juízo" já era. Quem não tem  juízo ordena o que lhe é conveniente, e a conveniência da escola quase sempre não a é a mesmo da comunidade geral. PROIBIÇÕES INFUNDADAS ENFRAQUECEM O CÓDIGO DE BOA CONDUTA. Indisciplina é falta de rumo e, improdutividade, não basta apenas estar no caminho certo, tem de rumar da maneira certa e no lado testado!!! A bússola sempre está firmemente apontando para o norte. 
Claudeko
Enviado por Claudeko em 29/04/2012
Reeditado em 14/09/2012
Código do texto: T3639409
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sábado, 8 de setembro de 2012

FAZER AMOR: TÃO POBRE AMOR! ("Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal." — Friedrich Nietzsche)


Crônica

FAZER AMOR: TÃO POBRE AMOR! ("Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal." — Friedrich Nietzsche)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A expressão "fazer amor" é um eufemismo que serve, ironicamente, de disfarce para a "prática do sexo" e se revela, sobretudo, um indicador da hipocrisia e da falsa moralidade social. Numa tentativa de polarização, ouvimos discursos feministas afirmando: "as mulheres fazem amor e os homens, sexo," buscando uma nobreza de intenção. Contudo, ao defenderem sua liberdade, alegando que "ninguém manda em seu próprio coração," elas expõem uma contradição: se é amor, por que se esconde? Por que a pressa em se banhar, em "sorrir fazendo de conta que nada aconteceu," tratando o ápice do desejo como um ato protocolar, quase um trabalho qualquer?

Essa distinção superficial, frequentemente evocada para enobrecer a intenção feminina em contraste com o mero impulso masculino, apenas reforça a dificuldade social em encarar a natureza complexa do desejo. O que evitamos nomear é que, por trás do eufemismo, residem ao menos três categorias de envolvimento: o amor-paixão, a força indomável que arrebata sem promessas; o amor-compromisso, a aliança socialmente aceita, regida por contratos de fidelidade; e o amor-transação, onde a troca de prazer se dá pelo poder ou interesse, esvaziado de vínculo. Quando o coração se confunde, a verdade é que, na maioria das vezes, praticamos o último, mas desesperadamente o rotulamos de primeiro para mascarar o vazio da liberdade sem afeto.

É por essa razão que, na qualidade de cliente da vida e do prazer, recuso o fardo do "amor-compromisso" se o dinheiro compra o prazer do poder – que, no fim, é tudo que a paixão momentânea pode oferecer. A prisão social, causada pela falta de autonomia financeira ou emocional, é o que desvirtua os sentimentos mais puros. Só há saúde psicológica na autonomia, livre da exigência de fidelidade perpétua. "Fazer amor" torna-se, então, a fantasia absurda do puritanismo, algo que os ricos adquirem pronto, com todos os seus atributos. Afinal, o amor (verdadeiro) só dura em liberdade; o resto é compromisso e obrigação imposta, um "tão pobre amor," como diagnosticou Raul Seixas em "A Maçã."

A maior perversidade sexual reside no esforço para manter a aparência de quem nunca vive o desejo em sua plenitude, mas é essa hipocrisia ensinada que, infelizmente, mantém a roda social em movimento. No fundo, todos somos levados pela motivação ancestral de "crescei e multiplicai." O prazer do fazer amor e do praticar sexo se confundem quando a única mira é o lucro — seja ele o lucro biológico do orgasmo e da multiplicação, ou o lucro emocional da posse. "Passei a ocupar meus dias pensando sobre o que, afinal, é isso que todo mundo enche a boca pra chamar de amor" (Martha Medeiros). --/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/

Como seu professor de Sociologia, preparei algumas questões discursivas simples baseadas na leitura crítica que acabamos de fazer. O objetivo é que vocês articulem as ideias do texto com seus próprios conhecimentos sobre a sociedade e as relações humanas.

