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MINHAS PÉROLAS

sábado, 5 de novembro de 2022

OS IGUAIS SE PROTEGEM: Pandemia, Egoísmo e a Luta por um Novo Horizonte Ético ("A alegria só pode brotar de entre as pessoas que se sentem iguais." — Honoré de Balzac)

 

OS IGUAIS SE PROTEGEM: Pandemia, Egoísmo e a Luta por um Novo Horizonte Ético ("A alegria só pode brotar de entre as pessoas que se sentem iguais." — Honoré de Balzac)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A pandemia apenas revelou comportamentos sociais preexistentes: idosos que persistiam em viver como se nada pudesse abalá-los e jovens que se deslocavam quase exclusivamente em busca de lazer, indiferentes ao impacto coletivo de suas escolhas. Mesmo diante de um fluxo abundante de informações, prevaleceu o velho hábito de ignorar riscos e repetir erros, como se a própria vida fosse um curta-metragem desajeitado de desfecho sabido. Contudo, apesar das perdas e frustrações, permanece o aprendizado forjado no confronto com esse mundo que, tantas vezes, reduz, mas não destrói o que o amor-próprio sustenta.

A convivência humana, já marcada por julgamentos apressados, tornou-se ainda mais frágil. Quando crentes e não crentes me desclassificam por critérios egoístas, vejo apenas o egoísmo medindo o outro com a régua de si mesmo. Se não me empolgo com determinadas companhias, não é falta de sociabilidade, mas consciência das dinâmicas que atravessam nossa existência: a pobreza, que induz ao descuido; a juventude, com sua inexperiência; e a velhice, inevitavelmente acompanhada pela fragilidade do corpo.

Nesse mesmo cenário de tensões sociais, percebo meu próprio machismo tentando resistir ao reconhecimento da superioridade alheia, mas ao mesmo tempo suavizando-se diante da necessidade de igualdade de gênero. Há aspectos que ele, em sua estupidez, não compreende — como a exposição do corpo feminino nas redes —, embora eu compreenda, com clareza, o crime cometido por quem compartilha imagens íntimas sem consentimento. Essa contradição revela o choque entre velhas crenças e novas demandas éticas.

Enquanto movimentos feministas se fortalecem e se articulam com outras frentes de luta, como as pautas LGBTQIA+, as transformações sociais se escancaram para aqueles que se recusam a acompanhá-las. Enquanto alguns descem a ladeira agarrados a preconceitos que já não se sustentam, sigo tentando subir, buscando um horizonte mais lúcido e menos aprisionado às velhas distorções que insistem em nos acompanhar.


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Sou o professor de Sociologia. O texto que analisamos é um relato muito honesto sobre como a pandemia funcionou como um espelho, revelando nossos "comportamentos sociais preexistentes" e expondo as contradições éticas e ideológicas da sociedade. Preparei 5 questões discursivas para analisarmos as dinâmicas de risco, egoísmo, desigualdade e transformação social abordadas no texto.


Questão 1: Indiferença ao Risco e Comportamento Coletivo

O texto menciona "jovens que se deslocavam quase exclusivamente em busca de lazer, indiferentes ao impacto coletivo de suas escolhas". Com base na Sociologia do Risco, "discuta" por que, apesar do "fluxo abundante de informações" sobre a pandemia, a "indiferença ao impacto coletivo" prevaleceu para alguns grupos, e como isso reflete a primazia do interesse individual sobre a responsabilidade social.

Questão 2: Egoísmo e Julgamento Social

O autor critica o "egoísmo medindo o outro com a régua de si mesmo", que leva a "julgamentos apressados" (crentes e não crentes o desclassificando). "Analise" esse fenômeno à luz da "Sociologia do Cotidiano. Como a fragilidade social e a incerteza geradas pela pandemia intensificaram a tendência de indivíduos e grupos a usarem critérios subjetivos e egoístas para julgar e excluir o comportamento alheio?

Questão 3: Desigualdade Estrutural e "Descuido"

O autor aponta a "pobreza, que induz ao descuido" como uma das dinâmicas que atravessam a existência. "Explique" como a "desigualdade socioeconômica" (pobreza) se relaciona com o conceito de "vulnerabilidade social" durante uma crise sanitária. Por que, sociologicamente, o que parece ser "descuido individual" é, na verdade, uma manifestação da falta de condições estruturais para a adesão às medidas preventivas?

Questão 4: Choque Ético e Contradições Pessoais

O autor expõe sua "contradição" ao reconhecer a necessidade de igualdade de gênero enquanto aspectos do seu "machismo" resistem e não compreendem novas realidades (como a exposição do corpo feminino nas redes). Discuta o conceito de "socialização" e "choque cultural". De que forma as "novas demandas éticas" (feminismo, pautas LGBTQIA+) criam um "conflito interno" e um "processo de dessocialização" e ressocialização para indivíduos que carregam "velhas crenças"?

Questão 5: Movimentos Sociais e Transformação

O texto finaliza mencionando o fortalecimento dos "movimentos feministas" e das "pautas LGBTQIA+" como "transformações sociais que se escancaram". "Analise" o papel desses "movimentos sociais" como "agentes de mudança" na sociedade. Como a articulação dessas frentes de luta contribui para a "construção de um horizonte mais lúcido" e para desafiar os "preconceitos que já não se sustentam", conforme o texto sugere?

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