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quarta-feira, 26 de março de 2025

DECLÍNIO ("Tempos difíceis virão, marcados pela maldade e egoísmo humanos." — Apostolo Paulo)

 

DECLÍNIO ("Tempos difíceis virão, marcados pela maldade e egoísmo humanos." — Apostolo Paulo)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Houve um tempo em que a escola era um refúgio. Os alunos viam nas carteiras enfileiradas uma oportunidade de escapar do trabalho pesado, do rigor da vida adulta que batia à porta cedo demais. Estudar não era apenas um dever, mas um abrigo. Hoje, a realidade se inverteu: o que antes era esperança tornou-se castigo. E, como professor, testemunho essa metamorfose com um misto de perplexidade e desalento.

Três décadas de magistério e nunca vi turmas tão áridas de curiosidade, tão impermeáveis ao conhecimento. O conteúdo está ali, farto e acessível como nunca, com livros, internet, projetos e programas de incentivo. No entanto, a aprendizagem patina. O pensamento lógico se tornou um deserto, e a escrita, um amontoado de frases soltas, desprovidas de coesão e alma. Os olhos vidrados nas telas brilham mais do que as mentes. A escola tenta oferecer tudo, mas a sede por saber parece extinta.

Não falo apenas do Ensino Médio. A erosão do intelecto começa cedo, já nos primeiros anos do Fundamental. Lá, onde deveria germinar o encanto pelo mundo das palavras e dos números, floresce o imediatismo. A paciência para o esforço, para o erro e a correção, se perdeu. O conhecimento se tornou um fardo pesado demais para ombros acostumados ao conforto.

E não é só culpa dos alunos. Os pais, distraídos ou coniventes, não percebem – ou fingem não perceber – a mediocridade que se alastra. Acostumaram-se a uma educação que não cobra, que não exige, que perdoa tudo em nome de uma suposta inclusão. O resultado é uma geração que se orgulha de saber pouco e que rejeita qualquer desafio que exija mais do que um clique.

Penso nos que desistiram: em professores que, vencidos pela apatia estudantil, trocaram a lousa por outros ofícios; em alunos que, cegos pelo desinteresse, desistiram antes mesmo de tentar. Pergunto-me: quando foi que a escola deixou de ser um lugar de descobertas para se tornar um incômodo? Quando foi que aprender passou a ser visto como punição?

Talvez eu esteja velho para essas respostas. Talvez o que vejo seja apenas um fragmento de algo maior, um sintoma de um tempo em que o esforço foi desvalorizado. Mas uma coisa é certa: a colheita virá, sempre vem. E temo que, quando enfim perceberem o estrago, o solo já esteja infértil para qualquer recomeço.


"1 Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos.

2 Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos,

3 Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, intemperantes, cruéis, sem amor para com os bons,

4 Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus,

5 Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te.

6 Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências;

7 Que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade.

8 E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé.

9 Não irão, porém, avante; porque a todos será manifesto o seu desvario, como também o foi o daqueles" ( 2 Tm 3: 1-9).


Como um bom professor de sociologia, preparei 5 questões discursivas e simples, baseando-me nas ideias principais do texto apresentado:


1. O autor descreve uma inversão na percepção da escola, que antes era vista como um "refúgio" e hoje é encarada como um "castigo". Sob uma perspectiva sociológica, quais fatores sociais, econômicos ou culturais podem ter contribuído para essa mudança na relação dos estudantes com a instituição escolar?

2. O texto lamenta a "aridez de curiosidade" e a dificuldade dos alunos em desenvolver o pensamento lógico e a escrita coerente, apesar da abundância de recursos educacionais. De que maneira a sociologia analisa o papel da escola no desenvolvimento dessas habilidades e quais elementos da sociedade contemporânea poderiam estar impactando negativamente esse processo?

3. O autor aponta para a possível influência dos pais, que se acostumaram a uma educação menos exigente, na formação de uma geração com menor interesse pelo esforço intelectual. Como a sociologia aborda a relação entre família e escola no processo de socialização e na construção dos valores relacionados à educação?

4. O texto expressa uma preocupação com o futuro, utilizando a metáfora da "colheita" para se referir às possíveis consequências do atual cenário educacional. De que forma a sociologia analisa a importância da educação para o desenvolvimento social e econômico de uma sociedade, e quais seriam os potenciais impactos de um sistema educacional com os desafios apontados pelo autor?

5. O autor inclui uma passagem bíblica que descreve "tempos trabalhosos" e características negativas dos indivíduos. Estabeleça uma possível conexão sociológica entre as observações do autor sobre a situação atual da educação e os traços de comportamento descritos na passagem bíblica. Essa conexão sugere uma visão de declínio social? Justifique sua resposta.

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