1 - Hipocrisia e Linguagem Social: O texto afirma que a expressão "fazer amor" é um eufemismo que serve como "indicador da hipocrisia e da falsa moralidade social." Explique, com base nas ideias do texto, como o uso de eufemismos pode mascarar ou reforçar a hipocrisia nas relações sociais e na discussão sobre sexualidade.

2 - Categorias de Envolvimento Afetivo: O autor distingue três categorias de envolvimento: "amor-paixão," "amor-compromisso" e "amor-transação." Com suas próprias palavras, defina brevemente cada uma dessas categorias e explique qual delas, segundo o texto, é a mais praticada, apesar de ser rotulada com o nome da primeira.

3 - Materialismo e Relações: Analise a frase do autor: "recuso o fardo do 'amor-compromisso' se o dinheiro compra o prazer do poder." Qual é a crítica sociológica implícita nessa afirmação sobre a influência do poder (econômico ou social) nas relações afetivas e na busca por autonomia?

4 - Puritanismo e Aparência Social: O texto menciona que "Fazer amor" se torna a "fantasia absurda do puritanismo" e critica o esforço em "manter a aparência." De que maneira a moralidade puritana, ou a hipocrisia social dela decorrente, interfere na expressão autêntica do desejo e na sexualidade em uma sociedade?

5 - A Visão do Sexo como "Lucro": O autor conclui questionando se "fazer amor ou sexo termina sendo a mesma coisa quando a única mira é o lucro." Discorra sobre a ideia de que o prazer pode ser interpretado como um tipo de "lucro" — seja ele biológico ("crescei e multiplicai") ou emocional (a "posse momentânea").

Feliz é quem sente amor. No mais íntimo do ser.

sábado, 1 de setembro de 2012

QUEM ELES PENSAM QUE SÃO? (As relações mais felizes são aquelas baseadas na mútua incompreensão." — François La Rochefoucauld).



Crônica da Vida Escolar

QUEM ELES PENSAM QUE SÃO? (As relações mais felizes são aquelas baseadas na mútua incompreensão." — François La Rochefoucauld).

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Um homem não respeita o outro mais do que respeita os seus próprios pais. Assim seria ousadia demais, eu querer respeito de meus alunos, se eles nem experimentam isso em sua família. Eles nem sequer me deixam cumprir meu dever sobre si, com tanto, só querem o cumprimento de seus desejos. "O respeito pelos pais só resiste enquanto os pais respeitem o interesse dos filhos."(Raul Brandão). Tampouco sou um desrespeitador eficaz, apenas sou uma vítima eficaz! Pois descobri uma coisa: a atitude respeitosa brota de dentro para fora, nunca é imposta de fora para dentro, se assim, por último o for, não será virtude.  Eu sofro muito, ouvindo desacatos deles e mais ainda, vendo meu contrato pedagógico ser pisoteado (uma coisa leva à outra). O único contrato válido ali é a imposição deles. 
          Hoje os professores precisam se especializar em refutar objeções de alunos farristas. Pois, na aula toda, o mestre se debruça em controlar a sala querendo ter o ouvinte, do qual precisa muito, para aplicar o conteúdo técnico do currículo do curso. Porém, os alunos descompromissados se limitam em reclamar de tudo, apelar pelo caminho mais fácil. E não sei porque, eles, de modo algum, valorizam o governo que lhes dar tudo de graça!!! Vou endossar aqui as palavras do Professor Flávio José, exemplificando as estratégias deles para se dar bem: "Em conselho de classe, teve um fato em que o aluno, péssimo aluno por sinal, trouxe uma caixa de bombom para a professora, a partir daquele momento, a professora não mais falou mal do aluno, com certeza foi intimidada e a presença do aluno ali fez com que os demais professores mudassem o discurso, emfim o aluno foi aprovado pelo conselho!!! Dizer o quê?"
          Se a benção do meu ensinar repousa sobre aqueles merecedores da prosperidade, por visualizar o caminho certo; minha maldição do não ensinar castiga os que cavaram para si as consequências por serem o estorvo frequente de minha vida, e na vida de outros desmotivando-os ao bem.
          Meu recado poético aos meus desrespeitadores:
"Aprende hoje com o silêncio, gritar não traz respeito, e o ouvir ainda é melhor que o muito falar, e em respeito a você, eu me calo, não à sua ignorância."
Claudeko
Enviado por Claudeko em 19/04/2012
Reeditado em 01/09/2012
Código do texto: T3622298
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sábado, 25 de agosto de 2012

