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MINHAS PÉROLAS

Alguns estão dizendo, ao me ver fazendo caminhada na pista: —"... essa desgraça devia ter morrido". Outros me cobraram: — você vai pagar as velas que ascendi, recomendando o seu corpo. Enquanto isso, estou analisando nosso professorado. Não sei por que, os cursos de licenciatura estão vazios! Talvez muitos estão se lembrando das leituras de mundo que fizera o ex-presidente FHC: Que o professor era um profissional fracassado (Não deu certo em outra profissão). Só os alunos medíocres do Ensino Médio vão para o magistério! O professor já está humilhado. Arrastado pelos caminhos incertos de todas as metodologias "inovadoras", nada dando certo, e sua fama de desmerecido aumentando! Disfarçado de palhaço ou coisa do outro mundo, quando mais ainda lhe adicionarem o colete a prova de bala e um capacete blindado, pois vivemos em um momento de muitas agressões ao professor! Agora, floreada a ideia de usar outra máscara, é bem vinda! Seleção natural: Por último, o mimetismo.
Claudeci Ferreira de Andrade

sábado, 15 de março de 2025

A complexa Relação Entre a Norma Culta e a Língua Falada ("A palavra é a ponte entre o que sentimos e o que o mundo entende." - Clarice Lispector)

 

A complexa Relação Entre a Norma Culta e a Língua Falada ("A palavra é a ponte entre o que sentimos e o que o mundo entende." - Clarice Lispector)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Ah, a língua! Esse rio caudaloso que nos define, nos une e, por vezes, nos divide. O tema central desta crônica ferve em minhas mãos: a complexa relação entre a norma culta e a língua falada, especialmente no contexto da educação. Permita-me, então, compartilhar minhas reflexões, como se estivesse sentado com você a uma mesa de café, observando o vai e vem da nossa gente.

Lembro-me de uma cena corriqueira, daquelas que se repetem em esquinas e transportes públicos por todo o país. Uma senhora, com a sabedoria marcada nas rugas e um sorriso acolhedor, perguntou-me as horas. Sua fala, carregada de um sotaque regional inconfundível, trazia consigo a história de sua vida, de sua comunidade. No entanto, percebi um certo receio em suas palavras, como se temesse não se expressar da maneira "correta". Aquela breve interação fez-me pensar naqueles milhões de brasileiros que, apesar de terem passado pela escola, ainda se sentem inseguros com a própria língua, como se houvesse um abismo intransponível entre o falar do dia a dia e o escrever formal.

Essa insegurança ecoa nas estatísticas alarmantes que você mencionou: uma parcela imensa da nossa população luta contra o analfabetismo, seja ele absoluto ou funcional. Nesse cenário, surge a discussão sobre o papel da escola em relação à língua. Recentemente, um livro didático causou polêmica ao abordar a legitimidade de diferentes formas de expressão. A controvérsia me fez refletir sobre a tênue linha que separa o respeito à diversidade linguística da necessidade de domínio da norma culta, essa ferramenta essencial para a ascensão social e profissional.

Penso em meus tempos de escola, nas aulas de português onde a gramática parecia um código indecifrável, repleto de regras e exceções. Confesso que, muitas vezes, sentia-me mais distante da língua do que próximo dela. A rigidez da norma, por vezes, parecia sufocar a espontaneidade e a riqueza da nossa fala. Contudo, com o tempo, compreendi que a norma culta é como um mapa que nos permite navegar com segurança pelos diferentes territórios da comunicação escrita.

A questão que se coloca, então, não é a de negar a validade das diversas formas de expressão que florescem em nosso país, mas sim a de garantir que todos tenham acesso ao conhecimento da norma padrão. Imagine um jovem que sonha em ingressar na universidade ou em conseguir um bom emprego. Sem o domínio da escrita formal, suas oportunidades podem ser drasticamente limitadas. É como tentar atravessar uma ponte sem as ferramentas adequadas.

Lembro-me das palavras de um grande mestre da nossa língua, Fernando Pessoa, que amava o português com fervor, mas abominava a "página mal escrita". Sua paixão pela clareza e precisão da escrita não significava desprezo pela língua falada, viva e em constante transformação. Pelo contrário, ele compreendia que a escrita bem cuidada é uma forma de preservar a beleza e a força da nossa língua.

Nessa busca por equilibrar o respeito à diversidade e a necessidade da norma, escutei atentamente as vozes de especialistas, como os escritores que você mencionou. Eles nos lembram que a língua escrita possui suas próprias regras e funções, diferentes da fala. A escrita é um universo à parte, com sua lógica e sua história. E é fundamental que a escola ofereça as ferramentas para que cada indivíduo possa explorar esse universo em sua plenitude.

Afinal, a língua é a nossa casa, o lugar onde construímos nossos pensamentos, expressamos nossos sentimentos e nos conectamos uns com os outros. É um patrimônio vivo, em constante movimento. E a escola, nesse contexto, tem o papel crucial de abrir as portas para que todos os brasileiros possam habitar essa casa com segurança e autonomia, compreendendo suas diferentes dependências e sabendo como se expressar em cada uma delas.

Ao refletir sobre tudo isso, percebo que a questão da língua na educação é muito mais do que um debate gramatical. É uma questão de inclusão social, de respeito à identidade cultural e de garantia de oportunidades. Não se trata de impor uma única forma de falar ou escrever, mas sim de oferecer a todos a possibilidade de dominar as diferentes ferramentas da linguagem, para que possam se expressar com confiança em qualquer situação e construir um futuro mais justo e promissor. Que possamos, então, valorizar a riqueza da nossa língua em todas as suas formas, sem jamais esquecer da importância de oferecer a todos os brasileiros as chaves para o domínio da escrita, essa porta de entrada para um mundo de conhecimento e possibilidades.


Como seu professor de sociologia, preparei 5 questões discursivas simples, baseando-me nas ideias principais desta crônica:


1. A crônica descreve a insegurança de uma senhora ao falar, temendo não se expressar da maneira "correta". Sob uma perspectiva sociológica, como podemos analisar essa insegurança linguística e quais são os mecanismos sociais que a produzem e a reforçam na sociedade brasileira?

2. O texto aborda a polêmica em torno de um livro didático que propõe a aceitação de diferentes formas de expressão. Do ponto de vista da sociologia, como podemos entender o debate entre o respeito à diversidade linguística e a necessidade de um padrão formal da língua no contexto da educação e da sociedade?

3. A crônica menciona que o domínio da norma culta é uma "ferramenta essencial para a ascensão social e profissional". Explique essa afirmação sob uma perspectiva sociológica, relacionando o conceito de capital cultural com as oportunidades de indivíduos em diferentes estratos sociais no Brasil.

4. O autor argumenta que a questão da língua na educação é muito mais do que um debate gramatical, sendo também uma questão de inclusão social e respeito à identidade cultural. Discuta essa afirmação sob a ótica da sociologia, analisando como a língua pode tanto incluir quanto excluir indivíduos e grupos na sociedade.

5. A crônica conclui com a ideia de que a escola tem um papel crucial em abrir portas para que todos os brasileiros possam se expressar com segurança e autonomia. De que maneira a sociologia da educação pode contribuir para a compreensão e a superação dos desafios relacionados ao ensino da língua portuguesa, visando uma sociedade mais justa e igualitária?

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