PERFIL DO ALUNO DE "SUCESSO MODERNO" ("Aprendi o silêncio com os faladores, a tolerância com os intolerantes, a bondade com os maldosos; e, por estranho que pareça, sou grato a esses professores."— Khalil Gibran)



Crônica

PERFIL DO ALUNO DE "SUCESSO MODERNO" ("Aprendi o silêncio com os faladores, a tolerância com os intolerantes, a bondade com os maldosos; e, por estranho que pareça, sou grato a esses professores."— Khalil Gibran)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Ah, o "aluno de sucesso"! Permitam-me apresentar-lhes uma criatura peculiar que floresceu nos jardins da nossa moderna educação, um espécime cultivado em um solo onde direitos germinam sem a contrapartida dos deveres, e onde a busca por atenção suplanta a sede pelo saber. Essa figura foi moldada por uma tríade de instituições – família, igreja e escola – que, embora tenham lhe ensinado sobre os direitos do cidadão, convenientemente se esqueceram de mencionar a premissa fundamental: a dignidade dos direitos reside no cumprimento dos deveres. Da mesma forma, incentivaram a busca incessante por holofotes, a necessidade de jamais passar despercebido, mas omitiram a futilidade da "palhaçada" como ferramenta de ascensão, reservando o sucesso nesse campo apenas para raridades como o Tiririca.

Lembro-me da primeira vez que o observei em ação. Uma algazarra no pátio, um murmúrio crescente que ecoava promessas de confusão. Lá estava ele, no centro do redemoinho, a voz estridente a clamar por "Porrada! Porrada! Porrada!!!". Um eco do mundo moderno, onde a violência, muitas vezes, parece ser o espetáculo mais atraente. Hoje, confesso, até invejo a praticidade dos sprays de pimenta e dos colírios que prometem aliviar os olhos lacrimejantes após o tumulto. Ele, claro, fará questão de elaborar um relatório detalhado sobre o "alvoroço", mesmo que sua participação tenha sido mais ativa do que a de um mero espectador, como o mundo moderno tão bem o ensina.

A arte da transgressão parece ser outra de suas especialidades. Leis e normas são meros obstáculos a serem contornados em sua busca incessante por satisfazer seus caprichos. Mente com desenvoltura, furta com displicência, profere impropérios com naturalidade, edita conversas digitais com maestria, ameaça com sorrisos e, se a situação exigir, até ensaia uma tentativa de suborno. E o mais fascinante é a metamorfose que se opera em seguida: veste a máscara da vítima com uma perfeição teatral, desfilando com a consciência aparentemente mais limpa do que a neve, enquanto aqueles que foram por ele manipulados ainda se recompõem dos golpes.

A igualdade com o corpo docente é uma bandeira que ele brande com fervor. "Se o professor pode, eu também posso!", proclama pelos corredores, ignorando solenemente que a referência não deveria ser as falhas humanas dos mestres, mas sim seus acertos, sua dedicação, seu conhecimento. Curiosamente, é nas imperfeições dos educadores que ele encontra terreno fértil para suas reclamações: o uniforme ausente, o atraso ocasional, o lanche diferenciado. Os erros são imitados com mais afinco do que os acertos. Alguns até adotam uma persona cuidadosamente construída: o olhar penetrante (vazio, na maioria das vezes), os cabelos desalinhados (estratégicos), a mochila como extensão do corpo, o celular à mostra, uma pilha de livros (raramente abertos) nas mãos, calças com bolsos repletos de... mistérios. E, ironicamente, sua popularidade entre os colegas muitas vezes ofusca a dos próprios professores.

A escrita, essa ferramenta fundamental da aprendizagem, nem sempre é seu forte. Incapaz de produzir uma redação escolar adequada, ele, no entanto, não se acanha em humilhar os professores. Ah, se alguém ousar apontar uma falha na grafia de um mestre! O escândalo é imediato, o grito debochado ecoa pela escola: "Que professor de português é esse?!". Menosprezar o educador parece ser um degrau importante em sua escalada rumo ao sucesso, uma forma de se destacar perante os seus pares em sua busca por reconhecimento.

E se o sucesso tardar a chegar pelos meios "convencionais", não há problema. Ele é bem instruído a buscar auxílio nas instâncias superiores, a clamar por prejuízos imaginários, a manipular os pais (aqueles que raramente comparecem para ver o boletim, mas que prontamente atendem ao chamado para "desacatar" professores e coordenadores). O importante é "sair por cima", mesmo que para isso seja necessário recorrer a artimanhas e encenações. Depois, com a poeira abaixada, ele se encarregará de restaurar as relações com os ofendidos, distribuindo sorrisos e "gracinhas" convenientes.

A impaciência e a impulsividade são marcas registradas. Qualquer contratempo, por menor que seja, é motivo para explosões de raiva, para a demonstração de que a violência é sempre uma opção a ser considerada. Intimidar os outros parece ser uma estratégia eficaz para diminuir seus próprios desafios. Esqueceram, porém, de lhe dizer que é justamente ao enfrentar os obstáculos que se constrói a grandeza. O primeiro passo nessa busca peculiar pelo sucesso, curiosamente, envolve rodar o livro no dedo, um livro fechado em alta velocidade, exibido como um troféu de domínio. As alunas, com suas unhas impecáveis que mal lhes permitem segurar uma caneta, agregam-se a esses "dominadores", rindo de qualquer bobagem como sinal de apoio, usufruindo do status que essa proximidade lhes confere.

E o professor, pobre mortal que almeja sobreviver nesse ambiente hostil, muitas vezes se vê compelido a ceder aos caprichos desse "aluno de sucesso", elegendo-o representante de classe, buscando uma trégua com o "herói" para evitar maiores dissabores, mesmo que isso implique assinar advertências semanais, fruto das incessantes denúncias desse "líder" estudantil que questiona seu trabalho. Resta-me, confesso, a ironia como derradeira arma secreta, um escudo sutil contra essa caricatura de estudante que, paradoxalmente, a nossa sociedade parece ter moldado.

Como um bom professor de sociologia, preparei 5 questões discursivas e simples, baseando-me nas ideias principais do texto apresentado:

1. O autor descreve o "aluno de sucesso" como um produto de instituições como família, igreja e escola, que enfatizaram direitos em detrimento de deveres. De que maneira a sociologia analisa o papel dessas instituições na socialização dos indivíduos e como a ênfase em certos valores em detrimento de outros pode moldar comportamentos sociais específicos?

2. O texto satiriza o comportamento do "aluno de sucesso" em relação às regras e à autoridade, como a transgressão de normas e a busca por igualdade com os professores através da imitação de suas falhas. Sob uma perspectiva sociológica, como se manifestam as relações de poder dentro do ambiente escolar e de que forma os alunos podem desafiar ou negociar essas relações?

3. O autor critica a valorização da atenção e da popularidade em detrimento do aprendizado genuíno, exemplificado pela busca por reconhecimento através de comportamentos disruptivos e pela humilhação dos professores. Como a sociologia analisa a influência da cultura e dos valores sociais na definição de "sucesso" no ambiente escolar e como isso pode impactar a motivação e o engajamento dos estudantes?

4. O texto menciona a manipulação dos pais e o recurso a instâncias superiores para resolver problemas, indicando uma possível fragilidade na autonomia e na capacidade de resolução de conflitos por parte do "aluno de sucesso". De que maneira a sociologia aborda o papel da família no desenvolvimento da autonomia e da responsabilidade nos jovens, e quais as possíveis consequências de uma superproteção ou de uma falta de limites?

5. O autor descreve a reação dos professores diante do "aluno de sucesso", que muitas vezes se sentem compelidos a ceder aos seus caprichos. Como a sociologia analisa o papel dos professores como agentes de socialização e de manutenção da ordem no ambiente escolar, e quais os desafios que eles enfrentam ao lidar com comportamentos que desafiam as normas estabelecidas?

Essa inversão de valores tão bem refletida em teu texto!! aplausos!!

sábado, 18 de agosto de 2012

A ARTE DE ESCREVER BEM ( Os mandamentos do escritor)



Texto

A ARTE DE ESCREVER BEM ( Os mandamentos do escritor)

Car­los Wil­li­an Lei­te |

Dando sequência à série de conselhos literários (ou mandamentos literários), publico nesta edição os ensinamentos de outros cinco escritores seminais: Machado de Assis, Marcel Proust, Gustave Flaubert, Henry Miller e Jorge Luis Borges. A compilação reúne excertos de textos publicados nos livros “Pensamentos e Reflexões de Machado de Assis”, “Contra Sainte-Beuve: Notas Sobre Crítica e Literatura”, de Marcel Proust, “Cartas Exemplares”, de Gustave Flaubert, “Henry Miller on Writing”. Os conselhos de Jorge Luis Borges foram publicados numa edição especial da revista L’Herne. A primeira parte dos mandamentos literários pode ser visto aqui: http://www.recantodasletras.com.br/artigos/3588094


1 — A primeira condição de quem escreve é não aborrecer.

(Machado de Assis)


2 — Para se ter talento é necessário estarmos convencidos de que o temos.

(Gustave Flaubert)


3 — Há somente uma maneira de escrever para todos, que é escrever sem pensar em ninguém. (Marcel Proust)



4 — Escreva primeiro e sempre. Pintura, música, amigos, cinema, tudo isso vem depois.

(Henry Miller)


5 — Evitar as cenas domésticas nos romances policiais; as cenas dramáticas nos diálogos



filosóficos.

(Jorge Luis Borges)


6 — Trabalhe de acordo com o programa, e não de acordo com o humor. Pare na hora prevista! (Henry Miller)



7 — Uma verdade claramente compreendida não pode ser escrita com sinceridade.

(Marcel Proust)


8 — Palavra puxa palavra, uma ideia traz outra, e assim se faz um livro, um governo, ou uma revolução. (Machado de Assis)



9 — O autor na sua obra, deve ser como Deus no universo, presente em toda a parte, mas não visível em nenhuma. (Gustave Flaubert)



10 — Esqueça os livros que quer escrever. Pense apenas no que está escrevendo.

(Henry Miller)


11 — O que se deve exigir do escritor, antes de tudo, é certo sentimento íntimo, que o torne homem do seu tempo e do seu país, ainda quando trate de assuntos remotos no tempo e no espaço.

(Machado de Assis)


12 — Todo o talento de escrever não consiste senão na escolha das palavras.

(Gustave Flaubert)


13 — Mantenha-se humano! Veja pessoas, vá a lugares, beba, se sentir vontade.

(Henry Miller)


14 — Evite a vaidade, a modéstia, a pederastia, a falta de pederastia, o suicídio.

(Jorge Luis Borges)


15 — Um livro não deve nunca parecer-se com uma conversação nem responder ao desejo de agradar ou de desagradar.

(Marcel Proust)
Claudeko
Enviado por Claudeko em 08/04/2012
Reeditado em 08/04/2012
Código do texto: T3600636
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